terça-feira, 16 de outubro de 2012

OSHO - Místico Polêmico

 
 OSHO - Místico Polêmico

A Trajetória de Rajneesh, hoje mais conhecido como Osho, é repleta de controvérsias. Para os seguidores, ele foi certamente o maior místico do século XX, mas as ações do seu grupo envolveram até mesmo um atentado terrorista nos Estados Unidos. 

Osho já foi chamado de Bhagwan Shree Rajneesh e, antes disso, Chandra Mohan Jain, nome que recebeu ao nascer em 11 de Dezembro de 1931, em Kuchwada, Índia. Falecido em 1990, é considerado entre as mais influentes líderes espirituais do século XX, ainda hoje com inúmeros seguidores e defensores apaixonados de suas idéias. Deixou um número significativo de obras, e muitas outras têm sido publicadas após sua morte. Mas é impossível falar de Osho Rajneesh sem falar das controvérsias sem falar das controvérsias em que se envolveu e dos ataques que sofreram segundo seus defensores por ameaçar os líderes religiosos já estabelecidos com suas idéias revolucionárias e inovadoras, ou segundo outros por se aproveitar de sua posição de destaque na comunidade espiritual para obter imensa fortuna. 

Essa revolução ou inovação pode ser entendida pela postura de Osho diante do que comumente se entende por espiritualidade. No livro Autobiografia de um Místico Espiritualmente Incorreto, ele diz que nunca foi espiritual no sentido de muitas pessoas entendem essa palavra. “Nunca freqüentei Templos ou Igrejas; nunca li as Escrituras ou segui certas práticas para encontrar a verdade; nunca rendi Culto a Deus ou dirigi uma prece a Deus”. Osho explica que para ele, a espiritualidade precisa de uma individualidade honesta, que não permite qualquer tipo de dependência. Assim não é de se estranhar que sofresse ataques. Qualquer sistema religioso, espiritual ou de busca interna que dispense os chamados “intermediários” com a divindade passam a ser mal vistos por aqueles sistemas que defendem essa intermediação.

Rebeldia 

Para alguns conhecedores de sua vida, a trajetória que o levou a ser conhecido no mundo inteiro começou aos catorze anos. Outros, no entanto, entendem que sua infância foi um período importante, uma vez que passou os primeiros sete anos de vida com seus avôs, que lhe deram uma liberdade incomum para crianças de modo que ele pode desenvolver uma forma peculiar e particular de pensar sobre o mundo, a vida e a morte. 
Com a morte do avô, em 1938, ele passou a viver com os pais e, segundo dizem, tornou-se uma espécie de rebelde. Nunca teve o interesse em ir á escola, que considerava o pior lugar do mundo. Osho disse que os primeiros sete anos são os mais importantes da vida, definindo o restante da existência. Por vivê-los nessa intensa liberdade de pensamento e ação, quando voltou a viver com os pais , já vivia por sua conta. 

A segurança de suas respostas para o seu pai, a recusa em ir para a escola e a profundidade de seus pensamentos aos sete anos de idade são evidências que, para aqueles que adotam uma postura contrária á importância de Osho, o místico forjou, falsificando sua própria história, falando posteriormente de acontecimentos inexistentes ou exagerando-os. No entanto, essa reivindicação dificilmente pode ser comprovada, e ele não seria o primeiro místico com um histórico de sabedoria precoce. 

A forma pela qual ele chegou á iluminação é um tanto controversa. Uns afirmam que, aos catorze anos, ele começou a atingi-la, experimentando-a cada vez mais com a meditação; outros dizem , em 1947, uma grande amiga de sua infância morreu, fazendo com que ele entrasse em depressão e tivesse problemas de saúde, saindo dessa situação para a iluminação. Entretanto, em sua autobiografia, Osho não cita essa amizade de infância; pelo contrário, afirma categoricamente que jamais teve qualquer amizade em sua infância, pois não se interessava pelas brincadeiras e jogos das demais crianças. “Nunca brinquei com criança alguma”, ele disse. “Jamais encontrei um modo de me comunicar com as crianças de minha idade”. 


A Iluminação

Osho diz que chegou á iluminação aos 21 anos. O último ano antes da iluminação foi extraordinário, segundo o místico. Ele se sentia rodeado pelo vazio, sem contato com o mundo, sendo arrastado cada vez mais para longe das pessoas: ele se encontrava no estado conhecido como “não – mente”, algo parecido com a loucura. 
Na verdade, a loucura estará sempre próxima, uma vez que se trata de um caminho do qual não se pode mais voltar, por que o caminho não está mais lá, e não se pode ir adiante, pois está tudo escuro. Se a pessoa se desviar do caminho, explica Osho, ela simplesmente enlouquecerá. “Eu fui simplesmente lançado dentro de mim mesmo. Era um vazio, e o vazio leva a pessoa á loucura. No entanto, o vazio é a única porta para Deus”. 

E a iluminação chegou, segundo ele, com uma “retumbante gargalhada”. Na verdade, ele explica que riu quando percebeu “O completo absurdo que é a tentativa de se iluminar. A coisa toda é ridícula porque nós nascemos iluminados, e perseguir algo que já existe é absurdo”. Assim, para Rajneesh, o dia de sua iluminação foi simplesmente o dia em que ele percebeu que não há nada para ser obtido, lugar algum para ir e nada para ser feito. Essa iluminação está relacionada com o estado de “não- ego”. Rajneesh disse que o fenômeno do ego, do eu, não é uma coisa, mas um processo. Assim, ele só existe porque conseguir alguma coisa; e ego, portanto consiste de desejos e nada, além disso.

Quando se está no presente, e não no futuro, o ego começa a desaparecer. Ele chegou á conclusão de que, para se chegar á iluminação, não é possível seguir um líder. “É por isso que eu digo que pessoas como Jesus, Moisés, Maomé e Krishma que afirmam: “Apenas creiam e me sigam” nada sabe sobre a iluminação, ele disse. Não é de se estranhar que Rajneesh Osho tinha entrado em choque com as demais religiões. Da mesma forma, aqueles que o atacam costumam citar essa postura de Rajneesh como o ponto de maior contradição, uma vez que ele reuniu milhares de seguidores á sua volta. 

Estudante e Professor 

Ele passou a fase seguinte de sua vida como estudante na Universidade de Sagar, graduando-se em filosofia. Ao contrário do que ocorria em seus tempos de escola, Osho disse ter gostado bastante de sua experiência na Universidade, independente das pessoas estarem a favor, contra ou indiferentes a ele. A experiência foi válida especialmente quando, a seguir ele se tornou professor na Faculdade de Sânscrito de Raipur, em 1957. No ano seguinte ou três anos amai tarde, segundo algumas fontes, foi lecionar filosofia na Universidade de Jabalpur. Os anos 60, conhecidos pela “Revolução Hipper”, também foram marcados pela invasão de pensamentos orientais no ocidente, com inúmeros místicos e gurus influenciando personalidades importantes da época. A noção do “sexo livre”, tão comum entre os jovens da época, também foi ponto de discórdia na fala e na prática de Rajneesh.

No início da década, ele já estava percorrendo a Índia e dando Palestras sobre assuntos controversos segundo alguns historiadores simplesmente para fomentar a discussão, e não necessariamente por acreditar no que dizia. A “partir de 1968, ele começa a instituir uma série de campos de meditação”, que tinha como objetivo liberar emoções reprimidas e tornar o ser humano alerta.

Também em 1968, ele fala sobre a energia primal e divina do sexo entendendo que os sentimentos sexuais não deveriam ser reprimidos. É verdade que, nessa época, não se tratava exatamente de um ponto de vista novo, uma vez que os jovens os Estados Unidos e da Europa já vinham seguindo essa regra há alguns anos. Algumas pessoas dizem que os campos de meditação começaram em 1964, especialmente com homens de negócio ricos de Bombaim e suas famílias. Seu primeiro discípulo teria sido uma mulher de uma dessas famílias conhecida posteriormente como Ma Yoga Laxmi. Ela iria se tornar sua secretária em 1970 e cuidaria de todos os negócios materiais de Rajneesh. 


Bhagwan

O titulo de Bhagwan (o abençoado) surgiu em 1970, época em que ele começou a iniciar as pessoas no neo-sânias, um caminho envolvendo meditação, autoconhecimento e expansão da consciência e do amor. Diz-se também que foi somente ao se intitular Bhagwan Shree Rajneesh que ele começou a falar sobre sua “iluminação”, ocorrida anos antes. Em 1974, é inaugurado o Ashram em Puna, e Osho começa a falar cada vez menos com os discípulos individualmente. O ashram tornou-se um dos mais conhecidos e procurados do mundo, especialmente por ocidentais, e a fama de Rajneesh espalhou-se pelo planeta. No final da década, o ashram já tinha cerca de 600 pessoas; contudo começou a ter problemas com a sociedade de Puna, com acusações de abusos sexuais, tráficos de drogas por parte dos discípulos e rumores negativos sobre as terapias utilizadas.


Rajneesh solicitou residência permanente nos EUA, mas seu pedido foi recusado. Os discípulos dizem que uma das razões foi seu voto de silêncio; mas fontes do governo norte americano afirmam que, ao entrar no país com o intuito de ser tratado de um problema na coluna, ele estava fornecendo falsa informação, uma vez que já tinha em mente estabelecer-se lá.


