sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Revmo. Tetsuo Watanabe Orienta sobre a Verdadeira Ambição


Revmo. Tetsuo Watanabe orienta sobre a Verdadeira Ambição 

Meu Pai (Revmo. Katsuiti Watanabe, conselheiro da igreja Messiânica Mundial) sempre dizia francamente: “Como nós somos filhos de Deus, ter uma fé verdadeira significa viver de uma maneira que não o envergonhe”. Todos os seres humanos vêm a este mundo como portadores da Partícula Divina, outorgada por Deus, e de um corpo físico, concedido pelos Antepassados. 

Depois vão crescendo, começam a trabalhar, se casam, constroem o próprio lar, têm filhos e vão vivendo a vida como membros da sociedade. Depois nascem seus netos e bisnetos, o tempo passa, a morte chega e voltamos a ocupar nosso lugar ao lado de Deus. O lar é a base de aprendizado para que cada membro de nossa família possa ser um verdadeiro “filho de Deus”, ou seja, para que possa viver uma vida melhor. Acredito que, enquanto vamos conseguindo alcançar este objetivo,vamos também tendo a permissão de formar o Paraíso em nosso lar. 


Ambição maior a ser almejada pelos Jovens 

A frase “boys, e ambitious” são bastante famosas entre os japoneses e significa “Jovem, sejam ambiciosos”. Sua origem remonta a era Meiji, quando foi proferido pelo Professor William Smith Clark (1826-1886) que após ter sido Presidente da Massachusetts Agricultural College (atual University of Massachusetts Amherst) tornou-se o primeiro Presidente da escola de Agricultura de Sapporo (atual Universidade de Sapporo). Mas esta frase não pára aqui. 

Continua: “Mas não ambicionem dinheiro ou auto-engrandecimento, nem mesmo a aclamada fama, algo tão efêmero. Sejam ambiciosos, mas ambicionem chegar a ser o que um verdadeiro ser humano deve ser”. Essa é uma mensagem maravilhosa. O que é o “ser o que um verdadeiro ser humano deve ser”, mencionado por William Clark? Se “buscarmos tal resposta no Ensinamento Bom Senso”, veremos que Meishu-Sama, explica que a postura do “verdadeiro ser humano”. “Chega a tal ponto, que seus atos ou palavras jamais ferem o Bom Senso. Sempre inspira simpatia, sem dar indícios da religião a que pertence. No seu contato com os outros, assemelha-se á suave brisa da primavera. Suas maneiras são afáveis, modestas e gentis. Deseja crescente bem ao próximo e trabalha em favor do bem estar da comunidade”. Creio que aqui ele nos ensina como é uma “pessoa perfeita”. 

Dando continuidade ao tema pré-adolescência tratada no encontro passado, gostaria de refletir sobre o que os Jovens que estão em plena juventude (15 a 24 anos de idade) devem aprender. Considero muito importante estar sempre se questionando, seja em que idade for para não deixar desaparecer essa “ambição” de se tomar uma “pessoa perfeita”. 


A Juventude de Meishu-Sama 

Bem, em primeiro lugar gostaria de repassar com os senhores como foi a Juventude de Meishu-Sama. Aos 15 anos de idade Meishu-Sama ingressou no curso preparatório para a Escola de Artes de Tóquio, atual Universidade de Artes de Tóquio (Tokyo Geijutsu Daigaku). Porém, devido a uma doença ocular teve que abandonar o curso. Aos 16 anos ele tornou-se um apreciador do cinema começando a assistir filmes. Aos 17 anos foi acometido, duas vezes de pleurisia e posteriormente, foi desenganado por ter contraído tuberculose, mas curou-se adotando uma dieta vegetariana. 

Aos 20 anos falece sua irmã mais velha. Com o firme desejo de abrir futuramente uma loja de objetos de Arte e caligrafias Antigas com seu Pai, começa a se empenhar em adquirir um olhar clínico em relação a tais obras. Nessa época começa a estudar maki-ê, técnica na qual se decora uma peça de laca com pó dourado. Aos 22 anos toma conhecimento da Teoria da Intuição de Henri Bérgson, e do pragmatismo, de William James, apreciando efusivamente tais filosofias, o que o leva a se interessar mais pela filosofia ocidental. 
Aos 23 anos, após o falecimento de seu adorado Pai, busca a própria independência e abre um armarinho chamado Korindo, onde começa a comercializar peças de maki-ê de sua autoria. Tais peças são recebidas com grande popularidade por seus clientes, mas ele cortando um nervo do dedo indicador da mão direita, o que o obriga a encerrar a atividade de criação. Doença nos olhos, pleurisia, tuberculose, ferimento no dedo. Além disso, o falecimento de sua irmã e de seu Pai. Foi esse Meishu-Sama que, apesar de viver uma juventude na qual sofria um golpe atrás do outro, buscava uma luz que iluminasse as trevas que insistiam em escurecer o caminho rumo ao seu sonho de tornar-se um empresário.


