terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Grandes Nomes da Espiritualidade

        Grandes Nomes da Espiritualidade

Confúcio

Confúcio é um dos sábios orientais mais conhecidos no Mundo Inteiro. O seu nome sempre está vinculado á sabedoria, mesmo para aqueles que desconhecem o conteúdo de seu pensamento. Confúcio nasceu por volta do ano 551 a.c em Tsou, no antigo Estado de Lu, atual Província de Shantung, próxima ao Rio Amarelo, região conhecida pelos chineses como “Terra Santa”. 

Seu “nome provém dos vocábulos chineses Kung-fu-tse, o” “Venerável Mestre Kung”, nome com que o sábio era habitualmente designado pelos seus discípulos. Pouco se sabe sobre sua vida. Aparentemente, pertencia a uma família aristocrática empobrecida. Confúcio era o mais novo dos II filhos. Seu Pai, Shu-Liang Hê, era um magistrado e guerreiro reconhecido e tinha por volta de 70 anos quando se casou com sua mãe, Yen chêng Tsai, na época com apenas 15 anos. 

Quando tinha três anos seu Pai faleceu. Assim, ele foi obrigado a trabalhar desde cedo para sobreviver e auxiliar no sustento da casa. Quando Confúcio completou 15 anos, decidiu dedicar-se aos estudos. Aos 18 anos já estava casado. Para sobreviver mantinha diversos empregos e chegou a ser cocheiro e tratador de animais. Nas horas livres, ele se dedicava aos estudos e seus principais interesses eram a história, música e liturgia. Aprendeu também muitas atividades manuais que eram rejeitadas e desprezadas pelos nobres da época. O grande desejo de Confúcio era ter um emprego público, mas sem sucesso em suas tentativas acabou sendo professor. Fundou sua própria escola com o objetivo de ensinar a forma de governar aos administradores políticos. Ele foi um dos primeiros professores profissionais da china e muitos de seus alunos acabaram ocupando cargos importantes na administração do Estado. 

Confúcio é considerado basicamente um humanista e um dos grandes mestres da história chinesa. A influência que exerceu em seus discípulos foi profunda. Seus alunos propagaram suas idéias até que na Primeira Dinastia Han (206 a.c) suas teorias se tornaram base da ideologia do Estado, pois refletiam as necessidades sociais de uma cultura. Assim no campo ideológico, o confucionismo se tornou a doutrina oficial do Estado. Seu pensamento era ensinado nas escolas e fazia parte das matérias obrigatórias para o ingresso em serviços públicos no país. A partir dessa dinastia, todos os letrados, conservadores ou reformistas, passaram a procurar conhecimento na escola confucionista, conforme as circunstâncias sociais e a situação ideológica das diversas épocas. Confúcio não deixou muitos registros escritos. Suas lições e ensinamentos foram registrados por seus discípulos, especialmente por (Mêncio) (Ji Méngke), um dos principais intérpretes do confucionismo, que sintetizou seus ensinamentos em diversas obras. Ele foi um grande pensador e reformador da tradição aristocrática. Politicamente, ele desconsiderava a ancestralidade como titulo para a ocupação de cargos públicos, pois julgava que a função deveria ser exercida por quem fosse capaz. 
Para ele, a desordem social seria vencida por meio da lealdade ao céu e ao Imperador. Durante a “Revolução Cultural” realizada na China por Mao Tse Tung, entre 1966e 1976, a obra de Confúcio foi considerada nociva ao país, pois pregava a harmonia e não a luta dando ênfase á hierarquia e não a igualdade. Após o “vendaval maoísta”, percebeu-se que a cultura chinesa não podia livrar-se de seu maior pensador. Em 1994, o governo chinês organizou celebrações ara o 2.545 aniversários do nascimento de Confúcio, considerado então o Primeiro e Sublime professor da China. Confúcio dizia que o homem era naturalmente um ser sociável e tinha o dever de viver em sociedade, esforçando-se para mantê-la e levá-la á ordem. A ordem social e a harmonia da vida deveriam ser mantidas pela prática do “justo meio”, um equilíbrio invariável que levava a perfeição. 

Para atingir esse estado, era necessário ser perseverante e vigilante, e poucos homens conseguiam se conservar nesse estado. Confúcio afirmava que, por meio do ensinamento e da autodisciplina, o indivíduo alcançava o conhecimento e atingia assim a prática da virtude. Ao descobrir sua verdadeira natureza, o homem conseguia interiorizar as disposições do céu, podendo agir com naturalidade, sem a necessidade da coação de leis para fazer e praticar o bem. Ao chegar nesse ponto, o indivíduo se tornava um homem verdadeiro. Confúcio introduziu conceitos que se tornaram fundamental não apenas para a filosofia confucionista, mas também para a filosofia chinesa em geral. 

Sua Doutrina é resumida em seis conceitos: 

Jen= Todo cavalheiro que desenvolvesse o Jen conseguia estimular outras virtudes. O Jen é a virtude mais elevada que pode ser entendida como humanidade, benevolência, cortesia e bondade. Representa a norma da reciprocidade. Significa que não devemos fazer aos outros os que não gostaríamos que fizessem a nós. 

Li= Para o cavalheiro, ali representa o padrão de conduta exemplar pela qual o homem verdadeiro deve pautar todas as suas relações sociais. O Li simboliza as regras e rituais que devem ser seguidos durante cerimônias religiosas ou não. Para Confúcio, sem Li não é possível saber como nos conduzir na adoração dos espíritos ou estabelecer a condição correta do rei e seus ministros, do governante e governados dos anciãos e dos mais jovens. Sem o Li também não é possível estabelecer o relacionamento moral entre os sexos, entre pais e filhos, entre irmãos e entre membros da família. 

YI= O Yi representa o que é certo e apropriado para cada situação, justiça, retidão. Segundo os pesquisadores do tema, a melhor tradução para o termo seria “Imperativo da Retidão de Conduta”. Na sociedade, certas coisas devem ser feitas por que são moralmente certas. Entretanto, era importante que cada um agisse de acordo com um dever natural, pois uma pessoa de retidão moral não pode recompensas por seguir uma conduta correta. 

Cheng- Ming= Confúcio ensina que, em uma sociedade organizada, cada cidadão deveria ter um papel e afirmar-se nele. Ele cita em sua obra Anacleto que o rei deveria atuar como rei, o pai como pai, o servo como servo, o filho como filho. 

