sexta-feira, 15 de março de 2013

Buscando a Fonte da Inteligência

Buscando a Fonte da Inteligência 

Já vai longe à época em que se começou a falar do “inferno dos exames vestibulares”. Apesar de terem debatido e reformulado o sistema de ensino, o departamento de Cultura, a União japonesa dos Professores e outras autoridades ligados ao assunto, ainda não conseguiram formular uma diretriz adequada. Porque ainda não se traçou uma perspectiva correta do mundo educacional japonês, chegou a ser lançado no estrangeiro, o livro intitulado “O Japão se destruirá?”. Cada vez mais constantemente, burocratas da elite, escolhidos por exames rigorosos de seleção, tendo excelente currículo escolar, tornam-se neuróticos ou suicidam-se. 

Alguns destroem sua própria vida, por se envolverem em casos de suborno. Em tais fatos, freqüentemente, estão envolvidas pessoas em posição de liderança; parece um pesadelo, mas não podemos negar a realidade. Porque será? Em poucas palavras, posso dizer que tudo isso é conseqüência da educação materialista, que não procura ver e sentir o mundo dos sentimentos; é o pensamento de desprezo daqueles que vêem a religião somente como um recurso dos fracos, que se apegam a divindades inexistentes. Na verdade, quando procuramos conhecer a vontade de Deus, é que descobrimos nossa fraqueza como seres humanos e nisso reconhecemos o valor e a importância do viver, buscando, por isso mesmo tornar o mundo cada vez melhor. As pessoas materialistas não querem saber disso. Intuem, erroneamente, que a religião e o poder dificilmente se conciliam e procuram ignorar a primeira. Mas o problema está no homem, que procura dominar o outro através da força e do poder e não pela religião. Isso, eles procuram ignorar. 

Há certas pessoas do país que querem negar, mas os ensinamentos de Confúcio e Mêncio estão vivos representando a verdadeira ideologia oriental. Tanto no passado, como no presente, existem inúmeros personagens ilustres que seguiram a trilha da religiosidade. Todos, desde o educador, o político, até os empresários, devem saber que a fonte do mal é fruto do materialismo, que não reconhece a validade do caminho da fé ou a existência da força invisível de Deus. Dizemos em palavras que Deus é amor, mas de que tipo seria o amor de Deus? Há a palavra shin-ai (caro, querido) quando nos dirigimos a alguém nosso conhecido. Quando trocamos a letra shin por outras de igual fonema shin-ai (coração – amor); shin-ai (Deus – amor); shin-ai (credo-amor); shin-ai (profundo-amor) podemos vê as maneiras de ser deste amor. 

Igualmente, podemos proceder com a palavra fé (shin-ko). Quando trocamos as letras e escrevemos shin-ko (profunda-colheita), podemos sentir que é importante procurar através das raízes. Portanto, a fé cega não é verdadeira. O Mestre nos ensinou que “para crer é importante começar por duvidar. A dúvida é o principio da crença”. Inicialmente, devemos duvidar e ainda por cima duvidar, até que cheguemos ao ponto em que não há outra saída, senão acreditar. Aí, sim, nascerá a verdadeira fé. Troquei as palavras shin-ko (fé) por shin-ko (profunda-colheita), mas podemos ainda escrever shin-ko (coração-ação) shin-ko (verdadeira-ação), shin-ko (agüentar-ação). Em qualquer caso, está implícita a importância de se visualizar e procurar algo além das coisas palpáveis. As pessoas, muitas vezes, desprezam ou descartam-se de outras, dizendo que “Fulano não Presta”, e não se esforçam para descobrir outros valores que a pessoa possa ter além daqueles que se depreendem numa análise superficial. Calcam-se em fatos como, ”ser muito demorado nas respostas”etc., para essa análise. 

É natural que existam pessoas que reagem mais rapidamente a certo estímulo, e outras que levam mais tempo. Dão preferência ás primeiras e desprezam o resto. Porém, não fazem nenhum esforço em saber por que tal pessoa não está reagindo. Jogam os motivos da “não reação” nas costas do outro e não vêem que em si próprios estão esses motivos. Na verdade, tal fato ocorre porque aquele que quer estimular, não está entendendo ou penetrando no íntimo da pessoa. Se o fizermos fazê-la reagir. Aqui, necessitamos de auto-análise, ou seja, autocrítica. Essa é a atitude de quem tem verdadeira fé. Como podemos esclarecer e resolver os problemas difíceis, quando nos dedicamos a servir a Deus? Para solucionar as aflições que angustiam as pessoas, em especial as que atormentam a família dos membros, devemos como instrumentos dos Ensinamentos do Mestre, não desistir jamais de enfrentá-los. Essa postura é o espelho da verdadeira fé. 

