A Vida de Helena Blavatsky
Conhecida como um dos maiores espíritos do século 19, Helena Petrovna Blavatsky foi a Fundadora da Sociedade Teosófica. Ela trouxe para o Ocidente uma série de pensamentos que resultou no desenvolvimento do espiritualismo. Helena Blavatsky foi uma das principais ícones da ciência e ocultismo do século 19. Seus Mestres a chamavam de Upasika. Na Rússia, era conhecida pelo seu pseudônimo literário. Radha Bai, e considerada por muitos a reencarnação de Para Celso. Filha da romancista Helena Von Hahn e do Coronel Pedro Von Hahn.
Helena Petrovna nasceu as 24 h. de 30 para 31 de Julho de 1831, em Ekaterinoslav, Ucrânia, época em que a Europa se consumia numa grande epidemia de cólera. Sua mãe, além de escritora, lutava pela emancipação feminina numa época em que, a mulher era tradicionalmente submissa e se sujeitava ás proibições rigorosas da igreja. Ela acreditava que a filha teria um destino e uma vida muito diferentes das outras mulheres. Devido aos incidentes ocorridos na hora do seu nascimento e por ocasião de seu batismo, quando uma vela carregada por uma criança teria incendiado as vestes do sacerdote que realizava a cerimônia religiosa. Além disso, Helena era sonâmbula e conversava durante o sono com as pessoas, que os adultos julgavam serem imaginários. Sua sensibilidade aguçada lhe permitia muitas vezes, fazer previsões para o futuro de familiares e pessoas próximas.
Madame Blavatsky pertencia á mais nobre linhagem da aristocracia russa, pois seu pai descendia de velha estirpe das cruzadas de Mecklemburg, os Roltensteim Hahn. Mas isso não a impediu o conforto dos palácios para conhecer de perto a ventura espiritual dos homens. Aos onze anos, perdeu a mãe e passou a conviver com os avôs, Faddef, em um grande solar e repleto de criados, na Província de Saratov, onde seu avô era Governador. Teve, portanto, uma educação esmerada compatível com a posição de prestígio de sua família. Falava diversas línguas e tinha excelentes conhecimentos musicais.
Sendo condessa de nascimento, era muito natural que o seu destino fosse o casamento “arranjado”. Aos 17 anos, casou-se com o General Nikifor V. Blavastky, Governador da Província Russa de Erivan, que contava na época com aproximadamente 70 anos de idade. Tendo em vista sua formação individualista e consciente, em grande parte por influência materna, três meses após o casamento ela abandonou o marido e fugiu para a casa da família, que a encaminhou ao pai. Com medo de ter que reatar o casamento, tornou a fugir e foi morar em Constantinopla. A partir desse ponto, ela pode visitar quase todos os países da Ásia Menor, estudando seus costumes e suas práticas religiosas. Em 1851, completamente sem dinheiro, fixou moradia em Londres, passando a lecionar piano para sobreviver na capital inglesa, ela freqüentou sessões espíritas e fez parte de alguns círculos revolucionários. Mas tarde, lutou na Itália contra o papado e ao lado do revolucionário Garibaldi. Segundo pesquisas, recebeu tantos ferimentos que foi dada como morta no campo de batalha.
Na segunda metade da década de 50 Blavatsky conseguiu entrar no Tibete, onde passou por um período de treinamento com o seu Mestre. De 1860 a 1865, viveu no Cáucaso e, durante esse período, atravessou crises psíquicas e acabou aprendendo a controlá-las. Em 1870, Blavatsky fundou no Cairo uma sociedade espírita cuja propaganda era feita pela Revista espiritualista do Cairo. Pouco tempo depois, desiludida com as fraudes observadas, ela abandonou a Prática do Espiritismo. Após três meses, resolveu partir para os Estados Unidos a fim de trabalhar numa missão para a qual fora preparada pelos seus Mestres. Em Nova York, formou um grupo de estudos com o Coronel Henry Steel Olcott, recém – chegado da guerra civil que dividia seu tempo entre as lojas maçônicas e os centros espíritas, e em William Q. Judge. Nesse grupo, transmitia aos parceiros seus conhecimentos sobre espiritualismo. Os três fundaram a Sociedade Teosófica em 1875, com o objetivo de propagar as idéias e conhecimentos de Madame Blavatsky, missão que lhe fora sugerida quando ainda residia em Londres.
