Tenha Paciência meu Filho!
Quando Dona Maria João de Deus desencarnou, em 29 de setembro de 1915, Chico Xavier, um de seus nove filhos, foi entregue aos cuidados de Dona Rita de Cássia, velha amiga e madrinha da criança. Dona Rita, porém, era obsidiada e, por qualquer bagatela, se destemperava irritadiça. Assim é que o Chico passou a suportar, por dia, várias surras de varas de marmeleiro, recebendo, ainda, a penetração de pontas de garfos no ventre, porque a neurastênica e perversa senhora inventara esse estranho processo de tortura.
O garoto chorava muito, permanecendo horas e horas, com os garfos dependurados na carne sanguindenta e corria para o quintal, a fim de desabafar e, porque a madrinha repetia nervosa: Este menino tem o diabo no corpo. Um dia, lembrou-se a criança de que a Mãezinha orava sempre, todos os dias, ensinando-o a elevarem o pensamento a Jesus e sentiu falta da prece que não encontrava em seu novo lar. Ajoelhou-se sob velhas bananeiras e pronunciou as palavras do Pai Nosso que aprendera dos lábios maternais. Quando terminou, Oh! Maravilha!
Sua progenitora, Dona Maria João de Deus, estava perfeitamente vivo ao seu lado. Chico, que ainda não lidara com as negações e dúvidas dos homens, nem por um instante pensou que a Mãezinha tivesse partido para as sombras da morte. Abraçou-a, feliz, e gritou: Mamãe, não me deixe aqui. Carregue-me com a senhora. Não posso, - disse a entidade, triste. Estou apanhando muito, mamãe! Dona Maria acariciou-o e explicou: Tenha paciência, meu filho. Você precisa crescer mais forte para o trabalho. E quem não sofre não aprende a lutar. Mas, tornou a criança minha madrinha diz que eu estou com o diabo no corpo... Que tem isso? Não se incomode. Tudo passa e se você não mais reclamar, se você tiver paciência, Jesus ajudará para que estejamos sempre juntos.
Em seguida, desapareceu. O pequeno, aflito, chamou-a em vão. Desde esse dia, no entanto, passou a receber o contato de varas e garfos sem revolta e sem lágrimas. Chico é tão cínico – dizia Dona Rita, exasperada, que não chora, nem mesmo a pescoção. Porque a criança explicava ter a alegria de ver sua mãe, sempre que recebia as surras, sem chorar, o pessoal doméstico passou a dizer que ele era um “menino aluado”. E, diariamente, á tarde, com os vergões na pele e com o sangue a correr-lhe em pequeninos filetes do ventre o pequeno seguia, de olhos enxutos e brilhantes, para o quintal, a fim de reencontrar a mãezinha querida, sob as velhas árvores, vendo-a e ouvindo-a depois da oração. Assim começou a luta espiritual do médium extraordinário que conhecemos.
O valor da Oração
A madrinha do Chico, por vezes, passava tempo entregue á obsessão. Assim é que, nessas fases, a exasperação dela era mais forte. Em algumas ocasiões, por isso, condenava o mínimo há vários dias de fome. Certa feita, já fazia três dias que a criança permanecia em completo jejum. Á tarde, na hora da prece, encontrou a mãezinha desencarnada que lhe perguntou o motivo da tristeza com a qual se apresentava.
Então, a senhora não sabe explicou o Chico tem passado muita fome. Ora, você está reclamando muito, meu filho! Disse Dona Maria João de Deus menino guloso tem sempre indigestão. Mas hoje bem que eu queria comer alguma coisa. A mãezinha abraçou-o e recomendou: Continue na oração e espere um pouco. O menino ficou repetindo as palavras do Pai Nosso e daí a instante um grande cão da rua penetrou o quintal. Aproximou-se dele e deixou cair da bocarra um objeto escuro, era um jatobá saboroso. Chico recolheu alegre, o pesado fruto, ao mesmo tempo em que reviu a mãezinha ao seu lado, acrescentando. Misture o jatobá com água e você terá um bom alimento. E, despedindo-se da criança, acentuou: Como você observa meu filho, quando oramos com fé viva até um cão pode mos ajudar, em nome de Jesus.
Conselho Materno
Dona Rita de Cássia criava em sua casa, como filho adotivo, um sobrinho de nome Moacir, menino de onze anos a doze anos de idade. Moacir trazia larga ferida na perna, quando a Dona Rita ,mandou chamar D. Ana Batista, antiga benzedeira da localidade denominada Matuto, hoje Santo Antonio da Barra nos arredores de Pedro Leopoldo. D. Ana examinou a úlcera e informou: Aqui só uma “simpatia” dará resultado. Qual? Perguntou a madrinha do Chico. Uma criança deve lamber a ferida por três sextas-feiras continuadas, pela manhã, em jejum.