Te= O conceito Te representa o poder e a autoridade. Para Confúcio, a virtude do poder era importante e fundamental para dirigir qualquer sociedade, e não a força. Todo governante deveria ter essa autoridade que levaria seus súditos á obediência. 

Wen= Para Confúcio, aqueles que rejeitam a arte, rejeitam as virtudes do homem e do Céu. Daí o seu conceito Wen, que representava as artes nobres, como a música, poesia e a arte em geral. Ele acreditava que toda expressão artística simbolizava a virtude e deveria fazer parte da sociedade. 




Buda

Depois que Sidarta Gautama alcançou a iluminação e se tornou Buda, dedicou o resto de sua vida a ensinar aos outros como conseguir a mesma liberdade da mente, enfatizando a consciência, o espírito de investigação e uma abertura pessoal.


Buda é um titulo usado na filosofia oriental e é atribuído aqueles que despertaram plenamente para a verdadeira natureza dos fenômenos e divulgaram seu conhecimento para as demais pessoas. O termo tem origem no sânscrito e significa “desperto iluminado”. Do ponto de vista budista, significa não apenas um mestre que viveu em um determinado período da História, mas toda uma categoria de seres iluminados. De todo o Buda, o primeiro, Sidarta Gautama, é considerado o mais brilhante e o fundador da doutrina budista no século seis a.C. Sua história é envolvida em muitas lendas. Muitos historiadores consideram que ele viveu entre 563 a 483 a.C. Segundo a tradição, quando completou 29 anos, apesar da proibição do pai, ele decidiu sair do Castelo. Foi então que viu pela primeira vez o que existia além dos muros e ficou chocado com a visão de um velho, um cadáver em decomposição e um asceta com expressão de alegria. 


Conta-se que foi a partir desse momento que percebeu que a vida de prazeres e riquezas era totalmente sem sentido. Na mesma noite, voltou ao Palácio renunciou ao trono e passou a viver como um asceta nas florestas. Em suas andanças, encontrou um monge que apesar de viver numa condição miserável e pedindo esmolas tinha um olhar sereno. Assim, decidiu juntar-se a um grupo de brâmanes (sacerdotes da religião hindu) dedicados a uma vida ascética, ou seja, uma vida repleta de disciplina, privações, mortificações e orações. A tradição conta que os abandonaram. Entretanto, embora sozinho, ele procurou conhecer a si mesmo. Segundo a lenda, ele se sentou sob uma figueira para meditar, a árvore Bodhi. 

Nessa oportunidade, teve uma experiência religiosa á qual deu o nome de iluminação. A partir dessa época, ele passou a ser chamado de Buda, que em sânscrito significa “aquele que sabe” e se tornou um guia de seres humanos. Ele começou a pregar seu conhecimento na cidade de Benares, ou seja, a ensinar o Darma, caminho para o amadurecimento e a libertação de boa parte do sofrimento na vida terrestre. A essa altura o número de seguidores do budismo já havia crescido bastante, incluindo seu filho e sua esposa. Continuou suas pregações na região norte da Índia por mais 40 anos, até sua morte, convertendo numerosas pessoas e combatendo os brâmanes. Com o passar do tempo, sua doutrina foi se enriquecendo com elementos alheios que deram ao asceta Buda uma dimensão divina, colocando-o ao lado de deuses tradicionais. Apesar de seus ensinamentos terem assumido com o tempo um caráter religioso, ele enfatizou sempre a consciência, o espírito de investigação e uma abertura pessoal. 



O Budismo 


No Budismo, não existe um livro sagrado como a Bíblia dos cristãos ou Alcorão dos muçulmanos. Buda não deixou nada escrito e todo o seu conhecimento sempre foi transmitido de forma oral. Conta-se que no ano em que ele morreu foi realizado um concílio na cidade de Rajaghara em que os seus discípulos recitaram os ensinamentos diante de uma assembléia de monges. Os ensinamentos de Buda começaram a ser escritos a partir do século 1 d.c o primeiro texto teria sido escrito no Sri Lanka e é conhecido como Lânone Pali. 



Esta obra é considerada como a mais fiel ao conhecimento transmitido por Buda. Além dela, existem outras obras budistas de outras regiões (China, Tibete, etc.) Para muitos adeptos, a doutrina budista contida em diversas obras pode auxiliar as pessoas. Entretanto, “a verdade genuína” é uma descoberta pessoal e não pode ser revelada nem encontrada em livros ou nas palavras de outras pessoas. Dessa forma, Buda ou Budas (pessoas despertas) só podem apontar um caminho, uma direção, pois a verdade não pode ser aprendida com palavras, apenas pela experiência pessoal. Buda incorporou a crença hindu na reencarnação. Assim, os budistas acreditam não apenas na vida além da morte, mas também na teoria de que o ser humano vive muitas vezes, cumprindo uma jornada de aprendizado rumo á elevação espiritual. Para eles, esse processo de morte e renascimento ocorre diversas vezes e por um longo período. O Budismo acredita na pureza da mente e das ações, e na purificação do carma (a lei da causalidade moral). 


As boas ações geram uma reação de mesma qualidade e intensidade, nesta vida ou em outra encarnação, gerando carma positivo. A mesma lei age sobre as más ações, gerando carma negativo. Com o carma livre de toda a negatividade, é possível atingir o estado do nirvana, a iluminação, o fim do sofrimento trazido pela existência cíclica. A síntese do pensamento de Buda não provém de revelação divina, mas de um esforço pessoal. Conta-se que Buda, após ter alcançado a iluminação, fez um sermão em que apresentou as Quatro Nobres verdades que se tornaram fundamentais em sua doutrina. Elas se referem ao sofrimento, sua origem, seu término e ao caminho que conduz a sua iluminação. 


A Natureza do Sofrimento (Dukka) 

“Esta é a nobre verdade do sofrimento: nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimentos; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento não obter o que queremos é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento”. 


Origem do Sofrimento (Samudaya) 


“Esta é a nobre verdade da origem do sofrimento é este desejo que conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é o desejo pelos prazeres sensuais, o desejo por ser existir, o desejo por não ser existir”. 


Cessação do Sofrimento (Nirodha) 


“Esta é a nobre verdade da cessação do sofrimento: é o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios daquele mesmo desejo, o abandono e renúncia a ele, a libertação dele, a independência dele”. 


O Caminho (Magga) para a Cessação do Sofrimento: 


“Está é a nobre verdade do caminho que conduz á cessação do sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta”. Para Buda, todos os seres vivos são capazes de atingir a iluminação através da prática. Ele considerava uma pessoa como uma combinação de matéria (terra, água, calor e ar) e mente (sensação, percepção idéia e consciência). O corpo físico estaria sempre sujeito ao ciclo de formação, duração, deterioração e cessação. 

