terça-feira, 15 de outubro de 2013

A Família de Meishu-Sama

A Família de Meishu-Sama

Lembro-me freqüentemente de Meishu-Sama dizendo: “O espírito de meu bisavô me guia”. Realmente, sua fisionomia e caráter eram notavelmente parecidos com os de seu bisavô. Uma Loja de Penhores sob o nome de Musahi-ya tinha sido trabalho da Família de Meishu-Sama, de geração a geração; até o tempo de sue bisavô, o negócio tinha sido muito próspero.

Apesar de seu bisavô ter sido uma pessoa notável em vários sentidos e aspectos, a Fortuna da Família, tinha diminuído bastante e quando Meishu-Sama nasceu seus pais atravessavam uma fase financeira difícil, sendo até necessário armar barreiras noturnas para negociar objetos de segunda mão. Sua mãe, sendo uma dona de casa de poucos recursos, empenhava-se em ser extremamente econômica e zelava para que nada fosse desperdiçado. Com grande senso de responsabilidade, atento a tudo que possuía, foi exemplo na conduta do lar.

Nascido e criado por tal mãe e por pai honesto e meticuloso em suas atitudes, Meishu-Sama era o reflexo destas qualidades praticas e somava a tudo isso, suas virtudes e idéias expansivas inerentes á sua pessoa. Seus objetos eram guardados em gavetas específicas de sua escrivaninha, de modo que mesmo no escuro, ele podia achar facilmente qualquer coisa que desejasse. Era tão econômico que não desperdiçava nem uma folha de papel para escrever. Por outro lado, não regateava ao pagar somas bem altas em dinheiro, para a aquisição de Obras de Arte. Valorizava a obtenção de tão lindos trabalhos artísticos. Aparentemente, não foi preparado em qualificações especiais, mas absorveram no lar durante a sua infância, muitos hábitos bons, alicerçando uma base de grande valor para sua vida futura.

(por Nidai-Sama)


Fonte: Livro/ Reminiscência sobre Meishu-Sama 
Vol.1 – 6. Edição /Dezembro/1986 – São Paulo/SP.
Págs: (12/13)





O Lado mais Tranqüilo

Quando Meishu-Sama terminava o seu dia de trabalho, freqüentemente solicitava a minha presença na loja para acompanhá-lo ao Teigueki (Teatro Imperial) ou ao cinema no Guinza ou Assakussa. Gostava muito de cinema e sempre organizava as atividades para que tivesse algum tempo disponíveis para ver novos filmes.

Não era comum naquela época, marido e mulher saírem juntos; assim nós chamávamos a atenção, fazendo com que me sentisse um pouco tímida. Meishu-Sama não se importava com isso, pois sempre tinha seu pensamento mais evoluído que a maioria das pessoas. Nós víamos muitos filmes ocidentais. Eu sempre me esquecia do que via, mas Meishu-Sama lembrava-se de todas as particularidades, não somente dos enredos, mas também dos atores, atrizes e diretores. Durante a sessão, ele ás vezes cochilava, mas apesar disso, podia contar tudo sobre os filmes. Alguma parte de sua mente devia ficar desperta enquanto dormia.

Quando os filmes eram interessantes, ele os assistia atentamente, observando os vestuários de perto e anotando cuidadosamente qualquer coisa que lhe dessa idéia para o seu negócio. Além de assistir e gostar de filmes americanos e europeus, ele também gostava de ver shows japoneses, puramente cômicos, como havia em Assakussa. Freqüentemente o vi rindo de cenas engraçadas, com lágrimas escorrendo pela face. Ele tinha interesse por tudo e apreciava muitos tipos de divertimentos, mas não via constantemente peças de Teatro Kabuki. Uma das razões era que riqueza mais tempo para vê-las e os grandes atores não mais participavam delas. 

Freqüentemente ia ao Teatro em Tsukigi e gostava do trabalho de (Sadoo) Sadao Maruyama. Ouvia com freqüência música ocidental dos grandes clássicos, mas não apreciava as de fundos triste, nostálgico e pesado. Deliciava-se em ouvir o “Messias” (Haendel); ”Carmen” (Bizet), Aída (Verdi), “Guilherme Tell” (Rossini). Apreciava também célebres valsas, e uma variedade de marchas e composições dos grandes compositores. Fiquei surpresa a primeira vez em que o vi com um sobrinho, marcando alegremente com as mãos e os pés, o ritmo das músicas. Quando havia programação de concertos, ou quando as Companhias de ópera ou grupos de Ballet faziam temporada no Japão, ele era um dos primeiros a comprar os ingressos. Não apreciava somente a música e os espetáculos artísticos, mas também a atmosfera geral que sentia num Teatro.

(por Nidai-Sama)


Fonte: Livro/ Reminiscência sobre Meishu-Sama
Vol.1 – Edição em Português (Fundação Mokiti Okada – M.O. A)
6. Edição/ Dezembro/1986 – São Paulo/SP. – Pág. (17/18)




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