A Base do desenvolvimento da Igreja em Okazaki
Não seria exagero afirmar que na época em que iniciei a difusão, excetuando a periferia de Tóquio, tudo o mais era local ainda não atingido pela Igreja. Aumentando uma por uma as cidades onde se realizavam aulas de aprimoramento, eu circulava periodicamente por elas. Entre uma localidade e outra que eu percorria, havia muitas que ainda não possuíam focos de membros. Ao passar por cidades assim, constantemente imaginava e orava para que também nelas se estendesse a Luz de Deus.
Assim, incrivelmente, surgiam pessoas dessas cidades para se tornarem membros da Igreja. Situada na linha Tokaido, que liga Tóquio e Nagoya, Okazaki era uma delas. A Sra. M. que morava em Tóquio, tornou-se membro recebendo Ohikari com o Reverendo Shibuí, e refugiou-se em Okazaki. No final de 1944, trouxe uma pessoa para Nagoya, que desejava ingressar na Igreja. Porém, por motivo desconhecido, não tive mais noticias suas. Receei que, se deixasse como estava, a semente da difusão que surgiu em Okazaki, acabaria por não brotar. Assim, pedi para o Sr. Taki, que já algum tempo me ajudava nas atividades da igreja, para ir a Okazaki.
Procurei-há o dia inteiro e não a encontrei, foi o relato do Sr. Taki. Dessa maneira, só restava esperar algum comunicado da Sra.M. o que era difícil precisar quando se daria. Dois meses depois, realizou-se aprimoramento em Tokonami. Algum tempo após isso, soube-se que uma pessoa de Okazaki havia participado daquele encontro. Verificamos se tratar da Sra. Sotoyama. Eu próprio, acompanhado do Senhor Taki desloquei-me para Okazaki á procura da Sra. Sotoyama, que nos levou á casa da Sra. M. esta havia formado um segundo elemento, que era a Sra. Sotoyama. Enquanto conversava com as duas senhoras, desejando que o círculo da difusão se estendesse em Okazaki, soube que o genro da Sra. M. o Senhor S, havia se tornado membro junto ao Reverendo Shibuí e que havia concluído um período de um mês de aprimoramento. E agora esse referido Senhor estava procurando emprego em Hamamatsu.
É inconcebível que uma pessoa assim esteja procurando emprego. Caso tenha compreendido o Caminho de Deus, como penso que sim, deve integrar a difusão da igreja. Gostaria de conversar com ele pelo menos uma vez disse, deixando meu pedido de que viesse a Nagoya, brevemente. Passaram-se alguns dias, e achei que deveria dar mais um empurrãozinho naquele caso; pedi assistência ao Senhor Taki e enviei um passe circular de trem para um mês, de Okazaki até Nagoya. Era uma concretização do meu pedido de auxílio á obra de Difusão.
Passou-se um mês, mas o Senhor S. não apareceu. Aí, enviei outro passe circular para mais trinta dias. Não sei se sucumbido pela minha pressão, dessa vez o Senhor S. veio até Nagoya. Disse-lhe diretamente: Em Okazaki, felizmente, estão germinando sementes da difusão da igreja. Desejo fazer esses brotos crescerem. Você conhece bem a força do Ohikari e creio que é a pessoa que realmente pode dedicar-se a isso. Quero que trabalhe com afinco em Okazaki. Eu também prometo que farei tudo que for possível para ajudá-lo. O Senhor S. respondeu demonstrando decisão: Quero colaborar com o senhor, Reverendo. Realmente, após isso, a difusão em Okazaki foi se ampliando gradativamente. A esposa do Senhor S. também se esforçou não temendo sacrifícios. Foi dessa maneira que a Luz de Deus penetrou em Okazaki e continua a se expandir até hoje.
As Dedicações em retribuição ás Graças Divinas
Como contei em outro capítulo, houve época em que a maioria das pessoas que recebiam graças através do johrei, sequer pensavam em reverter em donativo de agradecimento o dinheiro que necessitariam usar com médicos, caso não tivessem sido curadas com o johrei. Principalmente por volta de 1945, essa situação era mais acentuada. Aqueles que, recebendo a Luz de Deus, tinham sua vida salva, traziam, por exemplo, cinco caquis verdes; tuberculosos que estavam postados no leito há longos anos, em gratidão, ofereciam algo como três sabonetes baratos, e achavam tudo muito natural.