Problemas Legais 

No início dos anos 80 a comunidade começa a sofrer alguns processos, especialmente no que dizia respeito ás leis de uso da terra no Oregan. Os defensores de Rajneesh entendem que grande parte desse ataque deveu-se exclusivamente ao fato da maioria da população do estado ser cristã. No entanto, os problemas legais ampliaram-se quando os discípulos começaram a construir na cidade vizinha de Antílopes; os cidadões e promotores públicos entenderam que os discípulos estavam querendo tomar conta da cidade, e negaram permissão para mais construção. 

Os sannyasin buscadores espirituais que renunciam ao mundo, termo que Rajneesh usava no sentido do discípulo que permanece no mundo acabaram sendo a maioria no conselho da cidade. As ações legais de um lado e de outro criaram uma tensão entre os sannyasin e a população da região, e Sheila parecia botar fogo na situação fazendo aparições inflamadas na televisão. 

Terrorismo e Dispersão

As eleições de 1984, no condado de Wasco, região á qual pertencia á comunidade e a cidade, foram marcadas por incidentes violentos. Foi nessa época que ocorreu o que as autoridades chamam de “o único incidente comprovado de bioterrorismo contra os Estados Unidos”, pelo menos até os recentes ataques com antraz. Os seguidores de Rajneesh pretendiam vencer as eleições e, para tanto, espalharam a bactéria da salmonela em restaurantes, com o objetivo de adoecer o maior número possível de eleitores. Mais de 700 pessoas foram afetadas. 


Rajneesh voltou a dar Palestras Públicas em 1985, o mesmo ano em que Sheila e outros líderes deixaram a comunidade a foram para a Europa. Os seguidores afirmam que a série de atos ilegais cometidos por esse grupo tornou-se conhecida de Rajneesh tinha conhecimento de muitos de suas ações, senão de todas. De qualquer forma, Sheila passou a ser considerada a culpada de envenenar o médico e o dentista de Rajneesh, além do promotor do condado de Jefferson, de desviar fundos da comunidade e grampear telefones.

No mesmo ano, o líder espiritual anunciou que a seita tinha sido nada mais do que uma invenção de Sheila, e que ele jamais se disse um líder religioso. Posteriormente, Sheila foi presa na Alemanha e indiciada em tentativa de assassinato. Condenada, ficou presa por dois anos e meio, e foi solta por bom comportamento. Rajneesh foi preso na Carolina do Norte. Concordou em pagar uma multa de US$400mil, e teve de deixar o país em cinco dias, não podendo retornar aos EUA num prazo de cinco anos. Deixando o país num jato particular, foi para Manali, na Índia. Lá, as autoridades também pediram que ele deixasse o país, e Rajneesh iniciou uma perambulação pelo mundo, sendo deportado de 21 países. 


Ele retornou ao seu ashram original em Puna, em 1987. Numa data não muito bem especificada, ele mudou seu nome para Osho que, segundo algumas fontes, são derivadas da expressão “experiência oceânica”, criada por William James. Outras fontes dizem que o nome Osho Rajneesh é um termo budista que significa “aquele em quem o céu despeja flores”, que ele teria adotado em 1988, após afirmar que o título Bhagwan era apenas uma piada. Osho faleceu em 1990, e os rumores sobre a causa foram os mais variados: AIDS, Envenenamento, Problemas no coração. 


No final de 1987, permaneceu Osho sete semanas doente, sem responder a qualquer tratamento, e diz-se que foi diagnosticado envenenamento por tálio. Osho disse acreditar que o governo dos EUA o havia envenenado durante os doze dias em que foi mantido preso, em 1985. Segundo as informações hoje os seguidores de Rajneesh conhecido apenas como Osho têm como líder o Swami Prem Jayesh, nome adotado por Michael William O’ Byrne, e a organização, a Osho International Foundation, mantém cerca de vinte centros de meditação em vários países, além de publicar livros sobre sua obra. Como quase todas as figuras controversas, Osho desperta posicionamentos opostos, ás vezes bastante radicais: os que seguem, cegamente, e os que atacam indiscriminadamente. Não há dúvida de que, em muito do que ele falou existem pensamentos interessantes que merecem mais do que uma atenção superficial. 

(Alex Alprim)


Fonte: Revista Sexto Sentido N.31
Editora Mythos – São Paulo/SP.
Site: www.mythoseditora.com.br

Autobiografia de um Místico Espiritualmente Incorreto
Autor: Osho - Editora: Cultrix
Palavras de um Homem do Silêncio
Autor: Osho – Editora: Gente
Meu Caminho
Autor: Osho – Editora: Ícone






Alegria é a sua Natureza (Osho)

The Sadhana Sutra – Discourse n.1 





Amado Osho, como eu posso livrar-me do sofrimento? 
Todo mundo passa a sua vida em busca de uma coisa: como livrar-se do sofrimento? Como obter felicidade e alegria? Você quer buscar alegria, mas o que você pagará por isso? O que você dará em troca daquilo que conseguiu?

Se um homem der um passo que seja, ele terá que deixar o pedaço da terra sobre o qual ele estava em pé. Somente assim ele poderá ir adiante. Não haverá qualquer progresso neste mundo se nós não quisermos abrir mão de alguma coisa. Sem sacrificar-se você não conseguirá dar nem mesmo um passo. Se as suas mãos estão cheias de lama, de seixos e de pedras e você quer diamantes, você terá que abandonar as pedras. Para agarrar o objetivo desejado, as suas mãos deverão estar vazias. Você deverá deixar as coisas inúteis. 

Não tenha medo: eu não lhe direi para renunciar á sua riqueza, mesmo porque ninguém tem riqueza alguma, ninguém mesmo. Neste mundo, até o mais rico dos homens é um mendigo. Ninguém tem riqueza. Existem dois tipos de mendigos: um é o mendigo pobre e o outro é o mendigo rico, mas ambos são mendigos. Até agora, eu nunca vi um homem rico. Existem muitas pessoas que possuem dinheiro, mas elas não são ricas, elas também estão na corrida para agarrar o máximo que elas puderem, do mesmo jeito como faz o mais pobre dentre os homens pobres. Como um pedinte que segura tudo o que tiver com as mãos bem apertadas, também o homem que tem o maior dos cofres segura com as mãos apertadas tudo o que ele tiver. A avareza deles é a mesma e assim a pobreza deles também é a mesma. 

Você não tem riqueza. Ninguém a tem. Por isso eu não insisto que você tenha que abandoná-la. Como você pode deixar alguma coisa que você não tem? Eu não lhe digo para desistir da sua vida- você nem mesmo tem isso. Como você pode ter alguma coisa, se nem mesmo tem consciência dela? E a cada momento você fica tremendo de medo da morte. Se você fosse a própria vida, por que você estaria com medo da morte? A vida na tem morte alguma. Como a vida pode tornar-se morte? Mas você está tremendo de medo da morte. A cada momento a morte está rodando você. Você está tentando se salvar por qualquer caminho possível, para que você não desapareça, para que você não morra, para que você na chegue a um fim. Mesmo a vida, você não a tem. É por isso que eu não irei lhe pedir para desistir da sua vida. Como você pode dar alguma coisa que você não tem? 

Eu só irei pedir aquilo que você tiver. E eu irei pedir aquilo que todos têm. Assim como eu disse que a busca de todo mundo é por alegria, também existe algo que todos têm em abundância: o sofrimento. Você tem uma quantidade suficiente de sofrimento, mais do que você precisa. Por muitas vidas você nada mais tem colecionado a não serem sofrimentos. Você colecionou pilhas disso. Mesmo o Monte Everest parecerá pequeno se for comparado com as pilhas de problemas que você tem colecionado. Esse é o trabalho de suas muitas vidas; você nada tem ganhado, exceto problemas. Mesmo agora você os está ganhando.


Eu gostaria que você largasse seus problemas, renunciasse aos seus problemas. Ninguém jamais pediu os seus problemas, mas eu estou pedindo. E se você puder desistir de seus problemas, aí o caminho para a alegria poderá ser aberto. E se você conseguir abandonar os seus problemas, você irá perceber que aquilo que você pensava ser problema nada mais era que ilusão. E os seus problemas não o estavam segurando; você é que os estava segurando. Mas uma vez que você os deixe ir, você irá saber então quem estava segurando quem. 

Você está sempre perguntando como conseguir livrar-se do sofrimento. Perguntando assim, parece que o sofrimento o está segurando e você quer livrar-se dele. Se o sofrimento estivesse lhe segurando, então não seria possível você se livrar dele, porque a posse não estaria em suas mãos, mas nas mãos do sofrimento. Você seria impotente. E se depois de tantas vidas ainda não conseguiu tornar-se livre, então como conseguir tornar-se livre agora? 

Eu digo a você que o sofrimento não o está segurando; você é que está segurando o sofrimento. E se você puder fazer uns experimentos, aceitando o que eu estou dizendo, você irá compreender por si mesmo. E não apenas você compreenderá isso, mas você irá experimentar uma entrega; você saberá como o sofrimento pode ser abandonado. E quando tornar-se bom na arte de abandonar o sofrimento, você irá perceber o que estava arrastando consigo. E ninguém, a não ser você, era responsável por isso. Por qualquer coisa que você tenha experienciado como sofrimento, nenhuma outra pessoa pode ser responsabilizada. Esse era o seu desejo: Você queria sofrer. Tudo o que nós desejarmos Serpa permitido. E tudo o que você é, é o fruto dos seus desejos. Nem deus é responsável, nem a sorte; ninguém tem motivo algum para lhe causar problemas. 