“A causa da infelicidade está na falta de inteligência” são palavras do Mestre. Para aqueles que pensam que são infelizes, para os que não conseguem escapar da infelicidade, qual a inteligência que deverá ser-lhes dada? Se não existir em mim essa inteligência, além de não poder transmiti-la, não poderei orientar nem encaminhar. Porém, ele outorgou-nos esta inteligência abundantemente. Todos os Ensinamentos do Mestre, seus salmos, gestos e atitudes são fontes de inteligência. Não testamos e selecionamos pessoas que, desde o começo, sejam excelentes e caminhem nas trilhas da religião. O caminho da fé esta em nortear todos os que têm espírito de busca em direção á felicidade, vertendo sobre eles todo o nosso amor. As maneiras de transmitir esse sentimento altruístico nos foram ensinados pelo Mestre, palavra por palavra. 

Diversas vezes, ouvimos orientações de Meishu-Sama como esta: “Eu realizo coisas que os outros não fazem. O que os outros podem fazer, deixo para eles fazerem. Se não forem realizados coisas que os outros não podem fazer, não nascerão inventos, nem descobertas, e nem mesmo um novo mundo”. Agora falo de mim mesmo, mas eu não tenho estudo, inteligência ou posição social. Sou um homem que foi criado pobremente. Mas quando, na metade da vida, tive o primeiro contato com os Ensinamentos de Meishu-Sama e pude assim, ministrar o maravilhoso johrei e sentir que isso até eu poderia realizar, a partir daí, despertei para a grandiosidade da Luz de Deus e comecei a caminhar convictamente na estrada da fé. Acreditando nas palavras do mestre, do fundo do coração, o meu verdadeiro caminho foi, vivendo neste mundo materialista, querer realizar o que os outros não podiam. Não “existe pessoa que, antes de iniciá-la, conheça a verdadeira fé”. “Não rejeitar os que nos procuram e não sair no encalço dos que se vão” são palavras de um grande religioso e as conservo como norma de vida. Por exemplo, se alguém me procura, não vou questionar por que, mas através das nossas afinidades, sempre desejo fazer algo que lhe possa ser útil. Procuro colocar a inteligência que recebi em plena ação. Faço com que a pessoa adquira confiança em si, que aumente sua vontade de trabalhar e que a energia que recebeu de Deus se inflame totalmente. A árvore de sarusuberi, durante o inverno, seca, parecendo estar morta, mas, na primavera, volta a brotar. Da mesma maneira, os homens também, cedo ou tarde, despertam. Vim, até hoje, dando assistência aqueles que me procuravam, assumindo seus problemas, qualquer que fosse a sua natureza. Existem muitos que foram desenganados pela medicina, mas, curadas as suas doenças, puderam novamente ser úteis á sociedade. 

Muitos endireitaram, mesmo já tendo sido abandonados pelos pais. Em muitos casos de conflito conjugal, onde o marido ou a mulher tinha algum problema, transmiti a sabedoria que recebi do Mestre e, por incrível que pareçam, todos foram solucionados. Cada uma dessas pessoas, após despertar, foi alcançando a verdadeira felicidade através da fé e, dia a dia, transformou-se em pessoa útil á construção do mundo ideal, ou seja, do Paraíso Terrestre idealizado por Deus. Eu próprio acredito que servir é a missão de que fui encarregado até morrer. Com essa convicção, desejo continuar escrevendo, no plano das realizações, incansavelmente, essas “cem estórias da minha fé”. Se eu fosse escrever sobre todas as pessoas que, mesmo tendo sido rotuladas de pessoas inúteis, eram, na verdade, instrumentos de Deus não conseguiriam terminar o trabalho nem em dezenas de volumes. 


Autor: Revmo. Katsuiti Watanabe



Fonte: Livro/ “Cem Estórias da Minha Fé”
(Fundação Mokiti Okada – M.O. A) – Vol.III
1. Edição – Novembro/ 1986 – São Paulo/SP.
Pág.: (197 a 202)







O Mistério do veio Dourado da Fé 


Em setembro de 1974, tive a oportunidade de participar da comitiva de Kyoshu-Sama, nossa atual Líder espiritual, na sua visita ao Brasil, para conhecer a realidade da Difusão naquele país. Não apenas nas conhecidas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, como em várias outras dessa ampla nação, puderam ver a força da luz que o nosso Mestre lançou e o Ohikari, como indicador da espiritualidade humana. 

