sábado, 19 de abril de 2014

O DESPERTAR



O Despertar 

Meishu-Sama acordava mais ou menos ás sete e trinta hora em que um servidor o chamava, dizendo-lhe: “Está na hora”. Em seguida o servidor ligava o rádio e ainda na cama, Meishu-Sama ouvia os programas da N.H. K como, por exemplo, ”A visita de manhã”. Ás oito horas se levantava. 
Havia um rádio em cada compartimento de sua casa. Exceto quando saía estava sempre com o rádio ligado, mesmo nos momentos de trabalho, como se fosse um fundo musical. Sobretudo nunca deixava de ouvir noticiários. Quando Meishu-Sama dormia profundamente e custava a despertar, o servidor encarregado de acordá-lo chamava-o inúmeras vezes, após dar-lhe o seu primeiro Bom Dia! Vez por outra, o servidor ficava esperando até ás oito horas quando voltava a chamá-lo, dizendo: “Está na hora do noticiário”. Ás vezes, nem assim Meishu-Sama despertava. Nessas ocasiões, ao acordar dizia: “O noticiário já terminou? Doravante chamei-me em voz alta, sem cerimônia”. Diante da explicação do servidor. “É que o senhor estava dormindo tão profundamente...” – Meishu-Sama replicava: “Não importa quão profundamente eu esteja dormindo. Pode até sacudir-me para eu acordar. Não se deve ter compaixão barata”. 

O Banho 

Meishu-Sama levantava-se ás oito horas e imediatamente ia tomar banho. Lavava o rosto, tendo cuidados especiais com os dentes, pois, quando jovem, sofrera durante muito tempo de dores terríveis, que até o fizeram pensar em suicídio. O banho durava cerca de dez minutos, e mesmo no banheiro Meishu-Sama ouvia os noticiários pelo rádio portátil. A temperatura da água era bem baixa; para outras pessoas, quase insuportável. O servidor sempre a regulava com o termômetro: tanto no verão como no inverno devia marcar 38 graus (Meishu-Sama tomava outro banho ás cinco e meia da tarde) Se a temperatura estivesse um pouco mais baixa ou mais alta, o servidor era imediatamente repreendido, pois Meishu-Sama tinha os sentidos muitos aguçado. 

É curioso o fato de Meishu-Sama ouvir rádio até mesmo durante o banho, mas ele o fazia ainda, que estivesse extremamente atarefado; ouvia, sobretudo, os noticiários. Isso mostra seu grande interesse, como Fundador de uma religião, em estar sempre a par das mudanças, vinha-lhe á mente, com toda a clareza as soluções adequadas a cada caso. Ao ouvir, por exemplo, o programa “Doutor Rádio”, demonstrava um interesse extraordinário e ás vezes até fazia anotações. Certo dia, após sair do banho, Meishu-Sama foi para o seu quarto. Habitualmente, as pessoas que serviam diretamente com ele esperavam-no sair do banho para fazer-lhe a saudação matinal. (Os outros servidores saudavam-no na hora da primeira refeição). 

Exatamente nessa hora, um dos servidores chegou com um ou dois minutos de atraso, por estar terminando um serviço que Nidai-Sama lhe havia solicitado. Meishu-Sama repreendeu-o severamente durante trinta minutos, querendo saber como ele interpretava a saudação matinal. E depois o advertiu: ”Sabe por que nesta casa não há Imagem da Luz Divina? Se sabe, deve compreender o verdadeiro significado da saudação de todas as manhãs”. 

Leitura de Jornais 

Após o banho, e ainda que fosse inverno e estivesse nevando, Meishu-Sama ficava semi-despido ou de “Yukata” (roupa leve, para ser usada após o banho) e durante vinte ou trinta minutos lia os jornais matutinos. A esse respeito ele explicava: “Sinto muito calor, mesmo depois de um banho de água morna”. 

Meishu-Sama passava a vista em dezenas de jornais: não só nos jornais importantes de Tóquio, mas também nos regionais e marcava com um lápis vermelho os títulos dos artigos que desejava ir posteriormente com maiores detalhes. Á noite havia um horário destinado á leitura dos jornais, que era feita pelos servidores. Nisso, tal como em seu interesse pelo rádio, podemos descobrir um dos grandes segredos do vasto e profundo conhecimento que ele adquiriu sobre política, economia, religião, educação, arte e outros ramos da cultura, no seu dia-a-dia extremamente atarefado.


Fonte: Reminiscências sobre Meishu-Sama
Tradução(Igreja Messiânica Mundial do Brasil) - Vol. III
(Edição da Fundação Mokiti Okada - M.O.A)
2. Edição - Julho/1986 - São Paulo/SP.

As Visitas – O Barbeiro 

Após a refeição matinal, quando Meishu-Sama esperava outras visitas além dos fiéis, ele próprio trocava o quadro do Toko-no-ma e fazia as vivificações florais, preparando-se para recebê-las. Procedia assim não apenas com as suas visitas, mas também quando iam á sua casa os mestres de chá e de nagauta (modalidade de música cantada) de Nidai-Sama. Ele dispensava atenção a tudo. 

