A Infidelidade causada por mau-olhado
Este fato ocorreu quando eu me encontrava em Ikeda-Tyo, bairro de Nagoya, logo após iniciar a difusão naquela cidade. Um dos meus auxiliares na Obra Divina trouxe uma senhora de uns quarenta e cinco anos, apresentando-me como sua irmã mais velha.
Não denotava saúde prejudicada; o corpo pequeno e delgado, não era belo, mas tinha um rosto gracioso, fazendo parecer que,na sua juventude, talvez tivesse sido muito cortejada; era enfim, o tipo de mulher que logo despertava a simpatia masculina. Nascida numa loja atacadista de tecidos foi criada sem lhe faltar nada, mas estava infeliz no matrimônio. A minha afinidade é muito ruim começou a Sra. T. a contar parte da sua vida, minuciosamente. Com a idade de vinte anos, fora pedida em casamento com o filho de um atacadista da cidade vizinha. Os dois formavam um casal que todos consideravam perfeito. Eles próprios reconheciam que se combinavam bem, e constituíram um novo lar. Porém, após alguns meses, começaram as infidelidades do marido. A esposa supôs que fosse algo passageiro e sem raízes, mas, a cada dia, foi se tornando mais intenso, chegando ao ponto de o esposo parecer enlouquecido de paixão. Por fim, acabaram se divorciando, e ela voltou para casa de seus pais.
Enquanto auxiliava nas tarefas de casa, através do encaminhamento de um primo que era integrante de um grupo de ideólogos, muito em voga na época, começou a busca nesta entidade um porto seguro para o seu coração. Partiu para Tiba, onde fica a sede dessa organização e passou a viver lá se dedicando firmemente. E nisso se passaram quinze anos. No entanto, a Sra. T. recebeu propostas amorosas do Prof. K., que era um dos dirigentes desta entidade. Ele era quinze anos mais velhos que ela e Professor efetivo desta organização, além e possuir uma empresa de porte em Tóquio. Sua mulher e filhos eram saudáveis. Para ela foi um grande choque a tentativa de sedução por parte de alguém que pregava o caminho da moral ás pessoas.
Voltou imediatamente para casa, encerrando a longa vida de servir prestado aquele grupo. Estava nesta situação, quando recebeu proposta de matrimônio aos 38 anos, e se casou novamente. Seu atual marido trabalhou honesta e dedicadamente, na mocidade, como funcionário público e, na meia-idade, tornou-se independente e abriu um escritório que, junto com dez funcionários, obteve certo sucesso. Tendo enviuvado, continuava por longos anos sua vida solitária, já sendo um cinqüentão avançado. Eu tinha até desistido de uma vida a dois, mas pela permissão que tive de me casar novamente, pensei em conservar bem está felicidade.
Porém, nem se passara um ano e meu marido começou a me trair. Na época de solteiro, não havia nem mesmo boato de que fosse volúvel. Segundo as palavras da Sra. T. era impossível conceber o porquê e onde estava a causa da sua infelicidade. Ela acreditou que fosse devido a alguma falta sua e, passou a agir como se não tivesse conhecimento da infidelidade do marido. No entanto, as atitudes do esposo tornavam-se cada vez mais claras e, por fim, chegou a trazer a amante para casa. Como se não bastasse que essa mulher fosse sua secretária, uma moça de uns vinte anos mostrava á sua própria esposa cenas de relação sexual com a amante. Não resistindo a tamanho vexame, ao querer fugir ele ficava tremendamente zangado e a fazia continuar assistindo.
Tornara-se um verdadeiro maníaco, e não havia outra explicação a não ser que era uma transformação animalesca. Pela idade dele, achei que logo mais já estaria curado desta loucura pela mulher e tentei me resignar com a situação. Mas, em vez de suas humilhações que já não consigo suportar. Haveria uma maneira para que meu marido modificasse de alguma forma, o seu sentimento e comportamento? O relato da Sra. T. era repleto de amargura e dor. Todos poderiam também imaginar que, para o seu marido se transformar tanto, deveria haver algum problema com a Sra. T. Eu também pensei, e perguntei-lhe a respeito dela própria e da sua maneira de ser no lar. Porém, não foi possível ver nela nenhum defeito ou falha. Era formada no Colégio Feminino, do sistema antigo, e embora mostrasse ares de intelectual, tinha uma ótima feminilidade.