Entretanto, ele acreditava que a interpretação que o homem tinha da vida, feita por meio de seus sensores (olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e mente), era uma ilusão. Ele ressaltava ainda que o apego ás sensações provocadas pelos sensores resultava sempre em desejo. A doutrina de Buda sempre enfatizou a consciência, o espírito de investigação, uma abertura pessoal. Por isso, ela não deveria ser considerada um sistema de crença ou uma religião. Para Buda, a libertação seria alcançada através do nobre caminho óctuplo. Trata-se de uma técnica usada para erradicar a ganância, o ódio e a ilusão. Em todos os elementos do nobre caminho óctuplo a palavra “carreto” é uma tradução da palavra samyana (sânscrito) ou sammã (pãli) que significa “plenitude”, coerência, e que possui o sentido de “perfeito” ou “ideal”. Muitos budistas acreditam que um indivíduo pode encerrar seu ciclo de reencarnação seguindo esse caminho: 

Compreensão correta: conhecer as “Quatro Nobres verdades” de maneira a entender as coisas como elas realmente são, e com isso ajudar os outros seres a fazerem o mesmo. 

Pensamento correto: Desenvolver as nobres qualidades da bondade amorosa, não tendo má vontade em relação aos outros, não querendo causar o mal (nem em pensamento), não ser avarento. 

Palavra correta: falar a verdade, ter uma fala construtiva, harmoniosa e conciliadora. Abster-se de mentir, falar em vão, usar palavras ásperas ou caluniosas. 

Ação correta: Promover a vida, praticar a generosidade e não causar o sofrimento através de práticas moralistas. 

Meio de vida correto: compreender e respeitar o próprio corpo olhar os outros com amor, compaixão, alegria e igualdade. No dia a dia, praticar os seis paramitas (generosidade, ética, paz, esforço, concentração e sabedoria). 

Atenção correta: Praticar autodisciplina para obter quietude e atenção da mente. 

Sabedoria correta: Desenvolver completa consciência de todas as ações do corpo, fala e mente para evitar atos insanos, através da contemplação da natureza verdadeira de todas as coisas. 

Visão correta: Com todos os outros passos realmente realizados internamente, ter uma visão correta em relação ao mundo e á vida, agindo de acordo com essa visão. Segundo a tradição, quando Gautama atingiu a iluminação , o Deus Brahma foi até ele e lhe pediu que propagasse seus ensinamentos para as outras pessoas. 

Neste momento, Buda teria sentido compaixão pelos seres humanos e por todos os seres vivos. Olhou o mundo com o olhar de Buda e decidiu abrir o portão da eternidade para todos os que quisessem ouvi-lo. A ética budista tem como base a compaixão e o amor, não apenas no pensamento, mas também nas ações. No dia a dia, o budista deve seguir cinco regras de conduta que muitas vezes são chamadas de mandamentos; não fazer mal a nenhuma criatura viva; não tomar aquilo que não lhe foi dado; não se comportar de modo irresponsável nos prazeres sensuais; não falar falsidades; não se entorpecer com drogas ou álcool. 



Lao-Tzu e o Taoísmo 


Um dos grandes sábios chineses é Lao-Tzu, considerado o criador do Taoísmo e autor da obra Tao Te King. Lao-Tzu (velho mestre), conhecido também como Lao Zi, Lao-Tsí, Lao – Tzi, Lao Tseu ou Lao Tze, é um Filósofo Chinês que nasceu na Província de Honan, ao Sul das chamadas Províncias do Norte da China, durante o século sete a.C.. A ele se atribui a autoria de uma das obras mais traduzidas no mundo, fundamental para o Taoísmo, o Tao Te king. 


Os dados sobre sua vida são tão precários que se chega a pensar que ele é apenas uma figura lendária. Os Shiji (Registros dos Historiadores), feitos pela dinastia chinesa Han cerca de 400 anos depois de época de Lao-Tzu, trazem uma biografia de pensador. De acordo com esse texto, ele teria nascido em Chu (atual Luyi) na Província de Henan. O seu nome de família era Li e durante a juventude foi chamado Erl (orelha). Como erudito, ficou conhecido como Be Yang (Conde do Sol) e após a sua morte, passou a ser conhecido como Lao Dan (velha orelha comprida ou velho professor). Ele teria sido um oficial dos arquivos imperiais e teria escrito um livro em duas partes antes de abandonar o país. 

De acordo com algumas biografias populares, Lao-Tzu trabalhou como Guardião dos Arquivos da Dinastia Zhou (1045 a 256 a.c),o que teria permitido seu acesso a diversas obras importantes da China, como as do Imperador Amarelo, Huang Di, um dos cinco reis lendários sábios e moralmente perfeitos que teriam governado o país. Ainda se conta que , enquanto exerceu sua função de guardião, pode observar de perto a decadência política e social de seu tempo. Foi nessa época que aconteceu o seu famoso encontro com Confúcio, narrado em diversas obras da Literatura Chinesa. 

Lao-Tzu, geralmente é descrito como uma pessoa de personalidade marcante e inteligente. Sobre o seu nascimento existem algumas lendas. Uma delas conta que ele foi concebido imaculadamente quando sua mãe olhou ara uma estrela cadente e que permaneceu no ventre materno por 62anos. Dessa idéia nasce o mito de que ele teria nascido com uma cabeleira branca e barba, um homem velho e sábio. 



Tao Te King

A morte de Lao-Tzu também é envolta em mistérios e está associada á obra Tao Te King. Uma das lendas conta que, com 162anos de idade, sentindo-se desgostoso com a situação política do seu país, ele decidiu partir e se transformou em um dragão. Entretanto, a história mais conhecida sobre seu desaparecimento diz que ele viveu por muitos anos na china até que decidiu partir, pois não tinha mais esperança no restabelecimento da ordem em seu país. Durante a viagem, montado em um boi preto, ao chegar ao desfiladeiro Han Gu, um guarda da fronteira chamado Yin Xi (Yin Hsi) lembrou-lhe que, se alguma coisa não ficasse gravada, possivelmente todos os seus ensinamentos logo cairiam no esquecimento. 

