terça-feira, 16 de outubro de 2012

OSHO - Místico Polêmico

 
 OSHO - Místico Polêmico

A Trajetória de Rajneesh, hoje mais conhecido como Osho, é repleta de controvérsias. Para os seguidores, ele foi certamente o maior místico do século XX, mas as ações do seu grupo envolveram até mesmo um atentado terrorista nos Estados Unidos. 

Osho já foi chamado de Bhagwan Shree Rajneesh e, antes disso, Chandra Mohan Jain, nome que recebeu ao nascer em 11 de Dezembro de 1931, em Kuchwada, Índia. Falecido em 1990, é considerado entre as mais influentes líderes espirituais do século XX, ainda hoje com inúmeros seguidores e defensores apaixonados de suas idéias. Deixou um número significativo de obras, e muitas outras têm sido publicadas após sua morte. Mas é impossível falar de Osho Rajneesh sem falar das controvérsias sem falar das controvérsias em que se envolveu e dos ataques que sofreram segundo seus defensores por ameaçar os líderes religiosos já estabelecidos com suas idéias revolucionárias e inovadoras, ou segundo outros por se aproveitar de sua posição de destaque na comunidade espiritual para obter imensa fortuna. 

Essa revolução ou inovação pode ser entendida pela postura de Osho diante do que comumente se entende por espiritualidade. No livro Autobiografia de um Místico Espiritualmente Incorreto, ele diz que nunca foi espiritual no sentido de muitas pessoas entendem essa palavra. “Nunca freqüentei Templos ou Igrejas; nunca li as Escrituras ou segui certas práticas para encontrar a verdade; nunca rendi Culto a Deus ou dirigi uma prece a Deus”. Osho explica que para ele, a espiritualidade precisa de uma individualidade honesta, que não permite qualquer tipo de dependência. Assim não é de se estranhar que sofresse ataques. Qualquer sistema religioso, espiritual ou de busca interna que dispense os chamados “intermediários” com a divindade passam a ser mal vistos por aqueles sistemas que defendem essa intermediação.

Rebeldia 

Para alguns conhecedores de sua vida, a trajetória que o levou a ser conhecido no mundo inteiro começou aos catorze anos. Outros, no entanto, entendem que sua infância foi um período importante, uma vez que passou os primeiros sete anos de vida com seus avôs, que lhe deram uma liberdade incomum para crianças de modo que ele pode desenvolver uma forma peculiar e particular de pensar sobre o mundo, a vida e a morte. 
Com a morte do avô, em 1938, ele passou a viver com os pais e, segundo dizem, tornou-se uma espécie de rebelde. Nunca teve o interesse em ir á escola, que considerava o pior lugar do mundo. Osho disse que os primeiros sete anos são os mais importantes da vida, definindo o restante da existência. Por vivê-los nessa intensa liberdade de pensamento e ação, quando voltou a viver com os pais , já vivia por sua conta. 

A segurança de suas respostas para o seu pai, a recusa em ir para a escola e a profundidade de seus pensamentos aos sete anos de idade são evidências que, para aqueles que adotam uma postura contrária á importância de Osho, o místico forjou, falsificando sua própria história, falando posteriormente de acontecimentos inexistentes ou exagerando-os. No entanto, essa reivindicação dificilmente pode ser comprovada, e ele não seria o primeiro místico com um histórico de sabedoria precoce. 

A forma pela qual ele chegou á iluminação é um tanto controversa. Uns afirmam que, aos catorze anos, ele começou a atingi-la, experimentando-a cada vez mais com a meditação; outros dizem , em 1947, uma grande amiga de sua infância morreu, fazendo com que ele entrasse em depressão e tivesse problemas de saúde, saindo dessa situação para a iluminação. Entretanto, em sua autobiografia, Osho não cita essa amizade de infância; pelo contrário, afirma categoricamente que jamais teve qualquer amizade em sua infância, pois não se interessava pelas brincadeiras e jogos das demais crianças. “Nunca brinquei com criança alguma”, ele disse. “Jamais encontrei um modo de me comunicar com as crianças de minha idade”. 


