segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Contos e Lendas


A Folha

Era uma vez uma folha, que crescera muito. A parte intermediária era larga e forte, as cinco pontas eram firmes e afiladas. Surgira na primavera, como um pequeno broto num galho grande, perto do topo de uma árvore alta. A Folha estava cercada por centenas de outras folhas, iguais a ela. Ou pelo menos assim parecia. Mas não demorou muito para que descobrisse que não havia duas folhas iguais, apesar de estarem na mesma árvore. 
Alfredo era a folha mais próxima. Mário era a folha à sua direita. Clara era a linda folha por cima. Todos haviam crescido juntos. Aprenderam a dançar à brisa da primavera, esquentar indolentemente ao sol do verão, a se lavar na chuva fresca. Mas Daniel era seu melhor amigo. Era a folha maior no galho e parecia que estava lá antes de qualquer outra. A Folha achava que Daniel era também o mais sábio. Foi Daniel quem lhe contou que eram parte de uma árvore. 
Foi Daniel quem explicou que estavam crescendo num parque público. Foi Daniel quem revelou que a árvore tinha raízes fortes, escondidas na terra lá embaixo. Foi Daniel quem falou dos passarinhos que vinham pousar no galho e cantar pela manhã. Foi Daniel quem contou sobre o sol, a lua, as estrelas e as estações. A primavera passou. E o verão também. Fred adorava ser uma folha. Amava o seu galho, os amigos, o seu lugar bem alto no céu, o vento que o sacudia, os raios do sol que o esquentavam, a lua que o cobria de sombras suaves. 

O verão fora excepcionalmente ameno. Os dias quentes e compridos eram agradáveis, as noites suaves eram serenas e povoadas por sonhos. Muitas pessoas foram ao parque naquele verão. E sentavam sob as árvores. Daniel contou à Folha que proporcionar sombra era um dos propósitos das árvores. - O que é um propósito? - perguntou a Folha. - Uma razão para existir - respondeu Daniel. - Tornar as coisas mais agradáveis para os outros é uma razão para existir. Proporcionar sombra aos velhinhos que procuram escapar do calor de suas casas é uma razão para existir. 

A Folha tinha um encanto todo especial pelos velhinhos. Sentavam em silêncio na relva fresca, mal se mexiam. E quando conversavam eram aos sussurros, sobre os tempos passados. As crianças também eram divertidas, embora às vezes abrissem buracos na casa da árvore ou esculpissem seus nomes. Mesmo assim, era divertido observar as crianças. Mas o verão da Folha não demorou a passar. E chegou ao fim numa noite de outubro. 

A Folha nunca sentira tanto frio. Todas as outras folhas estremeceram com o frio. Ficaram todas cobertas por uma camada fina de branco, que num instante se derreteu e deixou-as encharcadas de orvalho, faiscando ao sol.. Mais uma vez, foi Daniel quem explicou que haviam experimentado a primeira geada, o sinal que era outono e que o inverno viria em breve. 
Quase que imediatamente, toda a árvore, mais do que isso, todo o parque, se transformou num esplendor de cores. Quase não restava qualquer folha verde. Alfredo se tornou um amarelo intenso. Mário adquiriu um laranja brilhante. Clara virou um vermelho ardente. Daniel estava púrpura. E a Folha ficou vermelha, dourada e azul. Todos estavam lindos. 
A Folha e seus amigos converteram a árvore num arco-íris. - Por que ficamos com cores diferentes, se estamos na mesma árvore? - perguntou a Folha. - Cada um de nós é diferente. Tivemos experiências diferentes. Recebemos o sol de maneira diferente. Projetamos a sombra de maneira diferente. Por que não teríamos cores diferentes? Foi Daniel, como sempre, quem falou. E Daniel contou ainda que aquela estação maravilhosa se chamava outono. E um dia aconteceu uma coisa estranha. 


A mesma brisa que, no passado, os fazia dançar começou a empurrar e puxar suas hastes, quase como se estivesse zangada. Isso fez com que algumas folhas fossem arrancadas de seus galhos e levadas pela brisa, reviradas pelo ar, antes de caírem suavemente ao solo. Todas as folhas ficaram assustadas. - O que está acontecendo? - perguntaram umas às outras, aos sussurros. - É isso que acontece no outono - explicou Daniel - É o momento em que as folhas mudam de casa. Algumas pessoas chamam isso de morrer. - E todos nós vamos morrer?- perguntou Folha - Vamos sim - respondeu Daniel 
- tudo morre. Grande ou pequeno, fraco ou forte, tudo morre. Primeiro cumprimos a nossa missão. 