Segundo a história, Lao-Tzu regressou ao local após três dias, com os ensinamentos escritos em um pequeno livro com 81 versos, o qual ele denominou Tao Te King. Após entregá-lo ao guarda, atravessou a fronteira, tomando rumo desconhecido. Assim o filósofo teria seguido até o fim o caminho do sábio escondendo-se por trás de sua obra, que continua viva até os dias atuais. Essa história muitas vezes e relacionada á outra lenda que afirma que Lao-Tzu esteve na Índia, onde conheceu e trocou conhecimento com Buda. Apesar e ser considerado o autor de Tao Te King, pelo que se sabe Lao-Tzu, mesmo tendo muitos seguidores, nunca havia tido a preocupação de escrever suas idéias por acreditar que as palavras poderiam estabelecer algum dogma formal. 


Ele desejava que a sua filosofia permanecesse como um modo natural de vida estabelecido sob uma base de bondade, serenidade e respeito. Dessa forma, ele não estabeleceu nenhum código rígido de comportamento, preferindo ensinar que a conduta de uma pessoa deveria ser governada pelo instinto e pela consciência. Durante os anos 1900, uma tradução em latim do Lao-Te Ching chegou á Inglaterra e os ensinamentos da Lao- Tzu se difundiram no ocidente moderno. Frases memoráveis do filósofo, como governar um país grande é como cozinhar um peixe pequeno, passaram a fazer parte da linguagem da política ocidental. O estudioso Richard Wilhelm, em seus comentários sobre a obra em Tao Te King. O Livro do sentido e da vida (Editora Pensamento) dizia que toda metafísica da obra se baseava fundamentalmente na intuição inacessível á fixação rigorosa de noções: “Lao-Tzu designa-a com a palavra Tao apenas para dar um nome aproximado. 

O Taoísmo 

Lao-Tzu acreditava que a simplicidade era a chave para a verdade e a liberdade. Para que a vida fosse conduzida com carinho e sem imposições, ele estimulava em seus seguidores a observação da natureza e a compreensão de suas leis, o desenvolvimento da intuição e a construção de um poder pessoal. 

Tradicionalmente Lao-Tzu é considerado o criador do Taoísmo, movimento com vertentes filosóficas e religiosas distintas que, junto com o confucionismo e o Budismo, integra os fundamentos da tradição espiritual chinesa. Os conceitos básicos do Taoísmo giram em torno do Tao, Wu wei e Yin Yang. O ideograma Tao pode ser traduzido como “via” ou “caminho” e assume um significado abstrato na filosofia e para a religião chinesa. Ele é o caminho individual e ao mesmo tempo o caminho para o todo. O Tao exprime o conceito filosófico de “Absoluto” que traz a idéia de origem, princípio e essência de todas as coisas. O absoluto está além do tempo, do espaço e das linguagens. Sendo assim, não pode ser expresso, pois todas as expressões dependem de uma linguagem e de uma referência de tempo e espaço. 

Para o Taoísta, o caminho a ser descoberto e seguido é o caminho da simplicidade. Dessa forma, o ser humano não deve construir um caminho e sim descobrir e seguir um caminho que lhe é natural. Um homem para ser sábio deveria desfazer-se do conhecimento, não ter preconceitos e estar vazio para receber o movimento do universo. Lao-Tzu desejava que as pessoas permanecessem ingênuas e simples, como as crianças. Ele acreditava que o homem deveria interferir o mínimo possível no desdobramento natural dos fatos. Os antigos conceitos de Yin e Yang foram acolhidos pelo Taoísmo. Eles representam a idéia de que todo o universo existe na tensão entre dois pólos, ou duas forças, o Yin e o Yang. Nenhum dos dois é mais importante ou melhor que o outro, pois nenhum pode existir sem o outro porque são aspectos equiparados do todo. 

No entender de Lao-Tzu, a liberdade e a autonomia são os principais fundamentos de organização estatal. A regra máxima era “não agir”, não se intrometer, não governar. Quando nada se faz, tudo caminha por si mesmo. Ele acreditava que era necessário nos livrarmos de tudo o que é determinado como moral e cultura como é o caso dos conceitos de santidade, conhecimento, dever, arte e lucro, pois todas essas coisas não passam de meras aparências que desviam o coração humano do que é profundo e real. Na China, o Taoísmo Filosófico é conhecido como Tao Chia, enquanto Tao Chiao designa o Taoísmo Religioso. Os taoístas filosóficos vêem os ensinamentos do Tao apenas como um estilo de vida, um guia para que a vida seja harmônica com a natureza. 

Ao taoístas religiosos acreditam na existência de um lugar habitado por grandes e pequenos deuses e estudam a natureza procurando encontrar formas de mudá-la (alquimia). Eles desenvolveram cerimônias mágicas e algumas formas de artes marciais. Para o Taoísmo Religioso, Lao-tzu é considerado um Deus que teria subido ao céu no deserto de Gobi, espalhando raios de luz em cinco cores. Após sua ascensão, retornou diversas vezes á terra para transmitir os ensinamentos e para ordenar as novas tradições. Por isso, é conhecido pelos taoístas como Sublime Patriarca do caminho. 



Zaratustra (Zoroastro)

Zaratustra, conhecido também como Zoroastro, foi um profeta que nasceu na Pérsia (atual Irã), Fundador da Religião chamada Zoroastrismo. Dono de uma sabedoria extraordinária, ele é considerado um grande reformador religioso e social de seu tempo. Embora pouco se conheça sobre sua vida, pode-se dizer que Zaratustra não é uma figura fictícia criada por lendas populares. Em sua obra Zend- Avesta elaborou uma nova filosofia de vida que refletia as esperanças e as dúvidas, os medos, os ódios e os triunfos de uma personalidade marcante. 

O profeta persa, conhecido também como Zoroastro, nasceu por volta do século sete a.C.. Ele é reconhecido como o criador do Masoleísmo ou Zoroastrismo uma religião que foi adotada por uma dinastia que governou a Pérsia entre 558 e 330 a.c os aquimênidas. O historiador Mário Curtis Giordani, em sua obra História da Antiguidade Oriental, afirma que Zaratustra teria nascido por volta de 599 a.c e teria começado seu ensino aos quarenta anos de idade, em Khorassan, região governada por Histaspes, pai de Dário I da Dinastia Aquimênidas. Zaratustra viveu e ensinou entre as tribos seminômades na região atual do nordeste do Irã. A religião pregada por ele se espalhou por diversas regiões do mundo e influenciou o desenvolvimento do Judaísmo, do Cristianismo, e dos pensamentos grego e islâmico. A versão grega de seu nome, Zoroastro, significa “contemplador de astros. O nome persa Zaratustra, traduzido como aos Velhos Camelos, indica que provavelmente ele pertencia a uma família que criava esses animais. 


