As Várias Visões da Reencarnação
“Reencarnação”
A Reencarnação é o conceito de que a Alma sobrevive á morte física. Dependendo da religião ou filosofia, ela pode renascer em humanos, animais ou plantas. A maioria das religiões que acredita em reencarnação a considera o caminho para a purificação e salvação do Espírito.
A Reencarnação é uma teoria espalhada e conhecida pelo mundo, no tempo e no espaço. De maneira geral, ela significa o retorno a um novo corpo por meio de um novo nascimento (via fecundação biológica) da personalidade individualizada do ser humano. Nesse contexto, a personalidade é entendida como o conjunto das aquisições morais, intelectuais e espirituais que compõem o indivíduo. Conhecida por algumas correntes como “Eu Superior” (Self) ou “Espírito”. Parte do ser humano que não desaparece com a morte do corpo físico. A partir do nascimento em um novo ambiente e em um novo corpo a personalidade da vida anterior é modificada. Mas o espírito continua sendo o mesmo.
Ao modelo reencarnacionistas variam em certos detalhes nas diferentes filosofias e religiões. Alguns propagam o conceito de que a alma pode encarnar ou nascer novamente, em humanos, animais ou plantas. O grande objetivo da alma. De acordo com diversas teorias, seria do ciclo de nascimento. morte e renascimento por meio da purificação. Encontra-se como sinônimo de reencarnação o termo de origem grega “metempsicose”, crença que abrange a possibilidade da alma humana encarnar em animais ou vegetais. A palavra, entretanto não é empregada por grande parte dos reencarcionistas ser incompatível com a idéia evolutiva.
A palavra que mais se aproxima do conceito de reencarnação é palingênese (Palin = outra vez: Gênese = nascer) cujo significado mais conhecido é renascimento. Pode-se dizer que, embora o termo reencarnação seja muito difundido na sociedade, a palavra tem permitido algumas formas de entendimento obscuras. Reencarnar é o mesmo que “retornar á carne”. É voltar a um novo corpo através da união dos gametas na fundação biológica. Segundo algumas pesquisas, aproximadamente dois terços da humanidade acreditam na reencarnação.
No Brasil, apesar de ser uma nação tradicionalmente católica, a idéia é muito difundida, principalmente por causa da propagação dos conceitos da Doutrina Espírita, desde meados do século XX. A reencarnação tem inspirado obras literárias de sucesso no mundo inteiro. O conceito tem sido explorado em peças de teatro e produções cinematográficas. No Brasil, já há alguns anos, algumas novelas de sucesso têm abordado o tema. Em 2010, por exemplo, o cinema Brasileiro tratou de conceitos da Doutrina Espírita como a reencarnação, com os filmes Chico Xavier e Nosso Lar.
Para muitos estudiosos, a crença na reencarnação tem muito sentido quando é associada á idéia de evolução. Reencarnação seria uma espécie de aprendizado, em que é possível reparar erros cometidos em outras vidas para o aprimoramento da alma. Dessa forma, o processo de retorno á terra, de reencarnação, se daria muitas vezes até que a alma alcance um estado de espiritualidade determinado.
O retorno da alma á terra seria a continuação de uma “missão” que consiste, segundo grande parte das teorias sobre reencarnação no aprimoramento do caráter, no crescimento espiritual r no conhecimento profundo de si mesmo e das leis que reagem o universo. Um dos Mestres da Ioga mais conhecidos do século XX, o hindu Paramhansa Yogananda, diz em sua obra Karma e Reencarnação (Editora Pensamento) que se discute muito se a reencarnação é real. Mas se não houver verdade alguma na teoria da reencarnação, todas as religiões são inúteis. Essa teoria ensina que a vida continua após a chamada morte. O corpo não dura, mas a alma vive para sempre – alma permanente num corpo passageiro. A Alma não pode voltar ao regaço de deus até atingir a perfeição. Por isso, quando o corpo perece, ela tem que ocupar outro a fim de superar suas imperfeições.
O corpo é a moradia, a alma é o morador. A “casa de carne sucumbe, mas a alma, imagem do Espírito, não sucumbe nunca”. Dominante em diversas doutrinas, crenças e movimentos espirituais, a idéia de reencarnação, desde a, mas remota antiguidade até s dias de hoje, vem sendo a forma mais completa de explicar os diversos fenômenos da experiência humana. Ela é amplamente acerta nas religiões orientais, como o Hinduísmo e Budismo, e está presente na Filosofia, no pensamento esotérico e ocultista, na Doutrina Espírita (Allan Kardec) na Teosofia (Helena Blavatsky) na Antroposofia, etc. Entretanto, o seu conceito parece estranho e distante para pessoas ligadas ás religiões monoteístas, como o Cristianismo ou o Islamismo. Para alguns pesquisadores, isso ocorre porque o monoteísmo de maneira geral considera o tempo de forma linear, em que a vida é criada por Deus que determina a qualidade de vida após a morte física dependo das ações praticadas em vida.