A comitiva de Kyoshu-Sama pode ver a grande realidade da fervorosa onda de fé, que avança sem preconceitos de cor, raça, credo ou situação social, não só entre os japoneses ou seus descendentes, mas principalmente entre os brasileiros. Ao sentir na pele que o reflorescimento da Difusão Mundial pregado outrora pelo Mestre, está acontecendo no Brasil, que é o ponto geográfico oposto ao Japão, fui envolvido por uma intraduzível alegria. Essa é uma prova incontestável de que os seus Ensinamentos são também Ensinamentos de salvação para os estrangeiros. Apreciando as nuvens e mares pela janela do avião, no caminho de volta, repentinamente, recordei-me, com nitidez, de um acontecimento ocorrido na primavera de 1952. 
O Sr. Yokitiro Goto, Dirigente da Igreja Zenei, veio, certo dia, procurar-me em Nagoya. Acompanhava-o uma moça de compleição miúda. Dizia ela ser filha de um membro que morava em Yoshikawa, Takayama, na região de Hida. Na primeira olhada, pude sentir algo estranho naquela jovem. O Sr. Goto me disse o seguinte: Nesses últimos meses, ela está possuída por espíritos. Eu esperava melhor, enquanto lhe ministrava johrei, mas continua tomada. Pensei em solicitar johrei ao senhor, deixando-há algum tempo sob os seus cuidados. Ela não era violenta, mas seus gestos e palavras eram descontrolados, não podendo, portanto, deixá-la livre. Como em várias ocasiões tratei de pessoas com encosto espiritual, resolvi ficar com a moça. Dentro de alguns meses, seu estado se tornou bastante animador, tornando-se sociável, voltando-lhe palavras e gestos ponderados e de bom senso. 

O encosto espiritual parecia sanado e, portanto, pedi ao Sr. Goto para fazê-la retornar a Takayama. Porém, em setembro do ano seguinte, o Sr. Goto procurou-me para falar sobre aquela jovem. Perguntando-lhe pelos pormenores, senti que o assunto era de tal natureza que fugia da nossa capacidade, a não ser que se o levasse ao Mestre. A moça, quando voltara para casa, nada teve durante vários meses, mas começou a apresentar novamente sinais de encosto espiritual. Como este se agravara, não se alimentava e nem bebia, o que a reduziu a pele e osso. Demonstrava tal debilidade que parecia estar prestes a morrer. Mesmo assim, ela chamou o Sr. Goto á beira do leito e pediu-lhe: traga-me papel e pincel. O Sr. Goto preparou o material que estava disponível, mas ela não aceitou. Tinha que ser de acordo com a sua vontade. Contentou-se com uma folha de papel que se usa em portas corrediças, colada uma á outra, formando uma grande largura. Levantando-se agilmente, molhou o pincel na tinta e, com grande habilidade e rapidez, desenhou duas montanhas, marcando em uma delas “montanha de ouro” e na outra “montanha de ouro em pó”. E no espaço restante escreveu: Escave este ouro e utilize-o. A caligrafia não lembrava em nada a de uma moça prestes a morrer, mostrando ser a escrita de uma pessoa bem adestrada e já de idade. Terminando, ela ordenou: Leve isto a Meishu-Sama e mostre-lhe. Como o Sr. Goto hesitasse na resposta, modificou a sua maneira e disse: Verão o que acontecerá se não lhe mostrarem. Diante da pressão da moça, que lhe apresentara desenhos que nem realmente pareciam montanhas e achando que seria uma grande bobagem levar ao Mestre, o Sr. Goto não teve outro jeito senão responder-lhe que mostraria o desenho a Meishu-Sama. Aí, a moça acalmou-se e deitou-se, mostrando um sorriso no rosto pálido. Á medida que o tempo passava, começou gradativamente, a tomar as refeições e, pelo que se podia ver, o encosto espiritual cessara. 
Assim me contou o Sr. Goto. Mas, poder-se-ia ignorar esta promessa, feita apenas para escapar de um momento difícil, porque não entendíamos muito sobre fenômenos espirituais? Como tive oportunidade de ir a Hakone, relatei o fato ao Mestre numa entrevista e perguntei-lhe: Como poderemos proceder neste caso? “Traga-me esta moça” foi simplesmente a sua resposta. Imediatamente, comuniquei-me com o Sr. Goto em Takayama. Juntos, os três dirigiram ao Kanzan-tei em Hakone. Ao terminar-mos os cumprimentos preliminares, a moça foi correndo postar-se ao lado do Mestre, chamando-o “Papai”, numa voz bem manhosa. Meishu-Sama, tomando-a nos braços, dirigiu-lhe palavras de carinho e ministrou-lhe johrei por cerca de trinta minutos. 