Não deveria ser fira com o marido. E nem indicava deixá-lo insatisfeito. Como esta o seu primeiro marido?Perguntei-lhe, acreditando ser muito azar que ela houvesse se casado duas vezes com homens mulherengos. Sei bem como vai, porque ele mora na vizinhança. Pouco depois de nos divorciarmos, casou-se novamente e parou por completo com a infidelidade e hoje, com sete filhos, é muito sério e responsável. Não consigo entender como somente quando estava comigo ele foi acometido por aquela loucura por mulheres contando isso, a Senhora T. tornou-se ainda mais sombria. Eu não tinha palavras para consolá-la e, por isso, tentei explicar-lhe que, de qualquer maneira, sua salvação estava em se compenetrar no Caminho da Fé.
Ouvindo o seu relato, não consigo captar exatamente que afinidade a senhora tem para sofrer tanto, mas acho que tem uma grande dívida com Deus e, por causa disso, é que sofre tanto. Esforçar-se em realizar as tarefas divinas para o bem da sociedade e da humanidade, significa pagar essas dívidas. Portanto, quero que se empenhe seriamente no servir. Dentro de pouco tempo, a Vontade Divina se tornará clara e assim você saberá como agir. Se permanecer sem fazer nada, os sofrimentos somente aumentarão, e a salvação será impossível.
Desde então, a Sra. T. que, com certeza, estava a ponto de se agarrar a qualquer palha, reconheceu, sinceramente, a sua afinidade negativa e começou a se esforçar na dedicação á Obra Divina. Iniciou pelo encaminhamento de dezenas de pessoas e continuou ministrando johrei a centenas delas, fazendo-as ingressar na igreja. Em diversas oportunidades, relatei o andamento do caso ao Rev. Shibuí e recebi suas orientações. Muito bem. Acho que essa Senhora T. teve outro namorado antes do primeiro casamento. Deve ter abandonado esse rapaz que lhe nutria sentimentos e casou-se com outro. Aquele que se viu desprezado poderá estar ainda sofrendo pelo abandono e está extremamente arrasado.
Esse sofrimento pode ter gerado uma maldição e esta ter formado um corpo espiritual, que encosta no homem com a qual a Sra. T. se relaciona, e acaba até criando nele paixões por mulheres, fazendo-a sofrer. O primeiro marido, apesar de ter sido acometido desta loucura, ao ter-se separado da Senhora T., não recebeu mais influência deste espírito amaldiçoado. E, por isso, está feliz com outro lar. E veja o segundo casamento da Sra. T., o novo marido também iniciou repentinamente os casos extraconjugais. Isso significa que aquela maldição ainda permanece rondando essa mulher explicou-me o Reverendo.
Embora achasse razão em suas palavras, não conseguia convencer-me por completo. Sentia até vontade de duvidar. Entretanto, pouco depois, em Fukuyoma, no Estado de Hiroshima, outro caso e pude reconhecer as palavras do Rev.Shuibuí. A dona de um pequeno restaurante, uma senhora gorda, comunicou-me seu sofrimento. Meu marido é doente, mas não quer parar de praticar um relacionamento sexual que já está parecendo loucura. Traz moças para casa e as abraça e beija na minha frente, como que se exibindo. Caso, querendo evitar ver, eu tentei fugir, ele me bati, me dá pontapés, e começa uma violenta anarquia. Por eu haver também cometido uma grande falta ao me relacionar com vários homens e não poder evitar o que está acontecendo, procuro me resignar. Mas já está passando dos limites. Seu relato era muito parecido com o da Sra. T., após contar exatamente como era o caso da Senhora T., perguntei-lhe: Por acaso não teve alguém que se interessou séria e verdadeiramente pela sua pessoa, mas que a senhora acabou desprezando? Sim, acho que é isso. Deve ter sido pela inexperiência da juventude, mas por ter sido muito bajulada pelos homens, algumas vezes acabei brincando com o sentimento deles.
Será que não é a maldição disso que está influenciando o seu marido? Espantada pela severidade com que se concretizavam as afinidades, a dona do restaurante prometeu se dedicar á Obra de Deus. Infelizmente, por não ter oportunidade posterior de visitar Fukuyama, não sei como ficou o marido dela. A Sra. T. começou a se aprofundar e a firmarem-se na Fé, e sem precisar quando, a loucura sexual do marido começou a abrandar. Acreditei que era porque a espiritualidade da Sra. T. se elevara e, por isso a influência do espírito negativo deixara de ser forte.