E D. Rita perguntou: Chico serve? A benzedeira observou e declarou; Muito bem lembrado. Isso ocorria numa quinta-feira. Á tarde, quando o menino foi á prece, sob as árvores encontrou D. Maria João de Deus, em espírito, e contou-lhe, chorando que no dia seguinte ele deveria tomar parte na “simpatia”. Você deve obedecer, meu filho. A senhora acha que eu devo lamber a ferida do Moacir? ; Mas vale lamber feridas que fazer aborrecimentos nos outros falou o espírito maternal, você é uma criança e não deve contrariar sua madrinha. E a senhora crê que isso poderá curar o doente? Não. Isso não é remédio? Mas dará bom resultado para você mesmo, porque sua obediência dará tranqüilidade á sua madrinha. E, vendo que o menino hesitava, continuou: Seja humilde, meu filho. Se você ajudar a paz de que precisamos, você lamberá a ferida e nós faremos o remédio para curá-la.
No outro dia, Chico obedeceu á ordem. Na sexta-feira imediata repetiu a estranha operação e a úlcera desapareceu. Quando lambeu a ferida pela terceira vez, viu o Espírito de sua mãe, sorridente, ao seu lado. Extático, viu-a abraçar Dona Rita. E Dona Rita transformada, acariciou-o pela primeira vez, e disse-lhe bondosa: Muito bem, Chico. Você obedeceu direitinho. Louvado seja Deus! E depois de dois anos de flagelação, o Chico teve a felicidade de passar uma semana inteira sem garfadas e sem vergões.
O Anjo Bom
Dois anos de surras incessantes. Dois anos vivera o Chico junto da madrinha. Numa tarde muito fria, quando entrou em colóquio com Dona Maria João de Deus,Chico implorou: Mamãe, se a senhora vem nos ver, porque não me retira daqui? O Espírito carinhoso afagou-o e perguntou: Por que está você tão aflito? Tudo, no mundo, obedece á vontade de Deus. Mas a senhora sabe que nos faz muita falta.
A mãezinha consolou-o e explicou: Não perca a paciência. Pedi a Jesus para enviar um anjo bom que tome conta de vocês todos. E sempre que revia a progenitora, o menino indagava: Mamãe, quando é que o anjo chegará? Espere meu filho! Era a resposta de sempre. Decorridos dois meses, o Sr. João Cândido Xavier resolveu casar-se em segundas núpcias. E Dona Cidália Batista, a segunda esposa, reclamou os filhos de Dona Maria João de Deus, que se achavam espalhados em casas diversas. Foi assim que a nobre senhora mandou buscar também o Chico. Quando a criança voltou ao seu antigo lar contemplou a madrasta que lhe estendia as mãos.
Dona Cidália abraça-o e beijo-o com ternura e perguntou: Meu Deus onde estava este menino com a barriga deste jeito? Chico encorajado com o carinho dela abraçou-a também, como o pássaro que sentia saudades do ninho perdido. A madrasta bondosa fitou-o bem nos olhos e indagou: Você sabe quem sou meu filho? Sei sim. A senhora é o anjo bom de que minha mãe já falou. E, desde então, entre os dois, brilhou o amor puro com que o Chico seguiu a segunda mãe, até á morte.
Dinheiro
O dinheiro não é luz, mas sustenta a lâmpada. Não é a paz, no entanto, é um companheiro para que se possa obtê-la.
Não é calor, contudo, adquire agasalho. Não é o poder da fé, mas alimenta a esperança.
Não é amor, entretanto, é capaz de erguer por valioso ingrediente na proteção afetiva.
Não é tijolo de construção, todavia assegura as atividades que garantem o progresso.
Não é cultura, mas apóia o livro.
Não é visão, contudo, ampara o encontro de instrumentos que ampliam a capacidade dos olhos.
Não é base da cura, no entanto, favorece a aquisição do remédio.
Em suma, o dinheiro associado á consciência tranqüila, alavanca do trabalho e fonte da beneficência, apoio da educação e alicerce da alegria, é uma bênção do céu que de modo imediato, nem sempre faz felicidade, mas sempre faz falta.