Portanto, não era nada fácil juntar dinheiro dessas pessoas para utilização nas obras de difusão, havendo épocas em que até se hesitava em tocar no assunto. Em 1949, houve um comunicado do Rev. Shibuí, que desejava obter colaboração na construção do Nikko-Den (Templo da Luz do Sol), no valor de 40 milhões de ienes. Ficaria estabelecido que, uma vez que a difusão já ia entrando nos devidos eixos, esse total seria levantado por três regiões. A Região Leste, sob responsabilidade do Rev. Iwamatsu, que ficou incumbido de obter 15 milhões de ienes; a Região Centro, da qual eu era responsável, se encarregou também de obter 15 milhões de ienes; e os 10 milhões restantes deveriam ser conseguidos através das demais localidades. Quinze milhões de ienes era uma grande soma. Não seria possível consegui-los, simplesmente dizendo aos membros que seria ara o bem da construção.
Por outro lado, se fosse explicar somente sobre a importância do servir, seria muito abstrato. O valor da Luz de Deus não seria calculável em dimensões materiais. É realmente difícil expressar, concretamente, essa gratidão. Visando também á elevação da fé dos membros, travei diálogos como o que vem adiante. Na época, necessitava-se de cerca de 250 ienes para receber o Ohikari e filiar-se á igreja. Por exemplo, aos que encaminhavam 10 pessoas, eu perguntava o seguinte:
Considerando dez Ohikari, qual o valor representativo de sua Oferta de Gratidão?
Como são 250 ienes por pessoa, sendo dez, o total seria 2.500 ienes. Então, isso significa que, através da força do Ohikari que recebeu você pode encaminhar e ministrar johrei em dez pessoas. Já tentou calcular a gratidão que isso representa? Você teve a grata experiência de ministrar johrei para os outros e, através disso, constatou a Força de Deus, pelo menos em relação a dez pessoas, não é?
Sim...
Então, se fosse representado em dinheiro, o seu Ohikari valeria 2.500 ienes. Portanto, eu poderia comprá-lo por esse valor e você reverteria essa soma em donativo. E receberia um novo Ohikari. Se for o Ohikari de quem encaminhou 100 pessoas posso comprá-lo por 25.000 ienes.
Dessa forma, cheguei a conversar minuciosamente sobre o sentimento com que deviam se empenhar no servir á Obra. Havia também pessoas que recebiam um quadro desenhado. Por quanto você me venderia este quadro? Não tenho a mínima intenção de negociá-lo. É que existe uma pessoa que deseja comprar. Poderia cedê-lo por 50.000ienes? Reverendo já disse que não está á venda. Então, eu mesmo poderia comprá-lo por 50.00 ienes, se você utilizar essa quantia para oferecer donativo, significa que você o fez. Isto por que você possui algo com esse mesmo valor, simplesmente por ter ingressado neste caminho.
Pode deixar Reverendo, que eu mesmo farei o meu donativo, pois desejo permanecer com este quadro como símbolo do recebimento da Força de Deus. Dessa forma, foi se acumulando tanta oferta de gratidão que todos ficaram espantados. Ao mesmo tempo, os membros se conscientizavam, dentro de sua fé da força que haviam recebido de Deus. Eles ficavam gratos e felizes por poderem praticar a gratidão e o servir á causa de Deus. O encaminhamento de dez pessoas á Fé Messiânica significa ter trabalhado dez vezes para a Obra Divina; quem encaminhou 50 ou 100 pessoas á Fé, representa ter trabalhado 50ou 100 vezes, respectivamente. A convicção de que recebeu8 uma valiosa força da qual não pode abrir mão, por permitir participar da Obra de Deus, é que se torna a raiz de uma fé inabalável.
Essa firmeza é o seu patrimônio invisível. Além disso, como é uma força que se recebeu de Deus é um tesouro ilimitado. Quando pessoas possuidoras dessa força utilizam a matéria que se chama dinheiro, para a concretização da Obra Divina para que ela se amplie cada vez mais, estarão tornando a matéria em luz ainda mais potente. A matéria foi criada por Deus e o homem a utiliza. Ao reservar parte dela para dedicá-la a Deus, é que poderá recebê-la multiplicada muitas vezes. Porém, o ser humano a monopoliza, sem retorná-la á Obra de Deus. É muita presunção achar que tudo que conseguiu com o fruto do trabalho são somente seu. Ao fazer uso de parte da matéria, que recebeu por Bênção Divina, para o bem de Deus, dos seus semelhantes e da humanidade, a própria matéria ganha vida.