Acredita-se que as diversas idéias sobre reencarnação surgiram na Antiguidade, a partir das crenças sobre a alma humana. Algumas defendiam que todos os seres humanos possuem alma, que poderia separar-se do corpo de forma temporária durante o sono e permanentemente após a morte física. A crença na existência da alam deu origem á noção de continuidade da vida em outro plano de existência após a morte física. Foi dessa forma que diversos povos da humanidade elaboraram conceitos sobre o mundo do além-túmulo. De acordo com a cultura, esse lugar poderia ser uma morada definitiva para alma, de recompensas ou punições, ou um local de passagem para outros mundos, o que inclui reencarnar na terra.
Referências históricas demonstram a dimensão da presença da reencarnação na humanidade. No Egito, na Pérsia, na Grécia, na Índia, no Japão, na china, no Alasca, na Europa, existem referências á reencarnação como crença auxiliar ou como raiz das mais diversas religiões. Em alguns segmentos da Filosofia, a teoria da reencarnação da alma é observada como um ensinamento profundo, pois dá a cada homem a responsabilidade pelo seu futuro.
Egito
As religiões mais antigas do Egito pregavam a pré-existência da alma antes do seu nascimento neste mundo, assim como na sua pós-existência depois da morte. Para muitos pesquisadores, o Egito foi à primeira civilização a desenvolver o conceito da reencarnação de uma forma mais organizada. Embora grande parte
desse conhecimento fosse restrita a um pequeno número de pessoas geralmente sacerdotes ou governantes. Suas crenças sobre a imortalidade da alma sofreram transformações durante milênios. Uma delas muito antiga, dizia que o principio imaterial do homem continuava a viver após a morte física, mantendo uma estreita relação com o corpo.
Essa crença foi à idéia que fundamentou as realizações. Obras de caráter funerário da arte egípcia. Os egípcios acreditavam que o ser humano se compunha de corpo e de mais dois elementos que poderíamos considerar como espirituais: OBA e o KA. O BA era representado por um pássaro com cabeça humana, que seria a alma. No momento da morte, o BA deixava o corpo e podia visitar os locais que o morto conhecia ou até mesmo ir às estrelas, devendo retornar ao túmulo á noite. O KA era uma espécie de energia vital que habitava o corpo mumificado do morto e necessitava de alimentos e bebidas para continuar a existir. O KA era representado por braços levantados para cima. Nos primeiros tempos da história egípcia, a possibilidade de uma vida depois da morte era reservada apenas os faraó e anos mais tarde passou a abranger a população. Quando o corpo sofria o processo de mumificação.
Um antigo documento egípcio, o “Papiro de Ananá” de 1320 a.C., demonstra a crença na sobrevivência da alma após a morte física: ”O homem retorna á vida várias vezes, mas não recorda de suas prévias existências, exceto algumas vezes em um sonho, ou como um pensamento ligado a algum acontecimento de uma vida precedente”. Diversas obras atribuídas ao sábio egípcio Hermes Trimegisto, como por exemplo, o Livro dos Mortos, possuem doutrinas sobre o renascimento da alma e revelam que as almas humanas são derivadas de uma só Alma do Universo. Existem também afirmações sobre a evolução das almas através de uma seqüência progressiva na forma de animais, culminando nos seres humanos.
Índia
Na Índia, os conceitos sobre reencarnação são muito antigos e fazem parte da vida cotidiana da população até os dias de hoje. Muitos estudos determinam que seja nesse país que existe a compreensão verdadeira da reencarnação, em que o processo de morte e renascimento é observado como uma forma de crescimento espiritual da humanidade e libertação da alma.
De maneira geral, os hindus acreditam que todos os indivíduos acumulam carma durante uma vida. Boas Ações geram um bom carma, más ações geram um carma negativo, que são passados para outra vida. A crença na reencarnação também é predominante no Hinduísmo, no jainismo e no Sikhismo. Um dos conceitos mais importante do Hinduísmo determina que o homem possua uma alma imortal. O hinduísta acredita que, após a morte física, sua alma renasce numa outra criatura, que pode envolver a forma de uma rocha, vegetal, animal ou um ser humano, que no caso pode ser de uma casta superior ou inferior. O ser humano está, portanto, preso a um ciclo de morte e renascimento (samsara), que segundo a tradição pode atravessar até 8.400.000 existências.