A Iluminação

Osho diz que chegou á iluminação aos 21 anos. O último ano antes da iluminação foi extraordinário, segundo o místico. Ele se sentia rodeado pelo vazio, sem contato com o mundo, sendo arrastado cada vez mais para longe das pessoas: ele se encontrava no estado conhecido como “não – mente”, algo parecido com a loucura. 
Na verdade, a loucura estará sempre próxima, uma vez que se trata de um caminho do qual não se pode mais voltar, por que o caminho não está mais lá, e não se pode ir adiante, pois está tudo escuro. Se a pessoa se desviar do caminho, explica Osho, ela simplesmente enlouquecerá. “Eu fui simplesmente lançado dentro de mim mesmo. Era um vazio, e o vazio leva a pessoa á loucura. No entanto, o vazio é a única porta para Deus”. 

E a iluminação chegou, segundo ele, com uma “retumbante gargalhada”. Na verdade, ele explica que riu quando percebeu “O completo absurdo que é a tentativa de se iluminar. A coisa toda é ridícula porque nós nascemos iluminados, e perseguir algo que já existe é absurdo”. Assim, para Rajneesh, o dia de sua iluminação foi simplesmente o dia em que ele percebeu que não há nada para ser obtido, lugar algum para ir e nada para ser feito. Essa iluminação está relacionada com o estado de “não- ego”. Rajneesh disse que o fenômeno do ego, do eu, não é uma coisa, mas um processo. Assim, ele só existe porque conseguir alguma coisa; e ego, portanto consiste de desejos e nada, além disso.

Quando se está no presente, e não no futuro, o ego começa a desaparecer. Ele chegou á conclusão de que, para se chegar á iluminação, não é possível seguir um líder. “É por isso que eu digo que pessoas como Jesus, Moisés, Maomé e Krishma que afirmam: “Apenas creiam e me sigam” nada sabe sobre a iluminação, ele disse. Não é de se estranhar que Rajneesh Osho tinha entrado em choque com as demais religiões. Da mesma forma, aqueles que o atacam costumam citar essa postura de Rajneesh como o ponto de maior contradição, uma vez que ele reuniu milhares de seguidores á sua volta. 

Estudante e Professor 

Ele passou a fase seguinte de sua vida como estudante na Universidade de Sagar, graduando-se em filosofia. Ao contrário do que ocorria em seus tempos de escola, Osho disse ter gostado bastante de sua experiência na Universidade, independente das pessoas estarem a favor, contra ou indiferentes a ele. A experiência foi válida especialmente quando, a seguir ele se tornou professor na Faculdade de Sânscrito de Raipur, em 1957. No ano seguinte ou três anos amai tarde, segundo algumas fontes, foi lecionar filosofia na Universidade de Jabalpur. Os anos 60, conhecidos pela “Revolução Hipper”, também foram marcados pela invasão de pensamentos orientais no ocidente, com inúmeros místicos e gurus influenciando personalidades importantes da época. A noção do “sexo livre”, tão comum entre os jovens da época, também foi ponto de discórdia na fala e na prática de Rajneesh.

No início da década, ele já estava percorrendo a Índia e dando Palestras sobre assuntos controversos segundo alguns historiadores simplesmente para fomentar a discussão, e não necessariamente por acreditar no que dizia. A “partir de 1968, ele começa a instituir uma série de campos de meditação”, que tinha como objetivo liberar emoções reprimidas e tornar o ser humano alerta.

Também em 1968, ele fala sobre a energia primal e divina do sexo entendendo que os sentimentos sexuais não deveriam ser reprimidos. É verdade que, nessa época, não se tratava exatamente de um ponto de vista novo, uma vez que os jovens os Estados Unidos e da Europa já vinham seguindo essa regra há alguns anos. Algumas pessoas dizem que os campos de meditação começaram em 1964, especialmente com homens de negócio ricos de Bombaim e suas famílias. Seu primeiro discípulo teria sido uma mulher de uma dessas famílias conhecida posteriormente como Ma Yoga Laxmi. Ela iria se tornar sua secretária em 1970 e cuidaria de todos os negócios materiais de Rajneesh. 