A verdade é que a existência está sempre querendo fazer você ficar alegre. Toda essa existência quer que a sua vida se torne um festival. Porque quando você está infeliz, você também sai atirando infelicidade por toda a sua volta. Quando você está infeliz, o mau cheiro de suas feridas alcança toda a existência. E quando você está infeliz, a existência também sente dor. Todo esse mundo sente dor quando você está infeliz e sente alegria quando você está alegre. A existência não deseja que você deva ser infeliz. Isso seria suicídio para a própria existência. Mas você está infeliz e para se tornar infeliz você teve que fazer toda sorte de arranjos. E enquanto isso não for destruído, você não será capaz de abrir os seus olhos para a felicidade. 

Quais são os seus arranjos? Que arranjo o homem faz para estocar os seus problemas? Como ele os coleciona? Compreenda isso um pouco e talvez fique mais fácil para você deixá-los. Uma criancinha quer chorar. Os psicólogos dizem que a ação de chorar da criança e a ação de vomitar. Sempre que uma tensão cresce dentro de uma criança, ela ao chorar, atira para fora as suas tensões. Você foi uma criancinha. Uma criancinha está com fome e não estão ilhe dando o leite na hora certa. É por isso que ela está chorando, e porque ela encheu-se de tensão. E isso é necessário para liberar a sua tensão para fora. Ela irá chorar, a tensão será liberdade e ela se sentirá mais leve. 

Mas nós ensinamos criança a não chorar. Nós tentamos todas as maneiras para impedi-la de chorar. Nós colocamos brinquedos em suas mãos para que ela se esqueça; nós colocamos alguma coisa artificial em sua boca, ou colocamos o seu polegar em sua boca de modo que ela confunda isso com o seio de sua mãe e esqueça-se da fome. Nós começamos a balançá-lo para lá e para cá para que sua atenção se disperse e ela não chore. Nós tentamos tudo para não deixá-la chorar. Aquela tensão que poderia ter sido liberada pelo choro, não é liberada e vai sendo guardada. Desse jeito nós deixamos que isso fosse se acumulando. Quem sabe quantas dores e angústias cada pessoa tem acumulado? Ela senta-se sobre essa coleção empilhada. 

Quem sabe quantas tensões você acumulou? Você não tem chorado nem dado gargalhadas com seu coração totalmente presente. E por que você não chorou, alguma coisa ficou presa dentro de você. Você não tem ficado totalmente com raiva, nem tem perdoado completamente alguém. Você tornou-se uma pessoa pela metade. Os seus ramos querem se abrir, mas eles não são capazes disto. As folhas querem brotar para todos os lados, mas elas não são capazes disto. A sua árvore ficou atrofiada. O nome dessa dor acumulada, dessa dor não liberada, é inferno. E você segue arrastando esse inferno ao seu redor.


Eu o chamei aqui para que o seu inferno possa ser jogado fora, e você pode jogá-lo fora. Neste Campo de Meditação, você deve tornar-se como uma criancinha. Você deve esquecer que foi aculturado, que foi muito educado, que você ocupa uma posição elevada, que você conseguiu riquezas, que você é respeitado na cidade. Abandone tudo isso. Torne-se como um bebê recém-nascido, que não tem qualquer reputação, não tem educação, nem posição, nem riqueza, nem qualquer auto-respeito. Se você quiser salvar a sua estima, a sua posição, então, por favor, saia daqui o mais rápido possível, e nem mesmo olhe para trás. Eu nada tenho a fazer com você ou com o seu auto-respeito, conhecimentos, reputação. Para sua segurança, vá embora, não fique aqui.

Eu estou aqui para aqueles que são capazes de tornarem-se simples como uma criança, e somente assim eu posso fazer alguma coisa. Porque somente ás crianças pode-se ensinar alguma coisa. Somente as crianças podem ser mudadas, e uma revolução pode ocorrer apenas nas vidas das crianças. Nos experimentos de meditação que acontecerão aqui, vomite, atire para fora todo sofrimento que você tiver em seu coração. Se você tiver raiva, atire-a para o céu, se você tiver violência, atire-a para o céu. Você não tem que ser violento com ninguém, simplesmente libere a violência para o céu aberto. Problemas, dores, culpas; qualquer coisa que estiver dentro tem que ser jogada para fora. Você tem que atirá-las tão totalmente quanto for possível. Use toda a sua energia de modo que qualquer problema que estiver dentro seja trazido à consciência. 

Você deve compreender que enquanto você não ficar consciente da dor escondida no seu inconsciente, ela não o deixará, ela permanecerá escondida. Exponha-a, traga-a para a consciência. Puxe-a para fora, onde quer que ela esteja escondida na escuridão interna, traga-a para a luz. Algumas coisas morrem com a luz. Se você puxar para fora da terra às raízes de uma árvore, elas morrerão. Elas necessitam da escuridão, elas vivem na escuridão, na escuridão está a vida delas. Assim como as raízes, o sofrimento também vive na escuridão. Exponha os seus sofrimentos e você descobrirá, eles morreram. Se você continuar escondendo-os dentro de si, eles irão permanecer seus companheiros constantes por muitas vidas. A infelicidade tem que ser expressa.

Compreenda uma coisa mais: foi de fora que você pegou as dores e as trouxe para dentro de si. Por favor, volte com elas para o lado de fora. A dor não é interna; todas as dores são trazidas do lado de fora. Quando você nasceu, qual era a natureza do seu ser? Não havia dor: a dor trazida de fora. Se um homem o maltratou e fez você ficar infeliz, o maltrato foi trazido de fora. Agora, você irá acumular essa dor do lado de dentro, deixará que ela cresça, irá reprimi-la, assim ela se expandirá e envenenará toda e qualquer célula do seu corpo. Você se tornará um homem infeliz. Você traz a dor de fora. Ela não está em sua natureza. É por isso que eu lhe digo que você pode livrar-se da dor. Você não consegue se livrar da natureza, daquilo que é a fonte do sentir. Você pode livrar-se apenas daquilo que não é seu. Não há jeito de você livrar-se daquilo que é seu.

A dor tem que ser jogada fora. Durante esses próximos dias, quanto mais você puder jogar, jogue. E na medida em que você for jogando fora, irá crescer a sua compreensão que isso era uma loucura estranha que você estava cultivando. Isso poderia ter sido jogado fora naturalmente, estava em suas mãos, mas, desnecessariamente, você se bloqueou. E a segunda coisa: na medida em que você joga fora a dor, que a envia de volta para fora, de onde ela veio, a alegria começa a brotar dentro de você. 

“A Alegria está dentro. Ninguém a traz de fora. Ela não vem de fora, ela é a sua natureza, ela é você. Ela está escondida dentro, ela é a sua alma. Se for jogado fora lixo que veio de fora e que tem sido acumulada, então a alma interna começará a expandir, começará a crescer. Você começa a ver a sua luz e a ouvir a sua dança, você começa a mergulhar na música mais interna.

Mas isso só acontece se você liberar o lixo de modo que o céu interior possa se estabelecer, algum espaço criado. Então aquele espaço que está escondido dentro pode expandir-se. A dor deve ser expressa para que aquela alegria possa expandir-se internamente. E quando a alegria começa a expandir-se, é necessário compreender também a segunda coisa. Se você reprimir a dor, ela cresce. Se a dor é reprimida ela cresce, se você a expressar, ela diminui. Com a alegria ocorre totalmente o oposto: se você reprimir a alegria, ela diminui; se você a expressar ela aumenta. Assim a primeira coisa é isso: que você tem que jogar fora a dor, porque ela diminui sendo expressa. Não a reprimia, pois ela cresce com a repressão. E quando você tiver a primeira visão da alegria que vem de dentro, então a expresse porque quanto mais você expressar a alegria, mais ela aumenta internamente e camadas frescas começam a crescer. 

Isso é exatamente igual, quando você fica tirando água de um poço: nova água de fontes frescas encherá o poço. A fonte da alegria está dentro, assim não tenha medo de que ela irá diminuir por você expressá-la. A dor fica reduzida ao expressá-la, porque a sua fonte não está dentro. Ela foi trazida de fora, assim se você a expressar, ela ficará reduzida. Se você quiser enganchar-se na dor, então tenha isso em sua mente: nunca a jogue fora. Se você quiser aumentar o seu sofrimento e isso é o que você está fazendo e parece que muitas pessoas estão fazendo então nunca expresse seu sofrimento, nunca o manifeste. Se lágrimas estiverem jorrando, então as engula, se você sentir raiva, reprima isso. Se qualquer problema estiver brotando internamente reprima isso. Ele irá aumentar. Você se tornará um grande inferno.

Se você quiser reduzir a dor, então a deixe acontecer; se você quiser aumentar a alegria, então a deixe acontecer, porque a alegria está dentro e novas camadas continuarão se revelando. E na medida em que você segue deixando a alegria acontecer você começará a ter mais vislumbres de pura alegria.

A alegria aumenta ao ser compartilhado.