A Perda do Equilíbrio e a Harmonia 

Bem, por volta dos 15anos de idade a criança começa a vivenciar o surgimento dos caracteres sexuais secundários, ou seja, uma mudança física tão radical que faz com que se perca o próprio equilíbrio psicológico. Simultaneamente ela começa a ver como funciona a sociedade e começa a tentar encontrar um equilíbrio entre si e a sociedade entre o eu e o outro. Aqui surge um conflito. A isso chamamos de puberdade, época de rebeldia uma fase a ser vivida para que a criança se torne um adulto, não há nada de especial nisso. É comum ouvir as pessoas que conhecem crianças que cometeram crimes durante essa fase dizer: ”Mas ele era um menino como qualquer outro, tão sério”. Nessa fase, em casa, a mesma criança pode ser muito agressiva com os pais e dizer “me deixe em paz”, não se meta comigo!”e, em outros momentos, ficar bastante dengosa. O desequilíbrio emocional é muito grande e como é um período de grande instabilidade, isso pode se transformar em um gatilho que faz com que se perca a capacidade de discernir entre o bem e o mal, o que pode levar a furtos e acidentes onde outras pessoas acabarão sendo feridos. 

Nessa fase, os pais devem procurar entender o estado psicológico de seus filhos, mas, ao mesmo tempo, também devem preocupar-se com mais um fato. Em primeiro lugar, seja qual for à situação, devem estar conscientes de que “seus filhos estão perdidos na meio de trevas profundas”. Nesse momento práticas como fazer o culto matinal e vesperal juntos e a troca de johrei, que até então era realizada como algo normal para a criança, é repentinamente deixada de lado. Como já disse anteriormente, esta é uma fase em que ela está tentando desesperadamente manter seu equilíbrio psicológico sozinha. Não será uma grande surpresa se ela também começar a duvidar da existência de Deus e dos Antepassados, e até mesmo a duvidar da própria fé. Na verdade eu acho que isso é que é normal. 
Quando as crianças estão assim, com um comportamento negativo, não é aconselhável tentar persuadi-la de que “Deus é assim” ou assado, obrigá-la a rezar, a ministrar johrei ou a dedicar. Isso pode acabar tendo efeito contrário e levar a criança a se afastar ainda mais de Deus. Os pais devem entregar a própria preocupação a Meishu-Sama e seguir orando para que ele encaminhe a criança. Depois, procurar não se afligir, deixar de se intrometer demais, como por exemplo, entrar no quarto do filho sem permissão, e confiar nele verdadeiramente, do fundo do coração. Ou seja, basta “aguardar o tempo certo”. Meu Pai houvesse o que houvesse, sempre confiou em mim por minha honestidade. Por isso eu também sempre me esforcei muito para nunca trair sua confiança. É muito importante para a criança sentir que seus pais confiam nela. Contar com a confiança dos pais significa também ser amado por eles. 

A Luz que Ilumina as Trevas 
Nesse momento, quando a criança se encontra em meio ás trevas, o amor e a postura de esforço dos pais será a luz a ser derramada para iluminar a escuridão. Sabemos que Meishu-Sama tinha o hábito de ler Biografias de grandes personagens que venceram grandes sofrimentos e obstáculos. A leitura desse tipo de obras faz com que a criança comece a sonhar também, se transforma em esperança, em luz. Escutar música, assistir filmes, apreciar obras de arte ou tocar algum instrumento também se transforma em luz, faz com que a criança se liberte dos sentimentos reprimidos e purifica o sentimento. Também é muito bom por Ikebana em todos os aposentos da casa. 
Durante essa fase também perdi minha mãe, a pessoa que eu mais amava no mundo, o que pesou em minha adolescência. Eu sofria e me perguntava “de onde viemos e para onde vamos?” Até que um dia decidi me meter em uma montanha sozinho e passei 10 dias no meio da natureza, afastado de tudo e de todos. A resposta que obtive nessa época foi “criar um segundo eu para observar para onde corre um barquinho feito de folha de bambu colocado em um rio”. 