Experimentamos o sol e a lua, o vento e a chuva. Aprendemos a dançar e a rir. E, depois morremos. 
- Eu não vou morrer! - exclamou Folha, com determinação - Você vai, Daniel? - Vou sim... Quando chegar meu momento. - E quando será isso??? 
- Ninguém sabe com certeza. - respondeu Daniel A Folha notou que as outras folhas continuavam a cair. E pensou: "Deve ser o momento delas." Ela viu que algumas folhas reagiam ao vento, outras simplesmente se entregavam e caíam suavemente Não demorou muito para que a árvore estivesse quase despida. - Tenho medo de morrer. - disse Folha a Daniel - Não sei o que tem lá embaixo. 
- Todos temos medo do que não conhecemos. Isso é natural. - disse Daniel para animá-la - Mas você não teve medo quando a primavera se transformou em verão. E também não teve medo quando o verão se transformou em outono. Eram mudanças naturais. Por que deveria estar com medo da estação da morte? - A árvore também morre? - perguntou - Para onde vamos quando morrermos? - Ninguém sabe com certeza... É o grande mistério. - Voltaremos na primavera? - Talvez não, mas a Vida voltará. 
- Então qual é a razão para tudo isso? - insistiu a Folha - Por que viemos pra cá, se no fim teríamos de cair e morrer? Daniel respondeu no seu jeito calmo de sempre: - Pelo sol e pela lua. Pelos tempos felizes que passamos juntos. Pela sombra, pelos velhinhos, pelas crianças. Pelas cores do outono, pelas estações. Não é razão suficiente? Ao final daquela tarde, na claridade dourada do crepúsculo, Daniel se foi. E caiu a flutuar. Parecia sorrir enquanto caía. - Adeus por enquanto. 
- disse ele à Folha. 

E depois, Folha ficou sozinha, a única folha que restava no galho. A primeira neve caiu na manhã seguinte. Era macia, branca e suave. Mas era muito fria. Quase não houve sol naquele dia... E foi um dia muito curto. A Folha se descobriu a perder a cor, a ficar cada vez mais frágil. Havia sempre frio e a neve passava sobre ela. E quando amanheceu veio vento que arrancou a Folha de seu galho.Não doeu. Ela sentiu que flutuava no ar, muito serena. E, enquanto caía, ela viu a árvore inteira pela primeira vez. Como era forte e firme! Teve a certeza de que a árvore viveria por muito tempo, compreendeu que fora parte de sua vida. E isso deixou-a orgulhosa. A Folha pousou num monte de neve. Estava macio, até mesmo aconchegante. Naquela nova posição, Folha estava mais confortável do que jamais se sentira. 

Ela fechou os olhos e adormeceu. Não sabia que a primavera se seguiria ao inverno, que a neve se derreteria e viraria água. Não sabia que a folha que fora, seca e aparentemente inútil, se juntaria com a água e serviria para tornar a árvore mais forte. E, principalmente, não sabia que ali, na árvore e no solo, já havia planos para novas folhas de primavera. 


Autor: Léo Buscaglia






A Importância do Perdão


O pequeno Zeca entra em casa, após a aula, batendo forte o seu pé no assoalho da casa. Seu pai, que estava indo para o quintal para fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo chama o menino para uma conversa. 

Zeca, de oito anos de idade, o acompanha desconfiado. Antes que seu pai dissesse alguma coisa, fala irritada:

- Pai está com muita raiva. O Juca não deveria ter feito aquilo comigo.

Desejo tudo de ruim para ele.

Seu pai, um homem simples, mas cheio de sabedoria, escuta calmamente o filho que continua a reclamar:

- O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. Não aceito. Gostaria que ele ficasse doente sem poder ir à escola.

O pai escuta tudo calado enquanto caminha até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou calado. Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe propõe algo:

- Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu endereçado a ele. Quero que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço. Depois eu volto para ver como ficou. 

O menino achou que seria uma brincadeira divertida e passou mãos à obra. O varal com a camisa estava longe do menino e poucos pedaços acertavam o alvo. Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa. O pai que espiava tudo de longe se aproxima do menino e lhe pergunta:

- Filho como está se sentindo agora?

- Estou cansado, mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de carvão na camisa.

O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala:

- Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa.

O filho acompanha o pai até o quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo. Que susto! Zeca só conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos. O pai, então lhe diz ternamente:

- Filho, você viu que a camisa quase não se sujou; mas, olhe só para você.

O mal que desejamos aos outros é como o que lhe aconteceu. Por mais que possamos atrapalhar a vida de alguém com nossos pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem ficam sempre em nós mesmos.


Cuidado com seus pensamentos, eles se transformam em palavras;

Cuidado com suas palavras, elas se transformam em ações;

Cuidado com suas ações, elas se transformam em hábitos;

Cuidado com seus hábitos, eles moldam o seu caráter;

Cuidado com seu caráter, ele controla o seu destino.



Fonte: Autor Desconhecido
Foto da Capa: arrependimento
Fonte: Sabedoria Divina / Facebook




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