De acordo com o Zend-Avesta, seu pai se chamava Porushaspa (aquele dos cavalos de raça com patas anteriores brancas) e provavelmente foi sacerdote de um clã de criadores de animais. A Avesta, a principal obra literária do estudo do Zoroastrismo apresenta sua história de duas formas: A primeira conta que lhe fazia parte da família dos Spitama (branquíssimos) e que inspirado pelo Deus Ahura Mazdá, teria convertido o rei Vishtaspa. Contando com o auxílio de protetores, o profeta também teria vencido inimigo e realizado uma importante reforma social. A segunda versão conta que Zoroastro teria nascido e uma virgem e dado uma gargalhada durante seu nascimento. Desde muito tempo, possuía uma sabedoria extraordinária manifestada em suas conversas e modo de ser. A sua vida foi salva por muitas vezes dos inimigos e demônios que olhos que desejavam arruiná-lo e eliminá-lo para que não realizasse sua missão divina. Tradicionalmente, Zaratustra viveu praticamente isolado de seus vinte aos trinta anos, habitando cavernas no alto de montanhas, sem ingerir nenhum tipo de alimento de origem animal. 

Quando tinha trinta anos, enquanto meditava ás margens de um rio, um ser estranho de grande beleza lhe apareceu e se apresentou como Vohu Mano, a Boa Mente. O ser tomou Zaratustra pela mão e o levou para um lugar desconhecido e muito belo, onde outros seres os esperavam. Nessa ocasião foi dito a ele para que anunciasse uma mensagem libertadora para as pessoas: a crença em Ahura Mazdá (Deus) que tudo cria e sustenta no mundo. Conta que Zaratustra questionou o porquê de ser escolhido, pois ele tinha poucos recursos. Os seres presentes na reunião disseram que ele tinha poucos recursos. Os seres presentes na reunião disseram que ele tinha todos os instrumentos necessários para propagar a crença em Ahura mazdá: bons pensamentos, boas palavras e boas ações. 


Por muito tempo, Zaratustra foi desprezado, perseguido e hostilizado enquanto propagava suas idéias. Os governadores não lhe davam atenção e, muitas vezes, chegaram a prendê-lo, pois seus pensamentos ameaçavam o poder e a tradição. Foi somente com quarenta anos que Zaratustra conseguiu algum progresso em sua pregação. Nessa oportunidade, ele conseguiu converter o rei aconteceu quando o seu cavalo adoeceu e esteve á beira da morte. Ninguém conseguia curar o animal e Zaratustra, que vivera no campo muito tempo, percebeu que o animal havia sido envenenado. Ele recomendou o uso de uma medicação que curou o cavalo. Este acontecimento fez muitas pessoas acreditarem que Zaratustra havia realizado um milagre. Entretanto, ele negou essa idéia, explicando que apenas usara o conhecimento sobre animais adquirido durante a vida no campo. Consta que o rei, encantado com sua simplicidade e sinceridade dispôs-se a ouvir suas idéias. Dessa forma, em pouco tempo, Vishtaspa e sua família adotaram as crenças De Zaratustra. Logo em seguida, a corte seguiu os passos do rei. Pouco depois, o Mardeismo ou Zoroastrismo passou a ser a religião oficial da Pérsia. 


Zoroastrismo, o bem e o mal 

Na época de Zaratustra, a religião era politeísta e sofria influências dos vedas da Índia. O Zoroastrismo prescrevia a fé em um Deus único, Ahura Mazdá ou Ormuz Mazdá, o Senhor Sábio, a quem se creditava o papel de criador e guia absoluto do universo. Ele era o Deus do bem, a encarnação da justiça, adorado sob a forma de fogo em altares ao ar livre. Arimã era o Deus do mal,das sombras e da morte. Sobre o Bem e o Mal, a doutrina que a luta ente eles duraria até o final dos tempos. A reforma religiosa de Zaratustra implantou o monoteísmo. Durante o tempo em que pregou, foi combatido pelos sacerdotes dos antigos cultos e seus seguidores, a quem ele acusava de seguidores do demônio. De acordo com a tradição, Zaratustra morreu assassinado aos 77 anos, enquanto rezava no templo diante do fogo sagrado. O seu túmulo, segundo alguns relatos, estaria em Persépolis, antiga capital do reino Persa. 

O Zoroastrismo se tornou religião oficial na Pérsia com a Dinastia dos Sassânidas (224 a 631 d.c), Esse Império ocupava uma vasta região que incluía, por exemplo, todo o território atual do Irã, Iraque, Azerbaijão, Armênia, Geórgia, leste da Turquia, Líbano, Síria, Israel, Turcomenistão, Afeganistão, Tadjiquistão, etc. 



O Pensamento de Zaratustra 

O pensamento religioso de Zaratustra está contido nos Gathas, dezessete hinos de sua autoria que fazem parte do Avesta, livro sagrado do Zoroastrismo. Os hinos, originalmente transmitidos pela oralidade foram escritos numa língua do nordeste do Irã, o avestan gático. O Zoroastrismo ou Masdeísmo diferenciou-se das outras religiões da época pelo monoteísmo e pelo dualismo entre o bem e o mal em que destacou o caráter moral das tradições religiosas acentuando a grande escolha do ser humano. 

Por meio dela, o homem deveria traçar o rumo de sua existência, entregando-se ao Deus do Bem Ahura Mazda, representado como o Divino Lavrador, o que demonstra o enraizamento do culto na civilização agrícola na qual o cultivo da terá era um dever sagrado. O homem deveria se afastar da energia do Mal Arimã, representado como uma serpente. Criador de tudo que há de ruim (crime, mentira, dor, secas, trevas, doenças, pecados, entre outros) ele é o espírito hostil e destruidor que vive no deserto entre sombras eternas. O Bem e o Mal para Zoroastro, não eram apenas valores morais reguladores da vida cotidiana dos humanos, eram princípios criadores e estruturadores do universo, que pode ser observados na natureza e se encontram presentes na alma humana. 