Porém apesar da satisfação da Senhora T. ela acabou contraindo um reumatismo, que deixou o seu tornozelo mais inchado que o joelho, trazendo-lhe grandes dores e dificultando-a no andar. Na palavra do Mestre, reumatismo (ryleu-ma-ti, em Japonês) é causado pelo sangue diabólico do dragão (ryuu=dragão; ma=diabo, ti= sangue) e muitas vezes, provém da solidificação de alguma maldição.
Ao ouvir esse Ensinamento, senti que a afinidade da Sra.T. estava por terminar. O sangue se maculara pelo espírito da maldição, descera até os pés, e agora a praga estaria sendo eliminada pela inflamação e purulação. Tendo como limite o reumatismo da Sra.T., o marido se transformou a tal ponto que era difícil dizer que tivesse até hoje pouco perdido a cabeça com mulheres e, começou a cuidar da doença dela. Porém, levou anos para a Sra.T., ver-se livre deste reumatismo. Todo o sangue purulento saíra através do johrei; os dois pés ficaram enrugados e a doença cedeu até se fixar em um pequeno ponto.
E com isso se firmou uma nova vida alegre e o relacionamento conjugal se tornou satisfatório de corpo e alma. Apesar de ser um casal no início da velhice, ambos tinham saúde e o seu amor era profundo, não demonstrando em nada sem passado sombrio. “Não seja odiado. Não seja invejado” Foi o que nos ensinou o Mestre. Certamente, a maldição e a inveja ultrapassam o tempo e o espaço e apresentam várias maneiras de agir. Podemos sentir o quanto são horríveis essas maldições.
Devo acrescentar que a Senhora T. está perto dos oitenta anos e o seu marido com cerca de noventa, mas se encontram saudáveis e felizes.
Fonte: Livro/ “Cem Estórias da minha Fé”
(Fundação Mokiti Okada – M.O. A)
1 Edição/Julho 1987 – Vol. II/ São Paulo/SP.
Autor: Katsuiti Watanabe
Igreja Messiânica Mundial do Brasil
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Meu Jejum de Doze Dias
Em setembro de 1947, o calor remanescente do verão continuava incomodamente. Parte para a cidade de Ono, na Península de Tita, para realizar um Curso de Formação de Novos Membros. Sakakibara, um jovem que mais tarde se tornou meu genro, desenvolvia atividades de difusão naquela localidade e organizou aquele encontro. A aula terminou ainda no período de manhã e, no almoço, repentinamente, não consegui comer mais nada.
Na mesa, estava servindo um prato predileto meu “Kamaague-udon”, (uma espécie de macarrão ensopado). Comi uma pequena quantidade e, quando parti para a segunda porção, já não me passava nada pela garganta. Normalmente, como com facilidade, três porções desse prato. Procurando um meio de melhorar as cólicas tomei chá. Mas nem este eu conseguia engolir. Fisicamente, não havia nenhuma causa aparente e na verdade, não conseguia entender o porquê daquela situação. Porém, não sentia nenhuma dor ou sofrimento, e nem estava cansado, necessitando de repouso. Minha programação estava organizada sem muita folga, por isso, parti rumo à outra cidade perto, para participar de um aprimoramento para os membros.
Pude falar sem nenhuma dificuldade. Encerrando a aula, fui convidado a jantar. Novamente, não consegui engolir um só bocado, sendo também impossível tomar um gole sequer de chá. Trouxeram-me, então, melancia e outros frutos que, igualmente não passaram pela garganta. Sentia-me um pouco pesado, mas não tinha indisposição. Passou-se uma noite e, na manhã seguinte, também não consegui comer nada. Mesmo assim não tinha fome. Junto com Sakakibara, segui para Tokoname, cidade da próxima atividade, deslocando-nos de bicicleta. Na sala de aula, estavam reunidas uma 30 pessoas. A essa altura, uma dor generalizada havia invadido todo o meu corpo; estava quase inconsciente. Não tive outro jeito senão deitar-me em outro cômodo. A cabeceira, Sakakibara ministrava-me johrei.