Por outro lado, influenciado por meus irmãos mais velhos, comecei a ler livros estrangeiros, livros de ficção de todas as partes do mundo. Quando me sentia deprimido, lia poesias do decadentismo francês do século XIX e apesar de não ser um grande poeta, também escrevia algumas poesias. Assim, vivenciando a grande natureza e o emotivo amor mundano, obtive força para viver e aprendi a alegria de amar. Além disso, deparar-se com alguma passagem, texto ou palavra que consegue expressar a própria insegurança é uma grande ajuda para que se consiga entender a si próprio de uma maneira mais racional, mais lógica. Para mim, que era muito sensível muito suscetível nessa época, isso tudo se transformou em luz e tenho a impressão de que servir como ponte de travessia do meu mundo interior ao mundo exterior. Sendo assim, o mais importante é que os pais criem esse ambiente pleno de amor, beleza e esperança onde se consiga perceber a luz. Se a criança se sente bem aí, acredito que um dia conseguirá sair desse mundo de trevas e isso também servirá como educação para os próprios pais. 

Auto-realização e Autonomia
Bem, quando se consegue estabelecer certo equilíbrio entre o próprio interior e o exterior, mesmo que este ainda não seja total, nossos filhos começam ao mesmo tempo, a ter uma idéia vaga do seu EU, ou seja, começam, a saber, “quem “são, “o que” querem fazer. Diante disso, eles partem para a auto-realização (conscientização e manifestação de próprio potencial), tentando concretizar seus sonhos, ainda que sejam vagos. Para conseguir isso eles precisam sair de casa. Meishu-Sama estabeleceu o armarinho Korindo aos 23 anos de idade, tornando-se independente. E ele mesmo nos ensina que “Na verdade, quando os filhos chegam á juventude devem sair da casa dos pais. Se ficam muito tempo junto dos pais, sua vitalidade, sua energia não se desenvolve” (20 de novembro de 1949). Sendo assim, os pais devem estimular a independência dos filhos. Solteiros que, mesmo após os 30 anos, não conseguem se fixar em um trabalho depende da ajuda financeira dos pais e continuam vivendo na casa dos pais não existem somente no Japão, casos assim estão aumentando também em países desenvolvidos da Europa. Cada um deve ter seu motivo, mas não considero este fato positivo. O Professor Masataka Nobuo, que trabalha no laboratório de Primatologia da Universidade de Kyoto, me cita seu livro Ketai wo Motta Saru (Macacos de celular, tradução livre. Editora: Chuokoron Shinsha) que os pais dos primatas eram super protetores e quando nascia um descendente, este passava quase a vida inteira com a família. 
Voltar-se para fora da família era algo raro e nos mostra um aspecto bastante semelhante ao “adulto que não alcança a própria autonomia”. Este fato pode servir como uma advertência de que o ser humano está perdendo seu lado humano, voltando a ser um primata. Se considerarmos que tornar-se independente dos pais é um traço de evolução que difere o homem do macaco, a separação de pais e filhos é algo triste, sem dúvida, mas é também um verdadeiro motivo de alegria. Além disso, a partir de então os filhos aprimorarão seu caráter humano e se aproximarão da perfeição, ou seja, como tem a tarefa de se “divinizar” de aproximar-se do “ser humano perfeito”, ser um “Verdadeiro filho de Deus”, esse período é o mais adequado, podemos mesmo chamá-lo de período preparatório. 
Sendo assim, espero que os pais, porque amam seus filhos, façam com que saiam de casa. Mesmo que tenham que empurrá-los, devem dar a eles a oportunidade de respirar outros ares. Nesse momento os filhos se conscientizarão de sua imaturidade, de sua impotência e, quando sentirem a necessidade, procurarão aprender mais, aprenderão a cozinhar e a fazer faxina, a evitar o perigo, a se relacionar com os outros, enfim, conseguirão fazer seu estágio na escola da vida e aprenderão a viver. 