(Bezerra de Menezes / Francisco Cândido Xavier)
A Horta Educativa
Quando Dona Cidália reuniu os filhos menores de Dona Maria João de Deus, observou que eles precisavam do grupo escolar. O Sr. Cândido Xavier, Pai da numerosa Família, foi consultado. Entretanto, a situação era difícil. 1918, a época a que nos referimos, marcaram a passagem da gripe espanhola. Tudo era crise, embaraço. E o salário, no fim de mês, dava escassamente para, o necessário. Não havia dinheiro para cadernos, lápis e livros. A madrasta, alma generosa e amiga, chamou o enteado e lembrou: Chico, vocês precisam ir á escola. E como não há recurso para isso, vai plantar uma horta.
Adubaremos a terra, plantarei os legumes e você fará a venda na rua. Com o resultado, espero que tudo se arranje. A senhora pode contar comigo, prometeu o menino. A horta foi plantada. Em algumas semanas, Chico já podia sair á rua com o cesto de verduras. Olhe a Couve, a Alface! Almeirão e repolho! E o povo comprava. Cada molho de couve ou cada repolho valia um tostão. Dona Cidália guardava o produto financeiro num cofre.
Quando abriram o cofre, Dona Cidália guardava o produto financeiro num cofre. Quando abriram o cofre, Dona Cidália, feliz falou para o enteado: Você está vendo o valor do serviço? Agora vocês já podem freqüentar as aulas do grupo. E foi assim que, em janeiro de 1919, Chico Xavier começou o A-B-C.
A História da Chave
Com a saída do chefe da casa e dos filhos mais velhos para o trabalho e com a ausência das crianças na escola, Dona Cidália era obrigada, por vezes, a deixar a casa, a sós, porque devia buscar lenha, á distância. Aí começou uma dificuldade. Certa vizinha, vendo a casa fechada, ia ao quintal e colhia as verduras. A madrasta bondosa preocupou-se. Sem verduras não haveria dinheiro para o serviço escolar. Dona Cidália observou, observou.
E ficou sabendo que lhes subtraía os recursos da horta. Entretanto, repugnava-lhe a idéia de ofender uma pessoa amiga por causa de repolhos e alfaces. Chamou, então, o Chico e lembrou. Meu filho, você diz que, ás vezes, encontra o Espírito de Dona Maria. Peça-lhe um conselho. Nossa horta está desaparecendo e, sem ela, como sustentar o serviço da escola? Chico procurou o quintal á tardinha e rezou e, como das outras vezes, a mãezinha apareceu. O menino contou-lhe o que se passava e pediu-lhe socorro. D. Maria então lhe disse: Você diga á Cidália que realmente não devemos brigar com os vizinhos que são sempre pessoas de quem necessitamos. Será então aconselhável que ela dê a chave da casa à amiga que vem talando a horta, sempre que precise ausentar-se, porque desse modo a vizinha, ao invés de prejudicar os legumes, nos ajudará a tomar conta deles.
Dona Cidália achou o conselho excelente e cumpriu a determinação. Foi assim que a vizinha não mais tocou nas hortaliças, porque passou a responsabilizar-se pela casa inteira. De novo reunido á família, Chico Xavier, fosse por que tivesse retornado á tranqüilidade ou porque houvesse ingressado na escola, não mais viu o Espírito da mãezinha desencarnada. Entretanto, passou a ter sonhos. Á noite, no repouso, agitado, levantava-se do leito, conversava com interlocutores invisíveis e, muitas vezes, despertava pela manhã, trazendo notícias de parentes mortos, contando peripécias ou narrando sucesso que ninguém podia compreender. João Cândido Xavier, a conselho da segunda esposa, que se interessava maternalmente pela criança, conduziu Chico ao Padre Sebastião Scarzelli, antigo vigário da cidade de Matozinhos, nas vizinhanças de Pedro Leopoldo, que depois de ouvir o menino, por algumas vezes, em confissão, aconselhou João Cândido a impedir que o rapazinho lesse jornais, livros ou revistas.
Chico devia estar impressionado com más leituras dizia o sacerdote aqueles sonhos não era outra coisa senão perturbações, porque as almas não voltam do outro mundo. Intrigado por ver que ninguém dava crédito ao que via e escutava, em sonhos, certa noite, rogou, em lágrimas, alguma explicação da progenitora de quem não se esquecia. Dona Maria João de Deus apareceu-lhe no sonho, calma, e bondosa, e o Chico deu-lhe a conceder as dificuldades em que vivia. Ninguém acreditava nele clamou. Mas o conselho maternal veio logo: Você não deve exasperar-se. Sem humildade, é impossível cumprir uma boa tarefa. Mas, mamãe, ninguém acredita em mim; Que tem isso, meu filho? Mas eu digo a verdade.