Entre os dogmas do Zoroastrismo encontramos: A ressurreição dos mortos; a vinda de um Messias; o julgamento final; a imortalidade da alma e a viagem dos bons para o Paraíso eterno. Zaratustra provocou uma verdadeira transformação no modo de pensar da sua civilização, contrariando o tradicional pensamento dos sábios de sua época. Eticamente, ele tinha como objetivo purificar os costumes tradicionais da população com a finalidade de erradicar o politeísmo, o sacrifício de animais e a magia. Sua mensagem, baseada nos Gathos, continha o triplo princípio: boa mente boas palavras e boas ações. Ao contrário de outras religiões, o Zoroastrismo não atribuía grande importância á fé ou á crença. Em sua doutrina, o fundamental eram as boas atitudes e os bons pensamentos. O papel do Bem não era apenas opor-se ao Mal, mas também transformar o Mal em Bem. 

O homem era o único, responsável pelos seus atos e pelas suas escolhas. Esse é um dos aspectos mais interessantes da doutrina de Zaratrusta, o Livre Arbítrio. Os seus ensinamentos. Diziam que cabia a casa um lutar contra os maus pensamentos e as más ações, trabalho este que nunca estaria concluído, pois se tratava de um esforço diário e constante. Somente através desse empenho, o homem poderia alcançar uma vida feliz. As virtudes pregadas por Zaratustra eram: falar a verdade; cumprir com o prometido; não fazer dívidas, respeito aos contratos obedecer aos governantes, procriar uma prole numerosa; cultivar o solo, fidelidade, auxiliar uns aos outros, serem amigo do pobre e praticar a hospitalidade. 

O caminho das trevas seria percorrido por aqueles que possuíssem as seguintes características: orgulho; gula, indolência, cobiça ira, luxúria, adultério, aborto, calúnia, cobrar juros de empréstimos, acúmulo de riqueza, infligirem sofrimento a si mesmo, jejuar e suportar dores excessivas. A recompensa para os bons seria o Paraíso a melhor existência e para os maus o inferno uma existência má. Entretanto, o Zoroastrismo tinha uma concepção metafísica da natureza do céu e do inferno, pois ele dava mais conotação de estados interiores, de níveis de consciência que propriamente de um lugar físico. O sábio propunha que o homem encontrasse seu lugar no mundo de forma harmoniosa, mantendo equilíbrio com o meio, tanto natural como social, respeitando e protegendo a terra, a água, o ar o fogo e a comunidade. Para ele a prática do bem, além de provocar bem estar pessoal, cultivava o bem-estar coletivo. 

Quando um indivíduo se via como um ser autônomo e independente, conseguia descobrir e reconhecer o outro como pessoa. O Zoroastrismo também desenvolveu uma avançada visão metafísica, pois pregava que os pensamentos eram capazes de gerar realidade. Dessa forma, quando o homem nutria bons pensamentos o universo passava a conspirar a seu favor; quando os pensamentos eram maus, a pessoa enfrentava toda sorte de dissabores. 



Ramakrishna 

Ramakrishna Paramahamsa é um dos sábios hindus mais conhecidos no mundo inteiro. De acordo com algumas lendas, ele seria a reencarnação do Deus Vishnu. Um dos grandes líderes religiosos da Índia foi Ramakrishna Paramahamsa, nascido em 1836 em Kamarpukur, uma aldeia próxima a Calcutá. Milhões de indianos o reverenciavam como um mensageiro divino, adeptos ou não do hinduísmo. Ainda nos dias atuais, pessoas que nunca o conheceram, nem entendiam sua língua ou sua cultura, encontraram inspiração em seu exemplo de dedicação e conforto em sua filosofia de universalidade. 

Seu nome de batismo era Gadadhar Chattopadhyay e pertencia a uma família de poucos recursos financeiros. Diz a lenda que, quando seu pai fez uma peregrinação para o lugar sagrado de Gaya, teve uma visão do Deus hindu vishnu lhe dizendo que reencarnaria em seu próximo filho. Da mesma forma, sua mãe teve visões que o seu próximo nascido seria uma criança divina. 

Ramakrishna possuía habilidades nas artes e, com os artesãos do vilarejo, aprendeu a pintar e a esculpir imagens de deuses e deusas. Desde criança, demonstrou uma grande inclinação espiritual. Não gostava de freqüentar a escola e nunca aprendeu a ler ou escrever. Muitas vezes, era vista na companhia de monges. Gostava muito de participar das reuniões em que se liam os Puranas, ou quando havia representações de dramas religiosos, aprendendo assim as histórias das escrituras sagradas. 

Devido a sua falta de interesse pelas coisas do mundo, Sri Ramakrishna acabou assumindo as funções de sacerdote em um templo da deusa Mãe, a Divina Mãe Kali, em Dakshineswar, Calcutá. Tratava-se de um conjunto de templos situados á margem oriental do Rio Ganges, dedicados também ao Senhor Shiva e á Radha e Krishna. Conta-se que passava o dia inteiro orando, meditando, jejuando. Sua adoração diária transformou-se num ardente desejo de ter a visão direta da Divina Mãe. De acordo com a tradição, após algum tempo, a Deusa se revelou envolvendo-o em enormes ondas de luz. Ao recobrar a consciência, percebeu que a imagem da Divina Mãe estava viva no altar, constituída de luz da Consciência Suprema. 

A partir dessa época, Ramakrishna passava o dia inteiro em contínua comunhão divina. Segundo as lendas ele demonstrou á Deusa o desejo de conhecer seus múltiplos aspectos. Assim, ela o preparou para essas realizações espirituais, colocando em seu caminho diversos mestres. Durante doze anos, Sri Ramakrishna realizou práticas espirituais profundas com o objetivo de conhecer todas as formas de adoração de Deus. Ramakrishna via Deus em tudo e em todos. Seu amor pela humanidade não conhecia limites. Dizia, com freqüência, que os seres humanos eram as mais elevadas manifestações de Deus. Ele experimentou várias formas de chegar ao mesmo Deus e conseguiu essa realização através do Hinduísmo do Islamismo, do Cristianismo, do Budismo, afirmando que, mesmo que tenhamos disponíveis vários caminhos diferentes deveram escolher um para trilhar, pois caso contrário, corremos o risco de não conseguirmos chegar a lugar algum. 

Após algum tempo e baseado em sua experiência de que os diversos caminhos religiosos, quando seguidos com sinceridade de coração, conduzem á mesma e única Realidade, ele concluiu que todas as religiões e todos os credos são diferentes caminhos para se alcançar Deus. Entretanto, são apenas caminhos, e não Deus. Para Ramakrishna, Deus é uno e há apenas uma fonte de onde provêm todas as criaturas, todos os homens. Ele dizia: “Muitos são os nomes. Ele dizia: “Muitos são os nomes de Deus e infinitos são as formas pelas quais podemos nos aproximar dele. A forma e o nome que você escolher para adorá-lo, através dele, você o encontrará. Diferentes pessoas recorrem a Deus por diferentes nomes. Alguns usam Alá, outros Deus, outros Krishna, Shiva e Brahman. 