A dor tem que ser liberada. E quando você começa a ter vislumbres de alegria, eles também têm que ser liberados. Você tem que se tornar como uma criancinha, que não tem qualquer preocupação a respeito do passado, nem qualquer questão a respeito do futuro, que nem mesmo sabe o que os outros estão passando a seu respeito. 

Somente então acontecerá aquilo para o que eu o chamei aqui, e aquela jornada na qual eu gostaria que você fosse bem suavemente. Um pouco de coragem é requerida, e então, os tesouros de alegria não estarão longe. Um pouco de coragem é requerida e você poderá abandonar o seu inferno exatamente como um homem que se sujou na rua e volta para casa para tomar um banho e a sujeira é lavada. Da mesma maneira, a meditação é o banho e a dor é a sujeira. “Assim como depois do banho a sujeira foi lavada e você se sente fresco, da mesma forma você terá um vislumbre, sentindo dentro de si a felicidade e alegria que é a sua natureza”.


Tradução: Sw. Bodhi Champak
Fonte: Revista Osho Times, Nov/1995
























                                                

Cem Estórias da minha Fé


As Dedicações em retribuição ás Graças Divinas


Como contei em outro capítulo, houve época em que a maioria das pessoas que recebiam graças através do johrei, sequer pensavam em reverter em donativo de agradecimento o dinheiro que necessitariam usar com médicos, caso não tivessem sido curadas com o johrei. Principalmente por volta de 1945, essa situação era mais acentuada. Aqueles que, recebendo a Luz de Deus, tinham sua vida salva, traziam, por exemplo, cinco caquis verdes; tuberculosos que estavam postados no leito há longos anos, em gratidão, ofereciam algo como três sabonetes baratos, e achavam tudo muito natural.

Portanto, não era nada fácil juntar dinheiro dessas pessoas para utilização nas obras de difusão, havendo épocas em que até se hesitava em tocar no assunto. Em 1949, houve um comunicado do Rev. Shibuí, que desejava obter colaboração na construção do Nikko-Den (Templo da Luz do Sol), no valor de 40 milhões de ienes. Ficaria estabelecido que, uma vez que a difusão já ia entrando nos devidos eixos, esse total seria levantado por três regiões. A Região Leste, sob responsabilidade do Rev. Iwamatsu, que ficou incumbido de obter 15 milhões de ienes; a Região Centro, da qual eu era responsável, se encarregou também de obter 15 milhões de ienes; e os 10 milhões restantes deveriam ser conseguidos através das demais localidades. Quinze milhões de ienes era uma grande soma. Não seria possível consegui-los, simplesmente dizendo aos membros que seria ara o bem da construção.
Por outro lado, se fosse explicar somente sobre a importância do servir, seria muito abstrato. O valor da Luz de Deus não seria calculável em dimensões materiais. É realmente difícil expressar, concretamente, essa gratidão. Visando também á elevação da fé dos membros, travei diálogos como o que vem adiante. Na época, necessitava-se de cerca de 250 ienes para receber o Ohikari e filiar-se á igreja. Por exemplo, aos que encaminhavam 10 pessoas, eu perguntava o seguinte: 

Considerando dez Ohikari, qual o valor representativo de sua Oferta de Gratidão?
Como são 250 ienes por pessoa, sendo dez, o total seria 2.500 ienes. Então, isso significa que, através da força do Ohikari que recebeu você pode encaminhar e ministrar johrei em dez pessoas. Já tentou calcular a gratidão que isso representa? Você teve a grata experiência de ministrar johrei para os outros e, através disso, constatou a Força de Deus, pelo menos em relação a dez pessoas, não é?
Sim...

Então, se fosse representado em dinheiro, o seu Ohikari valeria 2.500 ienes. Portanto, eu poderia comprá-lo por esse valor e você reverteria essa soma em donativo. E receberia um novo Ohikari. Se for o Ohikari de quem encaminhou 100 pessoas posso comprá-lo por 25.000 ienes. 
Dessa forma, cheguei a conversar minuciosamente sobre o sentimento com que deviam se empenhar no servir á Obra. Havia também pessoas que recebiam um quadro desenhado. Por quanto você me venderia este quadro? Não tenho a mínima intenção de negociá-lo. É que existe uma pessoa que deseja comprar. Poderia cedê-lo por 50.000ienes? Reverendo já disse que não está á venda. Então, eu mesmo poderia comprá-lo por 50.00 ienes, se você utilizar essa quantia para oferecer donativo, significa que você o fez. Isto por que você possui algo com esse mesmo valor, simplesmente por ter ingressado neste caminho.

Pode deixar Reverendo, que eu mesmo farei o meu donativo, pois desejo permanecer com este quadro como símbolo do recebimento da Força de Deus. Dessa forma, foi se acumulando tanta oferta de gratidão que todos ficaram espantados. Ao mesmo tempo, os membros se conscientizavam, dentro de sua fé da força que haviam recebido de Deus. Eles ficavam gratos e felizes por poderem praticar a gratidão e o servir á causa de Deus. O encaminhamento de dez pessoas á Fé Messiânica significa ter trabalhado dez vezes para a Obra Divina; quem encaminhou 50 ou 100 pessoas á Fé, representa ter trabalhado 50ou 100 vezes, respectivamente. A convicção de que recebeu8 uma valiosa força da qual não pode abrir mão, por permitir participar da Obra de Deus, é que se torna a raiz de uma fé inabalável.
Essa firmeza é o seu patrimônio invisível. Além disso, como é uma força que se recebeu de Deus é um tesouro ilimitado. Quando pessoas possuidoras dessa força utilizam a matéria que se chama dinheiro, para a concretização da Obra Divina para que ela se amplie cada vez mais, estarão tornando a matéria em luz ainda mais potente. A matéria foi criada por Deus e o homem a utiliza. Ao reservar parte dela para dedicá-la a Deus, é que poderá recebê-la multiplicada muitas vezes. Porém, o ser humano a monopoliza, sem retorná-la á Obra de Deus. É muita presunção achar que tudo que conseguiu com o fruto do trabalho são somente seu. Ao fazer uso de parte da matéria, que recebeu por Bênção Divina, para o bem de Deus, dos seus semelhantes e da humanidade, a própria matéria ganha vida. 

Se conservar o dinheiro apenas para si, ele é um dinheiro morto. Ofertando-o ao trabalho de Deus, ele passa a ter vida. É uma constatação que todos entendem, mas, na realidade não conseguem praticá-la facilmente. Apesar de ter no coração o entendimento de que isso é dedicação e servir, a maioria continua sem pô-lo em prática efetivamente. Meishu-Sama nos ensina que a beleza da Grande Natureza é o silencioso ensinamento de Deus, e que a matéria é a materialização do espírito da água.
Observando a Grande natureza, o que podemos captar de sua beleza?Vendo o rio que, permeando vales e planícies, desemboca no mar, podemos apreender o mecanismo da grande circulação da água. O filete de água, que nasce na montanha, se junta ao que brota do subsolo, e outros filetes também se unem para formarem a corrente que se chama rio, e que termina no mar, onde evapora formando as nuvens, retornando á terra em forma de chuva. Não ocorre o rio ir somente para o mar ou apenas aos céus. A água sempre circula e desenvolve a vida. O homem que se coloca no meio dessa circulação, pode usufruir dessa água.

Além disso, quando nos atemos ás palavras do Mestre, de que a matéria é a materialização da água, vemos que, ao se fazer a matéria circular, é que o seu valor passa a ter significado. Assim, a matéria que cada um conseguir, não é mais do que algo que Deus lhe emprestou temporariamente. Se conseguirmos vivificar tudo plenamente, é natural que ele nos conceda muito mais. Se guardarmos tudo para nós, pensando somente em nosso benefício, a matéria não terá vida, e tampouco Deus nos concederá mais. Primordialmente, não existe nada que seja verdadeiramente nosso. Tudo nos é emprestado por Deus. Isso se aplica não só á matéria, como ás pessoas que conduzimos ao Caminho da Fé, á esposa e aos filhos. Caso admitamos que tudo nos fôssemos emprestado, a maneira de encarar as coisas se torna diferente. Se alguém, sob nossa responsabilidade, é realmente inteligente e habilidoso, devemos estar gratos, pois Deus nos colocou essa pessoa junto a nós; ao contrário se a pessoa for problemática, devemos admitir que fosse por termos de aprender com ela que Deus a colocou á nossa frente. Não podemos, em hipóteses alguma, responsabilizar terceiros pelo que passamos. 

Podemos notar naquilo que expus acima, o fundamento do servir em ser a maneira de retribuir a Deus os benefícios que dele recebemos. Mesmo que percebamos isso tudo, se não houver ação a partir daí, não demonstraremos o verdadeiro entendimento. Cada ação é um autêntico Servir a Deus. E quando o praticamos, podemos nos empenhar em evidenciar a trilogia sentimento – palavra – ação. Existe uma comemoração chamada Kanreki, realizada quando a pessoa comemora 61 anos de vida. Ela encerra o significado de começar uma nova existência, retornando tudo ao início. Nessa ocasião, é costume o aniversariante escrever a letra “KA” (que tem significado de “florido”, “festivo”) em pergaminhos, e distribuí-los. Talvez esse hábito se tenha difundido porque chegar aos 61 anos seja algo muito memorável ou que essa letra seja para representar o florescimento máximo da vida.