Bhagwan

O titulo de Bhagwan (o abençoado) surgiu em 1970, época em que ele começou a iniciar as pessoas no neo-sânias, um caminho envolvendo meditação, autoconhecimento e expansão da consciência e do amor. Diz-se também que foi somente ao se intitular Bhagwan Shree Rajneesh que ele começou a falar sobre sua “iluminação”, ocorrida anos antes. Em 1974, é inaugurado o Ashram em Puna, e Osho começa a falar cada vez menos com os discípulos individualmente. O ashram tornou-se um dos mais conhecidos e procurados do mundo, especialmente por ocidentais, e a fama de Rajneesh espalhou-se pelo planeta. No final da década, o ashram já tinha cerca de 600 pessoas; contudo começou a ter problemas com a sociedade de Puna, com acusações de abusos sexuais, tráficos de drogas por parte dos discípulos e rumores negativos sobre as terapias utilizadas.


Rajneesh solicitou residência permanente nos EUA, mas seu pedido foi recusado. Os discípulos dizem que uma das razões foi seu voto de silêncio; mas fontes do governo norte americano afirmam que, ao entrar no país com o intuito de ser tratado de um problema na coluna, ele estava fornecendo falsa informação, uma vez que já tinha em mente estabelecer-se lá.


Problemas Legais 

No início dos anos 80 a comunidade começa a sofrer alguns processos, especialmente no que dizia respeito ás leis de uso da terra no Oregan. Os defensores de Rajneesh entendem que grande parte desse ataque deveu-se exclusivamente ao fato da maioria da população do estado ser cristã. No entanto, os problemas legais ampliaram-se quando os discípulos começaram a construir na cidade vizinha de Antílopes; os cidadões e promotores públicos entenderam que os discípulos estavam querendo tomar conta da cidade, e negaram permissão para mais construção. 

Os sannyasin buscadores espirituais que renunciam ao mundo, termo que Rajneesh usava no sentido do discípulo que permanece no mundo acabaram sendo a maioria no conselho da cidade. As ações legais de um lado e de outro criaram uma tensão entre os sannyasin e a população da região, e Sheila parecia botar fogo na situação fazendo aparições inflamadas na televisão. 

Terrorismo e Dispersão

As eleições de 1984, no condado de Wasco, região á qual pertencia á comunidade e a cidade, foram marcadas por incidentes violentos. Foi nessa época que ocorreu o que as autoridades chamam de “o único incidente comprovado de bioterrorismo contra os Estados Unidos”, pelo menos até os recentes ataques com antraz. Os seguidores de Rajneesh pretendiam vencer as eleições e, para tanto, espalharam a bactéria da salmonela em restaurantes, com o objetivo de adoecer o maior número possível de eleitores. Mais de 700 pessoas foram afetadas. 


Rajneesh voltou a dar Palestras Públicas em 1985, o mesmo ano em que Sheila e outros líderes deixaram a comunidade a foram para a Europa. Os seguidores afirmam que a série de atos ilegais cometidos por esse grupo tornou-se conhecida de Rajneesh tinha conhecimento de muitos de suas ações, senão de todas. De qualquer forma, Sheila passou a ser considerada a culpada de envenenar o médico e o dentista de Rajneesh, além do promotor do condado de Jefferson, de desviar fundos da comunidade e grampear telefones.

No mesmo ano, o líder espiritual anunciou que a seita tinha sido nada mais do que uma invenção de Sheila, e que ele jamais se disse um líder religioso. Posteriormente, Sheila foi presa na Alemanha e indiciada em tentativa de assassinato. Condenada, ficou presa por dois anos e meio, e foi solta por bom comportamento. Rajneesh foi preso na Carolina do Norte. Concordou em pagar uma multa de US$400mil, e teve de deixar o país em cinco dias, não podendo retornar aos EUA num prazo de cinco anos. Deixando o país num jato particular, foi para Manali, na Índia. Lá, as autoridades também pediram que ele deixasse o país, e Rajneesh iniciou uma perambulação pelo mundo, sendo deportado de 21 países. 


Ele retornou ao seu ashram original em Puna, em 1987. Numa data não muito bem especificada, ele mudou seu nome para Osho que, segundo algumas fontes, são derivadas da expressão “experiência oceânica”, criada por William James. Outras fontes dizem que o nome Osho Rajneesh é um termo budista que significa “aquele em quem o céu despeja flores”, que ele teria adotado em 1988, após afirmar que o título Bhagwan era apenas uma piada. Osho faleceu em 1990, e os rumores sobre a causa foram os mais variados: AIDS, Envenenamento, Problemas no coração. 