A verdade é de Deus, e Deus sabe o que faz, disse a generosa entidade. Chico, porém choramingou: Não sei se a senhora sabe, papai e o padre estão contra mim. Dizem que estou perturbado. Dona Maria abraçou-o e disse: Modifique seu pensamento. Você é ainda uma criança e uma criança indisciplinada. Cresce com a desconfiança e com a antipatia dos outros. Não falte ao respeito para com seu pai e para com o padre. Eles são mais velhos e nos desejam todo o bem. Aprenda a calar-se.
Quando você lembrar alguma lição ou alguma experiência recebida em sonho, fique em silêncio. Se for permitido por Jesus, então, mais tarde virá o tempo em que você poderá falar. Por enquanto, você precisa aprender a obediência para que Deus, um dia conceda ao seu caminho a confiança dos outros. Desde essa noite Chico calou-se e Dona Maria João de Deus passou algum tempo sem fazer- se visível.
A Lição da Súplica
Certa noite, o Chico alquebrado pelos obstáculos, orava antes do sono, rogando a Jesus múltiplas medidas e soluções para os problemas que o apoquentavam. Mais de quarenta minutos já havia empregado no petitório, quando lhe surgiu Dona Maria João de Deus que lhe falou bondosa: Meu filho faça suas orações, por que sem a prece não conseguimos a renovação de nossas forças espirituais, entretanto, não será por muito falar que você será atendido...
Então, como devo fazer em minhas súplicas? Perguntou o Médium desapontado. Você sabe que Jesus também pede alguma coisa de nós? Disse o espírito maternal. Sim, Nosso Senhor recomenda-nos humildade, paciência, fé, bom ânimo, caridade e amor ao próximo no cumprimento de nossos deveres. Pois, façamos o que Jesus nos pede e Jesus fará por nós o que lhe pedimos. Está certo? E o Chico recebendo a lição aprendeu que orar não é falar e mover os lábios, indefinidamente.
A Caridade e a Oração
O Centro Espírita Luiz Gonzaga i seguindo para frente. Certa feita, alguns populares chegaram á reunião pedindo socorro para um cego acidentado. O pobre mendigo, mal guiado por um companheiro ébrio, caíra sob o viaduto da Central do Brasil na saída de Pedro Leopoldo para Matozinhos, precipitando-se ao solo, de uma altura de 4 metros. O guia desaparecerá e o cego vertia sangue pela boca. Sozinho sem ninguém. Chico alugou pequeno pardieiro, onde o enfermo foi asilado para tratamento médico.
Caridoso facultativo receitou graciosamente. Mas o velhinho precisava de enfermagem. O médium velava junto dele á noite, mas durante o dia precisava atender ás próprias obrigações na condição de caixeiro do Sr. José Felizardo. Havia, por essa época, 1928, uma pequena folha semanal, em Pedro Leopoldo. E Chico providenciou para que fosse publicada uma solicitação, regando o concurso de alguém que pudesse prestar serviços ao cego Cecílio, durante o dia, porque á noite, ele próprio se responsabilizaria pelo doente. Alguém que pudesse ajudar. Não importava que o auxílio viesse de espíritos, católicos ou ateus. Seis dias se passaram sem que ninguém se oferecesse. Ao fim da semana, porém duas meretrizes muito conhecidas na cidade se apresentaram e disseram-lhe: Chico lemos o pedido e aqui estamos. Se pudermos servir. Ah!
Como não? Replicou o médium – Entrem irmãs! Jesus há de abençoar-lhes a caridade. Todas as noites, antes de sair, as mulheres oravam com o Chico, ao pé do enfermo. Decorrido um mês, quando o cego se restabeleceu,reuniram-se pela derradeira voz, em prece, com o velhinho feliz. Quando o Chico terminou a oração de agradecimento a Jesus, os quatro choravam. Então, uma delas disse ao médium: Chico a prece modificou a nossa vida. Estamos a despedirmos. Mudamo-nos para belo Horizonte, a fim de trabalhar. E uma passou a servir numa tinturaria, desencarnou anos depois e a outra conquistou o título de enfermeira vivendo, ainda hoje, respeitada e feliz.
Como não? Replicou o médium – Entrem irmãs! Jesus há de abençoar-lhes a caridade. Todas as noites, antes de sair, as mulheres oravam com o Chico, ao pé do enfermo. Decorrido um mês, quando o cego se restabeleceu,reuniram-se pela derradeira voz, em prece, com o velhinho feliz. Quando o Chico terminou a oração de agradecimento a Jesus, os quatro choravam. Então, uma delas disse ao médium: Chico a prece modificou a nossa vida. Estamos a despedirmos. Mudamo-nos para belo Horizonte, a fim de trabalhar. E uma passou a servir numa tinturaria, desencarnou anos depois e a outra conquistou o título de enfermeira vivendo, ainda hoje, respeitada e feliz.