Dissecando esta letra por outro ângulo, podemos ver algo interessante. Ela é constituída de seis letras, que significam “dez”, mais uma letra, que significa “um”, e isso totaliza 61. Vejamos também a palavra “hooshi” (servir, dedicar). Nesse caso, temos seis letras, que significam “dez” umas que quer dizer “um” e duas, que tem o sentido de ”pessoa”. Isto quer dizer que, aos 61 anos somos somente duas pessoas. Acho realmente interessante que na palavra “hooshi” esteja encerrado o significado de “fazer retornar as coisas a Deus”. 
E isso é feito através do homem, o que acho ainda mais interessante. De qualquer forma,quando praticamos o servir que retorna a Deus, podemos sentir a força de luz que recebemos dele, através de nossa própria pessoa. E, novamente, temos de voltar o poder da Luz Divina.



Fonte: Livro/ “Cem Estórias da minha Fé”
(Fundação Mokiti Okada – M.O. A) 
1.Edição – Julho/ 1987 – São Paulo/SP. Vol. II
Pág.(195 a 201)
Autor: Revmo. Katsuiti Watanabe







Desenvolvendo o Espírito de Servir 



O fato que relato ocorreu quando Meishu-Sama ainda se encontrava entre nós. Havia um indivíduo que, sem sentir nenhum constrangimento, levara um maço de “Wari-bashi” (palitos japoneses descartáveis, utilizados para levar comida á boca) como oferenda, nas entrevistas com o Mestre. Vamos chamá-lo de Senhor A.

Em 1944, o Mestre se transferiu para o Solar da Montanha do Leste, em Atami, e em agosto do ano seguinte, 1945, a guerra terminou. Até pouco antes do fim do conflito mundial, as pessoas que participavam das entrevistas eram em número limitado, de acordo com as condições das mesmas; mas dali para frente, fora permitida a participação de quantos desejassem. Além dos diretores das igrejas e das pessoas responsáveis das mesmas, todos os membros, em geral, poderiam avistar-se e ouvir sua voz. 

Após o pedido de participação feito ao setor competente, aguardavam serem chamados para as entrevistas no Solar da Montanha do Leste. O Senhor A. era um membro que eu encaminhara e, junto com a esposa, fazia difusão fervorosamente. Obtendo permissão, ele pode participar das visitas a Meishu-Sama. Por ser época de crise e escassez de material, todas as pessoas lhe traziam presentes daquilo que era melhor, expressando assim, o sentimento de gratidão e retribuição de que estivessem imbuídas por terem sido salvas. Era de praxe um auxiliar fazer a leitura da lista das oferendas e dos ofertantes, tão logo o Mestre tomava assento. A cada item anunciado, ele meneava a cabeça e todos podiam observar a sua alegre fisionomia.

Numa dessas ocasiões, eu me assustei quando o auxiliar, ao ler a lista, anunciou: “Senhor A.: Um maço de Wari-bashi”. Não pude deixar de espreitar a fisionomia do Mestre. Porém, vi que ele continuava com a mesma feição. Não tendo coragem nem para encarar os que estavam junto de mim, abaixei a cabeça envergonhada. A época podia ser de crise, de escassez material, mas oferecer ao mestre um maço de palitos descartáveis era algo que não passaria pela cabeça de ninguém. Acredito que o Senhor A. sem nada perguntar-me, deve ter achado que isso estava bem, e fizera a oferenda sem nenhum acanhamento. Apesar de tudo, não lhe chamei a atenção. 

Na entrevista seguinte, o Senhor A. ofertou dois peixes salgados. Antes do nosso regresso, um dos servidores me chamou e disse: Sr. Watanabe, se não me engano, o Senhor A. tornou-se membro, orientado pelo senhor, não é? 

Sim, exatamente. Já entendi: antes, foi um maço de Wari-bashi; hoje, dois peixes salgados. Tenho vergonha de que as oferendas do Senhor A. tenham se limitado a isso. Não, não estou querendo dizer isso ou aquilo sobre elas. Só gostaria que ficasse ciente de que, quanto aos peixes de hoje, não pudemos oferecer ao Mestre, pois estavam cheios de bichinhos – segredou-me o dedicante. Sinto muitíssimo. Vou procurar orientá-lo direito. Só tive forças para pedir desculpas e, se houvesse algum buraco por ali, desejava estar lá dentro, de tão envergonhado fiquei. 

Não poderia de maneira alguma chamar o Senhor A. e repreendê-lo severamente, nem recriminar seu sentimento por oferecer aquilo que lhe era possível, como retribuição pela permissão da entrevista. Ele simplesmente não sabia como e com que sentimento fazê-lo; tampouco se esforçava nesse sentido... Criei uma oportunidade para lhe falar e mantivemos o seguinte diálogo: Na última entrevista, você ofereceu peixe seco, não foi? Sim. E, anteriormente, um maço de Wari-bashi, não é mesmo? Sim. Quero lhe transmitir que todos ficaram contentes, por serem de grande utilidade na cozinha. Também adoraram o peixe seco, dizendo estar ótimo. Recebi elogios por isso. O mestre é uma pessoa que se preocupa até com detalhes como esse.

Por isso, mesmo, se você puder encontrar algo melhor e mais bonito, acredito que ele vai gostar ainda mais. Eu também, certa ocasião muito me empenhei para oferecer truta que Meishu-Sama tanto aprecia. Desse modo, narrei-lhe, detalhadamente, como entreguei os peixes, em Hakone, durante a guerra. Contei-lhe também que o Mestre ensinou-me, pessoalmente, como deveria prepará-los para que se aproveitasse, ao máximo, seu frescor e delicado sabor. (Gostaria que lessem esta estória no primeiro volume). Continuei, orientando-o: Eu havia ofertado trutas do rio Nagara, mas os membros da beira- rio ouviu contar o ocorrido e, desejosos de que o Mestre saboreasse trutas de outros rios, entre eles o rio Kisso, passou a ofertá-los, expressando assim, todo o seu sentimento. Como muitas vezes se duplicavam as oferendas, criou-se até uma escala de datas, fora das entrevistas, para oferecer-lhe trutas, o que se tornou uma disputa acirrada.

Não estou lhe dizendo acrescentei que faça a mesma coisa, mas pode ser que uma oferta, embora aos seus olhos pareça espetacular, se nela não estiver presente todo o melhor sentimento de seu coração, não vai representar muito isto é não terá muito valor. Mesmo a comida ou as flores que oferecemos aos nossos Antepassados se não houver sentimento, do ponto de vista espiritual, o sabor ficará reduzido e as flores parecerão fenecidos. Assim, o que ofertamos ao Mestre, equivale á oferenda a deus e será saboreado e utilizado como tal. Este é o servir a Deus que nos permite serem instrumentos dele. Por isso, quanto mais sentimento pudermos demonstrar, mais valioso será. Se, por acaso, oferecermos sem qualquer sentimento, será até um desrespeito. Não estou dizendo que o peixe seco ou o Wari-bashi não fossem prova disso. Mas quero que faça presente todo o melhor de si, para que ele receba com alegria ainda maior.

Pareceu-me que o Senhor A. teve o seu íntimo tocado. A partir daí, ele passou a ter mais critério na escolha das oferendas, inclusive pedindo-me opiniões sobre este ou aquele material. Passou a pensar sinceramente em como expressar seu sentimento para que o Mestre pudesse se alegrar, realizando sua dedicação como se fosse para Deus. Assim, as atividades que o Senhor A. desenvolvia na difusão foram progredindo cada vez mais e ele também foi sendo envolvido por uma felicidade cada vez maior. Recordando um caso assim, constato ainda mais claramente a importância do servir. Mesmo que se diga que o que se está fazendo é para o bem do mundo e da humanidade, na situação atual, há muita facilidade para se incorrer apenas no formalismo, tendendo nossas ações a se tornarem desprovidas de sentimento.

Embora o assunto pareça divergir um pouco do que estou escrevendo, penso que aqui se enquadra: mesmo que seja reconhecida mundialmente a excelência do Japão, sempre nos fazem impiedosas críticas, sendo os japoneses chamados de animais econômicos. Porque será? Não será, por exemplo, porque no auxílio nos países em desenvolvimento, estejamos agindo com ausência de sentimentos sinceros? Se desejássemos, verdadeiramente, o progresso dos países subdesenvolvidos, e a isso nos dedicássemos, crê que nos tornaríamos alvo de respeito e consideração. 

O Ensinamento do Mestre sobre a construção do Paraíso Terrestre não se restringe apenas no Japão. A nossa fé deve ser aquela capaz de ir preparando a chegada da era onde todos estarão engajados na construção do Paraíso Terrestre. Para isso, devemos fazer aflorar todo nosso sentimento, para que ele esteja presente desde as pequeninas coisas até as grandes que ainda se acham em desenvolvimento.

Em palavras do uso cotidiano do grande Almirante Issoroku Yamamoto, que faleceu na linha de frente durante a guerra, temos uma frase famosa: “Diga e faça ouvir. Faça e deixe ver. Deixe fazer e elogie de vez em quando, se quiser mover os homens”. Essas são orientações pelas quais venho me pautando e as mantenho como meu lema. O Almirante formulou – as como militar, mas o seu significado se enquadra em qualquer situação, ensinando-nos que, para motivar as pessoas, não adianta só ordenar ou indicar. É importante fazer por si mesmo e mostrar, deixar os outros fazerem e ainda elogiá-los. Nessas etapas não pode haver nenhuma falha, pois, do contrário, não se conseguirão mover os homens satisfatoriamente. Essas palavras têm um grande valor para nós que nos dedicamos e servimos á Obra Divina e ao Caminho da Fé. 