É como a água de um lago: alguns a bebem num local e a chamam de Jal; outros, em outro lugar, chamam-na de Pani; outros ainda num terceiro local chamam-na de água. Os hindus chamam de Jal; Os cristãos de água; os mulçumanos de Pani. Mas é tudo uma mesma coisa. Sua grande mensagem se refere á convivência harmoniosa entre todas as filosofias religiosas, pois cada ser humano encontra-se em um estágio evolutivo e possui livre arbítrio para optar pelo caminho que mais lhe agrada para o encontro com Deus. Numa época em que a fé em Deus estava desmoronando sob os golpes implacáveis do materialismo e do ceticismo. 

Ramakrishna, através de suas realizações espirituais, demonstrou a realidade de Deus e a validade dos ensinamentos de todos os profetas e salvadores do passado. Nos últimos anos de sua vida ele subia ao terraço e chamava para que os seus escolhidos viessem a ele. Gradualmente, chegaram seus eternos companheiros com os quais pode compartilhar as suas grandes realizações espirituais. Em 1886, pouco antes de morrer; Ramakrishna designou vive Kananda seu herdeiro espiritual, o qual organizou e promoveu seus ensinamentos em toda a Índia, a Europa e os Estados. 



Dalai – Lama 

Tenzin Gyatso, Dalai-Lama, é considerado pelo mundo inteiro, independentemente de crenças religiosas, um propagador da paz, de compaixão, da bondade e do amor. A expressão Dalai-Lama significa “Oceano de Sabedoria” (Dalai = oceano Lama= mestre, guru). O titulo é usado por uma linhagem de líderes religiosos do budismo tibetano. O titulo também exerce a liderança política no Tibete. 

Os “Dalai Lamas” são considerados manifestações de Avalokiteshvara ou Chenrezig. O Bodhsativa da Compaixão Patrono do Tibete uma das reencarnações de Buda. Um Bodhisattva é um ser iluminado que adiou sua entrada no nirvana e escolheu renascer para servir a humanidade. Jetsun Jamphel Ngawang Lobsang Yeshe Tenzin Gyatso é o 14ª. Dalai Lama, atual líder e mentor do povo tibetano. Considerado como uma das vozes mais lúcidas e comprometidas com a paz. Procura estabelecer o diálogo e difundiu a necessidade da compaixão no cenário mundial contemporâneo. 

Tenzin Gyatso, Monge, Doutor em Filosofia, recebeu o Nobel da Paz e foi agraciado com mais de 100 títulos honores causa. Nasceu em 06 e julho de 1935 em uma família de camponeses com 16 filhos e habitante da pequena vila de Taktser. Na província de Amdo, situada no nordeste do Tibete. Seu nome era Lhamo Dhondup até o momento em que dois anos de idade foi visitado por monges que o identificaram como a reencarnação do décimo terceiro Dalai Lama Therbten Gyatso. 

Ele foi entronizado com quatro anos e meio como o 14ª. Dalai Lama. Aos cinco anos, já sabia ler e com seis seguia uma rotina com horas de estudos dos textos budistas e participações em reuniões do governo. Completou seu doutorado em Filosofia Budista com 24 anos de idade. Estudioso de temas ligados á ciência. Tinha como passatempo desmontar e montar relógios. EM sua obra o Universo em um Átomo; conta que as áreas da ciência que mais tem explorado ao longo dos anos são a física subatômica, a cosmologia, a biologia, a neurociência e a psicologia. 



China e Tibete 

Quando o Partido Comunista assumiu o poder na China as relações entre os dois países ficaram ainda mais delicadas, pois os chineses passaram a invadir o Tibete. Em 1950 soldados comunistas dominaram a cidade de Chamdo na fronteira oriental do país. No mês de novembro desse mesmo ano o governo do Tibete se manifestou contra a invasão na organização das Nações Unidas, que adiou a discussão do problema. 

Após a invasão chinesa, Tenzin Gyatso com 15 anos de idade assumiu a responsabilidade política como chefe de estado e de governo. Em maio de 1951, uma delegação do Tibete que tinha ido a Pequim foi obrigada a assinar um tratado com a China. Caso não o fizesse os Chineses prometiam invadir o país de forma ainda mais agressiva. Esse acordo estabelecia que o Tibete fosse uma região autônoma da China, sob o comando tradicional do Dalai Lama. Apesar da assinatura do acordo, mesmo que forçada, meses mais tarde o Tibete foi invadido pelas forças de Mao Tsé-Tung. A ocupação se deu de forma agressiva e violenta, marcada pela destruição de mosteiros e pela opressão religiosa. 

Em 1954, Dalai Lama foi a Beijing para a realização de tratados de paz com Mao Tsé-Tung e outros líderes chineses. Entretanto, todos os seus esforços para encontrar uma solução pacificam para o problema sino – Tibetano foram frustrados devido às atrocidades cometidas pelo governo chinês no leste do Tibete. Esse fato deu origem a um levante popular que se espalhou por todo o país e atingiu a capital do país, Lhasa, em 10 de março de 1959. 

A resistência tibetana exigia a retirada das tropas chinesas do país, porém ela foi praticamente esmagada. Milhares de tibetanos foram mortos, aprisionados ou exilados. Quase todos os monastérios budistas foram destruídos e alguns transformados em presídios. Grande parte da população foi enviada para campos de trabalhos forçados. Muitos locais sagrados foram transformados em estábulos e banheiro públicos. Bibliotecas, com textos milenares e sagrados, foram destruídas. Quando a situação tornou-se insustentável, pediu-se a Dalai Lama que saísse do país para continuar, no exílio, a luta pela libertação. Assim , em 1959, ele foi obrigado a abandonar o Tibete. Disfarçado de soldado e na companhia de familiares, conseguiu atravessar a fronteira da Índia e assim evitou ser capturado pelos chineses. Instalou-se em Dharamsala a convite do primeiro Ministro hindu e lá constituiu o governo Tibetano no exílio. 

Desde então, ele deu início a uma campanha pacifica tentando sensibilizar a opinião pública e ter apoio á causa do seu país. Entretanto, o seu governo praticado no exílio não é reconhecido internacionalmente. A causa do Tibete ganhou força no ocidente quando o atual Dalai Lama recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 1989. No entanto, o apoio internacional não impediu que a China continuasse punindo os militares pela independência do país. 