O Remédio
Chico, nessa noite, estava muito fatigado,quando á hora da prece costumeira, parece-lhe Dona Maria João de Deus. Minha mãe roga a o espírito carinhoso, como fazer para alcançar a vitória no cumprimento de meus deveres? Meu filho conhece um remédio servir. Mas e as dificuldades de entendimento com os outros? Como espalhar as bênçãos do Espiritismo quem não as deseja se ás vezes, oferecendo o melhor que possuímos, apenas recolheu pedrado?
Servir é a solução. Entretanto, há pessoas que nos odeiam gratuitamente. Malsinam-nos as melhores intenções detestam-nos sem motivo e dificultam-nos o mínimo trabalho. Que me diz a senhora? Julga que existe algum recurso para fazer a paz entre elas e nós? Sim, há um recurso servir sempre. Então, a senhora considera que, para todos os males da vida, esse é o remédio? Sim, meu filho, remédio essencial. Sim que
aprendamos a servir, ainda mesmo quando tenhamos boas intenções, tudo em nós será simples palavras que o mundo consome. E, depois de semelhante receita, o Espírito de Dona Maria retirou-se como quem não tinha outro remédio a ensinar.
aprendamos a servir, ainda mesmo quando tenhamos boas intenções, tudo em nós será simples palavras que o mundo consome. E, depois de semelhante receita, o Espírito de Dona Maria retirou-se como quem não tinha outro remédio a ensinar.
A Água da Paz
Em torno da mediunidade, improvisam-se, ao redor do Chico, acesas discussões. É não é. Viu, não viu. E o médium sofria por vezes longas irritações, a fim de explicar sem ser compreendido. Por isso, á hora da prece, achavas-se quase sempre, desanimado e aflito. Certa feita, o Espírito de dona Maria João de Deus compareceu e aconselhou-lhe: Meu filho, para curar essas inquietações você deve usar a Água da Paz. O Médium, satisfeito, procurou o medicamento em todas as farmácias de Pedro Leopoldo. Não o encontrou. Recorreu a Belo Horizonte nada. Ao fim de duas semanas, comunicou á progenitora desencarnada o fracasso da busca. Dona Maria sorriu e informou: Não precisa viajar em semelhante procura. Você poderá obter o remédio em casa mesmo. A Água da Paz pode ser a água do pote.
Quando alguém lhe trouxer provocações com a palavra, beba um pouco de água pura e conserve-a na boca. Não a lance fora, nem a engula. Enquanto perdurar a tentação de responder, guarde a água da paz, banhando a língua. O Médium baixou então os olhos, desapontado. Compreenderá que a mãezinha lhe chamava o espírito á lição da humildade e do silêncio.
A visita de Casimiro
Depois do conselho de Dona Maria João de Deus com respeito á Água da Paz, Chico sentiu o braço visitado pela influência de um novo amigo invisível. Tomou o lápis e o visitante escreveu para ele em caracteres bem traçados e firmes:
Meu Amigo se deseja
Paz crescente e guerra pouca,
Ajuda sem reclamar
E aprende a calar a boca.
Quem seria o comunicante?
Depois de alguns momentos, o Amigo Espiritual identificou-se assinando: Casimiro Cunha.
Foi este o primeiro contacto entre o Médium e o mavioso Poeta vassourense.
A Medicação pela Fé
A moça abatida, num acesso de tosse, chegara ao Luiz Gonzaga com a receita médica. Estava tuberculosa. Duas hemoptises já haviam surgido como horrível prenúncio. O doutor indicara remédios, entretanto Chico, disse a doente o médico me atendeu e a aconselhou-me a usar esta receita por trinta dias. Mas, não tenho dinheiro. Você poderia arranjar-me uns cobres? O Médium respondeu com boa vontade: Minha filha hoje não tem. E meu pagamento no serviço ainda está longe. Que devo fazer? Estou desarvorada. Chico pensou, pensou e disse-lhe: Você peça a nossa Mãe Santíssima socorro e o socorro não lhe faltará. A que horas você deve tomar a medicação? De manhã e a noite.
Então você corte a receita em sessenta pedacinhos. Deixe um copo de água pura na mesa, e, sua casa e, no momento de usar o remédio, rogue a proteção de Maria Santíssima. Tome um pedacinho da receita com a água abençoada em memória dela e repetindo isso duas vezes por dia, no horário determinado, sem dúvida, pela fé, você terá usado a receita. A enferma agradeceu e saiu. Passado um mês, a moça surgiu no Centro, corada e refeita. Oh! É você? Disse o Médium. Sim, Chico, sou eu. Pedi o socorro de Nossa Mãe Santíssima. Engoli os pedacinhos do papel da receita e estou perfeitamente boa. Então, minha filha vai render Graças a Deus. E passaram os dois á oração.
