sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O Dia-a-Dia de Meishu-Sama




O Dia- a- Dia de Meishu-Sama 


Como fundador de uma religião, Meishu-Sama lidera milhares de fiéis, e por isso é natural imaginar-se que ele vivia diariamente no templo, absolutamente isolado, sem nenhum interesse pelas coisas seculares, dedicado exclusivamente á Obra Divina. Entretanto, sua vida não apresentava nenhuma característica semelhante ás da vida de um asceta. Pelo menos aparentemente, sua vida diária era bem comum. 

Na sala em que ele trabalhava, não havia nenhuma decoração especificamente religiosa. Era um gabinete muito simples. Por exemplo, no toko-no-má, lugar elevado da sala, num vão da parede, onde se colocam objetos de arte, ornamentos etc. Havia um vaso com flores e um quadro reproduzindo uma paisagem; no centro, uma mesa; num canto, um rádio e uma pequena estante. Dessa forma, num ambiente comum, a Obra Sagrada de Salvação da Humanidade desenvolvia-se ininterruptamente e com incrível velocidade. Um dos únicos aspectos de que sobressaía era o fato de Meishu-Sama trabalhar no Estado de Perfeita União com Deus. 

Sendo assim, em nenhum cômodo de sua casa havia Imagem da Luz Divina ou outros objetos de cunho religioso. Os servidores aprimoravam sua fé centralizando-se em Meishu-Sama, sempre com os olhos profundamente fixos nele, de modo que não havia alternativa senão agir com seriedade dia e noite. Meishu-Sama sempre dizia: ”Não desvie sua atenção de mim. Faça o trabalho como se estivesse arriscando sua vida, centralizando apenas na minha pessoa”. Por isso, devíamos estar sempre alertas, permanecendo atentos a todas as situações. 

Quando Meishu-Sama distribuía tarefa aos servidores, fazia-o conforme a capacidade de cada um. Por isso, determinadas as tarefas, dizia: “Faça o melhor possível, empregando toda a sua capacidade”. Por exemplo, se uma pessoa recebia a incumbência de fazer “sumi” (tinta carvão), ele exigia que ela se tornasse insuperável na execução desse trabalho. Costumava dizer: “Mesmo que você não se torne importante seja uma pessoa capaz de cumprir exatamente o que lhe determinei. Se você conseguir agir tão qual eu falei, será um herói”. Certa vez, a um servidor que se atrasara nos preparativos na hora em que ele ia escrever as letras da Imagem da Luz Divina, Meishu-Sama disse: “Eu lhe ordenei que fizesse apenas isso; portanto, faça-o de qualquer maneira. Se fizer o que recomendei, pode dormir ou divertir-se o resto do tempo, que eu não me importo. Jamais reclamarei se isso acontecer”. 

Sempre que Meishu-Sama repreendia os dedicantes, era porque, como fiéis os pensamentos e atitudes deles não estavam de acordo com a lei e coma Lógica. “Não estar de acordo com a Lei” significa não estar centralizado em Meishu-Sama. As palavras “Trabalhem centralizadas em mim” nos ensinam que sempre devemos estar os mais atentos possíveis. Caso haja o menos desvio nos seus pensamentos, a pessoa não conseguirá ter esse cuidado e atenção. Meishu-Sama censurava severamente tais desvios. O motivo pelo qual devemos trabalhar centralizados em Meishu-Sama é que ele próprio estava centralizado em Deus regulando seu dia-a-dia na harmonia com o Criador. 

Era extremamente rigoroso em relação a horário. Não só por ter inúmeras ocupações, mas porque ensinava aos fiéis que também o cumprissem á risca como caminho a ser respeitado pelo homem. Assim, seus trabalhos diários eram divididos com a perfeição dos ponteiros de um relógio. 



Fonte: Livro/ (Reminiscências sobre Meishu-Sama) Vol. III
Tradução aprovada pela Igreja Messiânica Mundial do Brasil
(Edição da Fundação Mokiti Okada – M. O. A ) – 2.Edição/julho/1986 

Fonte: Foto/ Johrei Center Macapá no facebook







O nome que recebi do Mestre 

O nome das pessoas é uma coisa muito interessante. Popularmente, dizem que o nome indica o corpo. Mas o certo é que o nome não é somente um código indicativo do indivíduo, mas tem um significado ainda mais profundo. Ele não é escolhido por nós mesmo e sim pelos nossos pais. Se não forem eles, mas seus representantes que o determinem, a coisa não faz diferença. Ás vezes, para escolher um nome adequado, eles passam noites insones. Freqüentemente, o relacionam com o acontecimento do ano, ou ainda, como signo da criança. 

Por infelicidade, ao invés de agirem pensando no futuro e no bem dela, muitos pais simplesmente depositam suas esperanças no nome que dão aos seus filhos. São várias as maneiras de escolher, mas em todas elas, os pais estão sempre intimamente envolvidos. No meu caso, quem deu meu nome foi a parteira. Apesar disso, se meus pais não houvessem concordado logicamente eu teria sido batizado com outro diferente. Porém, eles assentiram e me foi dado o nome de Katsuiti. Como a guerra russo-japonesa ia atingindo o auge, desejando não só a vitória no conflito, mas também nas disputas da vida, foi tomada a letra Katsu do verbo “vencer” e Iti, que significa “um” ou “começo”. 