De dois em dois dias Meishu-Sama chamava o barbeiro, que alternadamente cortava-lhe o cabelo e fazia a barba. No início vinha um barbeiro de Tóquio. Entretanto, por um problema de horário, Meishu-Sama acabou por dispensá-lo chamando posteriormente um barbeiro local, que o serviu até a sua ascensão. Este se levantava metodicamente ás cinco horas da manhã, tomava seu banho e quinze minutos antes da hora marcada já se encontrava á disposição de Meishu-Sama. Aqui registramos uma recordação desse barbeiro: “Eu tinha o hábito de usar os melhores instrumentos quando ia a casa de Meishu-Sama. Se adquirisse outros de melhor qualidade,eram esses que eu usava. Um dia ele me disse: “A navalha de hoje é diferente, e a tesoura é nova não é? Mas estas “são melhores”. 

Disse isso sem ter visto ainda aqueles instrumentos, observação que só os profissionais, após exame cuidadoso, poderiam fazer. Fiquei pois impressionado, com a sensibilidade de Meishu-Sama que não titubeara ao fazer aquela observação. Quando o barbeiro ia cortar-lhe o cabelo, Meishu-Sama chamava um servidor para ler-lhe um livro ou uma revista ou então ouvia rádio. Gostava principalmente de ouvir a leitura de livros relacionados com Arte, Construção, etc. Quando o servidor cometia alguma falha, ele corrigia imediatamente. Nos dias em que não havia visitas, Meishu-Sama geralmente ditava ensinamentos ou corrigia os que ditarão na noite anterior. 


As Entrevistas 

Nessa época eram reservados dez dias do mês para as entrevistas. No dia 1 Meishu-Sama concedia entrevistas nãos Ministros; nos dias (5, 6, 7, 15, 16, 17, 25,26e27) aos fiéis em geral e aqueles que se reuniam na Sede provisória, situada no bairro de Sakemi. Meishu-Sama dava amplos esclarecimentos sobre religião, política, cultura e outros assuntos de livre escolha. 

Aproximadamente até o ano de 1952, ele sempre respondia ás perguntas que os fiéis formulavam por escrito. Nos últimos anos de sua vida, recebia as perguntas verbais dos Ministros e dava respostas imediatamente. Recebia também perguntas dos fiéis em geral, por intermédio deles. Nessa época, um jornalista expressou-se da seguinte maneira a respeito de uma entrevista realizada em Sakemi. “Fui tomado de espantos quando subi ao primeiro andar: um salão imenso de uma escada coberta de lona estava repleto de velhos e jovens, homens e mulheres totalizando um número superior a mil pessoas, que conversavam e riam alegremente. Parecia-me estar num salão de divertimento público, não havendo nada que lembrasse religião. Como eu não era fiel da igreja, mas um mero espectador intruso ficou retraído num canto. De repente, uma voz anunciou pelo alto-falante: “Iniciaremos, agora o Culto Matinal”. Todas as pessoas que estavam completamente descontraídas tomaram posição de sentido. O Culto era exatamente simples. Entoavam em uníssono uma oração chamada “Amatsu-Norito” e, em seguida um salmo da autoria do Fundador. 

“Acho que o Fundador vai aparecer”- pensei. Engolindo em seco fiquei com o olhar fixo na entrada, á direita do Toko-no-má.nesse lugar havia um quadro da Deusa Kannon , pintado pelo próprio Meishu-Sama. Sem muita demora, a porta corrediça se abriu e o Fundador entrou. Todos fizeram reverência ao mesmo tempo. Ele passou em frente dos assistentes e subiu a um local que ficava num plano mais alto; mais ou menos trinta centímetros de altura. Sobre uma mesa redonda, havia um microfone. O Mestre sentou-se na cadeira atrás da mesa. 

O Presidente da Igreja, que estava sentado na primeira fila, fez nova reverência e disse respeitosamente: “Meishu-Sama, faça o favor de conceder-nos sua orientação”. Calado o Fundador destampou a xícara de chá e bebeu um gole, dizendo em seguida: “Escrevi um artigo intitulado “Desejo a opinião dos Jornalistas”. Gostaria que o ouvissem. Um jovem recebeu o manuscrito das mãos do Mestre e leu-o diante de outro microfone. As entrevistas começavam ás onze horas e duravam cerca de uma hora. As leituras feitas pelos servidores versavam sobre religião, crítica de arte, problemas da atualidade etc. Ás vezes o Mestre os fazia ler textos humorísticos, de teor satírico, divertindo-se juntamente com eles”. 



Fonte: Reminiscências sobre Meishu-Sama 
(Tradução Igreja Messiânica Mundial do Brasil) 
Edição da Fundação Mokiti Okada – M.O.A
2. Edição- Julho/1986 – São Paulo/SP. Vol. III
Págs. (11 a 17) 








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