Fonte: Livro/ “Cem Estória da minha Fé”
(Fundação Mokiti Okada – M.O. A) Vol. III
1. Edição – Novembro /1986 – São Paulo/SP.
Pág.(104 a 109)
Autor: Revmo. Katsuiti Watanabe








O caminho da Salvação que começa e termina com o Johrei


O Caminho da Salvação que começa e termina com Johrei 


Em Setembro deste ano (2011), estive em Angola, Costa Ocidental da África, para participar da cerimônia de lançamento da pedra fundamental da Escola Agrícola de Cacuaco. A Difusão da Obra Divina de Meishu-Sama neste continente teve início há vinte anos e, graças aos milagres do johrei, já está presente em dezessete Países e conta com mais de 66 mil messiânicos.
                                                                          (Revmo. Tetsuo Watanabe)

Origem da Difusão do Johrei

Hoje, a prática da horta caseira, baseada nos preceitos da Agricultura Natural preconizada por Meishu-Sama, vem sendo ensinada em diversas escolas do continente. Por outro lado, vários terrenos estão sendo doados para o desenvolvimento da Agricultura natural. O governo de Angola, por exemplo, já doou cerca de 2.700 hectares, nos quais planejamos implantar o sistema agro florestal. No intuito de viabilizar a difusão das técnicas agrícolas, pretendemos também investir na formação de técnicas e na disseminação de técnicas sustentáveis de perfuração de poços que fornecerão água tanto para o consumo humano quanto para o uso agrícola. 
Isto porque, quando se vive num país onde as mais diversas áreas ainda se encontram em desenvolvimento, antes de qualquer outra coisa o fundamental é ter água potável e alimentos seguros que garantam a vida. É também importante que haja condições em que seja possível dormir em paz. Promover a educação é o passo seguinte para que o povo de uma nação possa viver de maneira justa, correta e autônoma, livrando-se da demanda interesseira de países desenvolvida que só pensam em explorar seus recursos naturais. Trabalhamos cientes disso e, por está razão, os messiânicos da África se dedicam com tanto fervor as atividades que nossa Igreja vem desenvolvendo. Existe brilho e esperança em seu olhar. 
A sociedade contemporânea e a dificuldade em aceitar o Johrei  
Lembro-me com saudades do princípio da Difusão no Brasil, quando estava rodeado por pessoas que mostravam esse mesmo brilho. Delas eu recebia energia para me dedicar á divulgação do Johrei, correndo por toda parte. É verdade que, logo no início, quase ninguém queria receber johrei. Porém, quando os milagres começaram a surgir, as pessoas passaram a vir atraídas pela luz e, finalmente, uma grande instituição se estabeleceu. Creio que a Difusão no Japão dos anos quarenta também ocorreu de forma semelhante.
Entretanto, especialmente em países desenvolvidos vêm crescendo, de modo geral, o medo o preconceito e o desinteresse pela religião, que obstruem o desenvolvimento desta. No Japão, por exemplo, a situação das novas religiões foi particularmente agravada desde o ataque terrorista ao metro de Tóquio pela seita Aum Shinrikyo, conhecida também como seita Verdade Suprema, em 1995. Meu amigo Peter Clarke, sociólogo inglês, falecido recentemente, costumava dizer que mesmo na Inglaterra, conhecida pelo valor que conferi ás tradições, o número de jovens que freqüentam as igrejas vem diminuído consideravelmente. Creio que está tendência é fruto da falta de uma educação espiritualista e do ensino religioso correto.
O Brasil, membro do BRICS e forte candidato a se tornar uma das grandes potências econômicas do século 21, apesar de ser um país muito tolerante com relação ás religiões, futuramente, poderá também passar a vê-las com indiferença, caso a educação valorize somente o materialismo, que favorece a ganância e o egoísmo. Se isto ocorreu é possível que o johrei também venha a ser ignorado. Sendo assim antes que isto ocorra, gostaria muito que os ensinamentos de Meishu-Sama e o Johrei fossem assimilados como parte da própria Cultura Brasileira e de outros países como Tailândia, Sri Lanka, países da África etc. 

A Salvação evolui de acordo com a mentalidade de cada época   

O Japão contemporâneo, por exemplo, tornou-se uma sociedade individualista em que cada um participa do que quiser, diminuindo, a cada dia, a quantidade de pessoas que tomam parte em atividades religiosas. Mas isto como bem sabe os fiéis que têm filhos e netos não significa que o homem atual tenha perdido o interesse pelas coisas do espírito; ele simplesmente não gosta da idéia de fazer parte de uma determinada instituição religiosa, de ser forçado a participar de suas atividades ou de ter seus pensamentos e atitudes limitados. 

Nossa igreja não impõe nenhum tipo de restrição, pois se baseia no ensinamento de Meishu-Sama “Liberdade na Fé”. Apesar disso, ela não consegue mudar, do dia para a noite, a grande onda que originou está aversão. Conforme ensina Meishu-Sama, é fundamental que, até mesmo as religiões, conheçam profundamente a mentalidade de cada época. (Ensinamento “O Espírito de Izunomê”). Assim, creio que, para a salvação por meio do Johrei ser assimilada mundialmente, precisamos, por um lado, conhecer bem o pensamento e o anseios dominantes da época e, por outro, fazer com que as pessoas compreendam a atuação da nossa igreja. Para tanto, é importante ampliar, com base nos ensinamentos de Meishu-Sama, o conceito de Johrei que, até então, viemos interpretando, principalmente como meio para solucionar problemas de doença, pobreza e conflito. Se fizermos isto, conseguiremos ampliar também o escopo da salvação. Com o intuito de facilitar a compreensão do que estamos dizendo, gostaria de apresentar um breve retrospecto da evolução do johrei ao longo do tempo. 

            Evolução do Johrei

Religião lado a lado com as Práticas Médicas 

Em primeiro de Janeiro de 1935, Meishu-Sama fundou a Associação Kannon do Grande Japão (Daí Nippon Kannon Kai) que foi o embrião da Igreja Messiânica Mundial; o Johrei que praticamos hoje se chamava “Tratamento Espiritual de digitopuntura (shiatsu) no estilo Okada”. Naquela época, a Obra Divina era desenvolvida colocando-se a religião em pé de igualdade com as práticas médicas. O crescimento da nossa igreja foi tão expressivo que o então Jornal Tokyo Nichi Shinbun, um dos mais importantes na época, publicou uma matéria de página inteira intitulada “A celebridade do momento: O grande Mestre do Poder Kannon e as misteriosas graças promovidas por ele”.
A partir de 1936, porém, o militarismo intensificou-se, e o controle ideológico tornou-se ainda mais rígido. Devido á pressão das autoridades, Meishu-Sama dissolveu a Associação Kannon do Grande Japão e decidiu dar continuidade ás suas atividades sob a forma de terapia, por meio da Associação Japonesa de Saúde (Daí Nippon Kenko Kyo Kai) fundada por ele. Poucos meses mais tarde, a Polícia Metropolitana baixou uma ordem proibindo a prática dessas atividades terapêuticas, e a associação também foi dissolvida. 

De “Tratamento Espiritual de Digitopuntura (Shiatsu)” Para simplesmente “Método de Shiatsu”

Em Outubro de 1937, graças á influência de algumas pessoas importantes do mundo político que tiveram a vida salva pelo Johrei, a proibição foi suspensa. Contudo, as autoridades exigiram que Meishu-Sama definisse a natureza de suas atividades: se eram religiosas ou terapêuticas. Ele optou pela segunda alternativa e deu continuidade ao seu trabalho, chamando-o de “Método de Shiatsu no estilo Okada”. 
Assim, o aspecto religioso do seu trabalho foi deixado em segundo plano. O johrei daquela época era aplicado utilizando-se a ponta dos dedos ou a palma das mãos, movendo-a ligeiramente para esquerda e para a direita sobre a parte enfermas quase tocando o corpo do recebedor.  No dia 28 de novembro de 1940, mais uma vez, Meishu-Sama foi obrigado a interromper suas atividades, devido á pressão das autoridades. Desta vez, porém, o trabalho de difusão do johrei teve continuidade por intermédio de seus discípulos. 
Meishu-Sama passou a orientar e a incentivar a consolidação fé realizando encontros e entrevistas com eles. Sete anos mais tarde, em 10 de fevereiro de 1947, Meishu-Sama reformou o sistema: O trabalho que, então, venha sendo desenvolvido de modo descentralizado, utilizando- se o sobrenome de cada discípulo para dar nome aos centros de terapia (por exemplo: Método de Shiatsu no estilo (sobrenome do discípulo) foi unificado por meio da instituição da Associação de Divulgação da Terapia Japonesa de Purificação (Nippon Joka Ryoho Fukyu-Kai).

