terça-feira, 1 de dezembro de 2015

DONDE VENS?

DONDE VENS?

Nos dias graves das perseguições aos cristãos, conta uma velha tradição que os discípulos e amigos de Pedro sugeriram-lhe que abandonasse Roma, a fim de ter a vida poupada e melhor continuar como testemunha do Evangelho, amigo pessoal que fora de Jesus.

A princípio, o velho pescador relutou contra a ideia. Todavia, acompanhando o recrudescimento da impiedade de Nero contra os seguidores do Cristo e a diminuição deles, achou que seria uma atitude de prudência a sua partida. Despediu-se dos amigos e, na madurgada seguinte, procurou a estrada que o levaria para longe da cidade. Não se afastara muito quando o Sol começou a romper a bruma, colorindo e iluminando o dia. Subitamente,caminhando em sentido contrário ao seu, o apóstolo divisou o Mestre que se aproximava. 

Supreso, parou, ansiando pelo afetuoso abraço do Amigo que, parecendo não o ver, seguiu adiante. Não sopitando o desencanto, o companheiro angustiado voltou-se e inquiriu: 

Para onde ides, Senhor?

A resposta foi imediata e significativa:

Vou a Roma, Pedro, morrer com os meus discípulos. Narra a bela tradição, que o apóstolo, comovido e consciente do sacrifício, retornou á cidade, prosseguindo no ministério com devotamento total atéá imolação libertadora. A fidelidade a um ideal exige o sacrifício do idealista. Reconhece-se a excelência de um ideal pelas reações que provoca e pela firmeza tranquila de quem o apresenta. A consciência da imortalidade arma o indivíduo com resistências para suportar e vencer as vicissitudes, reagindo através da integral vivência dos postulados que abraça.

Especificamente, o ideal cristão se expressa através dos valores nobres que exornam que o vivencia. Vive no mundo, mas não pertence ao mundo. Usa os recursos do mundo, sem e eles escravizar-se. Sofre os impositivos da evolução, não afligindo a ninguém. Compreende os erros do próximo, no entanto, esmera-se para refletir a conduta mais correta. Resgata débitos, evitando tombar em novas dívidas. Quando insultado, desculpa; se agredido, perdoa; sob perseguição permanece com integridade.

Não se despersonaliza, identificando-se como alguém que teme e se submete a tudo. Pelo contrário, é um homem definido, resistente, que sabe o que quer e como consegui-lo programando-se para o tentame feliz. Ante a incoerência de atitude e a debandada do dever a que se entregam muitos discípulos modernos do Evangelho, permanece tu, doando-te e confiando. Fazendo-se necessário maiores sacrifícios, doa-te mais e mais confia, de modo que, num certo amanhecer da tua vida,possas encontrar o Mestre, que te indagará. 

Donde vens, meu filho?

E possas responder, em Júbilo:

Do mundo, Senhor, onde dei a vida com os teus discípulos por amor de ti.

(Joanna de Ângelis)


Roma, Itália, 15.11.1983 

Fonte: “Seara do Bem”
(Divaldo Pereira Franco / Diversos Espíritos)
Salvador/BA. – Livraria: Espírita Alvorada – 1984/ Editora
2 . Edição – do 16. ao 18. milheiro





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