No final de 1987, permaneceu Osho sete semanas doente, sem responder a qualquer tratamento, e diz-se que foi diagnosticado envenenamento por tálio. Osho disse acreditar que o governo dos EUA o havia envenenado durante os doze dias em que foi mantido preso, em 1985. Segundo as informações hoje os seguidores de Rajneesh conhecido apenas como Osho têm como líder o Swami Prem Jayesh, nome adotado por Michael William O’ Byrne, e a organização, a Osho International Foundation, mantém cerca de vinte centros de meditação em vários países, além de publicar livros sobre sua obra. Como quase todas as figuras controversas, Osho desperta posicionamentos opostos, ás vezes bastante radicais: os que seguem, cegamente, e os que atacam indiscriminadamente. Não há dúvida de que, em muito do que ele falou existem pensamentos interessantes que merecem mais do que uma atenção superficial. 

(Alex Alprim)


Fonte: Revista Sexto Sentido N.31
Editora Mythos – São Paulo/SP.
Site: www.mythoseditora.com.br

Autobiografia de um Místico Espiritualmente Incorreto
Autor: Osho - Editora: Cultrix
Palavras de um Homem do Silêncio
Autor: Osho – Editora: Gente
Meu Caminho
Autor: Osho – Editora: Ícone






Alegria é a sua Natureza (Osho)

The Sadhana Sutra – Discourse n.1 





Amado Osho, como eu posso livrar-me do sofrimento? 
Todo mundo passa a sua vida em busca de uma coisa: como livrar-se do sofrimento? Como obter felicidade e alegria? Você quer buscar alegria, mas o que você pagará por isso? O que você dará em troca daquilo que conseguiu?

Se um homem der um passo que seja, ele terá que deixar o pedaço da terra sobre o qual ele estava em pé. Somente assim ele poderá ir adiante. Não haverá qualquer progresso neste mundo se nós não quisermos abrir mão de alguma coisa. Sem sacrificar-se você não conseguirá dar nem mesmo um passo. Se as suas mãos estão cheias de lama, de seixos e de pedras e você quer diamantes, você terá que abandonar as pedras. Para agarrar o objetivo desejado, as suas mãos deverão estar vazias. Você deverá deixar as coisas inúteis. 

Não tenha medo: eu não lhe direi para renunciar á sua riqueza, mesmo porque ninguém tem riqueza alguma, ninguém mesmo. Neste mundo, até o mais rico dos homens é um mendigo. Ninguém tem riqueza. Existem dois tipos de mendigos: um é o mendigo pobre e o outro é o mendigo rico, mas ambos são mendigos. Até agora, eu nunca vi um homem rico. Existem muitas pessoas que possuem dinheiro, mas elas não são ricas, elas também estão na corrida para agarrar o máximo que elas puderem, do mesmo jeito como faz o mais pobre dentre os homens pobres. Como um pedinte que segura tudo o que tiver com as mãos bem apertadas, também o homem que tem o maior dos cofres segura com as mãos apertadas tudo o que ele tiver. A avareza deles é a mesma e assim a pobreza deles também é a mesma. 

Você não tem riqueza. Ninguém a tem. Por isso eu não insisto que você tenha que abandoná-la. Como você pode deixar alguma coisa que você não tem? Eu não lhe digo para desistir da sua vida- você nem mesmo tem isso. Como você pode ter alguma coisa, se nem mesmo tem consciência dela? E a cada momento você fica tremendo de medo da morte. Se você fosse a própria vida, por que você estaria com medo da morte? A vida na tem morte alguma. Como a vida pode tornar-se morte? Mas você está tremendo de medo da morte. A cada momento a morte está rodando você. Você está tentando se salvar por qualquer caminho possível, para que você não desapareça, para que você não morra, para que você na chegue a um fim. Mesmo a vida, você não a tem. É por isso que eu não irei lhe pedir para desistir da sua vida. Como você pode dar alguma coisa que você não tem? 

