segunda-feira, 17 de junho de 2013

Meishu-Sama era assim...

Meishu-Sama era assim...
Uma Pessoa de Profunda Bondade


Quais as recordações que guardo do Fundador? Bem, como eu não passava de uma criança na época, tudo o que tenho são vagas lembranças. Porém, sei que o Sr. Mokiti era uma pessoa de profunda bondade. Ele tinha uma casa de campo em Kanazawa, próxima

à cidade de Yokohama. A esta casa eram levados não só os funcionários de sua loja, mas também os conhecidos dos funcionários quando ficavam doentes, para que pudessem se recuperar.

Mesmo pessoas com tuberculose eram conduzidas até lá, sem nenhum problema. Como até mesmo pessoas acidentadas eram encaminhadas, certa vez, um dos parentes que cuidavam da casa durante sua ausência, perdeu a paciência. Quando meu pai contraiu

Tifo, o Sr. Mokiti trouxe à nossa residência o Dr.Shota Matsumoto, que era amigo íntimo seu, e uma enfermeira. Meu pai estava de repouso, e o Sr. Mokitiveio buscá-lo especialmente, trazendo uma maca e disse-lhe: “Hospitais de isolamento não são nada bons. Por isso, o senhor vai ficar lá em casa até se Recuperar.” Colocou-o na maca e levou-o à sua casa, onde o tratou com o máximo de cuidado. Ele era, pois, realmente afetuoso e também uma pessoa muito generosa. Não falava muito, mas agia sempre.

De personalidade bastante agradável, não ficava reclamando, mesmo que sofresse algum revés. O Sr. Mokiti havia construído a casa em Kanazawa e, posteriormente, ele a deu à minha mãe. Após o falecimento de Taka, sua primeira esposa, disse à minha mãe: “Um dia, vou ter de me casar pela segunda vez. A senhora não ficaria muito à vontade se eu e minha esposa viéssemos passar as férias aqui. Por isso, ofereço-lhe esta casa. Use-a a vontade.” O Sr. Mokiti se dava muito bem com meu avô e costumavam jogar go*. Quando meu avô levava pessoas do povoado a Tóquio e também ia visitar o Sr. Mokiti, este não deixava ninguém ir para uma hospedaria: acolhia a todos em sua casa. Na verdade, ele recebia não só os parentes, mas até os conhecidos de conhecidos que eventualmente precisavam ir a Tóquio por algum motivo, como prestar vestibular ou um exame para obter a licença de enfermeiro.

Em compensação, parece que ele tinha um lado que dava medo às pessoas: quando alguém fazia algo errado, não adiantava desculpar-se. Lembro-me que, certa vez, alguém disse rindo: “Mokiti até parece estrangeiro... uma vez que tenha dito ‘não’, nada faz com que ele mude de opinião.”



Hanako Ukai, irmã de Taka,
(Primeira Esposa de Mokiti Okada)

Fonte: Revista IZUNOME
N.80- Dezembro/2012 – São Paulo/SP.
Site: www.messianica.org.br



Meishu-Sama era assim...
O Sabor do Alimento Diário

Creio que estávamos no ano de 1953, eu estava adoentado e passava por um período de repouso em Hakone, na região de Sengokuhara. Foi nessa ocasião que me encontrei com o Senhor Okada pela primeira vez. 
Não que, inicialmente, eu não tivesse certo preconceito por saber que ele era o Fundador de uma nova religião, o que me tirava toda a vontade de encontrá-lo. Todavia, ao vê-lo, vi que era bastante franco. Talvez esta não seja a palavra exata, mas não encontro uma melhor. Senti que ele não desejava mostrar mais do que era na realidade. Na sociedade, há fundadores de novas religiões que constroem uma imagem e tentam mostrá-la ás pessoas, mas o Senhor Okada não agia assim. Não tentava causar a impressão de ser superior ao que era realmente, não se dava a tal gesto.

Senti que este ponto o diferenciava de todos os outros. Uma pessoa que agia naturalmente está foi minha impressão. Depois disso, nós nos encontramos mais duas ou três vezes. Fiquei admirado com sua naturalidade, o que pode soar como falta de respeito, mas gostei de sua espontaneidade, de seu jeito de ser. Imagino que esta característica fazia com que ele conquistasse o coração das pessoas. Quando pensamos em religião, tendemos a ver os religiosos como pessoas hipócritas, que ostentavam uma falsa bondade. Contudo, posso dizer que o Senhor Okada não era assim, e isso me causou uma boa impressão. Eu sei que o Senhor Okada fazia maki-e(Tradicional trabalho de colagem artesanal japonês, no qual se utiliza, em geral, pó de ouro e prata para formar um desenho sobre uma superfície de laca). E, no que diz respeito ao seu gosto pela Arte, arrisco dizer que seu refinamento se deve muito mais á sua dedicação incansável no sentido de dominar o assunto e de fazer bem o que realiza, do que ao fato de possuir um olhar extraordinário. 

Assim como um sapateiro se aperfeiçoa pesquisando e criando calçados, todo e qualquer ser humano, para crescer, precisa ter um pouquinho do espírito “artesão” para se dedicar ardorosamente á concretização de alguma coisa e não ficar somente no campo abstrato. O Senhor Okada possuía o algo a mais que se adquire ao longo dessa jornada. Aparentemente, o caminho é estreito, mas ao longo do percurso, ele se amplia. Creio que esse é o seu caso. Penso que a compreensão dos problemas do cotidiano ou da felicidade humana advém não do acúmulo de doutrinas aprofundadas ou filosofias, mas da experiência que se adquire vivendo intensamente. 

A prática do Ofício como sendo o próprio viver seria a trajetória percorrida por qualquer artesão. Assim também era o Senhor Okada. Através do maki-e que é muito específico ele desbravou um grandioso caminho. Creio que ele não fazia maki-e por que queria ganhar dinheiro, mas por desejar ser capaz de produzir algo bem-feito. Num dado momento, enquanto se dedicava intensamente aquilo que fazia, vislumbrou a luz. Aprendeu-a e, ao atingir a sabedoria, passou a trilhar o caminho da religião. Enfim, para resumir quem era o Senhor Okada, diria que ele era como um alimento diário e não um prato sofisticado. Um alimento nutritivo, saboroso e sempre bem-vindo.


(Jun Takami/ Escritor)


Fonte: Revista IZUNOME
N.65 – Maio/2013 – São Paulo/SP.
Site: www.messianica.org.br







Nenhum comentário:

Postar um comentário