sábado, 6 de julho de 2013

Lendas e Fábulas

De Bem com a Vida 


Filó, a joaninha, acordou cedo. 
- Que lindo dia! Vou aproveitar para visitar minha tia. 
- Alô, tia Matilde. Posso ir aí hoje? 
- Venha, Filó. Vou fazer um almoço bem gostoso. 
Filó colocou seu vestido amarelo de bolinhas pretas, passou batom cor-de-rosa, calçou os sapatinhos de verniz, pegou o guarda-chuva preto e saiu pela floresta: plecht, plecht... 
Andou, andou... E logo encontrou Loreta, a borboleta. 
- Que lindo dia! 
- E pra que esse guarda-chuva preto, Filó? 
- É mesmo! - pensou a joaninha. E foi para casa deixar o guarda-chuva. 
De volta à floresta: 
- Sapatinhos de verniz? Que exagero! - Disse o sapo Tatá. Hoje nem tem festa na floresta. 
- É mesmo! - pensou a joaninha. E foi para casa trocar os sapatinhos. 
De volta à floresta: 
- Batom cor-de-rosa? Que esquisito! - disse Téo, o grilo falante. 
- É mesmo! - disse a joaninha. E foi para casa tirar o batom. 
- Vestido amarelo com bolinhas pretas? Que feio! Por que não usa o vermelho? - disse a aranha Filomena. 
- É mesmo! - pensou Filó. E foi para casa trocar de vestido. 
Cansada da tanto ir e voltar, Filó resmungava pelo caminho. O sol estava tão quente que a joaninha resolveu desistir do passeio. 
Chegando a casa, ligou para tia Matilde. 
- Titia vai deixar a visita para outro dia. 
- O que aconteceu, Filó? - Ah! Tia Matilde! Acordei cedo, me arrumei bem bonita e saí andando pela floresta. Mas no caminho... 
- Lembre-se, Filozinha... Gosto de você do jeitinho que você é. Venha amanhã, estarei te esperando com um almoço bem gostoso. 
No dia seguinte, Filó acordou de bem com a vida. Colocou seu vestido amarelo de bolinhas pretas, amarrou a fita na cabeça, passou batom cor-de-rosa, calçou seus sapatinhos de verniz, pegou o guarda-chuva preto, saiu andando apressadinha pela floresta, plecht, plecht, plecht... E só parou para descansar no colo gostoso da tia Matilde.


Autora: Nye Ribeiro

(Educadora e Jornalista)
Site: revistaescola.abril.com.br



O Nascimento do Mundo 

No início só havia Kore, a energia, vagando na escuridão do espaço infinito. Então, veio a luz e surgiram Ranginui, o Pai Céu, e Papatuanuku, a Mãe Terra. Rangi e Papa teve muitos filhos: Tangaroa, deus das águas; Tane, deus das florestas; Tawhirmatea, deus dos ventos; Tumatauenga, deus da guerra, que deu origem aos seres humanos; e Uru, que não era deus de nada. 

Rangi e Papa vivia num perpétuo abraço de amantes. Acontece que esse enlace apaixonado não deixava a luz penetrar entre seus corpos, onde ficavam os filhos. Obrigados a viveres apertados e sempre no escuro, os jovens resolveram dar um basta na situação. 

- Vamos matar Rangi e Papa e ficar livres deles! - disse Tumatauenga. 

- Não! - disse Tane. - Vamos apenas separá-los, empurrando um para cima e deixando o outro embaixo. Assim sobrará espaço para nós e a luz vai poder entrar. 

Todos acharam a idéia excelente. 

Tane, que era o mais forte de todos, firmou bem os pés em Papa, encaixou os ombros no corpo de Rangi e o empurrou para cima com toda a força. 

Os pais se separaram, mas - oh, decepção! - só um pouco de luz chegou ao mundo dos filhos. Além disso, Rangi e Papa estavam nus e, longe um do outro, sentiam muito frio. 

Comovido com a situação, Tane abrigou o pai com o negro manto da noite. 

Para a mãe fez um vestido com as mais verdes e tenras folhas e as flores mais coloridas. Em torno dela fez ondular as águas azuis dos mares e rios de Tangaroa. Os ventos de Tawhirmatea sopravam suavemente seus cabelos. Os filhos de Tumatauenga já começavam a povoar o mundo recém-criado. 

Olhando lá de cima os lindos trajes da mulher e sua participação no novo mundo, Ranginui ficou doente de inveja. Sua dor cobriu o mundo com uma névoa úmida e cinzenta. 

Refugiado em uma dobra do manto paterno, Uru chorava e chorava por não ter sido útil em nada aos pais e aos irmãos. Para que ninguém percebesse suas lágrimas, escondia-as em cestas e mais cestas. Mas Tane tudo percebera: 

-Uru, meu irmão, precisa de sua ajuda! 

- Nada tenho para dar, você bem sabe! 

- Ora, Uru, você tem tantas cestas... 

Surpreso e com medo de ser descoberto em sua fraqueza, Uru abaixou a cabeça: - Não tem nada dentro delas, irmão. 

Tane avançou e destampou uma das cestas. Dela voaram luzes faiscantes e risonhas para todos os lados. As lágrimas de Uru haviam se transformado em crianças-luz (para nós, estrelas)! 

- Uru, será que você podia me ceder duas de suas cestas? Seus filhos poderiam enfeitar e iluminar a morada de nosso pai... Uru concordou. As duas cestas foram passadas para Te Waka o Tamareriti, uma canoa muito especial. Tane conduziu a canoa até o céu, espalhando sobre o manto de Rangi milhares de estrelinhas que riam e piscavam umas para as outras o tempo todo. 

Quando Tane ia pegar a segunda cesta, esta tombou e se abriu, deixando as estrelas se espalharem numa grande faixa chamada Ikaroa, que cruzou o céu de lado a lado (para nós, a Via Láctea). Tane deixou Ikaroa e Waka o Tamareriti (que é a "cauda" da nossa constelação do Escorpião) no espaço celeste, onde se tornaram os guardiões das estrelas. 

Lenda Maori – Recontada por: Maria de La Luz 
Site: revistaescola.abril.com.br 







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