Por volta do meio-dia despertei. Levantei-me sobressaltado, cônscio da importante missão que me levara aquele lugar. O mal-estar havia desaparecido. Dirigi-me á sala de aula, palestrei e ministrei johrei. Portei-me exatamente como se, estivesse em condições normais. Seguindo a programação, ainda no mesmo dia partimos para o próximo local de atividades. E, dessa forma, continuando em jejum, ia me deslocando para as outras cidades. No quinto dia, percorremos um percurso de 12 quilômetros, vencendo a corrida de ida e volta de bicicleta, até a cidade de Shigaki, no extremo da Península Tita. Embora não tivesse comido nem bebido nada durante vários dias, eu achava incrível como conseguia, sem sacrifício nenhum, percorrer os locais das atividades.
Procurando a segurança de minha saúde, as pessoas que me restavam assistência, pediam-me para descansar. Sugeriram que eu mandasse algum representante, mas recusei. Isto porque desapontaria as pessoas que me aguardavam e, mesmo quando me posicionava perante os ouvintes, durante os encontros, meu corpo ficava no estado normal. Tinha plena confiança de que poderia cumprir toda a programação, conforme o previsto, caso me prestassem assistência somente na locomoção de um local para outro. No oitavo dia, despedi-me de Sakakibara e me dirigi á vila ao norte da cidade de Guifu. Ali, serviram-me truta assada, pude comer metade do peixe, mas continuava sem poder ingerir o chá.
Esperava-me, na noite daquele dia, uma aula de aprimoramento na cidade de Guifu. Precisava, portanto, voltar naquele mesmo dia para lá. Percorri os quatro quilômetros de distância, como um bêbado, de bicicleta. A essa altura, os olhos já estavam fundos, o corpo estava dormente, incrivelmente sonolento, e em qualquer oportunidade, dormia a sono solto. E, mesmo assim, uma vez que comparecia diante das pessoas, conseguia falar e ministrar johrei durante horas seguidas. E quando todos os membros iam embora, imediatamente caía no sono. Continuava, entretanto, sem sentir fome, embora, no nono dia, somente um gole de chá tinha podido passar pela garganta.
No décimo dia, levando comigo um discípulo chamado Kawabata, dirigi-me a Kawane, no Estado de Shizuoka. Em Kanaya fizemos baldeação para o local de destino, numa linha férrea que margeava o rio Ooi. Da estação até a hospedaria Fujita, locais da aula de aprimoramento percorreram a pé, por uma estrada que nos foi indicada como a mais certa até o nosso destino. Como ladeava o rio, a estrada possuía pedras, em grande quantidade, do tamanho de uma bola de futebol, atrapalhando o caminhar. A distância não deveria ter mais de um quilômetro, mas para mim, parece quatro vezes mais longa.
Logo que cheguei, tomei um banho e adormeci antes pedindo que me acordassem quando chegasse a hora da aula. Pude concluir, sem problemas, a programação dessa noite e do dia seguinte. Parti, combali ente, em meio a uma forte chuva, e o vento impedia-me de utilizar o guarda-chuva que me emprestaram, e as botas de borracha que também me cederam fora inúteis. Envolto no vendaval, caminhei aos tropeções pela estrada pedregosa da beira-rio, até a estação. Quando embarquei no trem de volta, fui acometido de uma tremenda dor de cabeça. Levamos uma hora até Kanaya e, neste período, Kawabata permaneceu a meu lado, ministrando-me johrei. A dor não cedeu nem um pouco. Aliás, havia recebido johrei com muitas pessoas, mas não provocava nenhuma reação, nenhum resultado. A minha única esperança era receber johrei do Ver. Shibuí, a quem deveria visitar em seguida.
Á tarde ao chegar ao Solar da Montanha Preciosa (Hozan- So) Ali, antes da segunda Guerra Mundial, residia o Mestre e depois se tornou residência do Rev. Shibuí. Consegui chegar, mas, por se encontrar acamado, convalescendo de uma grave doença, o Rev. Shibuí não pode ministrar-me johrei. Solicitei então, ao Rev. Iwamatsu, veterano superior a mim, que ministrou johrei por cerca de duas horas. A febre está enclausurada na sua cabeça disse-me. Porém, a dor continuava sem ceder. Deve ser possível com algo que goste nem que seja um pouco sugeriram as pessoas que me visitavam e prepararam macarrão para mim. Mesmo este, a partir do segundo locado, não passava e querendo tomar chá, coloquei-o na hora, mas conseguia engolir.