O ciclo de renascimento tem como base o carma que um sânscrito significa “ato”. Dessa forma, fica fácil compreender a noção de que todos os atos têm suas conseqüências, que podem depois da morte, pois todas as ações de uma vida são consideradas o passaporte para a outra vida. O carma não é considerado pelo Hinduísmo como uma punição ou recompensa por noções, mas como uma lei natural. A responsável pela vida do hinduísta e por sua próxima encarnação será sempre pessoal, pois o indivíduo; embora deva se submeter ao carma que herdou, sempre pode melhorá-lo através do livre-arbítrio.
O grande objetivo do hinduísmo é superar o samsara e atingir o nirvana, ou seja, a sabedoria que resulta do conhecimento de si mesmo e de todo o universo. O caminho para se atingir o nirvana passa pelo ascetismo, orações e pela prática de Yoga.
*Outro tema importante do hinduísmo é a importância de que cada um faça seu trabalho (dharma) dentro da posição em que se encontra, pois é mais apropriado fazer o que deve ser feito, segundo seu status ou papel, do que tentar fazer ou ser algo diferente. Para muitas pessoas, isso significa obedecer e aceitar as regras sociais prescritas pelo nascimento (castas) e que envolvem alimentação, casamento, vestimentas, relações sociais e ocupação.
Embora o hinduísmo não possua uma doutrina que esclareça como o homem pode se libertar do ciclo das reencarnações, alguns de seus textos sagrados descrevem algumas alternativas para se alcançar tal graça: o caminho do sacrifício o caminho do conhecimento ou compreensão e o caminho da devoção. O caminho do sacrifício determina que, através de boas ações e sacrifícios durante a vida, o homem pode alcançar a felicidade terrena, boa saúde e riquezas. Esse caminho no período védico fazia referência a rituais e atos religiosos para que a ordem universal fosse mantida.
O Sikhismo também fala sobre a reencarnação. Como no hinduísmo, a lei do carma influência a qualidade de vida dos sikhs. Para sair do ciclo de nascimento e renascimento, é preciso alcançar o conhecimento pleno e tornar-se uno com Deus. Os adeptos do Jainismo diferentemente da lei carmica dos hindus, acreditam que a alma acumula carma na forma de uma substância física. Quando a alma fica carregada de partícula carmicas precisa estar ligada ao corpo físico provocando uma série de reencarnações.
Somente quando a alma se liberta de todos os carmas, ela poderá sair desse ciclo e unir-se a outras almas em estado de perfeição. A doutrina da reencarnação pode ser encontrada em antigos livros sagrados hindus, como os vedas, formado por quatro textos com hinários em sânscrito: Rig, Sama, Yajer e Atharva. A palavra veda significa “conhecimento”, “aquilo que foi visto”. Os hinários são considerados a forma mais antiga de literatura da Índia, e da humanidade. Muitas pesquisas indicam que foram compostos há mais de quatro mil anos antes da nossa era.
Buda
Buda incorporou a crença hindu na reencarnação quando criou o Budismo. Os budistas acreditam não apenas na vida além da morte, mas também na teoria de que o ser humano vive muitas vezes cumprindo uma jornada de aprendizado rumo á elevação espiritual. Para eles, esse processo de morte e renascimento ocorre muitas vezes, por um longo período.
O Budismo acredita na pureza da mente e das ações, e na purificação do carma (a lei da casualidade moral). As boas ações geram uma reação de mesma qualidade e intensidade nesta vida ou em outra encarnação, gerando carma positivo. A mesma lei age sobre as más ações, gerando carma negativo. Com o carma livre de toda a negatividade, é possível atingir o estado do nirvana, a Iluminação, o fim do sofrimento trazido pela existência cíclica. A síntese do pensamento de Buda não provém de revelação divina, mas de um esforço pessoal.
Para Buda, a libertação seria alcançada através do nobre caminho óctuplo que compreende: Visão correta, decisão correta, fala correta, conduta correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção correta e concentração correta. Muitos budistas acreditam que um indivíduo pode encerrar seu ciclo de reencarnação seguindo esse caminho. O Budismo ensina que aquilo que reencarna é uma energia (psicofísica) que passa de uma para outra encarnação. Em lugar da alma, existe Anatta (não eu).
China
Para os chineses, todo ser humano possuía duas almas: a alma material (p’o) e a espiritual (huen) que surgia apenas após o nascimento no plano físico. Algumas teorias afirmam que a alma espiritual permanecia no templo dos antepassados após a morte. A alma material permanecia junto ao corpo físico embora existam idéias de que ela iria para o mundo subterrâneo. Os chineses entendiam que na outra vida os mortos necessitavam de coisas materiais que lhes foram úteis ou preciosas durante a vida. Dessa forma, os mortos eram enterrados com objetivos, comidas e até mesmo com animais ou pessoas queridas.