Se conservar o dinheiro apenas para si, ele é um dinheiro morto. Ofertando-o ao trabalho de Deus, ele passa a ter vida. É uma constatação que todos entendem, mas, na realidade não conseguem praticá-la facilmente. Apesar de ter no coração o entendimento de que isso é dedicação e servir, a maioria continua sem pô-lo em prática efetivamente. Meishu-Sama nos ensina que a beleza da Grande Natureza é o silencioso ensinamento de Deus, e que a matéria é a materialização do espírito da água.
Observando a Grande natureza, o que podemos captar de sua beleza?Vendo o rio que, permeando vales e planícies, desemboca no mar, podemos apreender o mecanismo da grande circulação da água. O filete de água, que nasce na montanha, se junta ao que brota do subsolo, e outros filetes também se unem para formarem a corrente que se chama rio, e que termina no mar, onde evapora formando as nuvens, retornando á terra em forma de chuva. Não ocorre o rio ir somente para o mar ou apenas aos céus. A água sempre circula e desenvolve a vida. O homem que se coloca no meio dessa circulação, pode usufruir dessa água.
Além disso, quando nos atemos ás palavras do Mestre, de que a matéria é a materialização da água, vemos que, ao se fazer a matéria circular, é que o seu valor passa a ter significado. Assim, a matéria que cada um conseguir, não é mais do que algo que Deus lhe emprestou temporariamente. Se conseguirmos vivificar tudo plenamente, é natural que ele nos conceda muito mais. Se guardarmos tudo para nós, pensando somente em nosso benefício, a matéria não terá vida, e tampouco Deus nos concederá mais. Primordialmente, não existe nada que seja verdadeiramente nosso. Tudo nos é emprestado por Deus. Isso se aplica não só á matéria, como ás pessoas que conduzimos ao Caminho da Fé, á esposa e aos filhos. Caso admitamos que tudo nos fôssemos emprestado,a maneira de encarar as coisas se torna diferente. Se alguém, sob nossa responsabilidade, é realmente inteligente e habilidoso, devemos estar gratos, pois Deus nos colocou essa pessoa junto a nós; ao contrário se a pessoa for problemática, devemos admitir que fosse por termos de aprender com ela que Deus a colocou á nossa frente. Não podemos, em hipóteses alguma, responsabilizar terceiros pelo que passamos.
Podemos notar naquilo que expus acima, o fundamento do servir em ser a maneira de retribuir a Deus os benefícios que dele recebemos. Mesmo que percebamos isso tudo, se não houver ação a partir daí, não demonstraremos o verdadeiro entendimento. Cada ação é um autêntico Servir a Deus. E quando o praticamos, podemos nos empenhar em evidenciar a trilogia sentimento – palavra – ação. Existe uma comemoração chamada Kanreki, realizada quando a pessoa comemora 61 anos de vida. Ela encerra o significado de começar uma nova existência, retornando tudo ao início. Nessa ocasião, é costume o aniversariante escrever a letra “KA” (que tem significado de “florido”, “festivo”) em pergaminhos, e distribuí-los. Talvez esse hábito se tenha difundido porque chegar aos 61 anos seja algo muito memorável ou que essa letra seja para representar o florescimento máximo da vida.
Dissecando esta letra por outro ângulo, podemos ver algo interessante. Ela é constituída de seis letras, que significam “dez”, mais uma letra, que significa “um”, e isso totaliza 61. Vejamos também a palavra “hooshi” (servir, dedicar). Nesse caso, temos seis letras, que significam “dez” umas que quer dizer “um” e duas, que tem o sentido de ”pessoa”. Isto quer dizer que, aos 61 anos somos somente duas pessoas. Acho realmente interessante que na palavra “hooshi” esteja encerrado o significado de “fazer retornar as coisas a Deus”.
E isso é feito através do homem, o que acho ainda mais interessante. De qualquer forma,quando praticamos o servir que retorna a Deus, podemos sentir a força de luz que recebemos dele, através de nossa própria pessoa. E, novamente, temos de voltar o poder da Luz Divina.
Fonte: Livro/ “Cem Estórias da minha Fé”
(Fundação Mokiti Okada – M.O. A)
1.Edição – Julho/1987 – São Paulo/SP. Vol. II
Pág.(164 a 167)
Autor: Revmo. Katsuiti Watanabe
Fonte: Foto do Revmo.Katsuiti Watanabe - Wilma Maia /facebook
Fonte: Livro/ “Cem Estórias da minha Fé”
(Fundação Mokiti Okada – M.O. A)
1.Edição – Julho/ 1987 – São Paulo/SP. Vol. II
Pág.(195 a 201)
Autor: Katsuiti Watanabe
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