segunda-feira, 4 de junho de 2012

Formando combatentes a serviço de Deus



FORMANDO COMBATENTES A SERVIÇO DE DEUS 

A partir de primeiro de outubro de 1943, fixei-me numa pensão situada no bairro de Ikeda, na cidade de Nagoia. Era o meu primeiro passo na Difusão da Fé Messiânica. Como estavam proibidas as atividades religiosas naquela época, encaminhávamos as pessoas á Luz de Deus, desenvolvendo as atividades de johrei, disfarçados sob o nome de “Cura pela Digitopuntura”. Em Nagoya, não havia ninguém que tivesse ingressado nesse caminho; portanto, era como tatear na escuridão total. 

Tinha somente dez cartões de visita trazidos de Tóquio, que me recomendavam a umas tantas pessoas. De qualquer maneira, sempre permanecia na pensão das oito às nove da manhã e o resto do tempo, além de sair para visitas, guiado por tias cartões, descansava pelos jardins, esperando surgir alguém com quem pudesse conversar. Quando passava uma velhinha pajeando seu neto, entregava-lhe meu cartão, dizendo: Deve ficar cansada, não é? Venha até este endereço que eu a tratarei e massageava-lhe um pouco as costas. Ela ficou contente, mas se viria ou não até á pensão, onde instalei o meu consultório de tratamentos, era realmente incerto. Os dias iam se passando, mas ninguém vinha visitar-me. No décimo dia, porém, surgiu uma pessoa. 

Onde está o rapaz que se chama Watanabe? Era um fabricante de tofu e tinha aparência de ser um grande curioso, ao conduzi-lo ao segundo andar, perguntou-me de supetão: Por quanto alugou tudo isso? Todo o segundo andar da pensão, mais as três refeições diárias, por cinqüenta ienes. Mas por que está me perguntando? Por pura curiosidade. Bem, qual o motivo de sua visita? Perguntei-lhe. É porque o meu estômago não funciona bem, parece que fica enrijecido. Aí ouvi falar do seu tratamento. Então, recomendei virem todos os dias. Ele se sentiu melhor com aquela única vez, e passou a vir todas as manhãs. Durante o tempo em que durava o tratamento, e minhas mãos o tocavam, dormia, roncando ruidosamente. Quando deixava de tocá-lo, dizia que as dores continuavam. No terceiro dia, comentou: Se fosse o segundo andar de minha casa, lá é muito mais amplo, sabe? Falou-me como se estivesse interessado em alugar a sua própria moradia. 

Na semana seguinte, disse-me: Professor estou me sentindo muito exausto em vir até aqui me tratar. O senhor mão poderia ir até minha casa? Eu preciso cuidar de um grande número de pessoas. Portanto, não posso sair só para atender o senhor respondi-lhe, apesar de não vir mais ninguém além desse homem. Pareceu-me que ficara um tanto insatisfeito com a minha recusa, mas ele veio no dia seguinte e no outro também. E, a partir daí, não apareceu mais. Quinze dias depois, as pessoas que compareciam ao meu consultório, chegavam ao número de dez. Como não conseguia tratá-las em apenas uma hora, na parte da manhã, elas chegavam a aguardar o tratamento desde as sete horas. Num certo dia, de repente, o tal homem da dor de estômago voltou. Eram passadas nove horas, e eu me aprontava para sair. 

Professor quer pedir de novo o seu tratamento. Puxa, estou de saída agora, venha amanhã. Não pode ser hoje? Se não puder vir mais cedo, não dá. Realmente não tinha local certo para ir, o que queria dizer que eu tinha tempo de sobra. Sabia que ele tinha recebido o tratamento por mais de uma semana, mas não se esforçava em captar o real sentido da coisa. Não tinha em suma espírito de busca da salvação. Se agirmos somente de acordo com as conveniências daquele que não possui espírito de busca, não será possível criá-lo nessa pessoa. E também não poderemos salvá-la verdadeiramente. O homem, na verdade, só achava que ia receber simples massagem. E, além disso, como o que eu fazia era uma dedicação e ele não necessitava despender um centavo sequer, encontrava-se numa situação muito egoísta. 