Apesar de tudo a sua resistência física é espetacular, hem? Diziam todos, muito admirados. Consultei várias pessoas e estas me disseram desconhecer esta doença que tirava o apetite, apesar de todo o resto do corpo permanecer normal. No décimo segundo dia, fui a Hakone, participei da entrevista com o Mestre, fui convidado para o jantar que se realizou logo após. Neste momento, já não sentia mais dores de cabeça e, além disso, estava com a sensação de um enorme vazio na barriga. Senti que aquilo que fora obrigado a suportar, foi purificado e eliminado com a simples participação na entrevista com o Mestre. O jantar era á base de pratos da culinária chinesa. Normalmente, alguém que tenha passado por um jejum de dez dias não conseguiu na primeira difusão, comer muito, mas eu apesar de passar doze dias sem me alimentar comi de tudo que me foi oferecido e ainda achei insuficiente.
Acabei me servindo de seis tigelas cheias de arroz juntamente com iguarias gordurosas. Comi, apesar de duvidar se poderia comer tanto. O arroz, como nunca havia sentindo me parecer muito saboroso. Consegui comer e, sem ter nenhum distúrbio intestinal ou estomacal, recuperei rapidamente as minhas forças físicas. Tanto o jejum quanto a rapidez na recuperação foram fatos inacreditáveis. Mesmo porque, durante o jejum, não tivera nenhum impedimento para realizar minha missão na Obra Divina.
Impedido somente de comer, sentia que em relação á dedicação á Obra Divina, estava sendo repreendido por Deus. Eu não era eu mesmo, sendo movido por Deus e, nesses doze dias, senti que não poderia ficar sem servir á Causa Divina. Não consegui distinguir qual purificação ocorreu em minha cabeça, mas, creio que pela purificação física e pelo servir, recebi a permissão de me recuperar na ocasião do jantar com Meishu-Sama. Essa incrível experiência aprofundou minha convicção da dedicação á Obra Divina. Isto, porque pude sentir na minha própria pele que quando dedicamos empenhando a nossa vida, manifesta-se uma estranha força e que, diante de qualquer obstáculo, receberemos a proteção de Deus.
Todos me disseram, unânimes que eu chegava aos locais de aprimoramento cambaleante, mas uma vez perante os membros eu me portava como em meus dias normais. E, além disso, está fora da compreensão normal como pude comer tanto daquele jeito, após um jejum prolongado. A purificação ocorrida nesses doze dias deu-me uma grande força, como experiência inesquecível na minha vida de fé.
Fonte: Livro/ “Cem Estórias de minha Fé”
(Fundação Mokiti Okada)
Vol. II – 1. Edição /Julho/1987
São Paulo/SP.
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Autor: Revmo. Katsuiti Watanabe
(Igreja Messiânica Mundial do Brasil)
A Afinidade do local com a Obra Divina
Por mais que se compenetre nas atividades de difusão, surgem infindáveis problemas que levam até á sua interdição, e que fazem refletir se é porque o tempo certo ainda não havia chegado, ou porque a espiritualidade ainda é baixa, ou se é a Vontade Divina. Sinto que nisso há uma atuação de algo invisível. Isto aconteceu por volta de 1949. Na época, o Miroku-Kai era um dos grupos sustentáculos da difusão da igreja e o Reverendo Iwamatsu era responsável pela região leste e adjacências.
Porém, quando o Reverendo Iwamatsu purificou de prurido cutâneo, fui indicado para substituí-lo. Assim, todas as vezes que se realizavam aprimoramentos na região centro, eu me dirigia também á região leste, como seu representante. Certa vez, pediram-me para dar uma aula na cidade de Fukui, e me dirigi para lá. Programando tudo para acontecer após o término das aulas em Kanazawa. Não tinha conhecimento do Ministro de Fukui, mas soubera que ele dedicava nas atividades de difusão fervorosamente e que, a pedido dele, relataram que haveria mais de trinta participantes e alguém viria até a estação me buscar. Além disso, chegou ás minhas mãos, o endereço onde se realizaria a aula. Terminando o meu roteiro, cheguei a Fukui no horário previsto. Na estação, percebi que não havia ninguém á minha espera.