As idéias sobre reencarnação na China são aceitas e atribuídas aos ensinamentos do grande pensador Lao-Tsé do século seis a.C. Sua obra mais conhecida Tao Te King conhecido também como Dao de Jing, é a mais alta expressão do pensamento chinês e é geralmente traduzida como O Livro do Caminho e da Virtude ou como O Livro do Caminho e do Poder. Devido ás suas características, o “Tao Te King” era uma obra destinada apenas aos sábios, aos líderes políticos e governantes da China. Com o tempo, ela se popularizou e passou e passou a ser apreciada e usas por qualquer pessoa.
A palavra Tao pode ter diversas traduções nas línguas modernas: A Divindade, O Absoluto, O Ser Supremo, etc.. Como palavra, é uma espécie de símbolo algébrico que representa o Mistério Supremo. O termo TE significa algo especial, pois tradicionalmente é usado para denominar o que todos os seres recebem ao nascer. Assim, TE seria a virtude, a força ou impulso vital do tão presente na natureza e em todo o Universo.
Grécia
Segundo grande parte dos historiadores, a doutrina da reencarnação chegou á Grécia diretamente do Egito. A maior parte dos gregos reconhecia a reencarnação como uma hipótese viável desde a Antiguidade. Foi por meio de Platão, por volta do século quatro a.C, que o conceito de reencarnação surgiu com uma grande força na Grécia. Para o filosofo, AL almas retornavam ao planeta para viver uma nova existência, sofrendo sempre as conseqüências dos atos e pensamentos praticados em vidas anteriores.
Para Platão, existiam sete órbitas planetárias e uma oitava órbita de estrelas fixas que envolviam a terra. A camada divina encontrava-se além da oitava órbita e era responsável pelo movimento do Universo. Al almas vinham desses planetas, desciam á terra, uniam-se aos corpos e então tentavam se libertar e voltar ás estrelas. Na nova vida, a alma sempre ocuparia um corpo físico semelhante ao que tivera em sua vida anterior, com instintos e aptidões semelhantes. Ele julgava que quando a alma atingia o estágio máximo de purificação entrava em contato com o ser supremo.
Judaísmo
O judaísmo não crê que a vida acabe com a morte. Dentro da concepção hebraica a morte é uma continuação desta vida, se bem que num plano diferente: o plano da alma. Conseqüentemente, a morte conduz, necessariamente, á vida da alma. De acordo com estudos do judaísmo e da cabala, a reencarnação fazia parte da religião dos hebreus.
Acredita-se que durante o período em que viveram no Egito, os judeus sofreram influências das crenças locais sobre a imortalidade da alma. Entretanto existem ainda hipóteses de que o conceito sobre a reencarnação já fazia parte das doutrinas dos meios ocultos da religião judaica.
Celtas
Os celtas entendiam a vida como um movimento permanente de transformação em que nascemos, crescemos, morremos e renascemos. A idéia da sobrevivência da alma entre os celtas é fácil de ser compreendida quando se analisa a forma como encaravam a vida. Grandes partes dos estudiosos afirmavam que eles entendiam a vida como um movimento permanente de transformação em que nascemos, crescemos, morremos e renascemos. O tempo para eles não era linear. Ele se resumia no agora, não havendo um ponto inicial, porque ele sempre avança na forma de um círculo, como uma espiral, o que o torna infinito. Os círculos e espirais eram importantes em sua cultura, pois simbolizavam o eterno movimento da vida.
Eles os usavam em sua arte, na decoração, em jóias e em armas. Suas cerimônias religiosas eram feitas em círculos de pedras ou no meio de bosques circulares. A morte era considerada apenas um estágio, a passagem para a vida no outro mundo e por este motivo não a temiam. A terra dos mortos, Annwm, fazia parte do outro mundo que era um reino de beleza, magia e harmonia, onde os mortos continuavam vivendo até o momento em que renasciam novamente no plano físico. Servia de morada para deuses e deusas e era considerada uma extensão do mundo físico. Os celtas acreditam que os espíritos viviam no mundo físico e habitavam os corpos das pessoas, dos animais, das plantas das árvores e até mesmo se manifestavam como espíritos de lugares como cavernas, rios, lagoas, etc.
Fonte: Revista Sexto Sentido Especial
(Mythos Editora – 2012/São Paulo/SP.
Excelentes estudos, que nos fazem continuar investigando e estudando sobre a reencarnação e as possíveis vivências da vida após a morte em outros planos. Vale lembrar estudos da Antroposofia de Rudolf Steiner. Grata
ResponderExcluirExcelentes estudos, que nos fazem continuar investigando e estudando sobre a reencarnação e as possíveis vivências da vida após a morte em outros planos. Vale lembrar estudos da Antroposofia de Rudolf Steiner. Grata
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