MEISHU-SAMA - A PESSOA
No que Meishu-Sama mais se devotou foi no sentido de como expandir a obra Divina para a salvação do mundo e por esse motivo ele não perdia um só minuto. Foi um homem que se dedicou de corpo e alma á sua missão. Ele planejava as horas do seu dia, e dava-lhes o melhor uso. Talvez pensasse que de outra maneira não conseguisse realizar sua grande tarefa. Ele não permitia conversas inúteis com os que encontravam, mas sempre os ouvia com boa vontade e seriedade.
Meishu-Sama acreditava que era imperativo acompanhar os acontecimentos do mundo. Nas suas conversas, no uso de meios modernos de comunicação, como a televisão e o rádio, ele absorvia os conhecimentos atuais. Seu programa era especialmente organizado para coincidir com os horários do rádio. Ele planejava seu tempo de modo que pudesse ouvir os noticiários enquanto tomava banho, fazia a barba, comia etc.; horas em que ele não podia ser interrompido. Sempre que fazia um passeio, era acompanhado por um assistente que carregava um rádio portátil. Quando estava supervisionando a construção da Casa de Chá no centro do jardim de Hekiun-so, sua residência em Atami, ele ouvia o rádio enquanto fazia suas visitas. Os carpinteiros sabiam pelo som, quando ele estava chegando e começavam a trabalhar mais vigorosa e animadamente. O rádio de Meishu-Sama era a “campainha do gato” das Fábulas de Esopo.
Á tarde, eu lia os jornais do dia para Meishu-Sama enquanto ele estudava livros de arte, escrevia cartas ou se dedicava á caligrafia. Ele era um exemplo perfeito de Nagrara- Zoku (uma pessoa que faz duas coisas ao mesmo tempo), para usar uma expressão japonesa. Pode parecer, á primeira vista, que Meishu-Sama pode completar um trabalho tão grande como a obra Divina, somente porque ele tinha um poder extraordinário: mas a verdade não se baseia só nesse fato. A sua atenção para os menores, detalhes da vida diária agudeza para os negócios do mundo e a sua grande vontade de trabalhar, eram s outras qualidades que produziram resultados que podemos ver hoje.
Com o passar dos anos, o fundador de uma religião é provavelmente tomado como Divino pelos seus seguidores devotados e considerado por outros uma autoridade e, freqüentemente, citado em livros e conferências. Embora seja verdade que Meishu-Sama foi Oshiemioya (O Mestre e o Iluminado) uma tentativa para fazê-lo um ser sobre-humano seria um erro; ele não mais seria humano se fosse apenas o iluminado Meishu-Sama, a pessoa calorosa e familiar que abraçamos em nossos corações com tal proximidade. É verdade que ele tinha uma qualidade espiritual especial e nós não podemos considerá-lo do mesmo nível da maioria das pessoas. Antes de sua revelação, entretanto, ele era simplesmente um ser humano que tinha sido empurrado nas tempestades da vida desde a infância, sofrendo pobreza e doenças, adversidades e fracassos experimentando toda sorte de dificuldades. Foi depois de todas essas experiências com as quais Deus o estava preparando, que lhe foi revelada a sua missão. Sempre uma inspiração para eles. Elas testaram sua força e deram-lhe profunda compreensão sobre os outros. Assim, ele nunca hesitou durante os primeiros anos de trabalho ou falhou aos seus seguidores.
(por Kyoshu-Sama)
Fonte: Livro/ Reminiscência sobre Meishu-Sama
Vol.1 – Edição em Português (Fundação Mokiti Okada M.O. A)
6. Edição – Dezembro/ 1986 – São Paulo/SP. – Pág.(29/30)
Ação Imediata
Durante ou últimos poucos anos de sua vida, Meishu-Sama ia freqüentemente ao campo para visitar igrejas filiais e outras localidades, e ás vezes eu o acompanhava. Uma vez, ele planejou visitar o Museu de arte de Kyoto. Ouvindo isso, membros que moravam naquela área vieram naquele dia e juntaram-se na estrada para esperar por ele.
Meishu-Sama chegou, entrou no museu e a multidão alegremente o seguiu. Foi direto ao objeto que tinha vindo ver, não prestando atenção aos outros. Então, tendo-o olhado por curto espaço de tempo, virou-se e saiu. Os membros que acabavam de preparar-se para examinar o mesmo objeto, tiveram que segui-lo apressadamente. Lembro-me de como era divertido ver o guarda pestanejando de surpresa e exclamando: “Como eles são rápidos! Já estão saindo!” Havia tanta gente seguindo Meishu-Sama que era muito natural ele observá-los.
Quando Meishu-Sama saía para fazer compras nas grandes lojas, também era sempre muito rápido, fazendo só o que devia ser feito. Olhando para os quimonos, por exemplo, ele me perguntava: “O que você acha deste?” Eu pensava: “já que ele pretende comprar para mim, vou prolongar a oportunidade examinando os quimonos um pouco mais cuidadosamente para escolher um melhor”, então respondia um tanto indecisa; “Bem isso já era suficiente; “Se você não gosta deste não vamos comprá-lo”. Dizendo isso, ele me deixava sozinha no lugar. Aprendi em breve que se quisesse alguma coisa, tinha que me decidir rapidamente. Quando o fazia, Meishu-Sama comprava-o para mim. Com isso eu estava sendo treinado pata ter decisões rápidas.
(por Kyoshu-Sama)
Fonte: Livro/ Reminiscência sobre Meishu-Sama
Vol.1 – Edição em Português (Fundação Mokiti Okada M.O. A)
6. Edição – Dezembro/ 1986 – São Paulo/SP. – Pág.(29/30)
Nunca Julgava o Outro
Meishu-Sama nunca julgava outras pessoas. Mesmo quando estava claro que alguém o tinha enganando, ele nunca protestava. Se alguém causava um problema para a Igreja, Meishu-Sama desde que pudesse encontrar algo que aquele indivíduo tivesse feito no passado para ajudar a Obra, dizia mais ou menos isto: “Eu estou agradecido a ele por nos ter possibilitado dar mais um passo”.
Imparcialidade e Consideração
Meishu-Sama deixava seus filhos á vontade. Em assuntos de crença religiosa. Ele nunca pressionava para aceitarem suas convicções. Ele nos permitia fazer o que ais gostássemos. Ele nos dizia: “Cada um deve fazer aquilo que mais deseja: mas atos errados nunca devem ser cometidos”.
A Segunda Guerra Mundial acabava de terminar, e as pessoas sofriam ainda por falta das coisas mais necessárias; assim, ele nos ensinava a não desejar demais. Por exemplo; se usássemos o carro da família sem necessidade ele nos repreendia por sermos irresponsáveis e preguiçosos. Não permitia que vantagem alguma dada a um membro, devido á causa, fosse utilizada em proveito de sua família. Havia uma distinção bem clara entre o trabalho e nossas atividades particulares.
Meishu-Sama insistia para que fôssemos conscientes a respeito dos cumprimentos (No Japão cumprimentar os pais é de vital importância nas relações de família) Mesmo quando eu dormia de mais, era obrigada a ir a Meishu-Sama para cumprimentá-lo. Ele dizia-me: “Venha e diga bom-dia, mesmo quando você se levantar tarde”. Era embaraçoso ir a ele nas horas avançadas da manhã, por isso eu ia envergonhada. Em tais ocasiões, ele dizia: “Você chegou muito cedo hoje, não é?” ou alguma coisa igualmente embaracante. Eu me sentia ainda mais embaraçada então, fazia uma promessa a mim mesma para levantar-me mais cedo no futuro. Mesmo quando Meishu-Sama repreendia as pessoas com humor suas palavras atingiam as profundezas de suas mentes e assim nunca eram esquecidas.
Á mesa, ele fazia freqüentemente observações espirituosas provocando o riso de todos, e nós gostávamos das nossas refeições alegres. Mas ele freqüentemente mantinha conversas muito instrutivas conosco enquanto comíamos e contavam-nos muitas das suas experiências como jovem. Era imparcial com relação a todo mundo, em casa ou em qualquer outro lugar. Quando ministrava johrei, aqueles que precisavam mais eram atendidos em primeiro lugar. Pessoas fortes, com saúde como eu eram sempre relegadas para o fim, e apenas por alguns minutos. Uma vez, depois que ele terminou o johrei, eu me queixei: “Eu tenho ainda dor de cabeça”. Ele respondeu simplesmente: “Sim, mas isso passará logo”. E de fato passou.
Quando eu era criança, tinha constantes brigas com os empregados e outras pessoas da casa e ia sempre a Meishu-Sama procurando apoio. Ele me dizia: “Muito bem, eu vou repreendê-lo mais tarde”. Suspeito que ele nunca vez isso, mas apenas dizia á pessoa: “Se lhe perguntarem, diga que você foi repreendido”. Um provérbio Japonês diz: “Numa briga, ambas as partes devem ser censuradas”. Mas o feitio de Meishu-Sama era consolar ambas e não culpar ninguém. Sem ser levado por considerações pessoais, ele enfrentava as situações, imparcial e calmamente. Por tais incidentes podíamos ver o aspecto justo de Meishu-Sama. Embora nunca tivesse sido um pai muito expansivo, eu podia sentir nas suas palavras e atitudes, amor e preocupação e disso lembro-me agora com um profundo sentimento.
Consciência da Maneira de Vestir-se
Meisu-Sama preocupava-se com a maneira de vestir-se, até mesmo depois de estar velho. Uma vez em 1951, quando ele deu a sua primeira e última preleção pública no Hibiya Public. Hall usava um terno azul escuro com gravata vermelha. A razão porque me lembro dessa ocasião, é que ele sempre gostava de vestir-se com bom gosto e não seguia os conselhos de outros quanto á escolha de suas roupas. Mas nesse dia cedeu finalmente aos nossos desejos, e usou o terno azul escuro com gravata vermelha. O traje combinava muito bem com seus cabelos brancos e o rosto rosado e ele parecia até mais jovem. Ele ficou muito contente consigo mesmo: deixou Hekuin-so muito alegre, e todos nós nos sentimos muito felizes.
(por Kyoshu-Sama)
Fonte: Livro/ Reminiscência sobre Meishu-Sama
Edição em Português (Fundação Mokiti Okada – M.O. A)
6. Edição/Dezembro/1986 – São Paulo/SP. – Vol. 1
Pág. (45/47)