“SIMBOLOGIA / O LEQUE”
Na Antiguidade, o leque simbolizava a fertilidade e a benevolência de Deus. Logo, tornou-se artefato freqüente utilizado em ritos religiosos, tanto em oferendas de sacrifício feitas pelos romanos e egípcios, como na cultura oriental.
Uma vez que se acreditava que os Deuses tomavam a forma de humanos, através dos grandes imperadores e governantes, o leque tornou-se um emblema real e religioso, representando esta idéia. Os murais das tumbas dos faraós registram a importância sagrada dos leques no antigo Egito. Na Índia, os leques eram confeccionados com as penas de “olho” dos rabos de pavões, simbolizando a vigilância e magnificência do rei. Os padres cristãos reconheciam a praticidade dos leques e incluíam também em suas cerimônias, ao ar livre, o uso de um pequeno leque em forma de abanador, prática abandonada na Idade Média, com a construção das igrejas e templos.
A partir daí, o leque tornou-se um artefato popular e essa popularização foi facilitada pelos portugueses em suas várias viagens comerciais ao oriente. O leque portátil dobrável foi um item artesanal tradicional cultivado no próprio Japão. Os modelos mais antigos, os leques hinoke, eram feitos de ripas finas de madeiras hinoke de cipreste, que eram reunidas em forma de leques e coladas. Os leques tornaram-se um artefato comum entre os nobres e a decoração deles evoluiu, sendo utilizadas lâminas de ouro e prata. Mais tarde, a moda migrou para, a Europa e até mesmo os nobres da dinastia de Bourbon, na França, adotaram os leques coloridos em grande estilo.
Na Era Vitoriana, eles eram utilizados também como meio de entretenimento e como expressão artística. Nesta época, foram organizadas as primeiras exposições artísticas do artefato.
SORTE
Utilizado com o nó de abertura para frente, significa abrir a sorte, quando se abre o leque perto da pessoa. Na cerimônia de casamento, bodas de prata e de ouro (leque com lado dourado e outro prateado), é utilizado pela noiva para dar sorte ao matrimônio.
RESPEITO
Usado entre os samurais. Pelo código daqueles guerreiros, ao encontrar-se com seu superior, o samurai não pode utilizar a espada, e em atitude de respeito e demonstração de total confiança, ele substituía a espada pelo leque.
PROTEÇÃO
Se, de repente, alguém atacasse o samurai – guerreiro experiente e capaz, este utilizava o leque como objeto de defesa, para proteger-se, e não para atacar.
“SIMBOLOGIA / O TSURU”
A cegonha, também chamada de tsuru, conhecida, como a “ave do eremita”, desde a Antiguidade era utilizada, pelos eremitas como meio de locomoção. Ela também é respeitada por possuir vida longa. Para os orientais, tem uma grande simbologia.
O PÁSSARO DA PAZ
Desde os primórdios, a cegonha e a tartaruga(“Kame”) vêm sendo venerados como animais sagrados e simbólicos da longevidade.Na expressão a “cegonha vive mil anos e a tartaruga 10 mil anos”, as palavras “cegonha e tartaruga”significam “felicitações pela boa sorte”. Mokiti Okada, filósofo espiritualista e criador do estilo sanguetsu de ikebana, gostava de objetos festivos que traziam sorte. Diante do significado das letras “tsuru” e “kame”, esta caligrafia escrita por ele expressa boa sorte.
“A LENDA DO TSURU”
Tempos atrás, em uma terra distante, vivia um jovem. Um dia, enquanto trabalhava em sua fazenda. Uma ave branca caiu no chão aos seus pés, com uma flecha fincada no meio de sua asa. Pegando-a com cuidado, o jovem tirou a flecha e limpou o machucado. Agradecida, a ave estava apta a voar novamente. Então, o jovem mandou-a de volta ao céu, dizendo: “Tome cuidado com os caçadores”. A ave circundou três vezes sobre a sua cabeça e deixou uma lágrima, como se estivesse agradecendo, e foi embora. Assim que o dia começou a escurecer, o jovem voltou para casa. Quando chegou, ficou surpreso ao encontrar uma linda mulher na porta, que nunca tinha visto antes.
“Bem vindo á sua casa. Eu sou a sua esposa”, disse a mulher. O rapaz ficou surpreso e disse: “Eu sou muito pobre, não posso sustentá-la”. A mulher respondeu, apontando para um pequeno saco: “Não se preocupe. Eu tenho muito arroz, estava até fazendo o jantar”. O jovem ficou confuso, mas os dois começaram uma vida feliz. O saco de arroz, misteriosamente, sempre permaneceu cheio. Um dia, a esposa pediu ao rapaz para lhe construir um quarto de costura. Quando ficou pronto, ela disse: “Você deve prometer que nunca vai entrar”. Assim, ela foi para o outro quarto. O rapaz esperou pacientemente até ela sair.
Finalmente, após sete dias, o som da máquina parou e sua esposa, muito magra, apareceu segurando a peça de roupa mais bonita que ele já havia visto. “Pegue esta peça de roupa e vá vendê-la no mercado por um alto preço” disse ela. No dia seguinte, o jovem levou a roupa para a cidade e a vendeu por várias moedas, voltando para casa muito feliz. A esposa retornou ao quarto para costurar. Curioso em saber como ela costurava as roupas maravilhosas sem linha, o rapaz resolveu dar uma espiada no quarto, e se surpreendeu.
Em pé, perto da porta, descobriu o segredo de sua esposa. Foi um grande choque: no seu lugar, estava a ave que ele havia salvado, sentada á máquina, costurando roupas com suas próprias penas em vez de linhas. A ave, como notou a presença do rapaz, disse: “Eu sou a ave que você salvou. Queria recompensá-lo me tornando sua esposa, mas agora você descobriu a minha verdadeira forma e eu não posso mais ficar aqui“. Assim, “com mais uma roupa pronta em suas mãos ela disse: Eu deixo isto pra você lembrar-se de mim”. A ave, então, voou em direção ao céu e desapareceu para sempre.
SIMBOLOGIA / A CABAÇA
O ”HYOTAN”
(Cabaça- Planta herbácea), também conhecido como “hisago”, aparece na literatura clássica japonesa em textos como o “kojiki”(livro de mitologia) e no “Engishiki”(código de leis). No sentido original, significa “invólucro da alma e do sentimento”. Originária da Índia, da família das cucurbitáceas (trepadeiras), a cabaça é semeada na primavera e uma trepadeira que cresce o ano todo. A florada acontece em agosto e sua haste varia de 5 a 8 centímetros. Sua flor floresce á noite e dura um dia. É uma planta dióica, cujas flores são brancas. O seu fruto é estreito na parte central e pode ter tamanhos variados. E, mais do que as flores, ele é utilizado, principalmente, como utensílio. Como o seu caule é frágil, a cabaça quase não é utilizada como material de ikebana quando presa ao caule. Em vivificações como Moribana ou em jarros, pode-se utilizar somente o fruto da cabaça no meio do material principal. O tamanho dela varia desde as pequenas como a “sem-nari-hyotan”(uma de suas espécies) até as muitos grandes. Há ocasiões onde elas são pintadas ou envernizadas e utilizadas em composições como objetos abstratos.
Fonte: Revista/ A Sagrada Arte do Ikebana /N. 01
Editora: Mythos Editora – São Paulo /SP.
Págs.: (6/7 36 a 43)
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