É comum também dizer-se que fulano foi derrotado pelo nome. Ou então, que possui um nome bom demais, que não corresponde PA realidade. Na minha infância e adolescência, eu era muito fraco, e estava sempre atrás dos outros, sendo o último em todas as coisas. Mesmo brigando com meus irmãos mais novos, quem perdia era sempre eu. Nascido filho de lavrador pobre, trabalhando longe dos pais, como artesão de guarda-chuvas, tornando-me empregado de um atacadista de ovos e, por fim, de uma quitanda, passei a juventude sempre relutante em relação ao meu nome. Como em tudo era passado para trás, tornar-me o primeiro em alguma coisa e estar á frente das outras pessoas, era um sonho que nem tinha esperança de concretizar. 

Resignado, somente me valeu o fato de me esforçar, e com isso embora um tanto constrangido em falar sobre mim mesmo, com apenas trinta e poucos anos, já conseguira razoável sucesso como comerciante de frutas, obtendo excelentes resultados nessa atividade. Meus negócios desenvolveram-se satisfatoriamente a despeito de alguns pequenos reveses, até que não mais me envergonhava do meu nome. Entrando para a igreja, ouvi dizer que, solicitando ao Mestre, ele mudaria o nosso nome, isto é, indicaria outro mais adequado. Não me fiz de rogado e pedi a troca de meu nome. Como a minha mulher se chama Tomiko e a maneira como se escrevia (dez-três-filha) era algo diferente e um tanto esquisito; coloquei também o dela na solicitação. 

Ele entregou-me uma folha de papel. Eu agradeci muito contente. Mas, do meu interior, brotou um espanto, pois, em caligrafia caprichada, estavam escrito nossos nomes: o de minha mulher, que era Tomiko, havia sido substituído por Tamako, mas no meu não fizera nenhuma alteração. Assim, balbuciei, como que esperando alguma explicação, decepcionado. Estava tão feliz por ele ter aceitado o meu pedido e no fim acabei não tendo o meu nome modificado. Voltando para casa, fiquei sentado por longo tempo, tendo á minha frente o papel cm os dois nomes. 

Não é possível que o Mestre não tenha mudado o meu pensava. Não é que Meishu-Sama não tivesse alterado meu nome como solicitara. Não tive alternativa senão pensar que ele passara de Katsuiti para katsuit. Katsuit, Katsuiti... Estava entretido, lendo. Então, as letras começaram a se soltar e a fazer malabarismo. ka-tsu-i-ti, Tsu-ka-i-ti, Tsu-ka-ti-i, Ka-i-tsu-ti, Tsu-ti-ka-i- Opa! – exclamei baixinho. Descobrira outra palavra oculta em Katsuiti: Tsutikai, que significa desenvolvimento, cultivo. Deve ser isso! – falei alto, com plena convicção. 

O Mestre dissera que assim estava boa, sem me dar uma explicação sequer. E eu também, sem mesmo pedir esclarecimentos, fiquei como papel, achando que me cabia descobrir o que acontecera. Conseguindo desvendar o enigma, pude renovar-lhe a minha admiração pela profundidade de seu entendimento. Eu, que nascera filho de agricultores, havia recebido através daquilo que me é inerente, ou seja, o próprio nome a missão de desenvolver, de criar coisas e de aperfeiçoá-las. E, atualmente, através da orientação do Mestre, trilho o caminho que em permite salvar e criar elementos. Em outras palavras, o meu ser se tornará adubo vivo, que ajudará as outras pessoas no seu crescimento. Tenho também a incumbência de cultivar. Para mim, que até então, era simplesmente katsuiti, foi importante descobrir o sentido de desenvolver (Tsutikai) e que essa era a verdadeira mudança do meu nome. Senti que é realmente importante haver dentro de nós esse desenvolvimento e percebi que estar atado a superficialidades como essa, de se satisfazer modificando as letras ou o significado do seu próprio nome, pode parecer bonito, mas não passa de auto-satisfação ou narcisismo que nos afasta bastante do plano da fé. 

Uma pessoa que não consegue desligar-se de apegos como esse da preocupação com o próprio nome, jamais poderá satisfatoriamente ser utilizada por Deus. Recebendo uma grande e silenciosa lição do Mestre, vi desaparecer de mim aquele constrangimento de longos anos. Nas diversas ocasiões em que tive de escrever, várias vezes assinei como “Tsutikai”. Para mim, não poderia existir melhor pseudônimo. 




Fonte: Livro/ “Cem Estórias da minha Fé”
(Fundação Mokiti Okada – M.O. A) Vol.III
1.Edição – Novembro /1986 – São Paulo/SP.
Pág.(32 a 35) 

Autor: Revmo. Katsuiti Watanabe














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