Após a fundação da Sociedade Teosófica, Helena Blavatsky, considerada uma russa misteriosa para os americanos aceitou a sugestão de A.P Sinnet, editor de Jornal the Pioneer, e passou a realizar apresentações públicas nas quais demonstrava seus poderes sobrenaturais para atrair adeptos á Sociedade Teosófica. Uma das apresentações mais conhecidas e espantosas ocorreu em Nova York que, na Union Square em março de 1877, com a presença de muitas pessoas. Helena, em menos de meia hora, dentro de uma sala escura, executou um desenho a lápis repleto detalhes de forma quase profissional apesar de ter poça aptidão para a arte do desenho. Algumas histórias relatam que Helena era tão espiritualizada que, para não levitar, vivia o tempo todo comendo e fumando charutos.
Apesar de seus esforços, Blavatsky sofreu muita hostilidade por parte dos chamados “Livres-Pensadores” do século 19 e foi obrigada a sair dos Estados Unidos, levando consigo a idéia da Sociedade Teosófica de princípio para a Europa, onde também foi hostilizada no meio cultural. Dessa forma, decidiu estabelecer sua sede, em 1879, na Índia na cidade de Adyar, perto de Madras. Ali também enfrentou muitas dificuldades, porque tratava com afeição e carinho todas as religiões locais, o que acabou criando impasses com cristãos e com os próprios hindus. Como uma das bases de seus estudos era a ausência de qualquer tipo de preconceito, continuou trabalhando sem dar atenção ás acusações. Apesar dos problemas, a organização expandiu-se rapidamente, pois suas idéias convenciam profundamente as pessoas.
Em 1884, sofreu um ataque por Aléxis e Emma Coulomb, membros do grupo de trabalho em Adyar, que acusavam Helena de fraude. O comitê líder da Sociedade Teosófica não aceitou que Blavatsky processasse o casal. Desapontada, renunciou ao cargo de secretária correspondente de Adyar e, em março de 1885, partiu para a Europa e jamais retornou á Índia. As acusações feitas pelo casal Coulomb se fundamentavam em supostas cartas escritas por Blavatsky com instruções para organização de fenômenos psíquicos fraudulentos.
Na época, uma revista de missionários cristãos publicou todas as falsas cartas. A Sociedade para a pesquisa Psíquica, em Londres, investigou Madame Blavatsky e imitiu um relatório acusando-a de impostora. Durante muitos anos, esse relatório foi usado para desacreditar seu trabalho e provar a inexistência dos mestres ou mahatmas. Abalada com toda a situação, em 1885,Helena adoeceu e foi para a Alemanha, onde deu início ao trabalho de A Doutrina Secreta. Dois anos depois, foi morar em Londres, quando vivenciou uma fase produtiva na literatura, além de formar e instruir discípulos que futuramente pudessem dar prosseguimento á sua obra.
Nessa época, os resultados e efeitos dos injustos relatórios da “Sociedade para a pesquisa Psíquica” sobre suas atividades paranormais já tinham sido esquecidos. Madame Blavatsky era uma personalidade combativa em seus ideais e humildes junto aos mestres. Sofreu perseguição dos inimigos das suas doutrinas, difamações violentas ataques a mão armada, e até um sinistro acidente provocado abordo do navio em que ela viajava para o Oriente, quando ao atravessar o Canal de Suez, a embarcação explodiu. Desse acidente, repleto de vítimas, Madame Blavatsky escapou miraculosamente.
A morte de Blavatsky, em 1891, não representou o fim de seus ideais. Viveu de forma coerente com seus pensamentos e ensinamentos e manteve lucidez de espírito até os últimos momentos de sua vida. Nunca teve a preocupação de ser agradável a ninguém e adotou como lema a frase que se tornou, mais tarde, o da própria Sociedade Teosófica: “Não há religião superior á verdade”. Apesar de todo seu empenho, o seu grande sonho não se realizou: a grande fraternidade humana e a reconciliação de todas as religiões.
Sua Obra
Desde o início de sua vida,como se fosse uma espécie de predestinação, as viagens e a movimentada biografia de Blavatsky indicam que o principal objetivo de sua existência era o de ser portadora de conhecimentos transcendentais da Antiguidade Oriental, isolados e ignorados pelo Ocidente por uma verdadeira muralha criada pela Igreja. Os conhecimentos transmitidos por Helena provocam o alto grau de cultura e o elevado grau de espiritualidade do povo hindu. Para alguns Ocidentais suas informações não eram interessantes, principalmente para os ingleses, que na época se empenhavam em uma política colonialista relacionada á Índia. Era muito desagradável para os britânicos que o mundo Ocidental tomasse conhecimento sobre a pretensão de seu império para dominar uma nação que, em principio, seria espiritualmente mais evoluída que a própria Inglaterra.