Um Convite ao contato com outras Culturas
Nidai-Sama também nos ensina: “Se o jovem ficar só em casa, em plena fase de desenvolvimento, tanto seu corpo físico quanto seu espírito não crescerá. Se ficar confinado dentro da igreja, mesmo que tenha pontos positivos, quando participar de reuniões externas ou for trabalhar com outros grupos, não conseguirá se ambientar. Com isso, acabará tendo prejuízo, pois, mesmo que suas idéias sejam boas, não será capaz de expô-las claramente. Pertencer á Juventude Messiânica Mundial e permanecer retraído no interior da igreja, não é nada interessante”. (Fonte da Sabedoria, volume jovens, 23 de Novembro de 1960). 
Atualmente, quando a globalização avança, creio que proporcionar aos jovens dessa faixa etária a oportunidade de, através de intercâmbios estudantis, vivenciarem a cultura de outros países é algo muito importante para ampliar sua visão de mundo. Eu deixei de viver na casa de meus pais aos 22 anos. Parti para o Brasil para me dedicar á Difusão Pioneira, onde passei a viver uma vida totalmente diferente da que vivia no Japão: tive que viver na pobreza, quase mendigando, o que mexia com meu amor próprio. Além disso, não foram poucas às vezes em que perdi as esperanças e sofri, me sentindo extremamente só. Mas depois de ter passado por esta experiência, meus valores mudaram radicalmente, creio que minha visão ficou mais ampla. Hoje me lembro desse sofrimento com carinho, pois graças a isso tive a permissão de viver maravilhosas experiências e tenho também infinita gratidão a Deus e a Meishu-Sama por sua sagrada proteção.
Agradeço também, profundamente, a coragem e o amor de meus pais que me enviaram a um país estrangeiro e apoiaram minha independência do fundo de seus corações. Ao reconhecer a existência de diversas culturas ou caráter distintos á nossa e procurar compreendê-las, deixamos de tentar excluí-las e começamos a buscar um meio de coexistência. Se não reconhecermos que a Partícula Divina existe também dentro de pessoas distintas de nós, ou seja, se não possuirmos um amor Daijo, não seremos aceitos e não conseguiremos difundir o desejo de Meishu-Sama ás pessoas que estão ao nosso redor e muito menos ao mundo. Acredito que um elemento humano que consiga contribuir com a cultura da humanidade, como Meishu-Sama nos ensina em o saber das coisas quando fala sobre “experimentar ilimitadamente tudo que existe no mundo, penetrar, captar a essência das coisas e exprimi-la de alguma forma”, só começa a surgir realmente com o acúmulo de experiências. A propósito, há uma razão particular para Meishu-Sama nos ensinar que a expressão “saber das coisas”, que em Japonês corresponde a mono wo shiru, é uma expressão perfeita em japonês, da qual devemos nos orgulhar.

A palavra mono nesta expressão corresponde á palavra “coisa” na tradução ao português, mas não se refere somente á matéria, objeto. Refere-se também á palavra MONO presente nas palavras MONO-NO-AWARE (o efêmero, o pathos) MONO-NO-KÊ (espírito encostado), MONO-GATARI (lenda), ou seja, é uma palavra que se refere ao “que tem vida, algo espiritual”.

A Caixa de Pandora 
A mitologia grega nos fala da caixa de Pandora. Esta lenda nos fala de dois irmãos: O Titãs Prometeu e Epimeteu. O nome Prometeu, em grego, significa premeditar, ou seja, ele tinha a capacidade de premunir, prever. Por outro lado, Epimeteu tinha em seu nome o prefixo EPI, com o sentido de “após”, sendo atribuída uma percepção tardia. Zeus se enfureceu com o fato de Prometeu (que, de acordo com uma versão, é o criador do Homem) ter roubado o fogo dos deuses para concedê-lo aos seres humanos e enviou sua filha Pandora, jovem de extrema beleza e que tinha em seu poder uma caixa misteriosa, para viver com Prometeu entre os homens. Porém, quando a jovem Pandora chegou á casa dos titãs, Prometeu havia saído e Epimeteu estava sozinho em casa. Embevecido com a beleza de Pandora haveria sido expulsa, mas isso era impossível para Epimeteu, que tinha uma percepção tardia dos fatos. Em companhia de Epimeteu, Pandora tomada pela curiosidade acabou abrindo a caixa oferecida por Zeus, apesar de este ter dito que “não a abrisse sob nenhuma circunstância”. No momento em que abriu a tampa da caixa, saíram daí a doença, a pobreza, o conflito, tragédias, enfim a origem de todos os males escapou e se espalhou em todas as direções. Pandora se apressou e tentou fechar novamente a tampa da caixa, mas já era tarde demais. A única coisa que havia sobrado dentro da caixa era a esperança. 

A terra, que até então era plena de felicidade, viu a infelicidade se espalhar por todo o mundo e os seres humanos passaram a viver aferrado somente á esperança. Acredito que devemos criar nos jovens de hoje a capacidade que foi concedida a prometeu, de prever, de premunir, e não a percepção tardia concedida a Epimeteu. Assim não repetiremos os erros tolos cometidos pela humanidade no passado e, evitando-os a luz brilhará e conseguiremos construir um mundo de abundância. Por isso devemos também estabelecer nossa “Grande Ambição”, aprendendo com base na “postura do verdadeiro ser humano” ensinado por Meishu-Sama. 

Desejo, ainda, que os jovens tenham coragem de partir rumo ao desconhecido, encontrar muitas pessoas, passar por muitas experiências e encontrar o ponto de apoio para adquirir uma ampla visão de mundo. Acredito que esta postura será a grande força porque se consiga ampliar o desejo de Meishu-Sama a todo o mundo e para formar o Paraíso na época contemporânea, que esta perdida em meio ao caos. 



OBS: Presidência Mundial – A Formação do Paraíso no Lar – 3. Parte 
Orientação: Revmo. Tetsuo Watanabe
Fonte: Revista IZUNOME 
N.22 – Novembro/2009 – São Paulo/SP.








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