De “Tratamento Terapêutico para meio de criar Felicidade”


Em 30 de agosto de 1947, foi instituída a pessoa jurídica Igreja kannon do Japão (Nippon Kannon Kyodam), e o Johrei, que irá chamado de “chiryou” (tratamento), passou a ser denominado Okiyome (purificação). Somente em junho de 1948, ele recebe o nome de Johrei (purificação do espírito) como o conhecemos hoje. Conforme nos referimos há pouco, antes ele era aplicado utilizando-se a ponta dos dedos ou a palma das mãos e praticamente tocando o corpo do recebedor.
A partir desta mudança, ele deveria ser ministrado guardando-se uma distância de cerca de 10 cm e movimentando-se ligeiramente a mão para um lado e para o outro. Passados dois anos, em quatro de fevereiro de 1950, foi instituída a Igreja Messiânica Mundial (Sekai Meshiya Kyo) e o Grande Mestre passou a ser chamado de Meishu-Sama. Em maio do mesmo ano, ele sofreu perseguição religiosa e, em dezembro, publicou o artigo intitulado “Mudança no Método do Johrei”. Neste, explicou que, como se tratava de um método para irradiar a Luz Divina, ele deveria passar a ser transmitido por meio da imposição das mãos a uma distância de 30 a 60 cm, sem movimentá-las de um lado para o outro e tirando-se a força física.
Posteriormente, no ensinamento “Johrei e Felicidade”, publicado em 1952, Meishu-Sama deixaram claro o objetivo do Johrei: “Pode parecer que o Johrei da nossa igreja tem por finalidade a cura das doenças; na verdade, não é só isso. Ele tem um significado muito maior, sobre o qual vou escrever. Em poucas palavras, poderíamos dizer que ele é um meio de criar felicidade”.
Em primeiro de Julho de 1953, ele orientou: “Quanto mais profunda é a fé, maior se torna a força espiritual. Isto porque a “inteligência da percepção verdadeira” (Tie Shokaku) é a base”. Por meio desta orientação, Meishu-Sama está nos ensinando que o Johrei pode ser ministrado por qualquer pessoa que tinha recebido o Ohikari, porém a intensidade da luz varia fundamentalmente, de acordo com a elevação espiritual do ministrante. 

O Sonen – Johrei 

Depois que começou a purificar em 19 de abril de 1954, conta-se que Meishu-Sama, diversas vezes, comentou o seguinte: “A partir de agora, será o Mundo do Sonen. O Johrei vem em segundo lugar. Em primeiro, vem o sonen. Portanto, aprendam a imaginar”. (Jornal Tijo Tengoku, n.68). No Livro de Reminiscências sobre Meishu-Sama, consta que, certa vez ele permitiu que um dedicante que estava purificando ficasse sentado nem cantinho da sala na qual estava trabalhando alguns textos e que só de ficar ali, a pessoa melhorou. Na época, Meishu-Sama explicou: “Como a luz ficou mais intensa, é possível curar com o Sonen-Johrei”. (Reminiscências sobre Meishu-Sama).  

Tenho certeza de que, conforme vamos adentrando a Era do Dia, a Luz de Deus vai se tornando cada vez mais intensa. Entretanto, em minha opinião é fundamental reconhecer, com humildade, que por trás do Sonen-Johrei realizado por Meishu-Sama, existe um sonen sublime, pautada na inteligência de percepção verdadeira adequada no ritmo da nova era. A propósito ter inteligência da percepção verdadeira significa ter a extraordinária capacidade e sabedoria para captar a profunda razão das coisas. Em 10 de dezembro ou 1951, Meishu-Sama fez a seguinte advertência: “Saber entregar nas mãos de Deus é muito bom. Porém, é inadmissível deixar tudo por sua conta. Se pensarmos que tudo é vontade de Deus e ficarmos apenas nisso, acabaremos fracassando. Portanto, para distinguir uma situação da outra é preciso ter inteligência superior. Enfim, não podemos ficar presos somente a um ponto nem restritos á força humana. 
O importante é harmonizar todas as coisas. Dessa forma, podemos concluir que a inteligência da percepção verdadeira não é algo que podemos obter simplesmente contando com a força que vem de fora recebendo Johrei. Precisamos sim ter o desejo de nos aproximar de Meishu-Sama e nos empenhar para elevar nossa razão, sentimento e vontade. Portanto, o esforço humano é necessário. Quanto mais elevado o nível daqueles três se tornar, maior será o poder do Johrei e a sensação de plenitude interior. Assim, conseguiremos nos aproximar da felicidade. 

Diversas formas para purificar o Espírito

Em 10 de Dezembro de 1958, Nidai-Sama, herdeira da Obra Divina de Meishu-Sama, nos deu a seguinte orientação: “O maior objetivo do Johrei é construir o caminho para o Paraíso e fazer surgir e aumentar o número de seres humanos corretos. Se nos esquecermos deste objetivo e o Johrei for praticado visando somente á purificação, a religião não cumprirá sua missão original”.
Em minha opinião, o “Johrei que visa somente á purificação” é aquele que PE ministrado com o intento de solucionar os problemas que estão á nossa frente. Portanto, tenho a impressão de que Nidai-Sama está nos dizendo que existe um Johrei que não se reduz a isto. Na seqüência de sua orientação, ela disse: “É importante dar alimento á alma, ou seja, os ensinamentos”. Acredito que isto se relaciona ao artigo “Johrei através das letras”, escrito por Meishu-Sama, no qual ele diz que, ao lermos os textos escritos por ele, recebemos Johrei pelos olhos. Quando se referiu ao Jornal Hikari como “Balas de Luz”, em 1949, Meishu-Sama também nos ensinou o poder que os textos possuem.

Ampliando um pouco mais o conceito de Johrei, temos as seguintes palavras de Meishu-Sama: Qualquer pessoa que visite esse local (o Solo Sagrado) purificará seu espírito maculado pelas condições do mundo, e sua alma, completamente árida, será regada na própria fonte. (A Respeito do Paraíso Terrestre) Podemos concluir, a partir destas palavras, que só de pisar os modelos de Paraíso, a pessoa recebe Luz. Portanto, os Solos Sagrados também são uma forma de Johrei. Meishu-Sama ensina ainda que a apreciação de obras de alto nível artístico também eleva o espírito. A este respeito, escreveu o seguinte no ensinamento “A missão da Arte”; “O espírito dos artistas influenciará o espírito do povo. Falando mais claro, as vibrações espirituais imitidas pela alma do artista tocarão a sensibilidade das pessoas através das obras literárias, da pintura, dos instrumentos musicais, dos cantos, das danças, etc. O artista deve funcionar como orientador espiritual do povo”.  
E não se trata apenas de receber luz por meio da apreciação da arte. Mesmo que cada um não chegue a se tornar um “Orientador Espiritual do povo”, é importante produzir obras que manifestem o máximo possível, verdade, bem e belo, como artistas que proporcionam alegria e prazer aqueles que estão perto de si. Ao ler isto, pode haver quem diga; “Mas eu não tenho nenhum talento artístico, não sei pintar, não sei tocar nenhum instrumento!” Isto não é verdade. Afinal, Meishu-Sama não nos ensina que tanto o Johrei, a Agricultura Natural e a Construção dos Protótipos do Paraíso também são formas de arte? Praticar o Johrei, produzir alimentos seguros, pensando na saúde das pessoas, tornarem o lar e o ambiente de trabalho mais belos por meio de nossas palavras e atitudes enfim, todas as ações que empreendemos no sentido de tornar este mundo um lugar Paradisíaco não seriam formas de arte que também transmitem Luz? 

Tudo converge no “Johrei”

Eu recebo Johrei desde criança e, durante toda minha vida, pude sentir, em meu coro m seu poder. Depois que e tornei missionário, naturalmente ministrei Johrei a muitas pessoas que passavam por severas purificações e, nesses casos, também presenciei inúmeros milagres. Por isso, acredito que mais do que ninguém, compreendo o quanto o Johrei é maravilhoso. Fazendo, porém umas breves reflexões sobre minha atitude, na época em que estava na difusão, percebem que eu não me limitava á ministração do Johrei: cuidar, como Pai, de crianças que tinham ficado órfãs; transmitia e praticava os ensinamentos com intuito de melhorar, ao menos um pouquinho, a vida das pessoas, arrisquei minha vida, entrando em lugares perigosos, alegrei-me com aqueles que estavam felizes por terem recebido uma graça e chorei junto com aqueles que estavam sofrendo. Acredito que foi porque me dediquei desta maneira, desejando a felicidade das pessoas, que Deus concedeu a mim e a todas elas luz purificação e cura. Tenho certeza de que tudo o que realizamos com amor e sinceridade, pensando na felicidade do próximo, manifesta luz. Seja uma simples palavra, um sorriso, uma flor vivificada, uma hortaliça, uma refeição, a limpeza, o trabalho realizado, enfim tudo o que fazemos pensando no sentimento do outro libera Luz Divina. 

