quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

DEUS E O INFINITO

Deus e o Infinito

O Que é Deus?

Deus é a Inteligência Suprema causa primária de todos as coisas. 

O Que devemos entender por Infinito?

Aquilo que não tem começo nem fim ; o desconhecido; tudo o desconhecido é infinito.(Os Espíritos se referem ao Universo. Tudo quanto nele conhecemos tem começo e tem fim; tudo quanto não conhecemos se perde no infinito. Aplicação da expressão francesa: passer du conner a I’ inconner).

Poderíamos dizer que Deus é o Infinito?

Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, insuficiente para definir as coisas que estão além da sua inteligência. Deus é infinito nas suas perfeições, mas o infinito é uma abstração; dizer que Deus é o infinito é tomar o atributo de uma coisa por ela mesma, definir uma coisa, ainda não conhecida, por outra que também não o é.

Provas da Existência de Deus 

Onde podemos encontrar a prova da existência de Deus?

Num axioma que aplicais ás vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e vossa razão vos rsponderá. Para crer em Deus é suficiente lançar os olhos ás obras da criação.O Universo existe; ele tem portanto, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa, e avançar que o nada pode fazer alguma coisa.

Que consequência podemos tirar do sentimento intuitivo que todos os homens trazem consigo da existência de Deus?

Que Deus existe; pois de onde lhes virá esse sentimento, se ele não se apoiasse em nada? É uma consequência do princípio e que não há efeito sem causa.

O sentimento íntimo da existência de Deus que trazemos conosco não seria o efeito da educação e o produto de ideias adquiridas? Se assim fose, porque os vossos selvagens também teriam esses sentimento? 

Se o sentimento da existência de um ser Supremo não fosse mais que o produto de um ensinamento, não seria universal e nem existiria como as nações científicas senão entre oe que tivessem podido receber esse ensinamento.

Poderámos encontrar a causa primária da formação das coisas nas propriedades íntimas da matéria?

Mas, então, que qual seria a causa dessas propriedades? É sempre necessária uma causa primária. Atribuir a formação primária das coisas ás propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, pois essas propriedades são em si mesmas um efeito, que deve ter uma causa. 

Que pensar da opinião que atribui a formação primaria a uma combinação fortuita da matéria ou seja ao acaso?

Outro absurdo! Que homem de bom- senso pode considerar o acaso como um ser inteligente? E , além disso o que é o acaso? Nada! A harmonia que regula as forças do Universo revela combinações e fins determinados, e por isso, mesmo um poder inteligente. Atribuir a formação primária do acaso, seria uma falta de senso. Porque o acaso é cego e não pode produzir efeitos inteligentes. Um acaso inteligente já não seria um acaso.

Onde se pode ver na causa primária uma inteligência suprema superior a todas as outras?

Tendes um provérbio que diz o seguinte: pela obra se conhece o autor. Pois bem: vede a obra e procurai o autor! É o orgulho que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite fora de si e é por isso que se considera um espírito forte. Pobre ser que um sopro de deus pode abater! Julga-se o poder de uma inteligência pelas suas obras. Como nenhum ser humano pode criar o que a Natureza produz, a causa primária há de estar numa inteligência superior á Humanidade. Sejam quais forem as prodígios realizados pela inteligência humana, esta inteligência tem também uma causa, e quanto maior for a sua realização, maior deve ser a causa primária. Esta inteligência superior é a causa primária de todas as coisas, qualquer que seja o nome pelo qual o homem a designe.

O homem pode compreender a natureza íntima de Deus? 

Não. Falta-lhe, para tanto, um sentido.

Será um dia permitida ao homem compreender o mistério da Divindade?

Quando o seu espírito não estiver mais obscurecido pela matéria é pela sua perfeição, tiver se aproiximado dela, então a verá e compreenderá. A inferioridade das faculdades do homem não lhe, permite compreender a natureza íntima de Deus. Na infância da Humanidade o homem o comfunde muitas vezes com a criatura, cujas imperfeições lhe atribui; mas, á medida que o seu senso moral se desenvolve, seu pensamento penetra melhor a fundo das coisas e le faz, então, a seu respeito, uma ideia mais justa e mais conforme com a boa razão, embora sempre incompleta.

Se não podemos compreender a natureza íntima de deus, podemos ter uma ideia de algumas de suas perfeições?