Esperei por um bom tempo sem que aparecesse alguém. Pensando que tivesse acontecido alguma coisa, fui até o local onde a aula era prevista. Nós não estamos sabendo de nada. Foi a resposta do dono da casa, que se mostrava constrangido com o ocorrido. Ele desconhecia o que se relacionava com aquela aula de aprimoramento. Bem, de qualquer maneira, se houve uma combinação, este Ministro deve aparecer logo. Não quer esperar mais um pouco me disse o homem, muito atenciosamente. Sem nenhuma alternativa, esperei por duas horas, mas ninguém apareceu.
Era impossível ser um simples engano, uma vez que tudo tinha sido muito bem planejado. Fora pedido de um Ministro. Só pude deduzir que esse pedido era uma mentira. Não soube desvendar porque haveria necessidade de tal inverdade. Foi algo muito misterioso. Externei meus agradecimentos ao dono da casa, e voltei para Nagoya, com sentimento de insatisfação. Há ainda outras coisas de difícil compreensão. Desde essa época até 1956, os responsáveis das filiais da igreja nos Estados de Ishikawa e Fukui que estavam em posição de responsabilidade, morriam um após o outro, infalivelmente, de alguma doença desconhecida.
Em várias cidades, como Takefu e Ono, foram estabelecidas filiais de nossa igreja e para lá se dirigiam meus discípulos, mas todos eles faleceram. Só de uma igreja, foram oito ou nove e, juntando-se aos outros, quinze ou dezesseis Ministros pareceram todos eles em plena vigor para o trabalho. Pensava que era algo que não podia resolver simplesmente, achando ser uma coincidência.
1956 foi o ano em que a Segunda Líder Espiritual da nossa Igreja, Nidai-Sama, realizou sua viagem missionária por todo o Japão. Realizou a consolidação da fé dos membros (implantação da visão sobre Deus) após ascensão de nosso Mestre. Ela pregou que se nos limitássemos á fé ao ser humano, não poderíamos desenvolver a fé que poderia vivificar verdadeiramente os Ensinamentos do Mestre. Na viagem missionária de Nidai-Sama á região central, eu também pude acompanhá-la. Nessa oportunidade, deixei-lhe relatado que naquela região falecera grande número de responsáveis de filiais da igreja. Depois dessa visita missionária, a morte misteriosa dos Ministros cessou por completo e a difusão mostrou um repentino desenvolvimento. E quando se efetuou a unificação da igreja em 1974, a proporção mais alta do número de membros por habitantes, se verificou justamente no Estado de Fukui, que antigamente apresentava dificuldades nas atividades de Difusão.
Um progresso desta natureza era além do esperado. Deve ter sido a influência positiva do dragão do Rio Kuzuryu. Mais um episódio que faz lembrar a afinidade do local, é o caso do dissídio na região de Kyushu. Logo após a ascensão do Mestre, várias igrejas se tornaram dissidentes. Em Kyshu, especialmente cinco deles evadiram-se sob duas facções separatistas. A maioria destas cinco igrejas estava firmemente filiada a estas duas facções. Após isso não houve mais dissidências, mas para o restante que permaneceu fiel, a orientação central se tornou um tanto difícil de ser introduzida. Porventura, fui nomeado Diretor do departamento de Difusão da igreja e solicitei á Sede Geral a implantação do sistema de Sedes Regionais para o bem das pessoas das localidades como aquela descrita. Raciocinei que, com a instituição de um órgão auto-administrado, além de se incrementar a força ativa da região, o mesmo iria desempenhar um papel importante na consolidação da missão baseada na fé, fortalecendo o eixo com o centro da orientação.
Em 1964, foram estabelecidas três Sedes Regionais: em Kyush, em Shikoku e em Hokkaido. Era, na verdade a base para unificação da igreja e um teste. Através da orientação da Sede Geral, toda a Sede Regional manifestou sua força e capacidade, eliminando, dessa maneira, as diferenças nestas localidades. Nos locais onde a unidade ideológica da igreja não existia, ocorriam dificuldades complexas de tal sorte que se tornavam um entrave para a construção do Paraíso Terrestre. Porém, hoje que a igreja conseguiu a sua unificação, pode ocorrer estarem enraizada pequenos problemas locais, mas eu confio que no decorrer dos dias eles desapareçam.
Fonte: Livro/ “Cem Estórias da minha Fé”
(Fundação Mokiti Okada – M.O. A)
1. Edição – Julho/ 1987 – São Paulo/SP. Vol. II
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Autor: Revmo. Katsuiti Watanabe