segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

COLETÂNEA DE TEXTOS DO EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Missão do Homem Culto na Terra


Não vos orgulheis por aquilo que sabeis, porque esse saber tem limites bem estreitos, no mundo que habitais. Mesmo supondo que seja uma das sumidades desse globo, não tendes nenhuma razão para vos envaidecer. Se Deus, nos seus desígnios, vos fez nascer num meio onde pudestes desenvolver a vossa inteligência, foi por querer que a usásseis em benefício de todos. Porque é uma missão que ele vos dá, pondo em vossas mãos o instrumento com o qual podeis desenvolver, ao vosso redor, as inteligências retardatárias e conduzi-las a Deus.

A Natureza do instrumento não indica o uso que dele se deve fazer? A enxada que o jardineiro põe nas mãos do seu ajudante não indica que ele deve cavar? E o que diríeis se o trabalhador, em vez de trabalhar, erguesse a enxada para ferir o seu senhor? Diríeis que isso é horroroso, e que ele deve ser expulso. Pois bem, não se passa o mesmo com aquele que se serve da sua inteligência para destruir, entre os seus irmãos, a idéia da Providência? Não ergue contra o seu Senhor a enxada que lhe foi dada para preparar o terreno? Terá ele direito ao salário prometido, ou merece, pelo contrário, ser expulso do jardim? Pois o será, não o duvideis, e arrastará existências miseráveis e cheias de humilhação, até que se curve diante d’aquele a quem tudo deve.

A inteligência é rica em méritos para o futuro, mas com a condição de ser bem empregada. Se todos os homens bem dotados se servissem dela segundo os desígnios de Deus, a tarefa dos Espíritos seria fácil, ao fazerem progredir a humanidade. Muitos, infelizmente, transformaram em instrumento de orgulho e de perdição para si mesmos. O homem abusa de sua inteligência, como de todas as suas faculdades, mas não lhe faltam lições, advertindo-o de que uma poderosa mão pode retirar-lhe o que ela mesma lhe deu.

Ferdinando

(Espírito Protetor, Bordeaux – 1862)
Fonte: Allan Kardec (O Evangelho segundo o Espiritismo)
(Tradução de J. Herculano Pires) – 55. Edição – São Paulo/SP.
Editora: LAKE – Fevereiro/2000 - Pág.: Capítulo: VII – (114,115)







Perdão das Ofensas 


Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo, perdoar aos amigos é dar prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se melhora. Perdoai, pois, meus amigos, para que Deus vos perdoe. Porque, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se guardardes até mesmo uma ligeira ofensa, como quereis que Deus esqueça que todos os dias tendem grande necessidade de indulgência? Oh, infeliz daquele que diz: Eu jamais perdoarei, porque pronuncia a sua própria condenação! Quem sabe se,mergulhando em vós mesmos, não descobrireis que fostes o agressor? Quem sabe se, nessa luta que começa por um simples aborrecimento e acaba pela desavença, não fostes vós a dar o primeiro golpe? Se não vos escapou uma palavra ferina? Usou-se de toda a moderação necessária? Sem dúvida o vosso adversário está errado ao se mostrar tão suscetível, mas essa é ainda uma razão para serdes indulgente, e para não merecer ele a vossa reprovação. 

Admitamos que fosseis realmente o ofendido, em certa circunstância. Quem sabe se não envenenastes o caso com represálias, fazendo degenerar numa disputa grave aquilo que facilmente poderia cair no esquecimento? Se depender de vós impedirdes as conseqüências, e não o fizestes,é realmente culpado. Admitamos ainda que nada tenda a reprovar na vossa conduta, e, nesse caso, maior será o vosso mérito, se vos mostrardes clemente. 

Mas há duas maneiras diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. Muitos dizem do adversário: “Eu o perdôo, enquanto que, interiormente,experimentam um secreto prazer pelo mal que lhe acontece,dizendo-se a si mesmo que foi bem merecido. 

Quantos dizem: “Perdôo, e acrescentam: “Mas jamais me reconciliarei; não quero vê-lo pelo resto da vida! “É esse o perdão segundo o Evangelho? Não. O Verdadeiro perdão é aquele que lança um véu sobre o passado. È o único que vos será levado em conta, pois Deus não se contenta com as aparências: sonda o fundo dos corações e os mais secretos pensamentos, e não se satisfaz com palavras e simples fingimentos. 

O esquecimento completo e absoluto das ofensas é próprio das grandes almas; o rancor é sempre um sinal de baixeza e de inferioridade. Não esqueçais que o verdadeiro perdão se reconhece pelos atos, muito mais que pelas palavras. 


Paulo (Apóstolo, Lyon – 1861) 
Pág.: Capítulo X – (139/140)

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