Sim, de algumas. O homem se compreende melhor, a medida que se eleva sobre a matéria; ele as entrevê pelo pensamento.

Quando dizemos que deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo –poderoso, soberanamente justo e bom, não temos uma ideia completa de seus atributos? 

Do vosso ponto de vista, sim , porque acreditais abrange tudo; mas ficai sabendo que há coisas acima da inteligência do homem mais inteligente, e para as quais a vossa linguagem limitada ás vossas ideias e ás vossas sensações, não dispõe de expresssões. A razão vos diz que Deus deve ter essas perfeições em grau supremo, pois se tivesse uma de menos ou que não fosse em grau infinito, não seria superior a tudo, e por conseguinte não seria Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus não deve estar sujeito a vivicissitudes e não pode ter nenhuma das imperfeições que a imaginação é capaz de conceber. Deus é eterno. Se ele tivesse tido um começo, teria saído do nada, ou então, teria sido criado por um ser anterior. É assimque, poco a pouco remontamos ao infinito e á eternidade.

É imutável = Se ele estivesse sujeito a mudanças as leis que regem o Universos não teriam nenhuma estabilidade.

É imaterial = Quer dizer, sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria, pois de outra forma ele não seria imutável, estando sujeito a transformações da matéria. 

É o único = Se houvesse muitos deuses, não haveria unidade de vistas nem de poder na organização do Universo.

É todo-poderoso = Porque é único. Se não tivesse o poder soberano, haveria alguma coisa mais poderosa ou tão poderosa quanto ele, que assim não teria feito todas as coisas. E aquelas que ele nçao tivesse feito seriam obras de um outro Deus.

É soberamente justo e bom = A sabedoria providencial das Leis Divinas se revela nas menores como nas maiores coisas, e esta sabedoria não nos permite duvidar da sua justiça, nem da sua bondade.



PANTEÍSMO 


Deus é um ser distinto ou será segundo a opinião de alguns a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas? 

Se assim fosse,Deus não existiria, porque seria efeito e não a causa; ele não pode ser, ao mesmo tempo, uma coisa e outra. Deus existe, não o podeis duvidar, e isso é o essencial. Acreditai no que vos digo e não queirais ir além. Não vos percais num labirinto de onde não podereis sair. Isso não vos tornaria melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos, porque acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, pois de lado, todos esses sistemas; tendes que vos desembaraçar de muitas coisas que vos tocam mais diretamente. Isto vos será mais útil do que querer penetraro que é impenetrável.

Que pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da natureza, todos os seres , todos os globos da Universo seriam partes da divindade e constituiriam pelo seu conjunto a própria divindade; ou seja que pensar da Doutrina Panteísta?

Não podendo ser Deus, o homem quer pelo menos ser uma parte de Deus. Os que professam essa Doutrina pretendem nela encontrar a demonstração de alguns dos atributos de Deus. Sendo os mundos infinitos Deus é por isso mesmo infinito; o vácuo ou o nada não existindo em parte alguma Deus está em toda a parte; Deus estando em toda a arte pois que tudo é parte integrante de Deus, dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. O que se pode opor a este raciocínio?

A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer-lhe o absurdo. Esta Doutrina faz de Deus um ser material que, embora dotado de inteligência suprema, seria em ponto grande aquilo que somos em ponto pequeno. Ora, a matéria se transformando sem cessar, Deus nesse caso não teria nenhuma estabilidade e estaria sujeito a todos as vicissitudes e mesmo de todas as necessidades da Humanidade; faltar-lhe-ia um dos atributos essenciais da Divindade: a imutabilidade. As propriedades da matéria não podem ligar-se á ideia de deus, sem que o rebaixemos em nosso pensamento, e todas as sutilezas do sofisma não conseguirão resolver o problema da sua natureza íntima. Não sabemos tudo o que ele é, mas sabemos aquilo que não pode ser, e este sistema está em contradição com as suas propriedades mais essenciais, pois confunde o criador com a criatura,precisamente como se quiséssemos que uma máquima engenhosa fosse parte integrante do mecânico que o concebeu.

A inteligência de Deus se revela nas suas obras, como a de um pintor no seu quadro; mas as obras de Deus não são o próprio deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e executou.


Fonte: O Livro dos Espíritos 
Autor: Allan Kardec – Tradução: J.Herculano Pires
60. Edição do 669 ao 688. Milheiro – Junho/1999
Pg.(55/59) 

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