Uma lição sobre a Fé
Um simpatizante do Espiritismo, residente em santos, Estado de São Paulo, veio a Pedro Leopoldo, asseverando desejar conhecer o Chico para melhor acertar os seus problemas de fé. O Médium, no entanto, empregado de uma repartição, não dispõe do tempo como deseja e, por determinação de sua chefia, estava ausente de casa. O visitante insistiu, insistiu... E como não podia deter-se por muitos dias, regressou a pena, dizendo a vários amigos: Duvido muito da mediunidade. Imaginem meu caso com o Chico Xavier. Viajo para Pedro Leopoldo com sacrifício de tempo e dinheiro. Chego á cidade e informam-me, sem mais aquela, que o Médium estava ausente. Perdi minha fé, pois tenho a idéia de que tudo seja simples fraude e estou convencido de que o Chico se esconde para melhor sustentar a mistificação. Um dos companheiros de ideal escreve, aflito, ao Chico, relatando-lhe a ocorrência.
Não seria aconselhável procurar o queixoso e atendê-lo? O pobre homem parecia haver perdido a confiança no Espiritismo. O Médium, muito preocupado pede o parecer de Emmanuel e o devotado orientador responde-lhe, com serena precisão: Deixe este caso para traz. Se a fé nesse homem for erguida sobre você é melhor que ele a perca desde já, porque nós todos somos criaturas falíveis. A fé para ele e para nós deve ser construída em Jesus, porque, somente confiando em Jesus e imitando-lhe os exemplos,é que poderemos seguir para Deus.
Bondade para com Todos
Vários materialistas chegaram a Pedro Leopoldo, para assistir á sessão pública do “Luiz Gonzaga”, numa noite de sexta-feira. E,desrespeitosos, começaram por dizer que não acreditavam na Doutrina do Espiritismo e que a mediunidade era pura mistificação quando não fosse simplesmente loucura... Ainda assim, queriam ver os trabalhos do Chico. O Médium em concentração, perguntou a Emmanuel: O senhor não julga melhor convidarmos esses homens á retirada? Afinal de contas, não admitem nem mesmo a existência de Deus.
Não pense nisso, exclamou o orientador são nossos irmãos. Precisamos recebê-los com bondade e ser-lhes úteis, tanto quanto nos seja possível. Mas, ponderou o Chico – Jesus recomendou-nos não atirar pérolas nos porcos. Sim – disse Emmanuel com serenidade e compreensão o Mestre determinou, não atiremos pérolas nos porcos, todavia não nos proibiu de oferecer-lhes a alimentação compatível com as necessidades que lhes são próprias. Procuremos ajudar a todos e o senhor fará por nós todos o que seja acertado e justo. E o Médium, emocionado, guardou a formosa lição.
Receita para Melhorar
Em julho de 1948, o nosso confrade Jacques Aboad, de passagem por Pedro Leopoldo, conversava, ao lado e outras confrades, em companhia do Chico, sobre os trabalhos de aperfeiçoamento da alma. A conversação deu lugar á prece em conjunto. E, manifestando-se, pelo Médium José Grosso, dedicado e alegre companheiro desencarnado dedicou aos presentes os seguintes apontamentos:
Receita para Melhorar
Dez gramas de Juízo na cabeça
Serenidade na mente
Equilíbrio nos raciocínios
Elevação nos sentimentos
Pureza nos olhos
Vigilância nos ouvidos
Lubrificante na cerviz
Interruptor na língua
Amor no coração
Serviço útil e incessante nos braços
Simplicidade no estômago
Boa direção nos pés
Uso diário em temperatura de Boa-Vontade.
(José Grosso)
Supomos descobrir, neste curioso receituário, excelentes motivos para sorriso e meditação.
O Dia Começa ao Amanhecer
Estimulando a campanha Espírita-Cristã de amparo é criança transcrevemos aqui á reconfortante mensagem de Meimei. Nada por intermédio de Chico, em 10 de Agosto de 1952, em Pedro Leopoldo:
O Dia Começa ao Amanhecer
Compadece-te da criança que surge ao teu lado. O dia começa ao amanhecer. Pai, mãe irmão ou amigo, ajuda-a com teu coração se pretendes alcançar a Terra melhor. Lembra-te das vozes amigas que te induziram ao bem, das mãos que te guiaram para o trabalho e para o conhecimento. Porque não amparar, ainda hoje, aqueles que serão amanhã os orientadores do mundo? Em pleno santuário da natureza, quantas árvores generosas são asfixiadas no berço? Quanta colheita prematuramente morta pelos vermes da crueldade? A vida é também um campo Divino, onde a infância é a germinação da Humanidade.