Com isto, o espírito e o sentimento de nossos familiares e de todos que tem afinidades conosco são purificados e suas vidas ganham energia e serenidade. Quando ocorre alguma tragédia, poderíamos dizer que as ações empreendidas por inúmeras pessoas de bom coração com o intuito de prestar ajuda ás vitimas bem como ás lágrimas e o suor derramado nesta empreitada, são numa visão bem ampla, uma forma de Johrei, que transmite ás pessoas o amor de Deus. O johrei, porém, não se limita a solucionar problemas: ele ajuda na prevenção dos mesmos, para que eles não ocorram. Assim, tudo converge no “Johrei”. Em outras palavras, o grande objetivo da Igreja Messiânica é que as coisas “Comecem e terminem com o Johrei”.
Quem neste mundo sentiria medo ou teria preconceito contra um trabalho desses? Se as nossas intenções forem bem compreendidas, tenho certeza de que as pessoas também compreenderão mais facilmente o johrei pela imposição das mãos, que é um exemplo puro de amor altruísta. Creio que a difusão e a formação de herdeiros da fé também ocorrerão naturalmente. 

Finalmente 

Atualmente, nossa igreja vem difundindo e desenvolvendo pesquisas sobre o Johrei como medicina alternativa. Mas seria apropriado dizer que este é somente um aspecto do que é o Johrei em sua essência. Precisamos praticar o Johrei que Meishu-Sama disse ter um “significado muito maior”. E, conforme ele nos ensinou este Johrei não se restringe á solução da purificação pela doença: antes, é o Johrei da prática do amor altruísta, que salva e conduz verdadeiramente as pessoas á felicidade eterna. É este “Johrei da Salvação” que precisamos praticar. Por meio dele, gostaria que cultivássemos o amor e a sinceridade, polindo e elevando nossa fé.


Esta atitude, tal como nos orientou Kyoshu-Sama, tem por objetivo consumar o propósito do Supremo Deus, qual seja: “fazer com que toda a humanidade retorne ao seu Paraíso e renasça como seus verdadeiros filhos para que o Paraíso Terrestre se estabeleça”. (Quatro de fevereiro de 2011). Se a pessoa se dedicar com todo amor e sinceridade á elevação da fé, um dia, conseguira se aproximar, ao menos um pouquinho, de Meishu-Sama, cuja existência, por si só , era luz. Mesmo não levantando as mãos, tudo o que ele fazia ou produzia se tornava luz, purificando o espírito das pessoas que estavam á sua volta. É nisto que acredito. 




Fonte: Revista Izunome
N.54 – Junho /2012 -São Paulo/SP.
Site: www.messianica.org.br
Igreja Messiânica Mundial do Brasil (Orientação do Revmo. Tetsuo Watanabe)








Cientistas da Saúde debatem sobre o Johrei



O Dr. Andrew Weil, Diretor do Centro de medicina Integrada da Universidade do Arizona e o Dr. Michael Dixon Presidente do Sistema Nacional de Segurança de Saúde da Inglaterra, visitaram o Japão em ocasiões diferentes, mas, durante a permanência no país, tiveram o primeiro contato com o Johrei e a Filosofia de Mokiti Okada. 


O Texto a seguir foi editado a partir de material produzido em vídeo sobre o encontro que eles mantiveram em Washington em Outubro de 2010, e que teve como foco principal a troca de impressões sobre a contemporaneidade das propostas de Mokiti Okada, a importância das pesquisas sobre o Johrei e sua atuação nos âmbitos científico e social. 

O Senhor introduziu no seu consultório a Prática da Terapia Espiritual como medicina complementar. Qual a receptividade dos seus pacientes com relação ao Johrei?


Dr. Michael Dixon: Para meus pacientes, o conceito que embasa a Prática do Johrei gera resultados, incríveis. Muitos deles dizem: “Infelizmente, não há nada que eu possa fazer pela minha garotinha ou pelo meu marido” ou algo parecido. Contudo, ao receberem informações sobre o Johrei descobrem algo que efetivamente funciona e que lhes dá uma visão completamente diferente sobre a vida, sobre coisas que podem fazer uns pelos outros. Isso lhes traz um novo modo de pensar ligado á Filosofia do Johrei.
Dr.Michael Dixon

É o dar e o receber e, portanto, você cria um paradigma de cura muito diferente, que não se refere ao paciente como sendo a vitima. É descobrir que você realmente pode fazer algo também ser capaz de compartilhar experiências com os outros. Acho que se trata de uma Filosofia maravilhosa um modo admirável de interagir de se comportar entre pessoas.


Quais as suas primeiras impressões sobre a Filosofia de Mokiti Okada?

Dr. Andrew Weil: Eu também fiquei impressionado quando fui ao Japão pela primeira vez. Lá, existe um movimento, uma tradição com a qual eu concordo inteiramente, em termos de princípios: a valorização da Arte e do Belo, a Agricultura Natural e este tipo de “cura” interativa. Acho isso muito bom até mesmo porque, com certeza, é coisas que eu aplico ou tento aplicar em minha vida. Esta é uma das razões por que eu me senti atraído pelo Johrei, desde a primeira vez que tive contato com ele.
Dr.Andrew Weil



Algum outro aspecto chamou a sua atenção, de modo particular?


Dr. Andrew Weil: Outro ponto da Filosofia de Mokiti Okada que eu achei muito atraente e útil é que ele define a doença como um processo de purificação. Essa abordagem está sendo capaz de dar ás pessoas um modo diferente de pensar a doença. Ao invés de ser algo terrível que está acontecendo com você, ela o está conduzindo a um ponto melhor de equilíbrio. Acho muito útil poder dar ás pessoas outros meios de conceituar a doença.


O Senhor é da mesma opinião?

Dr. Dixon: Realmente, esse é um conceito muito moderno. Veja bem: temos a atividade cancerígena e um sistema imunológico que está produzindo células contra aquele câncer o tempo todo. Em muitos casos, a patologia vence a batalha mas, se você resistir, sua sobrevida poderá ser bem mais longa se houver uma atitude mental correta com relação ao problema. Logo, este é o ponto de crença e do amor incondicional e coisas que as pessoas podem dar a elas mesmas. Isso também é ciência. 

Trata-se de uma Filosofia maravilhosa entusiástica e acho que criar associações ao redor do mundo, como vocês fazem, é muito importante. Na Inglaterra, temos essa terrível expressão que todos ficam repetindo: “A sociedade está doente, a sociedade acabou”. Tivemos “um governo que disse, há alguns anos, que não existe tal coisa como sociedade”. Agora temos um governo que diz que deseja criar uma grande sociedade. Os governos não podem criar coisas como essa. Elas precisam ser feitas pelas pessoas e estas estão se relacionando, do mesmo modo que eu acho que os Johrei estão mostrando como fazer isso. 


Como pioneiro da aplicação da medicina integrada, o Senhor vê algo inovador nos preceitos de Mokiti Okada?

Dr. Weil: Acho que a Filosofia de Mokiti Okada tem muito a oferecer, nos dias de hoje, em termos de como viver em harmonia com o meio ambiente e, sobretudo, como cultivar os alimentos apreciar o belo e descobrir o poder de cura que temos dentro de nós, podendo compartilhar isso com os outros. È uma Filosofia consistente e plenamente afinada com os preceitos da medicina integrada que PE praticada hoje. Há ainda um ponto que gostaria de abordar. Quando dou aula para médicos ou estudantes de medicina ou para o público em geral, freqüentemente faço a pergunta; “como podemos pensar que a única maneira legítima de tratar as doenças é prescrevendo medicamentos? “Está é uma questão importante. Tanto a ministração como a ingestão de remédios devem ser ações cuidadosas. 


Dr. Dixon concorda com esse ponto de vista?

Plenamente. Mokiti Okada estava muito á frente de seu tempo, não acha? Eu adoro a tendência dos pacientes de serem capazes de se curarem. Podemos transformar nossas vidas mudando nossa dieta, mudando o nosso pensamento com técnicas corporais, ou seja, lá o que for. Nós, médicos na verdade, deveríamos estar tratando as pessoas capazes de uma forma nova, orientando-as e esperando que elas sejam capazes e tratar a si próprias. Acho que, se pudéssemos resumir o que Mokiti Okada diz e colocar suas propostas no cérebro de todos os médicos, enfermeiros e terapeutas do país, isso diminuiria consideravelmente os gastos com saúde. 


O que fazer para levar essa nova visão ao maior número de pessoas possível?

Dr. Weil: Bem, o que eu acho interessante fazer é difundir a Filosofia de Mokiti Okada, que é uma Filosofia muito poderosa. Na verdade, ele é muito preciso. Logo, penso que familiarizar outras pessoas com os ensinamentos dele é muito importante, É muito valioso inclusive para mim e isso não precisa ser feito num contexto religioso.

Dr. Dixon: Exatamente. Mas é importante que as características do povo sejam preservadas. A Igreja Messiânica tem uma ampla membresia (grupo de pessoas que formam uma organização com uma norma ou princípios comuns a todos os participantes). No Brasil e eu acho que é porque o Johrei foi totalmente adaptado á cultura do País. Os Brasileiros são muito apaixonados, muito latinos, e a Prática do Johrei já incorporou essas características. O ideal seria formar pessoas que, tornando-se membros, poderiam difundir a Filosofia de Mokiti Okada de forma identificada com a cultura local. Apresentar um modelo já pronto, como se estivesse levando algo em que as pessoas deveriam acreditar é um método absoluto, no meu ponto de vista. 






Fonte: Revista IZUNOME
N. 47 – Novembro /2011 – São Paulo/SP.
Igreja Messiânica Mundial do Brasil
Site: www.messianica.org.br

Manual do Auto-johrei
Fonte: Portal Gotas de Luz