Algumas pessoas perguntavam-me claramente após o tratamento: Quanto lhe devo? Se tiver esse sentimento de agradecer, ensine a outras pessoas a respeito desse tratamento. Traga aqui quem está aflito, respondia-lhes. Desejava que, desta maneira, viessem mais e mais pessoas. Queria saber e essa era a minha tarefa, quantos pessoas dentre as que trataram se interessariam verdadeiramente pelo caminho, que não se amparariam em remédios, em tratamentos médicos. Eu as encaminharia a Tóquio para que elas também fizessem parte da Associação (isto é, a fim de que se convertessem á religião). Eu não era doente e, mesmo assim, soube da importância do tratamento, através da constatação de fatos indescritíveis surgidos pela imposição das mãos. E, portanto, abandonei os negócios nos quais me esforçava até então, e, desejoso de fazer com que os outros também experimentassem aquelas sensações maravilhosos que eu vivenciara, deixei a minha família na minha terra natal e parti para as atividades de difusão. Deveria transmitir a todos que poderiam obter aquele poder de cura através do johrei, mesmo que não conhecessem nada sobre medicina, mas que possuíssem um bom coração para poderem sentir a alegria do próximo como a sua própria, e que desejassem praticar o bem. Falava sobre isso durante os tratamentos. Porém, a grande maioria das pessoas dizia: o senhor, professor, deve ser especial. E ninguém queria acreditar naquilo que eu lhes falava. Achavam que estavam sofrendo porque os remédios não faziam efeito, os médicos eram incompetentes, sem reconhecerem a sua falta de inteligência e falhas. 

Em outras palavras, significava que se supervalorizavam, sem perceberem as suas próprias deficiências, transferindo a responsabilidade aos outros quando as coisas não iam como esperavam. Sofri muito para encaminhar e educar pessoas dessa natureza. Portanto, mesmo desejando fortemente praticar a cortesia, sempre cuidei para que isso não se tornasse inoportuno. Desejava criar “um combatente a favor de Deus” dentro daquelas pessoas que a cada dia vinham ao meu consultório. Cogitei também em como fazer para captar o sentimento dos que me procuravam. Todos que vinham ali tinham o desejo de se salvar, livrando-se dos seus sofrimentos. Não possuíam muita vontade de auxiliar o próximo, praticando o altruísmo. Não seria bom que eu pedisse a essas pessoas, indiretamente que fizessem trabalhos para a Obra de Deus? Aí, agindo mais com os jovens,pedia-lhes que se movessem, arranjando-lhes tarefas propositalmente. Por favor, pode ir comprar cigarros? (Apesar de eu ter cigarros estocados). Poderia me trazer um copo d’água? (Mesmo que não estivesse absolutamente com sede). Será que você poderia acender o fogo da lareira? Apague o fogo, sim? Pode abrir a janela, por favor? Feche a janela; por gentileza, sim? Mesmo sendo pequenas tarefas, fazia com que todos pudessem realizá-las, por mais insignificantes que fossem. Assim , ao pedir que me auxiliassem, foi aumentando a familiaridade entre nós e, com isso, os assuntos começaram a se tornar variados. Em todas as conversas, fiz com que tivessem um ponto de vista mais claro e alegre. Os doentes tendem a voltar os olhos somente para si e, sem exceção, sofrem psicologicamente. Na análise dos fatos, sempre buscam a responsabilidade nos outros e se queixam que neles está a causa de todo o mal. 

É realmente importante fazê-los voltar-se á esperança compreendendo-os e direcionando-os á claridade. Fiz com que cada pessoa que vinha receber johrei trabalhasse numa tarefa adequada a cada uma, sem onerá-la, e que com isso fosse entendendo o sentimento de Meishu-Sama, que pregava a construção do Paraíso Terrestre. Assim, fui procurando, uma a uma pessoas que desejavam aprofundar no Caminho de Deus. O Mestre, em seus Ensinamentos, diz: “Até mesmo Deus salva os homens através dos homens. O homem é representante de Deus”. Meishu-Sama nos ensina que o homem deve estar sempre atento ao desenvolvimento do seu espírito bom, isto é do seu sentimento Divino e, á medida que aumentar o número de homens misericordiosos, o Paraíso Terrestre se tornará mais próximo e, portanto, nós temos esta responsabilidade. 

Chego até a pensar que Deus é um tanto rígido no uso das pessoas. Suponhamos que as pessoas conheçam essa utilização por parte de Deus através de eu pedir-lhes pequenas tarefas; a postura delas em caminhar de um passo a dois, de dois a três, se ligará á iniciativa da salvação do próximo. O ponto vital está na mudança do sentimento de “me fizeram trabalhar” para “foi-me permitido trabalhar”; e quando essa pessoa atinge esse ponto, estará transformando também, qualitativamente, sua posição de ser salva para a de salvar seus semelhantes. Aí sim, se abrirá o caminho para servir a Deus e á humanidade. Mesmo sendo uma tarefa para Deus, quando peço através da minha pessoa, eu sempre agradeço de gratidão dizendo: Muito obrigado. Cansou? É indispensável essa palavra de gratidão. Pelas minhas experiências de pobreza e dos tempos de aprendiz, pude sentir a importância dessas palavras de conforto e agradecimento. 

Quando se as recebem, o sentimento das pessoas se torna sincero. E para trabalhar para Deus, é importante ter espírito sincero e honesto. Criar soldados a serviço de Deus significa agir sinceramente para com ele, fazer experimentar esta desconhecida expansão, da força do johrei e se transformar em pessoa que passe da posição de ser salva para a de salvar os outros. E assim, transformar em guerreiros de Deus, isto é um Discípulo Divino acredito ser um trabalho para todo o resto de minha vida. 




Fonte: Livro/ “Cem Estórias da minha Fé”
(Fundação Mokiti Okada – M.O. A) – São Paulo/SP.
1.Edição – Julho/1987 – Vol. II
Igreja Messiânica Mundial do Brasil
Autor: Revmo. Katsuiti Watanabe (Pai do Revmo. Tetsuo Watanabe)
Pág.(26 a 32) 






Como infundir Confiança

Não é estritamente necessário ter sido salva para se tornar uma pessoa que salva. Por outro lado, nem sempre que foi salvo se tornará imediatamente, alguém que salva, cheio de confiança. Existem pessoas que, até mesmo sendo salvas, não movem um dedo para salvar o próximo. Quando se consegue fazer adquirir a convicção que “eu também posso salvar”, dá-se o primeiro passo para a formação de pessoa que salva pessoas. 

Este episódio ocorreu quando ainda nem se completara um ano após eu começar as atividades de difusão, isto é, lá pelos idos de 1944, quando o johrei era praticado sob a forma de massagem. Na igreja, diariamente, vinha cerca de cem pessoas desejosas de receber johrei. Só em atendê-las, eu já me sentia exausto. Nem sempre aquele que tinha se curado através do johrei se tornava pessoa que salvavam os outros. Sempre me acompanhava a dificuldade de fazê-los compreender verdadeiramente que eles também podiam fazer o mesmo que eu fazia. Para realizar a salvação, não há outro caminho senão fazer cada qual experimentar e ir adquirindo convicção. 

Era início do verão. Estava sentado, vestindo uma camisa curta de linho e calças largas, dando continuidade aos tratamentos. Aí, apareceu um homem que se dizia conhecido de outro, por vias comerciais, de quem trazia uma carta de apresentação. Chamava-se Senhor O. E tinha uma loja de roupas na cidade de Shizaki, na península Tita. Minha mulher já está acamada há mais de quatro anos e meio devido à osteomielite. Nesse período, já fizera várias operações sem resultado. Agora, se encontra imobilizada, sofrendo com cinco travesseiros calçados pelo corpo. Por favor, haveria possibilidade de o senhor vir até minha casa para tratá-la? Entendo perfeitamente o seu sentimento, mas, para ir até lá gastaria o dia inteiro e, como o senhor vê, inúmeras pessoas vêm ao meu consultório para o tratamento. Não posso largar tudo para me dirigir somente á sua casa respondi-lhe. Tenho por norma não estender a mão facilmente àqueles que têm fraco sentimento de procura, especialmente em relação ás coisas de Deus. Não só por isso, mas, além dos interessados de verdade havia muitas pessoas, que ouvindo em barbearias, banhos públicos ou em conduções, procuravam no intuito de apenas experimentar o tratamento. 

Pessoas assim não passavam de meros curiosos e a maioria não vinha mais que uma vez. A continuidade de uma semana ou uma quinzena de recebimento de johrei é que proporcionava a sua apreciação e não uma única vez. E, mesmo vindo durante vários dias, ao aparecer o resultado do tratamento, diziam que “O remédio ingerido tempos atrás fizera efeito agora” ou “acho que é coincidência, pois o tempo de curar-me já havia chegado”. E muitos acabavam por isso mesmo, sem buscar mais seriamente a verdade. Portanto, mesmo recusando ajuda, aqueles que tinham espíritos de busca, vinham com seriedade ainda maior, reforçando o desejo de receber johrei. No dia seguinte, o Senhor O. Veio me pedir a visita. Neguei novamente. Ele veio um terceiro dia, e, com lágrimas nos olhos, solicitou novamente a minha presença. 