Já meditaste nas esperanças aniquiladas ao alvorecer? Já refletiste nas flores estranguladas pelas pedras do sofrimento, ante o sublime esplendor da aurora? Provavelmente dirás- “Como impedirei o sofrimento de milhares”? Ninguém te pede, porém, que te convertas num salvador apressado, cheio de ouro e de poder. Basta que abras o teu coração, com as chaves da bondade, em favor dos meninos de agora, para que os homens do futuro te bendigam.
Quando a escola estiver brilhando em todas as regiões e quando cada lar de uma cidade puder acolher uma criança perdida ninho abençoado a descerrar-se, carinhoso para a ave estrangeira teremos realmente alcançado, com Jesus o trabalho fundamental da construção do reino de Deus.
(Meimei)
Graças sobre Graças
Conhecemos, sobre modo, a Missão trabalhosa e beneficial de Chico. Sabendo como vive porque vive e sempre em permanente jejum e oração, alimentando-se apenas uma vez por dia e mesmo assim com uma refeição sóbria, de verduras e pouca carne, feita com pouco sal, evitamos , quando o visitamos, procurá-lo fora das sessões do Luiz Gonzaga.
Tem em cada dia, as horas tomadas. O tempo lhe é um patrimônio sagrado e sabe validar até a bênção dos minutos. Levanta-se cedo e vai para o Escritório da fazenda Modelo, onde trabalha até ás 17 horas vindo á casa apenas para o almoço. Á tarde, se não há nenhuma sessão no Luiz Gonzaga ou no Centro Meimei, aproveita-a, para atender á recepção de algum livro para responder cartas, visita algum doente. Seu tempo é, pois, todo repleto de bons exemplos. Não fazemos parte dos que o procuram para satis- fazer curiosidade ou dar-lhe sofrimento com palestras contrárias ás normas cristãs, ou ainda, para lhe pedir a solução de assuntos pessoais, que devem ser solucionados pelos seus respectivos donos. Nossas visitas trazem sempre o imperativo da necessidade de um esclarecimento doutrinário e o benefício de nosso próximo ou a possibilidade de consolo para irmãos necessitastes, vivendo os dramas dolorosos do desencarne de entes amados.
A influência do Pensamento
Palestrávamos com o Chico a respeito de enfermidades graves e da influência que tem o Pensamento sobre elas. E citou-nos o Médium um caso: Uma sua conhecida era portadora de um câncer no útero e de nada sabia. A medida da terra sentiu-se importante para curá-la. Emmanuel, colocado a par da situação, alvitrou: vamos, com a ajuda de Deus, medicá-la. É preciso, todavia, que ela continue ignorando sua enfermidade. Se souber seu mal agravar-se-á e neutralizará todo o nosso esforço.
O tratamento foi feito e, por misericórdia de Deus, a doente, que sempre ignorou seu padecimento, melhorou e, hoje, está completamente curada. Lembramo-nos de um doente, vítima do câncer, que se localizara na ureta, que vivia regularmente bem e sob tratamento médico, enquanto ignorava a causa da sua enfermidade. Mas, de repente, por descuido de um parente, veio refletir seu pavor na doença e influiu na sua piora. E desencarnou dias depois.
Nos Domínios da Palavra
Não vamos tratar aqui da arte de falar e escrever bem, obedecendo a ás leis gramaticais. Recordamos a palestra que tivéramos, de uma vê, com o Chico, sobre o que sai de nossa boca, que nos revela o caráter a personalidade. Sem que policiemos a língua, dificilmente conseguiremos ganhar o nosso dia. Quando damos acordo de nós já tomamos parte nos torneios da maledicência, conversamos futilidades ou demos respostas infelizes, que nos trarão sofrimentos e arrependimentos tardios.
E veio á tona o revide que recebemos, pelo ar, do sem fio do Pensamento, de pessoas de quem, em momento invigilantes, fizemos mau juízo. Até punhaladas e tiros temos recebido, exclamou o Chico, particularizando-nos; de uma feita, porque advertira um companheiro, sem vestir-se da defesa da humildade recebeu depois, do mesmo, quando menos esperava, um tiro projetado sobre ele com a força de um pensamento carregado de ódio. Os amigos da espiritualidade, por mercê de Deus, abrandaram o efeito do choque, mas mesmo assim passou vários dias com dor no ombro, que foi o ponto visado.