Então, disse-nos: “Já está bem, podem levá-la embora”. Após a moça e o Sr. Goto terem se retirado, o Mestre me disse: “Aquele espírito é muito velho e, quando o tempo chegar, ele aparecerá a você com uma proposta concreta. Esteja alerta e preste atenção”. Não soube que tivessem ocorrido novos encostos nessa moça e, devido aos afazeres da Difusão, acabei me esquecendo do caso. Embora as palavras do Mestre me parecessem misteriosas, passei a aguardar “O Tempo Certo” e não me preocupei com a resolução do enigma. Um ano após, certa pessoa do Estado de Mie veio me procurar com uma proposta. Existe um veio de minério fabuloso. Não quer comprar os direitos e explorar a mina? Trazia consigo um pedaço de minério do tamanho da cabeça de uma criança. Lembrei-me de que a “montanha de ouro” desenhada pela moça era mais ou menos daquele formato, mas seria isto o que ocorreria no “Tempo Certo”? Se fosse verdade, era bom demais e, por isso, tive uma ponta de dúvida. 

Após me certificar a respeito com outras pessoas, concluí que se tratava de uma fraude. Tempos depois, precisei empenhar-me no desenvolvimento da Agricultura Natural pregada pelo Mestre. Como na época a produção agrícola era centralizada no arroz, a imensidão do arrozal era dito como “ondas douradas” e eu liguei esta denominação á “montanha de ouro em pó” que o encosto espiritual da moça desenhara, tentando traduzir como a intensificação da Agricultura Natural. Porém, foi muito difícil, levar os outros a compreenderem o método da Agricultura Natural e a sua propagação foram lentos. Assim, acabei esquecendo completamente a “montanha de ouro”. 

Lembrar-me deste fato quando tive a oportunidade de visitar o Brasil, revela este outro fato seguinte: A moça do encosto era natural de Hida e sobre esta região tenho ouvido vários comentários do Mestre. Antes de o Japão entrar na Segunda Guerra Mundial, nos anos de 1939 ou 1940, não havia liberdade de credo e os Ensinamentos de Meishu-Sama foi alvo de repressão por parte das autoridades. Uma vez, ele fora a Hida procurar minérios e ficou na Hospedaria Yunoshima. Na sua volta, contou-nos que nessa estalagem havia uma grande estátua de Daikoku, o Deus da Fortuna. Dizem que ainda são vivas as pessoas de lá que atenderam ao Mestre. Hida tem o formato do Tibet. Na cadeia de montanhas que se entende desde o norte, partindo do Estado de Ishikawa e passando por Hida, até chegar ás altas planícies da Shinano, ponteiam santuários que veneram o Deus Amaterassu. 

Nessa conjunção de fatos, Hida envolve-se numa grande espiritualidade. Além disso, há nas profundas montanhas, uma vila chamada Shimpo e, perto dela, uma mina chamada Kamioka. Entre os habitantes dessa vila, correm lendas bem exóticas. Certa senhora idosa me contou que se alguém for possuído pelo espírito do texugo, fatalmente morrerá. Quando um mineiro descobriu um veio de minério precioso e quis pedir avaliação em Tóquio, vestiu-se para partir, quando então, começaram a lhe adormecer as pernas e os braços. Ele morreu sentado, depois de vários dias de sofrimento. Isso porque há um espírito de dragão protegendo a mina, que não a deixa ser cavada. Deus está escondendo esse veio até o dia em que chegar o tempo certo e essa minha puder ser realmente útil. Portanto, em Hida, está escondido um veio que servirá de eixo para o mundo. Quando pensei no fato do Japão e o Brasil estarem em posição de frente e verso no Globo Terrestre, voltou ao meu coração a estória, do “veio que servirá de eixo para o Globo”. 

Inexplicavelmente, meu filho abraçou a Difusão Mundial pregada pelo Mestre e, para realizá-la não foi para outro lugar senão o Brasil. Principiando pelo fortalecimento das bases da Difusão e visando a um grande progresso, a Expansão Mundial está em vias de se concretizar, ultrapassando diferenças de costume e tradição dos povos. A Terra Brasileira é um imenso rincão ainda inexplorado. Nesta grande terra, pode haver muitos veios de minérios não seria ela a “montanha de ouro” e a “montanha de ouro em pó” desenhado pela moça que tinha o problema espiritual? Sinto que no Brasil ocorrerá algo novo em prol da CONSTRUÇÃO DO MUNDO PARADISÍACO. 

Lembrei-me casualmente das palavras do Mestre: “Quando chegar o tempo”. E creio que se o veio foi escondido por Deus, por Ele será liberado quando o tempo certo chegar. 


Autor: Revmo. Katsuiti Watanabe 



Fonte: Livro/ “Cem Estórias da Minha Fé”
(Fundação Mokiti Okada – M.O. A) – Vol. III 
1. Edição/Novembro/1986-São Paulo/SP. – Pág.: (150 a 156)   


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