Na Índia e no Mundo 

Tenzin Gyatso não saiu da Índia até 1967, ocasião em que visitou o Japão e a Tailândia, dando os primeiros passos para o que acabou se transformando em uma peregrinação ininterrupta pelo mundo inteiro. Durante suas viagens tem lutado pelos direitos humanos no mundo, mas em especial no Tibete. Ele propaga a luta por meio de processos pacíficos respeitando assim a doutrina da não violência, como faz Mahatma Gandhi na Índia. 

A partir da década de 1980, uma série de esforços diplomáticos foi realizada com o intuito de aproximar os dois governos. Em 1987, o Dalai lama elaborou um plano de paz baseado em cinco pontos, que foi rejeitado pelos chineses. Apesar disso, ele se tornou uma personalidade do mundo simbolizando o esforço de paz entre os homens. Suas atividades foram internacionalmente reconhecidas por meio da atribuição do Nobel da Paz, em 1989. A premiação deu mais importância á causa do Tibete e causou embaraços ao regime chinês. Dalai Lama aceitou o prêmio em nome de todos os oprimidos no mundo e, em especial daqueles que lutam pela liberdade e trabalham pela paz mundial e pela paz do povo do Tibete. 

Em suas considerações, disse: “O prêmio reafirma a nossa convicção de que com a verdade, coragem e determinação como nossas armas, o Tibete será liberto. Nossa luta deve permanecer sem violência de ódio. Desde sua primeira visita ao ocidente, em 1973 sua reputação como acadêmica e como homem de paz cresceu muito. Nos últimos anos, um grande número de universidades e instituições em todo o mundo tem lhe conferido Prêmios de Paz e título de Doutor Humores Causa em reconhecimento pelos seus escritos sobre a Filosofia Budista e sua liderança a serviço da liberdade, da paz e da não violência. 

Em março de 2011, Dalai Lama anunciou que pretendia entregar seu Poder político a um Líder “Livremente Eleito” pelo seu povo. O anúncio foi feito durante o 52ª. Aniversário da fracassada revolta do Tibete contra a China. A mensagem foi transmitida por meio de um comunicado no site do governo Tibetano no exílio e rendeu homenagem tanto aos que lutaram em 1959 contra a repressão chinesa como aos que participaram das manifestações ocorridas há três anos e que causaram a morte de cerca de 100 pessoas e levaram a causa do Tibete de volta ás manchetes internacionais. Aos 75 anos, Dalai Lama ainda ostenta tanto o comando religioso como a liderança política dos Tibetanos. Em seu comunicado, o líder também manifestou sua admiração pela “notável luta não violenta pela liberdade e a democracia” nos países do mundo árabe e disse esperar que essa mudança inspiradora conduzisse á liberdade á felicidade e á prosperidade genuínas de seus povos”. 

Tenzin Gyatso passa quase seis meses do ano em viagem, encontrando-se com parlamentares e Chefes de Estados. Ele arrebanha multidões em audiências e palestras nas quais prega a paz, ensinando preceitos budistas a platéias lotadas e escrevendo livros sobre compaixão é ética, que são Best Sellers no mundo inteiro. O Dalai Lama já publicou mais de 50 obras em que geralmente o tema gira em torno da felicidade. Talvez por isso, pessoas de todo tipo de credo se interessam cada vez mais pela sua figura e pó seus ensinamentos. Ele afirma que procura desvincular seu discurso de um líder religioso, pois não tem o intuito de converter ninguém ao budismo. 



O MONGE 



No mundo inteiro, a presença do Dalai Lama é menos etérea do que se esperava de alguém considerado como uma encarnação de Buda. Em suas viagens, seus gestos são de entusiasmo, o aperto de mão é forte e sua risada é natural. Sua rotina está mais para a de um ser desse mundo que para a de um Deus vivente que já atingiu o nirvana e voltou para servir aos humanos, como os budistas o consideram. Tenzin Gyatso freqüentemente diz: “Eu sou simplesmente um monge budista nem mais nem menos. Vivendo em uma cabana em Dharamsala, levanta-se todos os dias ás 4 horas da manhã para meditar e cumprir uma atribulada agenda de encontros administrativos , audiências particulares, ensinamentos w cerimônias religiosas. Ele sempre termina o dia com orações. 

Seus compromissos com a vida são três: 

Primeiro: Como ser humano, Dalai Lama promove os valores humanos que considera importantes em termos éticos, como a compaixão, o perdão a tolerância, o contentamento e a autodisciplina. 

Segundo: Como Religioso, o Monge está comprometido com a promoção da harmonia e do entendimento mútuo entre as maiores tradições religiosa do mundo. Ele considera que, apesar das diferenças filosóficas, todas as grandes religiões mundiais têm o mesmo potencial de criar bons seres humanos. Dessa forma, ele considera importante que todas elas respeitem um ás outras. 

Terceiro: (É com a causa do Tibete) Dalai Lama tem a responsabilidade de agir como porta-voz livre dos Tibetanos em sua luta por justiça. 



Bondade e Compaixão 

Hoje, enfrentamos muitos problemas. Alguns são criados essencialmente por nós mesmos, com base em diferenças de ideologia, religião, raça, situação econômica ou outros fatores. Chegou, portanto o momento de pensarmos em nível mais profundo, em nível humano, deveu apreciar e respeitar a própria condição humana presente em todos os que nos cercam. 

Devemos construir relacionamentos baseados na confiança mútua, na compreensão, no respeito e na solidariedade, independente de diferenças culturais filosóficas ou religiosas. Todos os seres humanos são iguais, feitos de carne, ossos e sangue. Todos querem a felicidade e o fim do sofrimento e temos direito a isso. Em outras palavras é importante compreender a nossa igualdade. Pertencemos todos a uma família humana. O fato de brigarmos uns com os outros se deve a razões secundárias e todas essas discussões são inúteis. Ter uma compreensão mais clara da nossa igualdade como seres humanos; É perfeitamente claro que todos necessitam de paz interior, que só pode ser alcançada por meio da bondade, do amor e da compaixão. “Cada um de nós é responsável por toda a humanidade”. 



Nota: O texto acima foi extraído da Obra de Dalai Lama 
intitulada A Policy of Kindness (A Política da Bondade) 


Snow Lion Publications, 1990 
Fonte: Revista/ Sexto Sentido Especial 
Mythos Editora Ltda – 2012/São Paulo/SP.







                                                                                                            

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