Nossa companheira, Zezé Gama, contou que recebera de uma empregada, há tempo, uma forte punhalada espiritual nas costas, tudo porque levemente lhe chamara a atenção por uma falta cometida. Ficaram vários dias com dor em todo o tórax. No belo livro Rosário de Coral, há um caso idêntico, lembramos. E o inspirado Médium deu-nos uma verdadeira aula sobre os malefícios que uma língua descontrolada pode realizar, para que mais uma vez, ficasse vitoriosa a assertiva evangélica: que não é o que entra, mas o que sai de nossa boca que traz felicidade ou infelicidade, triunfo ou derrota para nosso pobre espírito.
Com uma Estrela no Coração
Um dos seguidores de Cristo, tão sinceros quanto destemeroso na propagação do cristianismo nascente, é chamado á frente de César: Onde está o homem do caminho, o filho do carpinteiro, o teu Cristo! Ergue-se o mártir, e apontando para o coração: está aqui! E César, arrogante, terrível tocado no seu orgulho: Arranquem-lhe, então o coração. E o Chico vê instante depois, iluminando-lhe o ambiente o Espírito do mártir trazendo na altura do coração uma Grande Estrela!
Vá com Deus
O Chico veste-se humildemente. Possui apenas dois ternos, um do uso e outro da reserva. Certo Médium de São Paulo que o visitava, vendo-o tão mal vestido, exclama: Pensava em encontrá-lo, como o maior Médium de todos os tempos, bem vestido, bem alojado, vivendo uma vida folgada e o encontro assim, maltrapilho. Não está certo.
Precisamos fundar a Sociedade dos Médiuns. O Chico sorri e nada responde. Lembrando-se, conosco, deste caso, pondera-nos. Vivo assim e sempre hei de viver, enquanto estiver aqui, vivendo a minha prova. E ainda assim me criticam, achando-me rico, com dinheiro nos bancos. Imagine se vivesse diferentemente, o que não diriam. Depois, reportando-se ao passado, conta-nos: Tempo atrás, passar momentos críticos. Um infeliz irmão, dado ao vício de tirar coisas alheias, entrou no seu quarto e, na sua ausência. Levou-lhe o único terno, que possuía de reserva. Ficou aflito, mas não desesperado. Seus irmãos, sabendo do acontecido, reagiram. Combinaram uma armadilha para pegar o viciado, certos de que ele voltaria, tanta facilidade encontrou para agir.
E fizeram uma trouxa de roupas usadas e a colocaram á janela de seu quarto bem á vista. Traduzindo-lhe as intenções, ofereceu-lhes o Chico para ficar de guarda. Aceitaram. E por algumas noites, vigiou. Quando menos esperava, alta hora da noite vê alguém entrar no seu quintal, dirigir-se á sua janela, pegar na trouxa e levá-la. Deixou passar alguns minutos e, depois, deu o alarme. Levantaram-se os familiares apressadamente, inteiraram-se do roubo, e deram uma busca; tudo em vão. Não encontraram o ladrão.
Mas Chico, como deixou o ladrão fugir, advertiu-lhe um dos irmãos. Estava cansado e dormi. Quando acordei já a trouxa não estava na janela, respondeu-lhe. Mas, todos, ficaram contrafeitos, achando que, diante do acontecido, não deviam ter dó do Chico; que por castigo, deveriam deixar que ele andasse só com um terno, até que, de sujo se apodrecesse no seu corpo. O caso morreu. Uma tarde vinha o Chico na sua charrete, de volta da fazenda, quando alguém fá-lo parar e lhe implora: Irmão Chico, pare desejo lhe pedir perdão. Perdão de quê, meu irmão? Fui eu quem lhe roubou as roupas. E, quando fui verificá-las, encontrei seu bilhete, que me tocou o coração, pois que me dizia: Vá com Deus! E até hoje sinto que estou com Deus e Deus está comigo e não posso roubar mais. O Chico abraçou-o comovido, perdoou-lhe a falta e, satisfeito por vê-lo reformado, tornou a dizer-lhe: Vá com Deus, meu irmão!
Fonte: Lindos Casos de Chico Xavier
(por Ramiro Gama)
(Livro/Espiritismo)
18. Edição – dos 102 aos 109 milheiros/Julho de 1998
LAKE – Livraria Allan Kardec Editora
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Lindas histórias, pena não termos mais o Chico conosco em carne. Mas com certeza em espírito, mtas vezes converso com ele pedindo conselhos e geralmente sou atendida. Um grande ser, um espírito, sem igual. Chico nosso irmão onde quer que esteja agradecemos a sua luta por todos, obrigada por acreditar nas pessoas e transformar suas vidas!
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