quarta-feira, 4 de julho de 2012

A Tradição da Medicina Shiatsu


A TRADIÇÃO DA MEDICINA – SHIATSU 


O Dr. Sohaku Bastos foi um dos pioneiros da medicina oriental no Brasil, tornando as técnicas ancestrais acessíveis para um grande número de pessoas a partir dos anos 70. 
Aqui no Brasil o shiatsu, chamado Shiatsuterapia, tem sido confundido com massagem. Massagem é uma profissão regulamentada no país desde 1971 e ela efetivamente não significa Shiatsu. Shiatsu é ima prática que tem um objetivo completamente diferente da massagem, apesar de utilizar as mãos como instrumento de trabalho.
“Shi” vem do termo japonês que significa “dedo” e “atsu” significa “pressão”. Então, literalmente, seria a terapia que trata a pessoa através de pressão com o dedo.

Nos anos 70, o Dr. Sohaku Bastos começou a ministrar cursos e palestras sobre medicina oriental, após oito anos de estudos no Japão, firmando-se como um pioneiro na aplicação da medicina tradicional oriental no Brasil. Segundo explica, quando foi para o Japão, seu principal objetivo era desenvolver o aspecto espiritual e, por isso, matriculou-se no Seminário de Budismo, em Kyoto. Obteve o Diploma de Ordenação Monástica como Monge budista do Monastério Jochin-In Kyosan, e o Diploma de Monge Instrutor da Escola Shingon, o que lhe confere o direito de celebrar ofícios e cerimônias budistas.
Como a medicina também era um de seus objetivos desde criança, ele entrou para a Escola Imperial de Medicina, unindo três grandes interesses: A Arte Oriental, Filosofia e a Ciência. A opção pelo Japão, segundo explica o médico, foi para que obtivesse não apenas os ensinamentos científicos, mas a filosofia da medicina oriental algo que, na época, era pouco ou nada comentado no Brasil. Existiam praticantes de acupuntura na França, mas só isso, apesar de serem muitas as técnicas terapêuticas na medicina oriental, como shiatsu, moxabustão e fito terapia. Os imigrantes japoneses e chineses com conhecimento das técnicas mantinham-nas restritas á colônia, especialmente porque não havia interesse por esse conhecimento fora do ambiente das colônias, e a comunidades científicas encarava tais praticas com reservas. 

Em 1974, o Dr. Sohaku já organizava seu primeiro curso de acupuntura e, em 1979, realizou o primeiro curso destinado a médicos brasileiros, tendo como alunos professores de pós-graduação em medicina da PUC- Rio. Dedicou-se a lecionar acupuntura e eletro acupuntura a médicos, e shiatsu terapia a profissional da área de saúde. Sua estimativa é que, desde então, formou mais de dez mil profissionais. O médico ainda foi o responsável pela introdução do eletro acupuntura no Brasil e idealizador do primeiro curso de Shiatsu terapia no país. Fez cursos na China, Sri Lanka, desde 2000 é Cônsul do Sri Lanka no Brasil e Estados Unidos, possuindo graduação em medicina oriental, fisioterapia e bacharelado em medicina, com mestrados em psiconeurocinesioterapia e acupuntura, doutorados em medicina tradicional, acupuntura e filosofia e especializações em shiatsu terapia, osteopatia, eletro acupuntura, fito terapia tradicional chinesa. 
Natural da Bahia e radicado no Rio de Janeiro, hoje o Dr. Sohaku oferece uma série de cursos profissionalizantes em ciências da saúde e pós-graduação em várias cidades do Brasil, e até em Portugal, através do seu Instituto Politécnico de Saúde.

Como se encontra, atualmente, a medicina oriental em comparação com a medicina ocidental, ou a chamada medicina tradicional, alopática? Ainda existe muita resistência á aplicação de conhecimentos técnicos orientais, mesmo vindos de profissionais notadamente preparados e de currículo reconhecido?
Eu gostaria de fazer uma ressalva a essa pergunta, porque a medicina ocidental é alopática, não tradicional. A medicina tradicional é a oriental. A chamada medicina tradicional do oriente, ou medicina oriental, é considerada nova no Brasil porque foi produzida aqui no início do século com a imigração japonesa, mas só foi divulgada para os Brasileiros por volta de 1960 para 1970. Antes disso, era circunscrita á colônia Japonesa.