Eu só irei pedir aquilo que você tiver. E eu irei pedir aquilo que todos têm. Assim como eu disse que a busca de todo mundo é por alegria, também existe algo que todos têm em abundância: o sofrimento. Você tem uma quantidade suficiente de sofrimento, mais do que você precisa. Por muitas vidas você nada mais tem colecionado a não serem sofrimentos. Você colecionou pilhas disso. Mesmo o Monte Everest parecerá pequeno se for comparado com as pilhas de problemas que você tem colecionado. Esse é o trabalho de suas muitas vidas; você nada tem ganhado, exceto problemas. Mesmo agora você os está ganhando.


Eu gostaria que você largasse seus problemas, renunciasse aos seus problemas. Ninguém jamais pediu os seus problemas, mas eu estou pedindo. E se você puder desistir de seus problemas, aí o caminho para a alegria poderá ser aberto. E se você conseguir abandonar os seus problemas, você irá perceber que aquilo que você pensava ser problema nada mais era que ilusão. E os seus problemas não o estavam segurando; você é que os estava segurando. Mas uma vez que você os deixe ir, você irá saber então quem estava segurando quem. 

Você está sempre perguntando como conseguir livrar-se do sofrimento. Perguntando assim, parece que o sofrimento o está segurando e você quer livrar-se dele. Se o sofrimento estivesse lhe segurando, então não seria possível você se livrar dele, porque a posse não estaria em suas mãos, mas nas mãos do sofrimento. Você seria impotente. E se depois de tantas vidas ainda não conseguiu tornar-se livre, então como conseguir tornar-se livre agora? 

Eu digo a você que o sofrimento não o está segurando; você é que está segurando o sofrimento. E se você puder fazer uns experimentos, aceitando o que eu estou dizendo, você irá compreender por si mesmo. E não apenas você compreenderá isso, mas você irá experimentar uma entrega; você saberá como o sofrimento pode ser abandonado. E quando tornar-se bom na arte de abandonar o sofrimento, você irá perceber o que estava arrastando consigo. E ninguém, a não ser você, era responsável por isso. Por qualquer coisa que você tenha experienciado como sofrimento, nenhuma outra pessoa pode ser responsabilizada. Esse era o seu desejo: Você queria sofrer. Tudo o que nós desejarmos Serpa permitido. E tudo o que você é, é o fruto dos seus desejos. Nem deus é responsável, nem a sorte; ninguém tem motivo algum para lhe causar problemas. 

A verdade é que a existência está sempre querendo fazer você ficar alegre. Toda essa existência quer que a sua vida se torne um festival. Porque quando você está infeliz, você também sai atirando infelicidade por toda a sua volta. Quando você está infeliz, o mau cheiro de suas feridas alcança toda a existência. E quando você está infeliz, a existência também sente dor. Todo esse mundo sente dor quando você está infeliz e sente alegria quando você está alegre. A existência não deseja que você deva ser infeliz. Isso seria suicídio para a própria existência. Mas você está infeliz e para se tornar infeliz você teve que fazer toda sorte de arranjos. E enquanto isso não for destruído, você não será capaz de abrir os seus olhos para a felicidade. 

Quais são os seus arranjos? Que arranjo o homem faz para estocar os seus problemas? Como ele os coleciona? Compreenda isso um pouco e talvez fique mais fácil para você deixá-los. Uma criancinha quer chorar. Os psicólogos dizem que a ação de chorar da criança e a ação de vomitar. Sempre que uma tensão cresce dentro de uma criança, ela ao chorar, atira para fora as suas tensões. Você foi uma criancinha. Uma criancinha está com fome e não estão ilhe dando o leite na hora certa. É por isso que ela está chorando, e porque ela encheu-se de tensão. E isso é necessário para liberar a sua tensão para fora. Ela irá chorar, a tensão será liberdade e ela se sentirá mais leve. 

Mas nós ensinamos criança a não chorar. Nós tentamos todas as maneiras para impedi-la de chorar. Nós colocamos brinquedos em suas mãos para que ela se esqueça; nós colocamos alguma coisa artificial em sua boca, ou colocamos o seu polegar em sua boca de modo que ela confunda isso com o seio de sua mãe e esqueça-se da fome. Nós começamos a balançá-lo para lá e para cá para que sua atenção se disperse e ela não chore. Nós tentamos tudo para não deixá-la chorar. Aquela tensão que poderia ter sido liberada pelo choro, não é liberada e vai sendo guardada. Desse jeito nós deixamos que isso fosse se acumulando. Quem sabe quantas dores e angústias cada pessoa tem acumulado? Ela senta-se sobre essa coleção empilhada. 

Quem sabe quantas tensões você acumulou? Você não tem chorado nem dado gargalhadas com seu coração totalmente presente. E por que você não chorou, alguma coisa ficou presa dentro de você. Você não tem ficado totalmente com raiva, nem tem perdoado completamente alguém. Você tornou-se uma pessoa pela metade. Os seus ramos querem se abrir, mas eles não são capazes disto. As folhas querem brotar para todos os lados, mas elas não são capazes disto. A sua árvore ficou atrofiada. O nome dessa dor acumulada, dessa dor não liberada, é inferno. E você segue arrastando esse inferno ao seu redor.


Eu o chamei aqui para que o seu inferno possa ser jogado fora, e você pode jogá-lo fora. Neste Campo de Meditação, você deve tornar-se como uma criancinha. Você deve esquecer que foi aculturado, que foi muito educado, que você ocupa uma posição elevada, que você conseguiu riquezas, que você é respeitado na cidade. Abandone tudo isso. Torne-se como um bebê recém-nascido, que não tem qualquer reputação, não tem educação, nem posição, nem riqueza, nem qualquer auto-respeito. Se você quiser salvar a sua estima, a sua posição, então, por favor, saia daqui o mais rápido possível, e nem mesmo olhe para trás. Eu nada tenho a fazer com você ou com o seu auto-respeito, conhecimentos, reputação. Para sua segurança, vá embora, não fique aqui.

Eu estou aqui para aqueles que são capazes de tornarem-se simples como uma criança, e somente assim eu posso fazer alguma coisa. Porque somente ás crianças pode-se ensinar alguma coisa. Somente as crianças podem ser mudadas, e uma revolução pode ocorrer apenas nas vidas das crianças. Nos experimentos de meditação que acontecerão aqui, vomite, atire para fora todo sofrimento que você tiver em seu coração. Se você tiver raiva, atire-a para o céu, se você tiver violência, atire-a para o céu. Você não tem que ser violento com ninguém, simplesmente libere a violência para o céu aberto. Problemas, dores, culpas; qualquer coisa que estiver dentro tem que ser jogada para fora. Você tem que atirá-las tão totalmente quanto for possível. Use toda a sua energia de modo que qualquer problema que estiver dentro seja trazido à consciência. 

Você deve compreender que enquanto você não ficar consciente da dor escondida no seu inconsciente, ela não o deixará, ela permanecerá escondida. Exponha-a, traga-a para a consciência. Puxe-a para fora, onde quer que ela esteja escondida na escuridão interna, traga-a para a luz. Algumas coisas morrem com a luz. Se você puxar para fora da terra às raízes de uma árvore, elas morrerão. Elas necessitam da escuridão, elas vivem na escuridão, na escuridão está a vida delas. Assim como as raízes, o sofrimento também vive na escuridão. Exponha os seus sofrimentos e você descobrirá, eles morreram. Se você continuar escondendo-os dentro de si, eles irão permanecer seus companheiros constantes por muitas vidas. A infelicidade tem que ser expressa.

Compreenda uma coisa mais: foi de fora que você pegou as dores e as trouxe para dentro de si. Por favor, volte com elas para o lado de fora. A dor não é interna; todas as dores são trazidas do lado de fora. Quando você nasceu, qual era a natureza do seu ser? Não havia dor: a dor trazida de fora. Se um homem o maltratou e fez você ficar infeliz, o maltrato foi trazido de fora. Agora, você irá acumular essa dor do lado de dentro, deixará que ela cresça, irá reprimi-la, assim ela se expandirá e envenenará toda e qualquer célula do seu corpo. Você se tornará um homem infeliz. Você traz a dor de fora. Ela não está em sua natureza. É por isso que eu lhe digo que você pode livrar-se da dor. Você não consegue se livrar da natureza, daquilo que é a fonte do sentir. Você pode livrar-se apenas daquilo que não é seu. Não há jeito de você livrar-se daquilo que é seu.