Já expliquei anteriormente o fato porque eu não posso aceitar o seu pedido. Porém, se o senhor achar que um representante meu seja suficiente, poderei pedir a ele que vá á sua casa respondi-lhe. Sim, não me importa que seja seu substituto. Por favor. Chamei o Sr. Taki, que se tornara membro há dois meses e ainda não possuía experiência em fazer o tratamento a terceiros. Por favor, vá como meu representante. Não se preocupe com absolutamente nada. Proceda como eu digo e tudo correrá bem. Chegando lá, vá a cabeceira da doente e faça o tratamento por cerca de uma hora, com muita atenção, desde a cabeça até a ponta dos pés. Descanse e jante; beba, no máximo, um cálice de saquê, se quiser. Após descansar, recomece por mais uma hora e, se possível, mais trinta minutos antes de se deitar. No dia seguinte, ministre johrei por uma hora após o café da manhã e aí regresse. 

Nesse intervalo do tempo, observe atentamente, como à doente vai se modificando e, ao voltar, me comunique instruiu. Ao sair, ele mostrava um semblante duro, como querendo disfarçar a preocupação; ao regressar, porém sua fisionomia estava totalmente clareada. Reverendo, eu me assustei. Cada vez que ministrava johrei, a cor do rosto dela ia melhorando. Hoje pela manhã, ela conseguiu subir ao segundo andar, onde me encontrava, para receber o johrei foram as suas palavras. Recebi o relatório, e disse-lhe para ir observando atentamente para ver como ela iria ficar dali para frente. Foi muita surpresa quando ela própria veio no dia seguinte á igreja, em Nagoya, ajudada pelo marido, andando pela primeira vez depois de quatro anos e meio durante os quais mal podia se movimentar. 

Veja que consegui essa melhora com o seu representante. Com o senhor, que é Mestre, acredito que deverá ser ainda mais maravilhoso, e, portanto, viemos. Vamos ficar em casa de parentes e vir receber johrei aqui disse, assim que me cumprimentou. Perdoe-me pela pergunta inusitada, mas por quanto tempo deverei vir? Indagou-me em voz alta; porém, após breve reflexão, ela mesma respondeu: Bem, eu passava os dias pensando que seria hoje ou amanhã o dia da minha partida; então ouvir o senhor dizer que devo freqüentar durante dois anos significa que poderei viver, no mínimo, mas esse tempo, não é? O Senhor Taki, por outro lado, presenciava estes aspectos do comportamento e da mudança física daquela senhora, e foi adquirindo uma grande convicção no tratamento. Ela veio em julho; continuou em agosto, e já em setembro, apresentava uma recuperação tão surpreendente que não parecia ser a mulher que passara quatro anos e meio enterrada numa cama. Neste ínterim, o casal a empregada, e outros parentes, em número de cinco, se tornaram membro. Em setembro, devido á guerra, o Senhor O. Foi convocado na frente de batalha, e sua esposa teve de voltar ao lar em Shizaki. Na despedida, disse-lhes: Se vocês fizerem o tratamento entre si, a doença da senhora não apresentará problemas. Caso aumente o número de amigos que façam o tratamento, eu também um dia poderei visitá-los. Portanto, quero que se esforcem incentivei-os. Dei a entender que transformassem a alegria de serem salvos em alegria de salvar. 

E, assim, num recanto da Península Tita, foi plantada a semente da atividade de difusão, tendo essa senhora como figura central. (Esta semente, na época, se desenvolveu até tornar-se igreja- filial Wako e, posteriormente, foi se transformando em igreja filial Nagoia-Zuiho). Passado algum tempo, a empregada daquela senhora veio nervosa, correndo. Minha patroa esta sofrendo muito e nós mesmos não sabemos o que fazer disse-me, buscando ajuda. Pelo que me contou, estava claro que a Senhora O. se encontrava em estado de repurificação. Bastava que continuasse com o tratamento e tudo se resolveria. Para isso eu não precisava ir até lá. Era suficiente que a empregada ministrasse o tratamento. Mas como não possuía experiência, simplesmente se apavorava. Muito bem, vou ministrar johrei em você. Eu lhe darei forças para que o ministre em meu lugar. Você será meu corpo para transmitir a Luz Divina á sua patroa. 

Chegando a casa, ministre-lhe com esse sentimento incentivei-a, e fiz dela minha representante. Assim, além da empregada, ela também adquiriu confiança no johrei. E foi essa convicção que se tornou a força motriz para as atividades posteriores na cidade de Shizaki. 



Fonte: Livro/ “Cem Estórias da minha Fé"
(Fundação Mokiti Okada – M.O. A) – São Paulo/SP.
1.Edição-Julho/1987 –Vol.II
Igreja Messiânica Mundial do Brasil
Autor: Revmo. Katsuiti Watanabe
Pág.(55 a 60)







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