Então, só os orientais tinham acesso em São Paulo e, sobretudo no interior. Em relação á resistência que encontramos aqui, ela se deve a três segmentos. O primeiro é a própria comunidade científica que não se interessa muito em pesquisar essa área embora em outros países, como nos EUA, as pesquisas em medicina oriental estão muito avançadas, sobretudo na acupuntura e no shiatsu. Sentimos resistência também em certas corporações da área de saúde que não têm interesse em que essas práticas evoluam, e se elas devem evoluir que seja sob a tutela de certos profissionais, o que significa corporativismo. 

Outro segmento que não tem qualquer interesse em que a medicina oriental cresça no Brasil é a própria indústria farmacêutica. Quanto aos profissionais preparados, muitos foram formados no exterior, têm bons currículos e uma formação de alta qualificação com mestrado e doutorado nessa área. 


Ultimamente têm surgido no Brasil inúmeras pessoas que afirmam ser especialistas em medicina oriental. Estaria havendo um exagero, com muita gente despreparada aproveitando-se da onda de interesse pelas terapias orientais? Como podemos fazer distinção entre os profissionais sérios e os possíveis aproveitadores?

Essa pergunta é muito importante, por que quando não existe legislação federal, abre-se uma porta para que até o leigo exerça a profissão. Entretanto, com as instituições educacionais já aprovadas no Rio e em São Paulo para ministrar cursos na área das Terapias Orientais, nós já teremos um referencial daquele profissional que, tendo um Diploma Oficial, outorgado pela Secretaria de Estado de Educação, mostra-se um profissional qualificado, sendo uma referência de idoneidade profissional.

Mas nós não podemos esquecer que alguns Conselhos na área de saúde reconheceram a acupuntura como especialidade, e isso foram muito boas. Eu posso enumerar os Conselhos que já fizeram isso: o primeiro foi o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, reconhecendo desde 1985 a especialidade para o Fisioterapeuta e posteriormente para o Terapeuta Ocupacional em 1986, O Conselho Federal de Biomedicina reconhecida à acupuntura também como especialidade em 1995, o Conselho Federal de Enfermagem também reconhecida a acupuntura, terapias orientais e alternativas como especialidade em 1985, o Conselho de Medicina Veterinária em 1995 o Conselho Federal de Medicina em 2000, O conselho Regional de farmácia e, finalmente, o Conselho Federal de Fonoaudiologia. De doze Conselhos, sete já reconheceram a acupuntura e as terapias orientais que fazem parte do sistema médico oriental.

O senhor diz que existe uma grande confusão sobre o shiatsu, que é mal compreendido no Brasil. O que é exatamente o shiatsu?

Aqui no Brasil o shiatsu, chamado shiatsu terapia, tem sido confundido com massagem. Massagem é uma profissão regulamentada no país desde 1971 e ela afetivamente não significa shiatsu. Shiatsu é uma prática que tem um objetivo completamente diferente da massagem, apesar de utilizar as mãos como instrumento de trabalho. Shi vem do termo japonês que significa dedo e atsu significa pressão. Então, literalmente, seria a terapia que trata a pessoa através de pressão com o dedo.
Existe no Brasil uma confusão com o termo massagem oriental, ou massoterapia oriental. Isso não existe, não é amparado por nada, é uma invenção. O que existe é a massagem, que pode ser no estilo chinês, japonês, etc., mas não é shiatsu. Por isso, é totalmente equivocado dizer que massagem oriental é shiatsu. Este equivoca costuma vir por parte dos leigos.

Existe alguma aproximação entre a medicina tradicional do oriente, mais especificamente Japão e China, com a medicina ayurvédica?

Essa pergunta é muito interessante, porque a medicina tradicional do extremo oriente (China e Japão) e a ayurvédica, que é do Sudeste Asiático e envolve a Medicina da Índia e Sri Lanka, tem algo em comum. As duas são medicinas milenares. As práticas são diferenciadas, mas o perfil da filosofia médica é muito semelhante. 
Eu diria que são medicinas tradicionais irmãs. Ambas contemplam uma forma de fito terapia de farmacoterapia parecidas. Possuem técnicas muito semelhantes. Embora tenham tradições diferentes, possuem a mesma essência oriental. São medicinas tradicionais.  

 (Gilberto Schoereder)


Fonte: Revista / Sexto Sentido N. 26 
 Ano: 3- São Paulo/ SP
 Pág. (22/25)   
Mythos Editora 
Site: www.mythoseditora.com.br

Shiatsu Tradicional 
Dr. Sohaku Bastos 
Sohaku-in Edições – Fone: (21) 533-6728
Academia Brasileira de Arte e Ciência Oriental Sohaku in
Fone: (21) 2255-4845 / 2547-1795

Um comentário: