quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

MEDITAR EM DEUS



A Exigência Natural da Alma 


POR QUE O BEBÊ CONSEGUE MAMAR SEM NUNCA TER APRENDIDO? 

Refletindo sobre o simples fato de o bebê recém-nascido saber mamar, compreendemos que nossa vida não teve início no momento em que nascemos. Ao nascer, o bebê já sabe que, sugando o seio materno, obterá o líquido nutritivo que vai alimentá-lo. Isso significa que nele está presente a Vida de Deus, que dá essa sabedoria. Em outras palavras, a Vida não se inicia no instante em que a pessoa nasce. A Vida de Deus, que existe desde o princípio, aloja-se no ventre materno para dar origem ao bebê. Por isso, a criança conhece fatos que nunca vivenciou antes; isso mostra que a essência da Vida transcende as experiências da vida terrena. Dizendo de outra forma, nossa Vida não se restringe a este mundo, pois ela é a essência que transcende a existência terrena. E isso significa que nossa vida é a Vida de Deus. Uma Vida transcendente, alojada em nosso corpo carnal, faz-nos viver. Podemos, pois, dizer que Deus está presente em nós. 

O que é Deus ? 

No livro A Verdade da Vida, tive o cuidado de colocar entre parênteses as palavras “nosso Pai” depois da expressão “Grande Vida do Universo”, para que todos pudessem compreender seu significado. A Grande Vida do Universo é a fonte de onde se originou a nossa Vida. Aquele que é gerado é filho, e aquele que gera é pai. Portanto, é adequado o uso da expressão “nosso Pai do Universo” quando nos referimos à Fonte de nossa Vida. E de onde teria se originado o “nosso Pai do Universo”? Ele nunca nasceu. Sempre existiu. Por isso, dizemos que Deus é eterno, nunca nasceu e jamais morrerá. 

Somos dotados de vida infinita 

Por existir em nós a Vida de Deus, continuamos a viver mesmo após a morte do corpo carnal. Integrada na corrente da Vida do Pai, nossa Vida segue pela eternidade. O budismo também vem pregando uma visão de Vida semelhante desde antigamente. 

É uma visão correta. Nossa Vida transcende as experiências terrenas porque segue junto com o fluxo da Vida de Deus. A Vida de Deus flui no canal chamado “corpo humano” e, depois de um determinado período, sai desse canal. 

Quando a Vida sai do corpo de uma pessoa, dizemos que ocorreu a morte. Mas a Vida não morreu; ela saiu do “canal” e continua a fluir eternamente. A Vida do ser humano continua a existir mesmo após abandonar o corpo carnal, porque está integrada na Vida do Pai, na Grande Vida do Universo. 

Talvez vocês perguntem: tanto a Vida que passou pelo canal chamado corpo carnal como a que ainda não passou, ou seja, tanto a Vida que foi concebida e surgiu neste mundo como a que ainda não foi concebida, acabam perdendo as respectivas peculiaridades e tornam-se uma só ao retornar para junto da Grande Vida do Universo (o Pai que rege o Universo)? Não é assim. Cada Vida individual mantém sua identidade e, ao mesmo
tempo, está integrada na Grande Vida do Universo. 

Se colocarmos um pouco de água do mar num frasco, a água adquire a forma desse recipiente. Enquanto estiver dentro do frasco, a água apresentará essa forma peculiar. De modo análogo, quando a Vida se aloja no corpo carnal, adquire individualidade. A água do frasco, ao ser devolvida ao mar, perde completamente a forma que havia adquirido. Com a Vida do ser humano ocorre algo diferente: mesmo ao retornar ao “oceano da Grande Vida”, ela mantém sua individualidade. 

Se, após a morte física, a Vida do homem terminasse como a água de um copo jogada no mar, isto é, perdesse completamente a individualidade, não teria sentido as pessoas nascerem neste mundo como indivíduos, e cada qual vivenciar diversas emoções, esforçar-se para acumular experiências e se desenvolver. Tudo isso seria inútil. Seria um absurdo acreditar que Deus faz com que nós nos esforcemos a vida inteira para depois anular todo esse esforço. Por exemplo, de que adianta eu, Taniguchi, haver nascido, crescido, estudado, passado por situações que só eu podia vivenciar e, finalmente, ter conseguido o enriquecimento espiritual e o aprimoramento pessoal se tudo isso for anulado no momento em que o meu corpo carnal deixar de existir? Não teria sentido as pessoas se esforçarem, acumularem experiências e melhorarem cada vez mais se nada disso valer no final. Se o fim fosse igual para todos, tanto para os que se esforçaram e acumularam conhecimentos, para os que levaram uma vida dissoluta como para os que se entregaram à apatia e destruíram a própria vida, chegaríamos à conclusão de que talvez fosse melhor desistir de fazer qualquer esforço e morrer logo para voltar ao seio da Grande Vida. Não, essa não pode ser a finalidade de nossa existência. No âmago de nosso ser existe a intuição de que a nossa individualidade permanecerá para sempre, e é por isso que o esforço constante para melhorar tem sentido. Seria desnecessária a busca do aprimoramento se as pessoas que se esforçam e as que não fazem nenhum esforço se tornassem uma só ao voltar ao seio da Grande Vida. E se, para alcançar a iluminação, bastasse integrar-se à Grande Vida do Universo, seria melhor apressar-se a morrer do que perseverar nos esforços. Obviamente, essa idéia é absurda. 

A exigência natural da Alma 

Todos nós sentimos na alma a exigência natural de estabelecer uma clara diferença entre uma pessoa que se entrega à devassidão e acaba destruindo a si própria e outra que se esforçou constantemente até alcançar a iluminação espiritual. Essa exigência natural é tão lógica quanto a lei matemática que determina que dois são dois e não três. Nossa alma intui o que é correto e o que é errado, e essa intuição não falha. Por isso, sentimos o anseio natural, a necessidade premente, de nos aprimorarmos cada vez mais, e nos esforçamos para atender a essa necessidade. E, na busca do aperfeiçoamento, o que a nossa alma intui como sendo correto está de acordo com a Verdade. A alma é superior ao corpo. Portanto, não há dúvida de que ela não se extingue com a morte física. 

Porque o homem não deseja a morte 

A exigência natural da alma é o anseio por algo cuja existência o ser humano intui por meio da cognição transcendental. 

Ninguém quer morrer. O desejo de viver é inerente a todo ser humano. Algumas pessoas dizem que querem morrer e tentam o suicídio. Mas, na verdade, elas também desejam viver; amarguradas com as circunstâncias que não lhes permitem viver da maneira como gostariam, recorrem ao ato extremo pensando em acabar com sua angústia. Pode-se dizer que é uma manifestação distorcida do desejo de viver plenamente. O desejo de viver é um anseio latente no âmago de nosso ser; trata-se de algo inato, transcendental, e não algo que se adquire pela experiência. Nossa essência é a Vida, e a Vida é uma energia que deve ser manifestada. Por isso, é inerente em todos o desejo de viver. 

O desejo de progredir 

O desejo de progredir também é inerente ao ser humano. Os meios para progredir na vida variam conforme as pessoas. Existem jovens que se dedicam aos estudos visando obter boas notas, moças que desejam encontrar um bom partido e constituir família, homens que querem conseguir um bom emprego e fazer sucesso na carreira. Há também os que preferem aperfeiçoar-se nos estudos a empenhar-se na carreira profissional. 

São diferentes manifestações do desejo de se aprimorar, de evoluir. Se lhes perguntarem: “Por que querem progredir?”, não saberão explicar prontamente o motivo e dirão que simplesmente sentem necessidade de melhorar. Isso prova que o desejo de progredir é algo inato, ou seja, é uma exigência natural que vem do âmago da Vida, e nesse fato existe um significado profundo. Sabemos que, com o aprimoramento, nossa Vida adquire maior valor — em outras palavras, o aprimoramento implica aquisição de valor e nunca é inútil. Por isso, desejamos nos aprimorar. Pode-se apresentar diversos argumentos ou teorias a respeito do desejo de progredir. Mas o ponto fundamental é reconhecer que todos trazem latente em si esse desejo, tendo ou não consciência disso. Até mesmo vermes ou insetos aparentemente inúteis possuem o impulso de se desenvolver. E é por isso que ocorre o processo de evolução. Por que existe em todas as pessoas o desejo de progredir? Se o progresso conquistado nesta vida fosse anulado totalmente com a morte física, não seria lógico as pessoas sentirem a necessidade íntima ou o impulso natural de progredir. Se as pessoas são movidas por essa necessidade, esse impulso, é porque elas sabem, a priori, que o valor pessoal adquirido com seu progresso e seu aprimoramento nesta vida jamais será anulado. 

Cada um de nós vive como um indivíduo, passa por experiências e treinamentos peculiares, acumula méritos e conquista o valor pessoal. É inconcebível que esse valor seja anulado com a morte do corpo carnal. O lógico é cada um conquistar o valor próprio, de acordo com seu grau de progresso: quem avançou dez passos deve obter o valor correspondente a esse empenho; quem avançou trinta passos, o valor correspondente a esse esforço, e assim por diante. Podemos afirmar que os valores peculiares que cada pessoa conquistou com esforços próprios passam a fazer parte da sua Vida individual, a qual não se extingue com a morte física; e que, por termos consciência disso, empenhamo-nos na busca do aprimoramento pessoal. Assim, considerando tanto o ponto de vista filosófico como o da ética prática, afirmamos que a Vida com características pessoais continua a existir mesmo após a morte do corpo. 


(Fonte: A Verdade, vol. 5) - Do livro Você é Dono de Potencialidade Infinita pp. 48-53 
07/10/2008 
Fonte: Seicho-no-ie do Brasil/ Meditar em Deus-fazer o bem leitura








O Modo Natural de Viver 


É essencial transcender as dificuldades fenomênicas mentalizando: “Aspecto fenomênico, corpo carnal, matéria, nada disso existe de verdade”. Deve-se agir desse modo também no caso de doença. Se uma pessoa, ao sofrer de cólica, de diarreia, de febre alta ou de tosses persistentes, ficar com a mente presa a esses sintomas, acabará se estressando muito, o que causará esgotamento físico e diminuição de capacidade de recuperação. É preciso que a pessoa deixe de se ater aos aspectos ruins como febre, diarreia, tosses etc., ou seja, deixe de ver o aspecto fenomênico e mentalize a Imagem Verdadeira que existe por trás dele, e que é repleta de força curativa, de energia vital. Na verdade, a ocorrência de febre, de catarro, de tosse, de diarreia etc. faz parte da força curativa da Vida. Nada disso ocorre num corpo sem Vida. Contemplar a Imagem Verdadeira significa transcender o mundo fenomênico e visualizar o mundo regido pela Vida de Deus e repleto de força vital que promove a cura. Para isso, não há necessidade de fechar os olhos; basta compreender o significado dos sintomas. Mas, na prática, se ficarmos com os olhos abertos, não podemos deixar de ver o aspecto doloroso da enfermidade e ficar com a mente presa a essa imagem fenomênica. Na Bíblia, Evangelho Segundo João, existe um trecho em que Jesus diz: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos, por isso o vosso pecado permanece”. Com isso, ele quis dizer que, se estivessem com os olhos cerrados, as pessoas entenderiam realmente a Verdade, mas, estando com os olhos abertos, veriam como realidade os aspectos desagradáveis que não existem de verdade e não compreenderiam a sublimidade da Vida. Algumas pessoas pregam que não há necessidade de mentalizar a “inexistência de doença” e que a cura ocorre quando a pessoa acolhe incondicionalmente a doença. Mas há fatos que contradizem isso. São Francisco de Assis, por exemplo, acolheu incondicionalmente a doença, até de bom grado, mas nunca se curou, viveu doentio a vida toda. No fim, por se dispor a aceitar incondicionalmente as mesmas feridas que Jesus Cristo sofreu na crucificação, passou a ter as marcas das chagas de Cristo. Enquanto admitir a existência de doença, é inevitável tornar-se sujeito às doenças. É essencial compreender, em primeiro lugar, o conceito do nada. O monge Mumon costumava escrever a palavra mu (nada) uma atrás da outra, formando fileiras, e repetia a leitura várias vezes. Desse modo reiterava a inexistência das coisas fenomênicas e visualizava o que existe de verdade. 

Existe uma escultura que mostra três macacos enfileirados. O primeiro está tapando os olhos, o segundo a boca, e o terceiro os ouvidos. A mensagem que eles transmitem é: “Não ver, não ouvir e não falar”. Significa que é preciso não se deixar iludir pelos sentidos físicos. O budismo prega sobre o “nada”, o “vazio”, e explica que tudo se origina do “nada”. Se o “nada” fosse simples inexistência, esta vida não teria nenhum sentido. Tanto faria estarmos vivos ou estarmos mortos. Aliás, talvez fosse melhor estarmos mortos, pois não precisaríamos nos alimentar, não adoeceríamos, não ficaríamos irritados nem brigaríamos. Se nada existisse realmente, seria melhor estarmos mortos. Mas o “nada” de que falamos aqui é o “nada” no sentido transcendental, que dá origem a tudo. Mentalizar a inexistência de todas as coisas estúpidas do mundo fenomênico é promover a manifestação do mundo de Deus – o paraíso, a Terra Pura – que existe de verdade. Inúmeras vezes por dia, devemos fechar os olhos físicos para mentalizar a inexistência das coisas fenomênicas e, em seguida, abrindo os olhos da mente, devemos despertar para a Verdade de que existe aqui e agora o maravilhoso mundo da Imagem Verdadeira, pleno de sabedoria, amor, Vida, provisão infinita e grande harmonia de Deus. A fundadora da seita Tenri provavelmente conseguiu se desligar completamente do mundo fenomênico e negar a existência da empregada que se envolvera com seu marido e tentara envenená-la; por isso, mesmo sofrendo os efeitos do envenenamento, conseguiu visualizar a Imagem Verdadeira e afirmou: “Aqui é o paraíso”. Em suma, a “grande negação” é outra face da “grande afirmação”. Se nos limitássemos a negar o aspecto fenomênico do ponto de vista relativo, este mundo seria completamente destituído de sentido. Mas o que desaparece por meio de negação são coisas que não existem de verdade. Por mais que se neguem as coisas que existem de verdade, elas não desaparecem. Por isso, quando se persiste em negar os aspectos fenomênicos, finalmente permanecem apenas as coisas que existem de verdade. Então, manifesta-se a Imagem Verdadeira. Se você estiver vendo imagens fenomênicas constituídas de coisas desagradáveis, sofrimentos, aflições, doenças, pobreza etc., afaste-as da mente afirmando categoricamente a inexistência de tudo isso. Esse é um ato de autopurificação, que faz parte da purificação do Universo. Quando se consegue negar todos os aspectos fenomênicos, revela-se o “mundo Sumiyoshi”, o mundo em que todos podem viver em perfeita harmonia. É imprescindível a mudança de visão de vida. O budismo usa o termo eshin, que significa “conversão”; e o cristianismo fala em arrependimento e em “nascer de novo”. De nada adianta nascer de novo se não mudar a visão de vida. Este mundo é um só, mas pode gerar vários mundos conforme a visão de mundo das pessoas. Por exemplo, ao nascer o menino Taro, surge o mundo de Taro; ao nascer o menino Jiro, surge o mundo de Jiro, e assim por diante. Havendo aqui quinhentas pessoas, existem quinhentos mundos, pois cada uma delas vê o mundo conforme sua própria visão de vida. Embora estejamos todos no mesmo mundo físico, no mesmo espaço do Universo, o mundo de cada um varia conforme sua maneira de ver, de ouvir, de sentir, etc.

Do livro Kōfuku no Genri (ainda não editado em português; tít. prov.: Princípio Básico da Felicidade), pp. 95-99 


Fonte: Seicho-no-ie do Brasil/ Meditar em Deus-fazer o bem leitura 
Site: www.sni.org.br - 18/04/2008

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