Sua obra divulgava e esclarecia conceitos religiosos e filosóficos orientais até então desconhecidos pelo ocidente, desfazendo muitas idéias errôneas e dando uma luz sobre pontos obscuros e desconhecidos. De acordo coma autora, muitas vezes, em sua obra foi utilizados meios esotéricos para a composição dos textos. Seus trabalhos teriam sido escritos pelos mahatmas que utilizaram seu corpo físico em um processo chamado Tulku, que de acordo com Helena, não era igual a um processo mediúnico.
Tal fato pode explicar, por exemplo, a observação do crítico inglês William Emmett Coleman o qual calculou que para escrever Isís sem véu, Blavatsky precisaria ter estudado 1.400 livros por ela desconhecidos. O conteúdo mais rico da Teosofia, sem dúvida, encontra-se nos escritos de Helena Blavatsky. São eles: Isis sem véu (1877) A Doutrina Secreta (1888) A voz do Silêncio (1889) ocultismo. Prático, sem contar um grande número de artigos sobre teosofia.
“Fomos Deuses e nos esquecemos disso”. Helena Blavatsky nunca esqueceu a sabedoria desse pensamento. Em seu livro A chave da Teosofia, narrou o fato de que os seres humanos outrora foram Deuses e que, hoje têm como uma de suas missões despertarem sua mônada, a Partícula Divina existente em todo homem, assinalando de forma incisiva que os caminhos para o “despertar” são diversos e extremamente pessoais.
Fonte: Revista Sexto Sentido/ Especial
(Mythos Editora – 2012 / São Paulo/SP.)
Site: www.revistasextosentido.net
TEOSOFIA
Em suas diversas Teorias, a Teosofia defende a possibilidade de todos os homens alcançarem a evolução espiritual na vida atual ou em outras vidas.
A palavra Teosofia é de origem grega – (theos) Deus e (sophos) sabedoria – e significa literalmente “Sabedoria Divina”, “Conhecimento Divino”. O termo ganhou notoriedade no mundo contemporâneo ocidental a partir de 1875, com a Fundação da Sociedade Teosófica, por Helena Petrovna Blavatsky, e pela grande polêmica que seus estudos criaram no meio cultural da época.
A Teosofia é considerada um corpo de conhecimento que responde a diversas questões que envolvem a vida: Quem sou eu? O que estou fazendo aqui? Qual a origem do Universo/ O termo foi usado durante mais de dois milênios na civilização antes que Madame Blavatsky o empregasse em seus ensinamentos. A Teosofia pode ser observada como o caminho do progresso e evolução espiritual da humanidade, de forma individual ou coletiva. Na maioria das vezes, e a ação em direção a uma vida mais elevada sempre envolverá a luta os limites impostos pelas ordens sociais estabelecidas.
Ainda que tenha se expressado através de uma literatura variada. Como uma doutrina orientada para que pode ser considerado místico, a teosofia é essencialmente uma postura prática diante da vida. É um conjunto de valores que só pode ser entendido quando realizado. Por definição, está presente em todas as culturas e não pertence a nenhuma delas. Helena Blavatsky, fundou a Sociedade Teosófica em 1875, em um século marcado por uma grande quantidade de novas teorias sobre a natureza das coisas que determinaram a luta entre o passado e presente, o velho e o novo.
Pode-se dizer que nessa época o mundo intelectual e moral sofreram uma revolução que provocou na sociedade ocidental o crescimento da autoconsciência. Na metade do século 19 dois novos fatores “abalaram” as estruturas culturais científicas e religiosas que embora arcaicas, predominavam no mundo ocidental. O darwinismo e o espiritismo. A publicação do trabalho de Darwin. A origem das espécies (1859) provocou efeitos que podem ser observados até os dias atuais. O impacto da teoria da evolução abalou os conceitos até então pregados pelo ensino teológico de salvação.
De acordo com o cientista o futuro desejável para o homem seria obtido através dos processos possíveis dentro da lei natural da evolução. O “principio da evolução” passou a se popularizar e entusiasmou os livres pensadores da época. Pois suas implicações sociais e filosóficas eram quase que infinitas. Nessa mesma época, diversos fenômenos espirituais, considerados por muitos como psíquicos. Atraíram o interesse da população em geral. As notícias sobre as comunicações estabelecidas pelas irmãs Fox com os espíritos, e de outros casos similares, se espalharam pelo mundo, principalmente na Europa.