A dor tem que ser jogada fora. Durante esses próximos dias, quanto mais você puder jogar, jogue. E na medida em que você for jogando fora, irá crescer a sua compreensão que isso era uma loucura estranha que você estava cultivando. Isso poderia ter sido jogado fora naturalmente, estava em suas mãos, mas, desnecessariamente, você se bloqueou. E a segunda coisa: na medida em que você joga fora a dor, que a envia de volta para fora, de onde ela veio, a alegria começa a brotar dentro de você. 

“A Alegria está dentro. Ninguém a traz de fora. Ela não vem de fora, ela é a sua natureza, ela é você. Ela está escondida dentro, ela é a sua alma. Se for jogado fora lixo que veio de fora e que tem sido acumulada, então a alma interna começará a expandir, começará a crescer. Você começa a ver a sua luz e a ouvir a sua dança, você começa a mergulhar na música mais interna.

Mas isso só acontece se você liberar o lixo de modo que o céu interior possa se estabelecer, algum espaço criado. Então aquele espaço que está escondido dentro pode expandir-se. A dor deve ser expressa para que aquela alegria possa expandir-se internamente. E quando a alegria começa a expandir-se, é necessário compreender também a segunda coisa. Se você reprimir a dor, ela cresce. Se a dor é reprimida ela cresce, se você a expressar, ela diminui. Com a alegria ocorre totalmente o oposto: se você reprimir a alegria, ela diminui; se você a expressar ela aumenta. Assim a primeira coisa é isso: que você tem que jogar fora a dor, porque ela diminui sendo expressa. Não a reprimia, pois ela cresce com a repressão. E quando você tiver a primeira visão da alegria que vem de dentro, então a expresse porque quanto mais você expressar a alegria, mais ela aumenta internamente e camadas frescas começam a crescer. 

Isso é exatamente igual, quando você fica tirando água de um poço: nova água de fontes frescas encherá o poço. A fonte da alegria está dentro, assim não tenha medo de que ela irá diminuir por você expressá-la. A dor fica reduzida ao expressá-la, porque a sua fonte não está dentro. Ela foi trazida de fora, assim se você a expressar, ela ficará reduzida. Se você quiser enganchar-se na dor, então tenha isso em sua mente: nunca a jogue fora. Se você quiser aumentar o seu sofrimento e isso é o que você está fazendo e parece que muitas pessoas estão fazendo então nunca expresse seu sofrimento, nunca o manifeste. Se lágrimas estiverem jorrando, então as engula, se você sentir raiva, reprima isso. Se qualquer problema estiver brotando internamente reprima isso. Ele irá aumentar. Você se tornará um grande inferno.

Se você quiser reduzir a dor, então a deixe acontecer; se você quiser aumentar a alegria, então a deixe acontecer, porque a alegria está dentro e novas camadas continuarão se revelando. E na medida em que você segue deixando a alegria acontecer você começará a ter mais vislumbres de pura alegria.

A alegria aumenta ao ser compartilhado.

A dor tem que ser liberada. E quando você começa a ter vislumbres de alegria, eles também têm que ser liberados. Você tem que se tornar como uma criancinha, que não tem qualquer preocupação a respeito do passado, nem qualquer questão a respeito do futuro, que nem mesmo sabe o que os outros estão passando a seu respeito. 

Somente então acontecerá aquilo para o que eu o chamei aqui, e aquela jornada na qual eu gostaria que você fosse bem suavemente. Um pouco de coragem é requerida, e então, os tesouros de alegria não estarão longe. Um pouco de coragem é requerida e você poderá abandonar o seu inferno exatamente como um homem que se sujou na rua e volta para casa para tomar um banho e a sujeira é lavada. Da mesma maneira, a meditação é o banho e a dor é a sujeira. “Assim como depois do banho a sujeira foi lavada e você se sente fresco, da mesma forma você terá um vislumbre, sentindo dentro de si a felicidade e alegria que é a sua natureza”.


Tradução: Sw. Bodhi Champak
Fonte: Revista Osho Times, Nov/1995
























                                                

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