Muitos desses fenômenos foram investigados de forma cientifica e não apenas dentro de padrões religiosos. Em Londres, a Sociedade Dialética iniciou trabalhos nesse campo em 1869 e anos mais tarde as pesquisas se tornaram mais profundas com a criação da Sociedade das pesquisas Psíquicas. Profundamente impressionado com esses fenômenos. Allan Kardec passou a estudá-los profundamente. Em 1856 publicou o Livro dos Espíritos, dando início á Doutrina Espírita que foi propagada pelo mundo ocidental em pouco tempo.
Blavatsky, ao fundar a Sociedade Teosófica, se tornou a responsável pela disseminação do pensamento e da cultura oriental no ocidente. Ela dizia que onde quer que o pensamento lute por liberdade, que idéias espirituais fossem propagadas no lugar de dogmas e formalismos, a evolução moral estaria acontecendo. Apesar de determinar a importância do esforço próprio em busca do crescimento pessoal e um policiamento contra a fé cega ou o auto-engano, a teosofia defendia a Revelação por que acreditavam na existência de seres superiores imortais e invisíveis ao olho humano, portadores de conhecimento e grandes poderes sobre mundos.
Em suas teorias, a teosofia acreditava na possibilidade de todos os homens alcançarem esses seres, na vida atual ou através do processo de evolução em outras vidas. Disseminava, portanto, a crença na evolução da humanidade e na existência de homens considerados perfeitos, os Mahatmas, Mestres da Sabedoria. Em algum momento de suas vidas, esses homens atingiram a evolução em estágio super-humano que lhes deu a missão de velar pela raça humana de forma direta ou através de seus mensageiros. A teosofia adotou concepções orientais sobre o fenômeno da morte dos seres humanos, do carma e da reencarnação.
Segundo os conceitos teosóficos, a evolução humana ocorre através do carma e da reencarnação conhecida como as Leis da Responsabilidade e da Segunda chance. A Lei do Carma é o principio eterno da justiça universal e da harmonização presente em todos os seres e coisas do universo. A cada renascimento a alma imortal é associada a um novo corpo. Algum tempo após a morte física, ocorre a morte astral, do eu inferior. A partir disso, a alma imortal segue livre para o Devachan, local dos deuses, de onde só despertará para uma nova essência.
Segundo os ensinamentos da teosofia, as encarnações se sucedem por um longo tempo até o dia em que a alma se liberta da roda a reencarnação e alcançam então a condição de um Mahatma, um Adepto ou um Buddha, seres que trabalham em silêncio e anonimamente pela humanidade. Para a teosofia o carma é uma lei eterna, imutável e inviolável que não pode ser quebrada, pois existe na natureza das coisas.
Para Annie Besant, importante membro da Sociedade teosófica, um teosofísta em informado diria que não pode interferir com seu carma, mas sempre que uma lei natural está em ação, podemos interferir nela até onde pudermos. Enquanto o homem viver de forma negligente, flutuando apenas de acordo com a corrente, e podendo ser facilmente sugado por qualquer situação casual, ele terá como resultado o fracasso, a infelicidade e o azar. A lei lhe possibilita conquistar seus objetivos com sucesso, colocando ao seu alcance forças necessários que ele deve usar.
Seu futuro sempre será o resultado do que ele cria hoje deliberadamente. Onde existe lei nenhuma conquista é impossível, e o carma é uma garantia da evolução humana. Uma lei da natureza não é um mandamento, mas “um estabelecimento de condições”. Besant afirmava que a natureza não ordena “isso ou aquilo”, ela simplesmente diz “eis certas condições” que lhe darão “tais resultados”. Se o resultado não nos agrada, temos liberdade de transformar as condições anteriores.
Em sua Obra A Doutrina Secreta Blavatsky diz que: “O carma não cria nem planeja nada. É o homem quem planeja a cria causas, e a lei cármica ajusta o efeito. Tal ajustamento não é um ato, mas a harmonia universal que tende sempre a reassumir sua posição original, tal qual um galho de árvore que, puxado violentamente para baixo, retorna com igual violência".
Fonte: Revista/ Sexto Sentido Especial
Mythos Editora – 2012 - São Paulo/SP.
Site: (www.revistasextosentido.net)
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